Narrador por Eliane Giardini
- Não é isso, só que eu não estou no clima agora - falei calma.
- Caramba, Eliane - ele falou um pouco nervoso.
- Parece que você não está no clima para namorar comigo - alterou o tom de voz.
- Calma Léo! Não tem necessidade para isso - me aproximei.
- Está acontecendo alguma coisa? Eu fiz alguma coisa? - ele voltou na mesma pergunta, a culpa não era dele, era minha, me sentia uma pessoa horrível por deixá-lo assim.
- Não Léo! Você não fez nada, tem gente aqui em casa, eu não estou no clima, é só isso - me olhou de lado.
- Eu não acredito nisso! Você sempre tem uma desculpa ultimamente - o encarei.
- Não estou inventando nada, Leonardo, você que não sabe ouvir um não, existe hora para tudo e agora não dá e pronto - falei um pouco alterada.
- Ótimo! Então fiquei aí com sua família, eu vou embora para você ter tempo suficiente pra pensar sem que eu te importune com a minha presença - olhei espantada.
- Não existe razão para tanto e... - a Juliana chegou na sala e nos interrompeu.
- Está tudo bem? - perguntou curiosa.
-Está Ju, tá tudo bem - respondi tentando transparecer calma.
- Bom eu já vou - ele pegou a bolsa na sala e se organizou para ir.
- Fica mais um pouco, Léo - a Juliana pediu.
- Não posso, Ju! Tenho um problema para resolver da universidade - ele foi embora depois de se despedir de todos, até mesmo de mim. Eu nunca tinha visto o Léo daquele jeito, me sentia culpada por deixa-lo tão alterado.
Eu não tinha mais vontade para nada, as horas foram passando e a casa foi ficando vazia novamente, a Juliana insistiu em ficar para meBom fazer companhia, mas preferi ficar sozinha. Eu precisava analisar bem as minhas decisões, e com o coração apertado e divido, fui dormir com olhos molhados com as lágrimas que insistiam em cair. Os dias se passaram, eu tive que voltar à minha rotina, o Léo não estava falando comigo, já havia se passado três dias. Apesar de sua serenidade, ele tem um temperamento forte e seu jeito implacável me chamou atenção. Passei uma semana inteira na correria com as gravações e aos poucos fui trocando algumas mensagens com o Leonardo, ele sempre vinha com os discursos de que estava com saudades, mas apesar de me sentir culpada, a saudade não tomou conta de mim, me afastar dele talvez tinha sido bom para avaliar e dar tempo a mim mesma. Numa tentativa frustrada para retornamos, Léo me fez um convite para irmos jantar, eu não estava afim, mas não queria negar e acabei indo.
- Pedi um Bourbon para apreciarmos melhor a noite - disse sorrindo
- Hum - falei apreciando o sabor do whisky.
- Eu nunca tinha vindo aqui, é lindo - admirei o local.
- Linda é você, sabe Eli - respirou fundo me encarando.
- A noite lhe cai bem, toda esfera fria, silenciosa e com ar de sedução que ela trás consigo logo nos primeiros horários me faz sentir ainda mais admiração por você que. Fico olhando seus olhos mais verdes e suas feições, admiro cada pequeno detalhe - ele acariciou a minha mão sobre a mesa.
- Me desculpa, nunca me senti tão mal por discutir com alguém, mas acontece que te amo muito e me sinto um adolescente por sentir esses desvarios ciumentos - falou doce e beijou a minha mão. Léo foi romântico a durante todo o jantar tentando a todo custo me envolver, confesso que alguns momentos fiquei imersa em suas palavras, mas ele não tinha a voz rouca do Werner e nem os pequenos olhos azuis que me atraiam tanto.
- Vamos? - balancei a cabeça concordando e fomos para o estacionamento.
- Amanhã você vai sair para algum lugar? - perguntei entrando no carro em seguida ele entrou e ligou o mesmo.
- Vou sim, amanhã tenho que ir a uma banca de mestrado, porque? - falou dirigindo
- Eu pensei em irmos ao cinema - eu queria dar uma chance para nós dois e ele prontamente se animou e sorrio.
- Vamos sim! Por volta de seis horas eu passo na sua casa - olhou para mim e acariciou a minha coxa, passei a mão por cima da sua.
- Aonde estamos indo? - vi eke mudar de caminho.
- A nossa noite não acabou - falou malicioso e me deu beijo na bochecha.
- Como assim? Aonde nós vamos? - perguntei confusa
- Para uma casa que eu tenho aqui em Ipanema - ele me olhou e seguiu rumo a casa dele.
- Léo, eu não quero ir - estávamos no sinal, ele me olhou estranho.
- Porque não? Estávamos tão bem - me questionou confuso.
- Ainda estamos! Mas eu quero ir para casa, a Juliana está me esperando - ele apertou as mãos no volante com ar de desapontamento.
- Ela é adulta, Eliane, ela vai entender que se você não voltar - ele tinha razão e a Juliana nem estava em minha casa, eu só não queria, eu não estava a vontade.
- Eu prometi que iria ajudar ela nos textos que ela está estudando e amanhã cedo vamos sair - ele bufou e acelerou quando o sinal abriu.
- Eu não acredito que estamos voltando nisso novamente, será que eu tenho que implorar para fazer sexo com a minha namorada - falou alterado
- Calma Léo! As coisas não são assim - falei calma.
- Porque você mudou? Não éramos assim, você ficou estranha e se afastou de mim, as vezes te vejo distante enquanto converso com você, você tem outro? - me assustei com o seu jeito e suas perguntas. Gelei por dentro.
- Como é? Você já passou de todos os limites, Léo, me deixa em casa agora - falei alto.
- Me diz Eliane, tens ou não outra pessoa? - ele estava sério e falou ríspido.
- Para esse carro agora, Leonardo, eu vou descer, não vou escutar mais isso - ele me olhou espantado.
- Não Eli, eu te deixo em casa, não vou te deixar aqui - falou mais calmo.
- Não! Eu quero descer agora, para esse carro - ele balançou a cabeça negativamente .
- Eu não posso te deixar aqui, como você vai voltar para casa? - perguntou tentando me acalmar.
- Isso não importa, eu quero que você pare o carro agora - eu estava muito alterada, ele encostou o carro e eu desci e logo depois tomei um táxi, em poucos minutos eu estava casa. Só tirei a roupa e colocar um hobby, liguei a tv e estava passando a novela Tempo de Amar.
Narrador por Werner Schunemann
A novela em breve iria entrar no ar, as bebidas, a música e a festa estava tudo ótimo, a Marisa é uma grande parceira, me divirto muito com ela, as cenas fluem. Sem contar que nos bastidores o clima é ótimo, fiquei horas conversando com o Tony e a Nívea, até que em um determinado momento, Tony se afastou e Nívea me perguntou sobre meus problemas, ela é uma grande amiga, sempre preocupada, e foi durante esse tempo de gravação a minha psicóloga, sempre me orientando. A novela começou, todos ficamos atentos a cada detalhe e ao final, foi uma chuva de aplausos e gritos de comemoração. Ainda fiquei uma hora depois da exibição e logo me despedi.
- Já vai, meu amigo? - Nívea perguntou.
- Já! Eu tô cansado, eu preciso de um descanso, você ainda vai ficar ou vai querer uma carona? - perguntei com cuidado.
- Não, não! Eu estou de carro hoje, então até mais, amanhã a gente se encontra - a abracei e nos despedimos.
Peguei o meu carro e durante o caminho passando pela orla, admirei o mar e lembrei do veleiro, ao chegar em casa, me deparei com o porta retrato onde havia uma foto minha e da Eliane, me deu uma vontade louca de ligar para nos encontrarmos, mas estava com o receio de receber um fora ou ser ignorado. Fui para varanda e acendi um cigarro, pensando nos conselhos que recebi de me afastar e tocar em frente, mas era difícil esquecer, principalmente agora que sinto ela mais perto, as leis do bom senso eu vou desafiar, de nada adianta tanto sofrimento se a pura verdade é que nesse momento eu morro de saudades, com tudo o orgulho não pôde apagar. Apaguei o cigarro e quando peguei o celular para ligar para ela, estranhamente recebi a sua ligação.
- Oi Werner - falou doce.
- Oi, tudo bem? - perguntei sereno .
- Tá sim, eu vi o primeiro o capítulo da novela, liguei para parabenizar, achei tudo lindo - falou animada.
- Obrigada! Lembrei de você no caminho de casa - falei esperando um fora ou um sermão.
- Lembrou? Porque? - para o meu espanto ela perguntou.
- No caminho, ao passar pela orla, lembrei do veleiro que comprei e quando cheguei em casa vi uma foto nossa no porta retrato - escutei sua respiração e seu murmúrio, até imaginei ela mordendo o lábio.
- Eu fiquei bastante curiosa, sabia? Eu quero muito conhecer o Petrópolis - falou no tom mais grave.
- Então porque não vamos agora? - perguntei animado.
- Agora? Você enlouqueceu? - falou no tom risonho.
- Sim, agora, estamos desocupados e com saudades. Queres razão melhor? - perguntei sentindo meu coração explodir de ansiedade.
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