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História Não se esqueça de mim - Para sempre


Escrita por: Valentinas1782

Notas do Autor


Olá queridas leitoras, desculpa a demora, mas aconteceu alguns contratempos, mas enfim, chegamos ao fim de três longas temporadas, a nossa fic já estava prestes a fazer aniversário kkk..

Mas agora foi finalizada e organizada com muito carinho para vocês e como sempre agradecemos a todas que colaboraram.
Valentina
Senhora Mía
Fanfic de velhos - Obrigada por sua contribuição, foi ótimo esse tempo de trabalho.

Obrigada acima de tudo a vocês que estavam lendo e comentando. Foi muito bom esse projeto, obrigada por fazerem parte dele.

Boa leitura!

Capítulo 20 - Para sempre


Fanfic / Fanfiction Não se esqueça de mim - Para sempre

Narrado por Werner Schünemann

Ela estava cega de ciúmes, sua respiração descompassada revelava o quão irada Eliane ficou por causa da mensagem. Ela apertava as mãos no celular e me encarava com os olhos marejados.

-    Meu amor, calma! - tentei me aproximar, mas ela se afastou.

- Eu não pedi isso, foi ela que mandou, você precisa confiar em mim - falei calmo.

-    Confiar? Werner como você está comigo e troca mensagens com a sua ex e ainda por cima com essa intimidade - ela jogou meu celular na mesa e falou nervosa.

-    Eliane, calma! Se você leu as conversas, que eu sei que leu, viu que não tinha nada demais e se você notar... - ela me interrompeu na mesma hora.

-    Nada demais? - ela gargalhou irônica.

- Essa foto e essa mensagem? Por que ela mandou isso? - questionou alto. Ele tremia como nunca.

-    Eu não sei, desde que terminei com ela, nunca mais nos vimos, mal trocamos mensagens, eu não sei o porque disso - toquei em seus ombros.

- Ah, você não sabe? Que homem ingênuo você é! - apontou.

- Eliane se você não confiar em mim vai ser difícil - segurei seu rosto com as duas mãos.

-    Eu não sei se consigo, Werner, sempre temos problemas à nossa frente - ela virou de costas para mim e sentou na cadeira.

- Acho que não nascemos para ficar juntos. Todas as vezes que acho que está tudo bem, é uma grande ilusão – as lágrimas começaram a cair. Eu não estava gostando da situação, nunca imaginei a possibilidade de brigar com Eliane por causa de Larissa, uma vez que terminamos há muito tempo. Eu não excluí o número dela porque jamais passou pela minha cabeça que essas coisas aconteceriam.

-    Não diga isso! - segurei seu queixo e nos encaramos.

- Nós nascemos para viver e morrer juntos - beijei suas lágrimas, mas ela mal me olhava.

- Foram tantas coisas que compartilhamos, não podemos deixar esses contratempos nos afastarem - beijei as suas mãos.

- Acredita em mim, não existe nenhuma mulher além de usted, uruguaiana - confessei ofertando à ela um largo sorriso.

- Eu respeito a nossa relação, Werner! Não gostaria que isso fosse quebrado - ela disse amargurada.

- Isso nunca vai acontecer! - fui enfático.

- Eu lutei muito pra ter você, por que eu iria acabar com tudo agora? - indaguei acariciando seus cabelos. Ela esboçou um sorriso sem mostrar os dentes e a puxei para um beijo. Eu sabia que essa falta de confiança era devido a minha escolha no passado, Eliane nunca superou minha ausência há dez anos atrás, por mais que tenhamos ficado juntos depois de tudo, o passado era uma ferida que latejava nela.

Passamos o final semana em meu apartamento. Fiquei mimando Eliane,  fazendo suas vontades e ignorando totalmente suas oscilações de humor. Durante uma manhã da semana, acordei cedo como de costume e ela estava toda enrolada com o lençol, ocupando quase toda cama, em um sono profundo. Me virei e dei alguns beijos em seu rosto.

- Bom dia - ela resmungou algumas palavras e me levantei. É necessário amor e paciência redobrada para aguentar Eliane quando acorda.

Narrado por Eliane Giardini

Tentei voltar a dormir, mas parecia que Werner estava disposto a me acordar, pois fazia um barulho estrondoso na cozinha enquanto preparava o café da manhã. Quando notou que não surtia efeito ele decidiu cantar. “No se tu, pero yo no dejó de pensar ni un minuto, me logró déspota nu tus besos, sus brazos”.

- Já acordei, Werner! - gritei emburrada e decidi levantar já que ele não ia parar de cantar. Me direcionei até o banheiro, realizei minha higiene pessoal e em seguida, segui ao encontro dele.

- Cariño - puxou a cadeira para que eu pudesse sentar.

- Fiz o seu prato favorito - disse animado e serviu-me. Me deu um beijo carinhoso na testa e se acomodou ao meu lado.

- Você fez esse barulho todo só para mostrar a comida - falei chateada e revirei os olhos.

- Barulho? Que barulho? - fez cara de desentendido, eu odiava as brincadeiras dele no café da manhã, mas quando não estávamos juntos, eu sentia falta dessa animação logo cedo.

- Vai começar mesmo? Porque estou com um péssimo humor hoje - falei ao tomar o primeiro gole de café.

- Está? O que aconteceu? - perguntou de um jeito sexy, olhei para ele com os olhos semicerrados.

- Você que me tirar do sério mesmo? - ele gargalhou de mim. Sua risada incrivelmente gostosa e rouca era uma delícia de se ouvir.

- Eu amo quando você fica agressiva - falou com malícia e apertou minha coxa por debaixo da mesa.

- Para Werner! Não estou para gracinha agora de manhã - peguei uma fatia de bolo e comecei a comer.

- Eu tenho um presente para você, mas só vou te dar quando desmanchar essa cara - falou divertido.

- Que presente? - perguntei curiosa e ajeitei a posição na cadeira.

- Primeiro o meu pedido, depois o seu - me encarou.

- Vai Werner, mostrar! - falei ansiosa e impaciente.

- Não! - cruzou os braços, ele queria eu entrasse na brincadeira a todo custo, suspirei e sorri.

- Já estou animada, agora me diz? - ele fez cara de desdém.

- Hum - colocou a mão no queixo.

- Não me convenceu - gesticulou e arqueou a sobrancelha direita.

- Ahh Werner, vai ficar fazendo doce? Então fique com o presente pra você - peguei o jornal que estava ao lado e fui ler, escutei a sua risada e tentei não rir junto.

- Você se estressa muito rápido, amor - se levou e se posicionou atrás de mim, acariciou os meus ombros, beijou a minha nunca e sussurrou em meu ouvido.

- Sabe, eu te amo tanto, que até gosto do seu jeito mal humorado e sua paciência limitada - me puxou de lado e me entregou uma caixa mediana com um laço.

- Uruguaiana, te amo - olhei para ele e abri a caixa. Foi difícil não ficar boquiaberta e extremamente feliz, pois dentro havia um quindim e duas passagens para Buenos Aires. Ele tinha feito a reserva dos hotéis e já tinha programado todo roteiro. Werner sempre foi romântico e me agradava nos pequenos detalhes, lembrava dos meus gostos e conseguia me fazer sorrir mesmo estando com muita raiva.

E nesse clima de amor e pequenas brigas, fomos para a Argentina. Preparamos nossas malas numa correria, mas no fim deu tudo certo. Após algumas horas dentro do avião, chegamos, e assim que nos acomodamos no hotel, Werner, sempre um poço de disposição, me arrastou para todos os lados, caminhamos por vários pontos turísticos. Ele fazia questão de me mostrar que era fluente no idioma e que conhecia toda história da país.

Alguns lugares eu já conhecia bem, mas Werner estava tão radiante contando cada detalhe que eu não quis atrapalhar sua euforia. Durante a noite ele me levou a um bar bem latino, onde tocava tango e vários boleros, o público era de diversas nacionalidades. O clima era agradável, Werner conhecia boa parte dos funcionários por já ter frequentado este local em viagens anteriores. Vimos apresentações de tango e depois subiu no mini palco um cantor que nos presenteou com boleros clássicos. Werner e eu já tínhamos passado do limite em relação ao vinho e mesmo assim, nos atreviamos a dançar.

Tocava “Contigo Aprendi”, ele me rodava e cantava em meu ouvido, sua voz rouca e seus olhos azuis pequenos me seduziam, eu nunca amei ninguém como amava o Werner.

- “Contigo aprendi que yo nací no día que te conocí” - cantou o última parte da canção, enquanto me rodava no salão.

- Te amo - falei baixinho e o beijei de forma voraz, ele afundou as mãos em minha cintura e sugou a minha língua, envolvendo-me num beijo ardente. Fui parando o beijo com selinhos e ele suspirou.

- Acho que devíamos passar um tempo aqui, darmos um pausa da televisão... O que você acha? - perguntou ainda dançando comigo.

- Você conseguiria passar tanto tempo longe? - o encarei, acariciando sua barba.

- Os meus filhos já vivem distante de mim, eu só tenho você - a música mudou para “Lo mejor de tu vida”.

- Não sei Werner, não sei consigo ficar tanto tempo afastada das meninas e… - ele me interrompeu.

- As suas meninas são adultas e inclusive uma delas já é mãe, elas podem sobreviver sem você por um tempo - paramos de dançar e voltamos para a mesa.

- Eu sei, vamos conversar sobre isso depois, pode ser? - ele balançou a cabeça concordando e se levantou cantando e dançando de forma atrapalhada, falava já um espanhol torto por conta da bebida.  

- “Lo mejor de tu vida, lo he disfrutado yo” - cantou e me deu um selinho.

- Hoje a noite eu faço você mudar de ideia, vou ao banheiro e já volto - se afastou, jogando um beijo no ar. Sorri com seu jeito animado e voltei a tomar o vinho de minha taça.

Eu estava um pouco tonta, os casais estavam distorcidos no meu campo de visão, pois a bebida já tinha feito a sua parte, me deixado bem aérea. Werner estava demorando demais, foi quando um homem de aproximou de mim.

- A senhora está bem? - era um homem alto, bem elegante, não me era estranho. Tinha um sotaque forte em espanhol, mas falava português.

- Estou sim! Já nos conhecemos? - perguntei curiosa.

- Não acredito que não se recorda de mim, passei a noite inteira cantando para você - sorrir com seu jeito, ele era o cantor do bar.

- Te trouxe um presente, que assim que vi só pensei em você - levantou a sua mão esquerda.

- São tulipas Rojas, não sei como diz essa cor em seu idioma - disse mirando diretamente os meus olhos.

- Vermelhas! - sorri sem graça e agradeci. Olhei para os lados, mas nada de Werner.

- Obrigada, mas o meu namorado está aqui - adverti calmamente, com muita educação

- Eu sei, eu conheço ele, já veio aqui outras vezes - ele se aproximou e segurou a minha mão.

- Vamos dançar, prometo que vai ser breve – eu já tinha bebido bastante e ele foi tão cortês que decidi aceitar o convite.

Dançamos ao som de “Perfume de Gardenia”, ele me segurava e me guiava gentilmente, cantando e me encarando.

- Você tem os olhos mais belo que eu já vi - falou bem próximo de mim, eu já não ouvia bem, as coisas estavam confusas.

- “Tu cuerpo es una copia de Venus” - ele cantava a música com o rosto bem próximo ao meu, mas comecei a me afastar. De repente só vi um vulto e uma mão me puxando com força.

- Tire as suas mãos da minha mulher! - era Werner bastante furioso, simplesmente golpeou o homem que quase caiu, começou a gritar varias coisas mais eu estava muito tonta e mal conseguia entender o que ele dizia. Tentou bater nele mais uma vez, mas os garçons o seguraram.

- Werner, para! - fui em sua direção e segurei seus ombros.

- Eu vou acabar com ele - ameaçou partir para cima dele mais uma vez, porém os homens o impediram. O cantor sangrava com o golpe que recebeu na boca. Estava assustado, a música cessou no ambiente e todos nos olhavam como se fôssemos uma atração.

- Werner, por favor! - falei mais alto e segurei seu rosto com firmeza. Com relutância, ele me olhou e vi sua face indignada.

- Nossa noite acabou, Eliane! - ele se desvencilhou dos homens e de mim e senti o tamanho de sua furia.

- Olha o que você fez com ele? - apontei visivelmente aflita. Passei as mãos por meus cabelos. Werner nem sequer conferiu o estrago que causou.

- Quer saber, Eliane… - ele me encarou e pausou a frase.

- Depois você reclama de mim por uma simples mensagem no celular, mas você, ao contrário, dança com um cara que tava quase beijando a sua boca - gesticulou irritado.

- Olha o que você está falando, me respeita, Werner! - rebati indignada.

- Por gentileza, vocês podem se recompor? Os demais clientes precisam de um ambiente tranquilo - o gerente se aproximou de nós e advertiu discretamente.

- Ah, mas é claro! Também ensine ao seu funcionário a não ser ousado com as clientes! - foi rude com o gerente.

- Eu nunca mais piso neste estabelecimento! - o gerente tentou se desculpar, pois afinal de contas, para ele o cliente tem sempre razão.

- Peço desculpas por qualquer constrangimento causado pelo meu funcionário, porém não era necessária a agressão - o homem dizia com educação.

- Vocês podem ficam tranquilos, que tudo o consumo vai ser por conta da casa… - Werner riu irônico.

- Não, faço questão - retirou algumas notas do bolso e jogou em nossa mesa.

- Chega, vamos embora! - após olhar toda a cena, com uma imensa vergonha e raiva de mim mesma e dele, peguei minha bolsa e saí na frente, deixando Werner no restaurante. Ele saiu logo em seguida. Chamou um táxi, esperavamos calados e distantes um do outro. Assim que o taxista manobrou o carro, entrei e bati a porta. Ele entrou pelo outro lado e passou o endereço.

Por dentro eu estava irada com ele, sentamos cada um numa ponta do banco e olhavamos o tempo inteiro para a janela com a cara fechada. Foi desnecessária a cena do Werner, eu não estava fazendo nada demais para ele agredir o homem na frente de todos. Quando chegamos ao hotel, saí primeiro do carro enquanto ele pagava  o motorista. Não esperei por ele, andei em direção à entrada e desviei o caminho da recepção, decidi dar uma volta no jardim para espairecer e caminhei em direção à piscina, me acomodei em uma espreguiçadeira e fiquei olhando para a água compenetradamente. Cada segundo da cena do restaurante vinha em minha cabeça, eu precisava respirar para não perder a paciência. Minutos se passaram e ele não veio atrás de mim, até que me assustei ao ouvir sua voz grave depois de um tempo.

Eu te procurei por toda parte! Ficou louca, Eliane? - indagou abrindo os braços diante de mim, demonstrando indignação.

-Werner, sai! - desviei o olhar. - Minhas palavras saíram ríspidas.

- Poha, Eliane! Então você dança com um cara que você nem conhece e eu é que saio por ruim na história? - apontou o dedo para mim, ele está nervoso e seu rosto está bastante vermelho.

- Poha digo eu, Werner! Eu agarrei o homem por acaso? Eu estava beijando ele? Você viu algo obsceno? - rebati num tom mais alto e levantei. Comecei a andar de um lado para o outro, passando as mãos por meus cabelos para aliviar a tensão.

- Não interessa Eliane, porque se fosse eu a dançar com outra mulher tenho certeza que a tua reação seria bem pior! - esbravejou. Nunca vi o Werner com tamanha explosão de ciúme.

- Ah, me respeita Werner! Ao contrário daquelas garotas que se atiram praticamente no seu colo porque você dá ousadia, aquele cara só queria ser gentil - ele riu ironicamente da minha fala.

- Gentil? O inferno está cheio de gentilezas, e até parece que você não enxerga uma segunda intenção por trás das coisas? - foi mais autoritário e respirei fundo.

- Você é um santo, não é Werner? E eu sou a palhaça aqui! - gesticulei e vi quando seu semblante mudou. Ele ficou em silêncio, olhando-me pensativo, depois voltou a discutir.

- Quer saber, essa viagem já deu pra mim! Amanhã mesmo eu volto, pode ficar e dançar com quem você quiser, eu não vou me estressar por mais nada! Fica aí com seu péssimo humor, com as suas paranóias infundadas porque  eu tô caindo fora! - deu as costas e saiu de perto de mim, indo em direção ao interior do hotel.

- Então vai! Você já estragou tudo mesmo! - retruquei de maneira bruta, mas ele nem deve ter ouvido. Uma angústia ferrenha surgiu em mim e não aguentei, caí sentada na espreguiçadeira e chorei de raiva. Apoiei os cotovelos nos joelhos e repousei a cabeça em minhas mãos, escondendo a mesma. Por que nossa viagem tinha que acabar assim? Eu soluçava e já estava sem ar pelo tanto que chorava de  nervoso. Durante muito tempo permaneci alí até passar o desespero, já era início de madrugada quando decidi voltar para o quarto. Olhei meu reflexo no espelho do elevador e notei meus olhos vermelhos e inchados, me odiei por ter chorado daquela forma, como uma garota de vinte anos que briga pela primeira vez com o namorado. Tirei as sandálias assim que a porta se abriu e pisei no carpete do corredor do hotel. A porta de nossa suíte não estava trancada e pedi forças para ter calma e não iniciar mais uma briga com ele. Entrei sem fazer nenhum barulho, deixei as sandálias num canto perto da porta e a bolsa em cima do aparador. Passei pelo pequeno hall de entrada da suíte e paralisei ao chegar ao quarto propriamente dito. Olhei para Werner deitado de bruços na cama completamente nu. Dormia de forma profunda e estava com a perna direita inclinada, dando-me uma visão privilegiada de seu corpo forte. Estava estática, sem reação alguma. Depois que saí do transe, andei até o frigobar e peguei a garrafa de vinho que havíamos deixado pela metade. Sentei numa poltrona próxima a cama e degustei a bebida no gargalo mesmo. A cada gole eu olhava mais fixo para Werner, o tempo só fez bem a ele e eu também morria de ciúmes. Pensando bem eu não sei o que teria feito se o visse dançando com outra mulher. Acho que eu teria surtado e estapeado não só ela, mas ele também, na frente de todos. Teria quebrado os dois.

- Puta que pariu, Eliane! - briguei baixinho comigo mesma enquanto projetava a cena do barraco armado por mim se fosse ao contrário. Fico mal só de pensar em ver outra mulher o convidando pra dançar e ele aceitando na maior cara de pau. E no fundo, era sim pra eu sentir raiva por tudo o que aconteceu, mas vê-lo desse jeito, sem roupa alguma, me fez relembrar as muitas situações em que brigamos e resolvemos na cama. Porém, essa briga havia sido diferente e talvez eu tenha realmente passado dos limites. O homem não era um de nossos amigos, era um desconhecido e isso não caiu bem. Mas ao mesmo tempo eu não queria reprovar minha atitude, meu orgulho estava falando alto. Entretanto, vê-lo dormindo assim me fez reparar que involuntariamente eu mordia o lábio inferior sem perceber, não tenho coragem de passar indiferente por ele. Werner mexe muito comigo, a ponto de esquecer nossas discussões por um simples olhar. Tomei coragem e andei em sua direção, parei ao lado da cama e observei cada músculo do seu corpo.

- Droga, Werner! Por que você me deixa assim? - sussurrei para que ele não pudesse ouvir. Ajoelhei na cama entre suas pernas e beijei cautelosamente a parte de trás de suas coxas, espalmei minhas mãos em suas nádegas e as apertei com desejo.

- Eu quero te bater, só que eu não consigo! - falei manhosa antes de tecer chupões por suas costas. Ele resmungou sonolento, mas não despertou. Aumentei a intensidade dos chupões, alternando os mesmos com mordidas até chegar aos ombros.

- Acorda! - falei em seu ouvido e Werner se assustou com minha atitude. Virou-se bruscamente na cama e apoiou os cotovelos no colchão, ficando parcialmente deitado.

- O que está fazendo? - perguntou ofegante, desorientado pelo tanto que dormiu e se deu conta de que estava nu. Cobriu o membro com uma das mãos, mas eu já percebia que estava rígido, e por estar assim ele não consegui escondê-lo por completo devido o tamanho avantajado.

- Tá com vergonha de mim ou tava sonhando comigo? - ri do jeito dele, mas Werner fez menção em levantar, ainda estava com raiva por nosso desentendimento.

- Eu não quero mais brigar e eu tô com vontade - sentei de forma inesperada em cima dele, impedindo sua ação. Tirei toda sua defesa e ele me olhou confuso. Meu vestido subiu até a altura de minha cintura com esse ato e minhas coxas ficaram à mostra.

- Você tava bebendo? Você já tinha tomado todas naquele lugar - indagou irritado e tentou se esquivar de mim, provavelmente sentiu o cheiro do vinho que exalava de minha boca. Na verdade eu já estava mais solta pelas doses extras.

- Eu bebi mais porque eu tava com raiva de você! - segurei seu rosto entre minhas mãos e falei séria.

- Mas já passou - completei ao deslizar meu polegar por seus lábios.

- Passou? Você tava chata Eliane, isso sim. Chata porque me importei com você achando que aquele cara tava se aproveitando e você simplesmente tinha aceitado um convite pra dançar. Você não deveria estar com raiva de mim e sim o contrário  - tentou empurrar minha cintura para que eu saísse de cima dele.

- Caramba, esquece isso. Eu tô aqui pra gente resolver. Olha pra mim, tô morrendo de vontade - puxei sua mão e passei a mesma por cima de minha calcinha e sei que ele sentiu que eu estava bem úmida. Comecei a rebolar em seu colo e Werner fechou os olhos com um pouco de força tentando se controlar.

- Você está bêbada! E eu ainda estou pensando no que aconteceu, não esqueci! - disse amargurado.

- Vai dizer que não quer, eu tô excitada desde que entrei nesse quarto e vi você assim - falei mordendo o lábio inferior. Massageei seus braços e me inclinei sobre ele, abocanhando seu peitoral. Ele nada fez para repelir, apenas ficou calado e respirou descontrolado.  

- Para, Eliane! - ele desviou dos beijos que eu tantava dar em sua boca.

- Não paro não! - rebati e rebolei com mais intensidade. Estimulei seu membro e constatei o quanto estava quente, o mesmo pulsava em minha mão e isso ele não podia negar.  

- Quando o efeito da vinho passar você vai ficar insuportável, eu te conheço! - tirou minha mão dele e fez menção em levantar mais uma vez.

- Nenhum homem me deixa assim - escorreguei a mão por dentro da calcinha e meus dedos simplesmente deslizaram, pois eu estava encharcada. Ergui a cabeça para o alto e gemi com meus toques. Fiz isso durante alguns segundos e em seguida, suguei meus próprios dedos. Fiquei em pé entre suas pernas, desci a calcinha minúscula de maneira sensual, a tirei por completo e joguei sobre ele, depois sentei novamente. Ele me olhava compenetrado desta vez. Eu o instigava e fazia movimentos de vai e vem em seu membro, molhando o mesmo com minha excitação.

- Eu só tenho olhos pra você! - anunciei e mordi seu queixo.

- É? - indagou ao vislumbrar meu corpo à sua disposição, mas ainda não me tocava e eu o queria como nunca. Estava fora de mim pelas bebidas que tomamos no restaurante e ainda mais agora com o vinho. Chupei com veemência seu pescoço e ouvi seu gemido, ele tentava se controlar, mas não conseguia. Embaixo de mim, seu membro estava quase explodindo. Subi minha língua até deslizá-la por sua bochecha e encontrar o caminho de sua boca, contudo só passei a língua por seus lábios. Elevei meu tronco e abri o zíper do vestido na lateral, com facilidade me livrei dele e fiquei só com a parte de cima da lingerie de renda vermelha.

- Fica bem comigo, general - esfreguei meus lábios nos dele e suguei o inferior. Werner já respirava descompassado.

- Você não está merecendo, se comportou muito mal hoje - segurou firme meu queixo e mordiscou minha boca. Abri o fecho de meu sutiã na parte da frente e o joguei em um canto qualquer do quarto. Chupei meu dedo indicadore e passei pelos bicos rígidos. Ele engolia a seco cada gesto que eu fazia.

- Não quer? Eu adoro sua boca aqui! - fui ousada.

- Por que dançou com ele? - questionou ciumento.

-Foi só uma dança estúpida - passei as mãos pela lateral de meu corpo e apertei meus seios.

- Não parecia - disse em sussurros, sua voz saiu grave.

- É só com você que quero dançar, seu bobo. Para com esse ciúme e pega a sua mulher do jeito que você gosta! - falei de maneira sexy e vi seus olhos semicerrarem. Em um movimento único e rápido ele foi capaz de me jogar na cama e subir por cima de mim. Puxou rapidamente o lençol e prendeu meus braços com ele.

- Não! - gritei, mas ele tampou minha boca. Parou por uns instantes para me observar e nossos olhares não se desgrudaram.

- Você só tem que me entender, Eliane, eu levei catorze anos pra ficar ao seu lado! Morro de ciúmes porque eu sei o quanto lutei pra te reconquistar - tirou a mão que me impedia de pronunciar qualquer palavra. Roçou os lábios pelos meus e cheirou minha pele, ao mesmo tempo que suas mãos percorriam meu corpo sentindo cada parte.

- Você sabe, nenhum outro homem me faz delirar assim! - confessei maliciosa.

- Assim como? - instigou. Minha boca entreaberta denúncia minha fragilidade diante dele, pois seus dedos da mão direita adentraram entre minhas pernas, enquanto o polegar passou a friccionar meu ponto de prazer com rapidez. Me contorcia desesperada com a tortura.

- Assim, indefesa. Eu só quero isso com você. Só você tem o que eu quero! - sua boca avançou contra minha com volúpia e senti meu corpo pegar fogo com suas mãos fazendo o que bem entendiam.  Eu já estava sem ar pelo beijo, mas ele se negava a soltar meus lábios, eu precisava de respirar e ele também, porém era mais forte a vontade de permanecer ali. Quando finalmente nos apartamos, puxei o ar com força. O nó estava apertado e mesmo que eu tentasse não dava para me soltar. Sua boca tratou logo de sugar cada um de meus seios com fome, ele repuxava os bicos com os dentes e brincava com a língua ao redor deles. Eu já não conseguia mais raciocinar. Ele os apertava e eu sabia que as marcas vermelhas ficariam por bastante tempo em minha pele.

- Delícia!... Isso amor! - ele sorria safado ao me ouvir dizer. Tentei me debater com as pernas, mas ele as ergueu no ar e abaixou a cabeça até minha intimidade e passou a língua, me fazendo arfar deliciosamente só em senti-lo enlouquecido de desejo.

- Aahh - gemi, pois ele mordiscava meu ponto fraco e isso estava tão delicioso. Sua língua me torturava passeando de cima a baixo, sua barba roçava nas laterais de minhas coxas e em seguida, ele voltava a me devorar. Werner fazia movimentos circulares e girava em minha entrada, depois dava leves batidas com a língua em meu clitóris e eu já me sentia fraca perante sua força. Rebolava cada vez mais em seu rosto e tudo em mim estava formigando. Meu corpo suava e os calafrios já me invadiam, eu sorria antecipada, sabia que o prazer estava chegando, mas ele logo parou e protestei.

- Werner! Eu tô quase, por favor! - pedi desesperada, com minha respiração totalmente descontrolada.

- Me solta, eu quero tocar você - supliquei manhosa.

Narrado por Werner Schünemann

Eliane sabia o que fazer e como fazer para me deixar completamente rendido a ela. Depois da briga no restaurante eu estava com raiva, e me vi disposto a arrumar as malas assim que chegasse ao hotel, mas a exaustão por tudo o que aconteceu foi tamanha que nem mesmo as roupas eu consegui vestir. E agora estava me surpreendendo desse jeito, sem que eu pudesse esperar.

- Ainda está de castigo! - afirmei sério. Ajoelhei entre suas pernas e deslizei meu membro duro por sua intimidade encharcada. Ela já estava à beira de um colapso. Eu a masturbava com força e ela gemia comigo. Ameaçava penetrar, mas desistia só para deixá-la louca. Eliane puxava os braços para se soltar, até que decidi eu mesmo fazer isso. Imediatamente, a virei e ela agarrou na cabeceira da cama, ficando de joelhos.

-Aahh - bati de cada lado de suas nádegas com pressão. Mordia suas costas e esfregava os dedos em seu clitóris, depois penetrava só para ouvir seus grunhidos.

- Gostosa - sussurrei em meu ouvido e ela se arrepiou.

- Você é safado Werner! Tava dormindo assim só pra me provocar, não é? - perguntou ao jogar a mão para trás e repuxar meu cabelo. Eu esfregava a ponta do meu membro em seu sexo e Eliane empinava ainda mais para sentir.

- Você não resiste a mim, Eliane - apertou as mãos na grade quando sentiu que lentamente eu a penetrava. Emiti barulhos de prazer em seu ouvido e fiquei satisfeito quando seu corpo deu espamos de prazer.

- Não, nem você a mim - ela completou e estoquei fundo, vendo seu corpo balançar.

- Eu me rendo sempre - confessei num tom sensual e firmei as mãos em minha cintura. A invadia com rapidez, grudei as mãos em seus cabelos e puvava para trás. Sussurrava palavras de luxúria em seu ouvido e mordia suas costas até onde minha boca alcançava.

- Faz forte amor, eu adoro - ela pedia descaradamente. A abracei pela cintura e ela inclinou o rosto para me beijar.  Avancei com voracidade e nosso beijo era quase violento.

- Eu quero olhar pra você! - falei ofegante e deitei na cama, puxando-a para cima de mim.

- Senta bem gostoso vai - antes de acatar minha ordem, Eliane estimulou meu membro e o chupou com tanta vontade que meu corpo arqueava para trás e cada músculo do meu corpo correspondia. Depois de me torturar, ela se encaixou e o guardou por inteiro. Nossos gemidos já eram incontroláveis, ela cavalgava se epoiando em meus ombros. Eu aumentava a intensidade empurrando seus quadris para baixo e esmagando suas coxas com meus dedos afundando em sua pele.

- Minha, só minha - ela sorria com meu jeito de falar.

- Só sua, somente sua - minhas pernas já estavam dormentes pela posição e de tanto que ela sentava com força. De repente, a puxei para junto de mim e começei a me movimentar embaixo dela com uma velocidade avassaladora. Minha testa estava encostada na sua e nos olhavamos o tempo todo.

- Oohh - ela revirou os olhos, mordeu meu queixo e desceu chupando meu pescoço.

- Poha, Eliane! - gemi de uma maneira deliciosa. Eu sabia que era só ela o motivo de todo o prazer que eu sentia e não me via em hipótese nenhuma nos braços de outro mulher que não fosse Eliane. Quando meus dedos pararam em sua intimidade, bastou algumas mexidas para que ela desabasse em cima de mim, gemendo descontrolada. Apertou meu pulso, pois já estava no seu ponto mais sensível.

- Werner - choramingou meu nome impossibilitada de reagir. Girei nossos corpos deitando por cima dela, segurei seus braços na altura acima de suaa cabeça e continuei louco com as investidas. Só com ela eu me sentia flutuando.

- Eu amo o teu corpo, teu cheiro, tua pele - minhas palavras saíam falhadas e ela me abraçava com as pernas, roçando-as nas laterais de meu corpo mesmo sem força alguma. Jogava a cabeça de um lado para o outro e nossas línguas brigava quando nos beijavamos.

- Sou louco por ti uruguaiana - afirmei com dificuldade de respirar e senti suas unhas cravarem em minhas costas enquanto ela gemia alto para meu delírio. Não demorou muito para me derramar e sentir uma explosão de adrenalina em minhas veias.

- Humm - dei as últimas estocadas de forma lenta e afundei o rosto em seu pescoço. Ela me evolveu com os braços e ficamos durante um tempo em silêncio. Nossas respirações estavam desritmadas demais e eu podia sentir a batidas irregulares de seu coração.

- Eu também sou louca por você - beijou minha bochecha de lado e ergui a cabeça para encará-la. Beijei delicadamente seus lábios e saí de dentro dela. Passamos um bom tempo só trocando carícias em silêncio. Depois a olhei com ternura.

- Vamos tomar um banho? - a chamei e ela aceitou. Adentramos ao banheiro e como estávamos nus, só nos colocamos embaixo do chuveiro e deixamos a água morna cair. A abracei por trás, aconchegando-a em meu corpo. Ela deitou a cabeça em meu ombro e suspirou aliviada, protegida.

- Me desculpa pelas coisas de hoje - beijei seu ombro com carinho. Massageava seu corpo com o sabonete líquido e ela retribuia alisando minha nuca.

- Já passou! - sorri de lado ao ouvir. Ela ficou de frente para mim e acariciou minha barba.

-Mas não precisa agir mais assim quando algum estranho se aproximar - arqueei a sombrancelha.

- Você estava dançando com o estranho - falei num tom sério.

- Eu sei, talvez eu tenha exagerado. Mas não ia desrespeitar você - assenti.

- Você é linda e atrai todos os olhares, eu tô bem velho e as vezes meu jeito não chama tanto sua atenção - ele cerrou meus lábios com seu polegar.

- Não fala mais essa bobagem, Werner - a água caía pelos cabelos delas e ainda formava as ondulações que eu tanto amava.

- O mesmo frio na barriga que eu senti em 2003 eu sinto hoje! Você sabe que é lindo, se não fosse, aquelas fãs não se atirariam no seu pescoço cada vez que te vêem na rua - ri descontraído.

- Mas não quero nenhuma delas. Só me interesso por uma loira - ela gargalhou.

- Acho bom! - ela mordeu o lábio e ficou ainda mais sexy. Finalizamos o banho e saímos enrolados em hobbys. Ela secava os cabelos e decidi fazer o que havia me programado para o momento do jantar. Fui até o frigobar e peguei uma garrafa de champanhe. Ela nem percebeu quando tirei o lacre e se assustou com o barulho da rolha batendo contra a parede.

- Werner! Quase me matou de susto! - pôs a mão peito e tentou se acalmar. Eu nada disse, só peguei as taças e servi um pouco da bebida em cada uma.

- Beber agora? - perguntou incrédula, com as mãos na cintura.

- Qualquer hora é hora de comemorar! - falei convicto.

- O que vamos comemorar? Já bebemos bastante! - pegou sua taça e brindamos.

- A nós! A esta viagem e a tudo que ainda vamos viver juntos - ela assentiu sorridente.

- Obrigada pelo seu carinho - ela disse meiga e selei nossos lábios.

- Ah, tem uma coisa que comprei e queria te dar. Comprei no Brasil, acho que vai gostar! - me direcionei até a mala e peguei o embrulho. Estava envolto por um papel prateado. Caminhei em sua direção.

- O que é? - perguntou-me curiosa.

- Vamos lá pra sacada, tá uma noite tão bonita lá fora! - a chamei e enquanto ela levava a própria taça e a garrafa, eu levava a minha e o presente. Respirava buscando coragem.

- Werner, sabe que sou péssima com suspense. Deixa eu ver! - pediu eufórica. Lhe entreguei o embrulho e Eliane começou a abrir. A noite estava gostosa e não estava frio. Estávamos sentados num sofá espaçoso da sacada e a bebida e as taças estavam depositadas numa mesinha redonda ao lado.

- Eu já sei que é um livro! - ela afirmou categorica e feliz da vida. Eu sabia de sua paixão pela leitura e sabia também que isso seria uma boa ideia.

Ah Werner, eu adoro Eugênio Andrade! - confessou ao ler o nome do autor.

- “Vertentes do Olhar” - mencionou o título da capa.

- Achei mesmo que ia gostar, vi uma antologia dele na sua estante e quando olhei pra esse livro pensei em você na hora - ela me a abraçou agradecida.

- Eu li esse que você falou praticamente em um dia, fiquei apaixonada! - disse entre sorrisos.

- Não vai abrir, vai que tem um dedicatória de um admirador - ela concordou e quando folheou a página da capa me encarou sem reação alguma.

- Werner! - me chamou quase sem voz.

Narrado por Eliane Giardini

Eu não sabia o que falar ou como reagir, e ele me olhava docemente com um lindo sorriso no rosto. Dentro do livro havia um pequeno buraco vazado nas folhas onde estava depositado um caixinha de veludo preta. Tirei a caixinha do lugar, deixei o livro de lado e abri. Foi difícil conter o sorriso largo e feliz que brotou de meus lábios, olhei para ele mesmo assim as palavras não saiam.

- Werner! Me explica! - ele riu divertido e se aproximou de mim. Retirou o anel de minha mão e colocou no dedo anelar da mão direita.

- Olha, nossa história já teve muitas idas e vindas. Estamos juntos, mas eu estou aqui para saber se quer dar um passe adiante comigo. Eu sei que não gostamos de alarde, de tumulto… Por isso pensei nessa viagem já que estaríamos sozinhos aqui - eu tremia e respirava fora do ritmo. Ele beijou o local onde depositou o anel e depois me encarou.

- Eu tinha programado para o jantar, mas as coisas não saíram como eu planejei. E agora que nos acertamos… Eu só quero pedir - ele hesitou e respirou fundo. Eu já não sentia mais meu corpo, pois estava paralisada.

- Eliane, eu sei que não sou perfeito e nem o melhor homem do mundo, mas eu te amo demais. Aceita se casar comigo? - pediu finalmente e fiquei boquiaberta. Eu sabia que Werner e eu tínhamos nossos momentos raiva e de fraqueza, onde relembravamos as brigas e as coisas que precisavam ficar no passado. Na verdade, eu nunca pensei que ele tivesse o desejo de formalizar uma relação que ao meu ver já era consolidada. Apesar de tudo, nos amávamos e isso para mim já era o suficiente. Mas esse pedido tirou o chão debaixo de mim. Vi tanto carinho em seus olhos que não tinha como esconder que eu havia amado tudo o que ele preparou.

- Eu aceito, Werner! - declarei e o abracei com força. Ficamos envolvidos nesse abraço por longos minutos, ele beijava meus cabelos e eu acariciava sua nuca. E tudo o que eu pudesse dizer, era insuficiente para demonstrar o quanto eu estava feliz.

Narrado por Werner Schünemann

Três dias depois, retornamos ao Brasil, mais leves e mais confiantes. Após o pedido passamos horas conversando sobre o rumo de nossas vidas daquele dia em diante. Eliane e eu não fazíamos planos grandiosos para o futuro, mas dávamos um passo de cada vez. E a expectativa excessiva não nos atormentava, éramos conscientes acima de tudo. E tínhamos certeza do nosso amor um pelo outro. Contamos a novidade apenas para os filhos e parentes mais próximos, sem esquecer os amigos íntimos. Não houve alvoroço algum e graças a nossa prioridade em se manter reservados dos holofotes, nenhuma notícia espalhou antes da hora. Realizamos uma pequena recepção para pouquíssimas pessoas na casa de Petrópolis e um juiz de paz foi convidado para oficializar. Realmente a decoração ficou lindíssima, Eliane e as filhas cuidaram de tudo, enquanto fiquei responsável pelas encomendas. Eu estava muito nervoso, a cada cinco minutos minha filha Dagui, que interrompeu sua viagem pela Europa para prestigiar este momento, ajeitava o nó de minha gravata.

- Fica quieto, pai! Eu não aguento mais arrumar o nó dessa gravata! - falou brava e riu do meu jeito nervoso.

- Eu tô uma pilha, Dagui! Quero só ver quando for o seu dia - ela revirou os olhos.

- Desencana pai, casamento assim não é comigo não - respirei fundo e ri junto com ela.

- Pai, relaxa, tem umas trinta pessoas aqui, tá parecendo mais uma reunião secreta que um casamento - disse Arthur ao se colocar ao meu lado.

- É por que todo mundo aqui é bem discreto - gesticulei.

- Só por hoje mesmo, porque amanhã todo mundo vai estar sabendo! - Nivea apareceu e falou brincalhona.

- Mas aí já vai ter acontecido - ela concordou. Luís veio me cumprimentar, assim como o Paulo, com quem aprendi a conviver apesar do meu ciúme. Ele parecia mais um irmão siamês da Eliane que qualquer outra coisa.

-Tocaio tá parecendo um marinheiro de primeira viagem - Luís deu batidas em meu ombro.

- Tô parece do mesmo - entrei na brincadeira.

- Eliane é bipolar, Werner! Dá até pra escrever um manual de instruções sobre ela - Paulo comentou e todos riram.

- Se você tiver esse manual eu quero - confessei e ele gargalhou. Olhei para todos os lados e vi a beleza da festa. Os bancos na cor branca estavam dispostos pelo jardim, cada um com arranjos de flores nas pontas. Um tapete vermelho no centro conduzia até uma tenda. Lugar onde eu aguardava Eliane que para meu desespero, estava atrasada.

- Será que ela desistiu? - indaguei e Luís se divertiu.

- Fica calmo gaúcho, Eliane não fugiu. Daqui a pouco ela aparece - ele mal terminou a frase quando vi Eliane apontar no início do tapete vermelho. Todos se erguerem para admirá-la. E enquanto a música tocava, ela caminhava em minha direção, nossos catorze anos de história, mesmo que separados durante um bom intervalo de tempo, passaram por minha mente. Ela sorria encabulada e olhava fixamente para mim. Ao se aproximar de onde Mariana estava com Antônio, Eliane soltou um beijinho no ar para o neto e sorri com a cena. Esse bebê mudou a vida dela em muitos aspectos, as vezes sentavamos no sofá e ficávamos brincando com ele. E eu morria de rir com ela imitando voz de neném para falar com o netinho. Levavamos Antônio para passear pelo condomínio onde ela morava e às vezes, quando Mariana passava as tardes com a gente, eu ninava o bebê até dormir. Sempre fui louco por crianças e me sentia um pouco avô do pequeno Antônio. Quando Eliane se pôs diante de mim, beijei sua fronte e nos colocamos diante do juiz. A cerimônia não demorou, e nos olhavamos o tempo todo. Como em toda a minha vida eu poderia imaginar que aquela bela morena, agora loira, que me olhou diferente na época da minissérie, se tornaria minha esposa? E a cada segundo ficava me perguntando o que estaria se passando pela cabeça dela!

Narrado por Eliane Giardini

Eu não conseguia prestar muita atenção à fala do juiz, eu estava nervosa e ao mesmo tempo feliz com a decisão que tomei. Talvez a mais improvável e maravilhosa delas. Mas caí na real quando chegou a hora do beijo e selamos nosso compromisso perante aos que considerávamos importantes.

- Minha! - falou ao cessarmos o beijo. Os convidados batiam palmas e mostravam sua felicidade.

- Sua! Eu te amo - declarei e o beijei mais uma vez.

- Eu também te amo, uruguaiana. Você é a melhor decisão que eu já tomei. É a escolha definitiva da minha vida - sorri com fala já conhecida por mim e o abracei com força. Após este momento, posamos para algumas fotos, havíamos contratado um fotógrafo para registrar o momento e os demais convidados sabiam que não podiam postar nenhuma foto em rede social, na verdade eles eram tão discretos como nós e quando os convidamos, fizemos esse pedido. Aproveitamos bem a festa e o bufê maravilhoso. Nos divertimos e ficamos até tarde comemorando. Quando o último convidado foi embora já eram quase quatro da manhã. Estávamos exaustos, mas mesmo assim aproveitamos da melhor forma possível. Depois apagamos. No dia seguinte, a equipe do bufê recolheu as coisas e tudo estava organizado como antes. Werner e eu decidimos voltar para o Rio e navegar por algumas praias com o veleiro. Aproveitamos o dia inteiro de mar e muito amor em cada canto do barco.

O tempo foi passando e nos adaptamos à vida de casados. Werner se mudou para a minha casa, pois era maior, mas as vezes nos aconchegavamos em seu apartamento de frente para o mar para relaxar das tensões das gravações. Nossos trabalhos não estavam chegando ao fim, ainda faltava um tempo para tudo finalizar. Tempo de Amar findaria primeiro e ele teria mais tempo de descanso. Já nos preparavamos para outra viagem, desta vez para a Dinamarca. Assim que O Outro Lado do Paraíso chegasse ao fim, nós íamos de férias para lá.

Eu estava saindo de uma manhã intensa de gravações quando meu celular tocou, estava guardando as coisas no banco de trás do carro, entrei no veículo e atendi.

- Alô!  - atendi colocando o cinto de segurança.

- Eliane, vem aqui dar um abraço na sua amiga Elizabeth! - sorri na hora ao reconhecer a voz.

- Elizabeth! Como vai querida? - perguntei animada.

- Ótima, estou aqui perto do Projac, no restaurante português, vem almoçar comigo - pensei por alguns segundos. Werner só sairia dos estúdios no período da tarde.

- Você está muito ocupada? - perguntou antes que eu aceitasse o convite.

- Não, imagina. Estou indo! - respondi.

- Ok, te espero! - desliguei o telefone e fui em direção ao restaurante. Minutos depois, estacionei o carro em frente ao local e saí do mesmo. Caminhei até a entrada e o garçom me informou a mesa. Assim que a vi, esbocei um largo sorriso. Ela se levantou e me abraçou.

- Quanto tempo, minha querida - disse meiga.

- É verdade, só nos esbarramos muito raramente pelos corredores - falei e ela assentiu.

- Vamos fazer o pedido? - me adiantei.

- Espera só mais um minuto, ainda falta alguém - ela comentou.

- Está esperando outra pessoa? - indaguei sem jeito.

- Desculpem a demora, tive que enrolar o Jayme para sair mais cedo - olhei espantada para Werner.

- Werner! Por que não me ligou? - ela sorriu animada.

- Fui eu que pedi, Eliane - olhei para os dois e percebi o plano.

- Estão de complô né? - riram de mim.

- Eu amo os dois juntos - ela disse suspirando.

- Depois que saiu aquela foto do casamento secreto de vocês - riu ao dizer.

- Eu nunca tive tanta certeza, é claro que recebi milhares de pedidos, mas assim que eu vi a imagem eu tive certeza de uma coisa! - gesticulou confiante.

- Certeza de que? - olhei pra ela e pra Werner.

- Eu não sei Eliane, ela só pediu pra eu estar aqui e não contar pra você! - ele se defendeu.

- Fala Elizabeth! - ele estava ansioso.

Eu quero vocês dois como casal protagonista da minha próxima novela. E não aceito não como resposta! - nos encaramos boquiabertos diante do pedido.

- Íamos sair de férias… - falei baixinho encarando Werner que estava bastante animado.

- Eu aceito! - ele respondeu. Os dois olharam para mim na expectativa.

- Você gosta de fazer as minhas personagens sofrerem - ela riu ao ouvir.

- Garanto que vai amar a história dela. Aliás, vocês dois são perfeitos. Se dêem essa chance de voltar a trabalhar juntos e por favor, os fãs são loucos por vocês. Vamos dar isso de presente a eles - eles esperaram mais um pouco até que finalmente me decidi.

- Adeus férias! - os dois começaram a bater palmas.

- O roteiro está aqui! Leiam com calma, vocês ainda estão trabalhando, levem isso como um livro para as horas vagas. Por que quando as novelas acabarem, eu quero ação! - Werner olhou para mim e piscou.

- Te amo! - declarou ao entrelaçar nossas mãos. Elizabeth observa a cena com felicidade em seus rosto.

- Eu também! - impossível não me render a ele. Ja imagino o alvoroço dos fãs, as marcações infindáveis nas redes sociais. Mas vai ser ótimo contracenar com Werner mais uma vez. E eu realmente cheguei à conclusão de que minha vida estava num rumo delicioso, eu não podia negar meu contentamento. 2018 sem dúvidas era o meu ano. Era o meu ano e de Werner.


Notas Finais


Finalizamos com nosso maior sonho como fãs da pareja EliWer.
Eu espero que algum dia possamos desfrutar de algum trabalho com os dois, afinal mesmo depois de 10 anos, ainda temos expectativa e rende muitas histórias. Acredito que nem a própria Eliane Giardini e o Werner Schunemann tem noção do impacto que eles causaram trabalhando juntos.

Enfim, espero que tenham se agradado com o final. Um grande abraço.
#ELIWERSEMPRE 💓


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