História Não Serei Parte de Um Clichê. (Taekook) - Fake Love.

"Eu quero ser um bom homem
Só para você
Eu dei o mundo
Só para você
Eu mudei tudo
Só por você
Agora eu não me conheço
Quem é você?"

Quando acordou, Jungkook teve a impressão que tivera um sonho muito bom. Enquanto esfregava os olhos se perguntava se a noite passada realmente tinha acontecido ou não. 

Foi para a aula de olhos inchados. Era nisso que dava ter dormido chorando. Em todos os horários seus amigos insistram em perguntar no que tinha acontecido. Ele apenas dizia que tinha dormido mal.

Era mentira. Tinha dormido muito bem. Nem mesmo precisou de seus remédios para pegar no sono. Apenas o carinho em sua cabeça fez com que tivesse uma noite boa. 

Se sentia muito estranho. Preso em um topor onde seu cérebro não conseguia pensar direito. Devia ser a falta do remédio. 

Você: Hey Rosie, pode me encontrar no bar néon hoje à noite? 

Jungkook sabia que depois não haveria volta. Pensou em mil maneiras diferentes de falar o que precisava mas nada parecia certo. Ele apenas coloriu suas bochechas de laranja florescente antes de adentrar o local. 

— O mesmo de sempre? — Taehyung perguntou ao mais novo. Tinha o pescoço com várias marcas verde florescente e os cabelos com tinta rosa florescente. Não era possível que alguém precisava ficar tão bonito para trabalhar, Jeon pensou. A roupa toda branca era mais formal que tudo que já vira Taehyung usar. 

— Uhum. — concordou com a cabeça recebendo sua cerveja e um shot de vodka. — Pegue um drink para Rosé também, por favor. 

— Ela está vindo? 

— Sim. Vou ter aquela conversa com ela. 

Taehyung entregou o copo ao garoto e o olhou. 

— Por que aqui? É meio barulhento, não acha? 

Jungkook apenas tomou seu shot e ignorou. Observou Rosé adentrar o bar com os fios platinados pintados de roxo florescente. Naquele momento ele sentiu que a música realmente parecia alta demais. 

— Oi. — ela disse. Taehyung sorriu para a garota. 

— Oi. — ele limpou a garganta — Precisamos conversar. 

— Imaginei. — ela assentiu dando um gole em sua bebida florescente — Estou ouvindo. 

— Rosie... Estive sendo um hipócrita. — ele engoliu o seco — Te trouxe aqui porque... É um lugar divertido. E nós sempre nós divertimos muito juntos. Não sei, acho que esperava conseguir te fazer feliz mais uma vez. 

Terminou de tomar sua cerveja. Com um suspiro profundo, ele pegou nas mãos da garota. 

— Todos esses anos nunca tive uma namorada pois não gosto de me apegar. Mas você foi diferente. Você era tudo que eu podia querer, Rosie. Tentei te agradar, te fazer muito feliz. Mas você não merece isso. Você é generosa, doce e absurdamente linda. Merece alguém que possa te amar.

Ela apenas observava com uma expressão fria. Ele depositou um pequeno beijo em suas mãos antes de soltá-las.

— Mas... Eu não sou ele. Eu não posso ser o homem que você merece. Sinto muito. 

Ela apenas sorriu. Uma única lágrima solitária molhou seu rosto delicado. Jungkook sentiu seu coração apertar. 

 

— É. Estava me perguntando quando aconteceria. — se levantou com calma, olhando para o garoto — Quando você começou a ficar estranho, pensei em todas as garotas que me falaram de você. Até seus amigos me avisaram, 'Rosie, não se aproxime demais!'. Eu não te entendo, mas te respeito. E você ter a coragem de me falar isso mostra que me respeita também.

Tomou um último gole de sua bebida antes de pegar sua bolsa. 

— Do fundo do meu coração, Jungkook-ssi, eu espero que ache alguém para amar e a trate como tal. E que não faça o que fez outras vezes. Talvez da próxima vez a pessoa goste mesmo de você. E por mais que você seja meio idiota, não acho que iria querer quebrar o coração de alguém.  Se você ainda quiser, nós podemos ser amigos. E no dia que você se apaixonar de verdade vou estar lá para te ajudar a conquistar essa pessoa. Ou rir da sua cara. Vai depender. 

— Rosie... Você é incrível, sabia? — ele a abraçou e soluçou um pouco. — Achei que iria me odiar. Você é importante para mim, mesmo que não seja do jeito que eu tentei. Sabe disso, né?

— Eu sei. — ela abraçou de volta e afagou se cabelo — Te vejo por aí, garotão. 

Ficou ali dez minutos apenas sentindo seu cérebro voltar ao normal. As luzes vibrantes voltaram a ter cor. A música começou a fazer sentido. Então pagou a conta se perguntando onde Taehyung tinha ido. 

— Como é que foi? 

— Tae. — ele se virou, vendo a figura esperando ao lado de fora da porta — Você estava me esperando? 

— É. Quero te mostrar um lugar. — disse. 

— Por que está com seu violão? 

— Eu me apresentei no bar hoje mais cedo. — disse indicando para que começassem a andar. 

— Podia ter me dito. Eu teria aparecido mais cedo. — Jeon fez bico — Gostaria de ter visto. 

— Não foi nada de mais. — disse enquanto viravam em uma esquina — Da próxima eu te chamo. 

— Ótimo. — ele sorriu — Esse bairro é escuro assim? 

— Ninguém mora aqui faz anos. Mas não se preocupe. — Taehyung afirmou — Ninguém mora aqui. Nem mesmo bandidos. 

— E o que vamos fazer aqui?

— Eu vou vender seus órgãos. — disse enquanto abria a porta de um prédio antigo. 

— Sério? Está sozinho no escuro com este corpinho lindo e a primeira coisa que pensa em fazer é vender meus órgãos? 

— Convencido. 

Taehyung revirou os olhos no escuro. Ligou a lanterna de seu celular e entrelacou seus dedos com o de Jungkook para que ele o acompanhasse na escada.  

— Quando não se tem muito dinheiro você acaba descobrindo lugares assim. 

Foi a única coisa que Kim disse. O prédio dava uma bela vista para a praça de duas quadras atrás. As luzes refletidas nas águas combinavam infinitamente com as estrelas e a lua. Era de tirar o fôlego. 

— É lindo. — Jungkook disse. 

— Eu sou. 

— Idiota. — ele sorriu e lhe deu uma cotovelada — Que estamos fazendo aqui? 

— Pensei que poderia distrair a cabeça. Depois de terminar seu namoro. — Taehyung falou — Desculpe, quase namoro. 

— Não foi tão difícil. Ela foi tão... O contrário do que eu pensei. 

— Pensou que ela te daria um tapa e começaria a gritar? — Taehyung riu — Por isso que levou ela ao bar, então? Para ficar em segurança de uma mulher maluca? 

— Eu não sou tão babaca assim. — ele riu junto. 

Apenas observaram a cidade juntos. Os carros buzinando, vozes indistinguíveis, pontinhos andando pelas ruas em uma quinta-feira à noite. 

Se tinha uma coisa que deixava Jungkook inquieto era a facilidade que tinha de conversar com Kim os assuntos mais difíceis e pessoais. Parecia até de mentira. 

— Te contei que estou escrevendo uma música? 

— Sério? — perguntou — Posso escutar? 

— Não. 

– Ah! Taehyung! — insistiu. 

— Não adianta. Só vai ouvir quando estiver pronta. — ele balançou a cabeça. 

— Você promete? — Jungkook estendeu o dedo mindinho. 

— Vai ser a primeira pessoa a escutar. Prometo. — ele juntou seu dedinho com o do mais novo. Era uma promessa. 

— É sobre o que? 

— Não vou falar. 

— É sobre alguém? — Jeon continuou a perguntar. 

— Talvez. 

Ele tirou o violão das costas e começou a tocar lentamente até pegar o ritmo. (Música - Sweet Night by V). Jungkook o encarava sem ar. A mesma sensação do começo do dia de seu cérebro estar nublado voltou. Ainda mais forte. 

— Espero que você acabe a música logo. — ele murmurou desviando o olhar para a cidade — Quero ouvir inteira. 

— Você vai. Já prometi. — disse — Mas a música não depende só de mim. 

A vista era linda. E a canção também.