História Não vivo sem você! - Pondo fim à confusão

Mesmo tendo a sensação de ter feito o certo por sair das “garras de sangue” da Márcia, Letícia não pôde evitar de se sentir apreensiva. Ela prometeu vingança, uma vingança dupla. Isso em parte a assustava, Márcia estava fora si, poderia se esperar qualquer coisa dela nesse estado. Temia por seu relacionamento que base sólida não tinha, afinal, mesmo desistindo do plano, aquela carta era uma coisa que não seria esquecida com tanta facilidade. Sendo ela verdadeira ou não.

    Era a hora de seu psicólogo de plantão entrar em ação, mas não podia simplesmente sair da empresa sem mais nem menos para conversar com o amigo. Apreensiva e agora frustrada, voltou para a salinha onde Fernando, bem acomodado em sua cadeira de presidente, observava a porta, como se esperasse sua chegada.

    - Lety... – É agora... coragem homem! – Queria falar com você, podemos almoçar hoje?

    - Seu Fernando, me perdoe, eu tinha combinado com Tomás

    - Ah – Suspirou visivelmente desapontado

    - É urgente? Algo da empresa?

    - Não. Mas é um assunto sério e eu não posso mais adiar essa conversa – Lhe olhou sério

    Ai meu Deus! Não seja isso, não seja. Aquela carta é uma farsa, ele não vai me deixar, nascemos para ficar juntos, somos alma gêmeas. Riu do pensamento desesperado. Confia Letícia, vai dar tudo certo, vai ver ele só quer... Não sei! Sinceramente não sei! Pode ser qualquer coisa. Que dúvida torturante...

    - Lety? – A tirou de seus pensamentos

    - Hum? Onde estávamos?

    - Na conversa que teremos

    As coisas já não estão muitos favoráveis e ele me olha com essa cara... Sério... Mas ainda assim é lindo... Uau...

    - Lety?

    - Sim

    - Está muito distraída, está pensando em algo?

    Se soubesse... – Não, prossiga

   - Voltando a conversa que teremos...   

    - Teremos? Tipo... Agora?

    - É, não quero mais adiar esse momento

    Já era... Nosso fim vai ser esse? Na sala da presidência? Não chora... calma...

    - Senta – Se levantou e trancou as portas se sentando logo em seguida

    - Então...

    - Deixe-me falar certo?

    Era o que faltava. O discurso pré-término.

    - Lety, eu venho percebendo umas mudanças em você que me fizeram pensar

    Agora a culpa é minha? Fernando Mendiola você também não é nada normal quando está de mau humor

    - Pensar em quê exatamente? – Disse segurando lágrimas

    - Lety, você está atrasada?

    Já era de se esperar que um reboliço se formaria na cabeça de Letícia. Fernando tinha jogado uma “bomba” sobre si sem nenhum esmero ou preparo.

    - An? Que tipo de pergunta é essa?

    - Vou ser mais direto. Lety, você está grávida?

    - An?

    - Lety...

    - Não. – Respondeu rápida – De onde o senhor tirou isso?

    - Você ficou enjoada com o vinho...

    - Isso quer dizer que estou grávida?

    - Você está tendo alterações de humor...

    - ALTERAÇÕES DE HUMOR SEU FERNANDO?!

    - Viu! Você está enfurecida comigo! De novo!

    - Típico de uma mulher na TPM!

    - Então você não está mesmo grávida?

    - Não – Suspirou mais calma – Eu não estou grávida

    - Poxa... – Disse com pesar – Eu já tinha pensado nos nomes...

    - Nomes?

    - Sim! – Seus olhos brilharam – Você gosta de Jonathan? E que tal Valentina?

    - Desculpe estragar seus planos – Riu – Mas isso não é possível...

    - Como não? – Tocou sua mão – Eu te amo e creio que sou correspondido

    - Nós não somos... – Abaixou o olhar

    - Sim... Mas eu não menti quando disse que ia me separar da Márcia para ficar com você. Mas entre eu e ela não tem mais nada...

    - Só o México inteiro acha que vocês vão se casar em meses! E por que não se separa de vez se me ama tanto? – Lhe olhou chorosa

    Boa pergunta. Mas nem eu tenho essa resposta.

    - Lety...

    Não pode ser verdade...

    - Tudo bem – Secou as lágrimas – Eu vou trabalhar, temos muita coisa pra fazer – Levantou-se saindo

    - Lety... – Suspirou

    Por quê não resolve logo isso Fernando? E com esse pensamento voltou a trabalhar.

***

    - Qual a ocorrência da vez?

    - Gravidez

    Ele a olhou estupefato

    - Suposta Tomás, eu não estou grávida okay?

    - Ufa. O que você está aprontando Lety? Na nossa última consulta você estava decidida a abandonar a Aurora. Pensei que qualquer coisa que se relacionasse também seria descartado

    Riu – Não estou aprontando nada psicólogo. Abandonei sim a Aurora. E acredita que a Márcia me bateu?

    - Esse negócio está cada vez mais estranho. E por quê ela fez isso?

    - Não sei. Ela começou a me xingar de... – Ponderou – Imoral e... que eu já consegui o que queria. Tomás! É isso! Ele achou que eu estava grávida, assim como o seu Fernando

    - Então o Fernando achou que você estava grávida?

    - Sim

    - E como a Márcia descobriu isso?

    - Ele não pode ter contado a ela... Não... Tomás! Tudo aponta para a veracidade daquela maldita carta!

    - Calma minha miga, vamos com calma. Ele pode não ter contado a ela.

    - E como ela soube?

    - Sei lá! Você nem tem certeza disso! Por acaso ela disse explicitamente que você estava grávida?

    - Não, mas disse que eu estava dando o golpe do baú. Quer mais alguma prova?

    - Então... O Fernando não contou da suspeita para mais alguém?

    Pensou um pouco – Quando eu estava saindo da presidência o seu Omar estava chegando

    - Olha aí a resposta! O que te impede de acreditar que ele corresponde seu sentimento?

    - A Márcia.

    - Sempre ela! Esquece essa mulher que quem já está ficando com raiva dela sou eu!

    - Eu acredito que em algum momento que ele me ama! Mais eu perguntei por que ele não se separa formalmente dela e ele não me respondeu. Como confiar desse jeito?

    - Faça um esforço.

    - Não Tomás, eu já tenho a solução

   - E qual seria?

    - Eu vou conquistar o Fernando. Se Lety a feia não conseguiu, Lety bonita conseguirá

    - Não vê que isso é voltar a ser uma “Aurora”?

    - Não é. Eu não vou ocultar minha identidade. Se ele não mostrar atitude sendo eu bonita, vou ter certeza que ele não me ama

    - Tem certeza?

    - Se não der certo, pelo menos não serei mais “a feia do bairro”