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História Nas Profundezas do Desespero - Sobrevivendo - Ressurreição


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


O diferencial desta sequência é que será subdividida em arcos. É algo que faço pela primeira vez, e, pra ser sincero, me inspirei em um livro que tenho lido que tem divisões em arcos.
Cada arco terá um dos seis personagens como foco, mas não indicarei que um arco está iniciando ou começando, será de acordo com a percepção de vocês.

Eu já planejei o final desta narrativa, será algo bem inédito para meus padrões de escrita também.

Bom, espero que gostem. Aqi eu trouxe mais algumas participações e referências que quem leu o primeiro, vai gostar.

Boa leitura.

Capítulo 4 - Ressurreição


Capítulo Três: Ressurreição
[Mario, o Portilho]

 

Foi só na manhã do dia seguinte que nos reunimos no Bar do Bill para ouvir o que Golfinho tinha a nos contar sobre a prisão de Valente.

Enquanto ele falava, eu o encarava com descrença e repúdio.

- É sério que você permitiu que isso acontecesse? Por que não o parou, Jonas? – perguntei tomando mais um gole de cerveja e gesticulando para Bill encher o copo – Você estava com ele, poderia ter evitado, mas preferiu agir feito um covarde!

- NÃO ME CHAME DE COVARDE, PIRRALHO! – berrou Golfinho completamente irritado.

- Quer que eu te chame de quê? Grande Homem? Você não tem coragem nem de assumir os próprios sentimentos! Ele foi preso por sua culpa, Golfinho! – falei apontando o dedo na cara dele.

Antes que Golfinho avançasse sobre mim, Gigante se colocou entre nós dois a fim de amenizar os ânimos.

- Brigar não vai ajudar o Valente. Enquanto discutimos nesse balcão, ele está preso. Não podemos esquecer que ele é um fugitivo. – Gigante já estava com os olhos marejados.

- Tartaruga, você é da Autodefesa! Você… acha que ele pode ser mandado de volta a um reformatório? – perguntei a Tartaruga, que era o mais pensativo naquele momento.

- Todos os desertores capturados no último ano pegaram, pelo menos, sete anos de reformatório.

- Sete anos? – repeti perplexo.

- Ele estará com 27 quando sair. – disse Gigante ainda com os olhos molhados – Desmascarado, você é bom com planos. Não podemos ajuda-lo a sair como da última vez?

- Estando aqui, do lado de fora, fica muito mais difícil. – disse Desmascarado sem ânimo – Em todo o caso, temos que reunir informações primeiro.

- E por onde acha que devemos começar? – perguntei a Desmascarado.

- Bom, pra começar, não vamos envolver Lucrécia nisso, depois, acho que Tartaruga sendo um soldado, pode descobrir alguma coisa, quem sabe você consegue visita-lo.

- Eu posso tentar. – disse Tartaruga se enchendo de determinação.

 

[William, o Valente]

 

Era uma cela escura. Eu não tinha ideia de quantas horas ou dias haviam passado. Meu estômago reclamava de fome, tudo parecia remeter à época em que eu vivia na cela 216.

- Acorda! Um membro das Forças de Autodefesa veio lhe ver. – disse um soldado abrindo a cela e gesticulando para que eu o seguisse até uma sala.

*

Entrei na sala e me deparei com Tartaruga, devidamente uniformizado e sério, à minha espera.

Sentei e esperei ficarmos a sós.

- Temos menos de cinco minutos. – disse Tartaruga – Você está proibido de receber visitas, mas tenho minhas vantagens. Bom, li seu relatório e achei um tanto exagerado.

- Você acha que vão me mandar de volta para um reformatório?

- A corte decidiu que haverá um processo criminal contra você.

- Processo criminal? O que isso significa?

- Você será levado ao promotor, pois, de acordo com seu relatório, você tem histórico de violência, sem contar que aos dezessete anos você atacou um homem chamado Hugo e o deixou em coma por dois dias. Quem era ele?

- Era o namorado da minha mãe.

- Porque o atacou?

- Isso não importa! – respondi virando a cara.

- Valente, por favor, preciso de respostas! – disse Tartaruga em tom autoritário. Suspirei.

- Hugo era policial e abusava do poder que tinha. Certo dia, saindo da escola, precisei defender a honra de uma amiga.

- O que mais?

- Minha mãe ficou contra mim, disse que eu era problemático e me denunciou, confirmando todas as mentiras que Hugo disse ao acordar.

*

Minha mãe se chamava Bianca. Ela nunca foi uma boa mãe, na verdade, devido seu comportamento negligente, precisei amadurecer cedo, eu tinha que me virar para ter o que comer. Depois que ela conheceu Hugo, tudo ficou ainda pior, pois ela só tinha olhos para ele. Na época, estava tentando ter um filho dele, um filho que certamente seria amado de verdade.

Nunca vou esquecer seu olhar de desprezo, o último olhar que ela lançou a mim antes de me mandar para o Reformatório Trinta e Seis.

*

Quando Tartaruga foi embora e retornei à minha cela, fui surpreendido com a presença do General Kelvin, que estava à minha espera.

- É por causa de lixos como você que esse país só regride. – disse o general permanecendo de costas – Me diga, quem era o soldado com quem estava falando?

- Ninguém.

- Aquele soldado também é um dos vermes saídos do Reformatório Trinta e Seis, não é? Ele acha que vai conseguir te livrar? Você é um garoto problemático e violento. Não está apto para viver entre pessoas de bem. Você e todos os seus companheiros terão o destino que merecem. Me recuso a deixar o mal sair impune! Farei de tudo para que vocês sejam presos, um por um.

O general de aproximou de mim e me puxou pelos cabelos, acertando um soco em meu rosto em seguida.

- Seu inferno começa hoje, William.

 

[Nomoto, o Desmascarado]

 

- Será que dá pra ficar quieto, Golfinho? – resmunguei impaciente ao vê-lo andar de um lado para o outro enquanto Tartaruga não voltava.

- Aceitam mais uma bebida? – perguntou o senhor Bill. Sinalizei que sim.

*

Quando Tartaruga retornou, lhe oferecemos uma bebida e então pôs-se a relatar o que havia descoberto.

- Droga! Ele estará acabado se for mandado ao promotor. – disse Portilho se debruçando sobre o balcão – Pra piorar, esse tal de General Kelvin parece não ter gostado muito dele. Quem é esse cara?

- Ele é o pai do noivo da Lucrécia. – disse Golfinho – Valente não tem a menor chance de sair dessa.

- Espera um pouco! Como sabe que Lucrécia está noiva do filho desse homem? – perguntei arqueando uma das sobrancelhas.

- Ela me disse na última vez em que falamos. Seu nome é Kyan.

Ficamos em silêncio por algum tempo enquanto diferíamos aquela informação.

- Não existe uma forma de suspender essa acusação? – perguntou Portilho, que tentava conter as lágrimas de Gigante.

- Quando ele for indiciado, não haverá mais nada que possamos fazer. Nossa chance está antes disso! – falei levantando de onde estava – Primeiro, temos que impedir o promotor de indiciá-lo e…

- Isso é simples… - Portilho sorria abobalhado – É só o Tartaruga roubar um tanque das Forças de Autodefesa e…

- Cala a boca Portilho! Não vamos roubar nem invadir lugar nenhum!

- Então o que vamos fazer? – insistia Portilho.

- Primeiro, vamos visitar um antigo rival… o ex-oficial César.

 

[André, o Tartaruga]

 

Paramos em uma estrada de terra, não muito longe de um casebre às margens do rio.

Olhamos uns para os outros enquanto caminhávamos até uma calçada de pedra, desgastada pelo tempo.

César estava lá, sentado de costas, envelhecido, acabado.

As lembranças eram inevitáveis.

*

Na noite em que chegamos ao reformatório, fomos todos submetidos a uma vistoria incomum que não tínhamos como recusar, estávamos indefesos.

Um bastão de vidro fora introduzido em nossos ânus. A angústia e a dor roubaram o restante de nossas determinações. Não havia vontade de resistir contra o inevitável. Estávamos nas profundezas do desespero, porém, era apenas o começo do que iria acontecer no fundo do caldeirão do inferno.

Constantemente, César torturava os jovens das celas sem motivo aparente e conosco não foi diferente. Ficar dias sem comer e sem água, ou ser mergulhado em taques de gelo eram procedimentos comuns para correção. Seu superior, o doutor Iziel Vaneli, costumava selecionar jovens para abusar sexualmente. Tudo isso perdurou por muito tempo, mas com a determinação de Mano, encontramos motivos para sonhar com a liberdade e agora que havíamos conquistado, estávamos dispostos a qualquer coisa para sermos verdadeiramente felizes, pois dessa forma, estaríamos honrando a memória de Fernando, nosso amado Mano.

*

Seu odor era insuportável, suas roupas estavam surradas e seu corpo esquelético. Percebi que ele falava e sorria sozinho, como um lunático.

- César! – falei estando a dois metros de distância dele, que olhou para mim e vislumbrou os outros rapazes, tão perdidos em suas lembranças e dores quanto eu.

- Há, há, há, há, há, há, há, há, há! Quanto tempo. – disse levantando-se e ficando de frente para nós – Vieram se juntar a mim?

- O que sabe sobre o General Kelvin? – perguntei lhe segurando pela camisa, mas nem isso arrancou seu sorriso.

- Você está mais forte… mas sinto falta de alguém. Pensei que vocês fossem sete! – disse gargalhando – Vieram se vingar de mim? Será se conseguem se vingar do mal sem se tornar parte dele? Há, há, há, há, há!

- Ele está louco! Vamos embora! – disse Golfinho com desprezo.

- Ora, se não é o garoto bonitinho… Jonas… a loucura é como a gravidade, só precisa de um empurrãozinho. Posso empurrar você?

- EU TE FIZ UMA PERGUNTA! O QUE SABE SOBRE O GENERAL KELVIN? – quando comecei a alterar meu tom de voz, ele estremeceu, mas logo voltou a sorrir.

- Kelvin sempre teve grande aversão às práticas de correção que Iziel e eu costumávamos adotar. Seu senso de justiça sempre foi sua maior fraqueza. Sabe, às vezes Fernando vem falar comigo… aqui. – disse apontando para a própria mente – ele adora me atormentar, mas já me acostumei com isso.

- Vamos embora, estamos perdendo tempo com esse louco. Ele já perdeu seu senso de civilização. – resmungou Golfinho mais uma vez.

- Quando o mundo acabar, essas tais pessoas civilizadas vão comer umas às outras. – ele disse isso e então eu o larguei no chão.

Depois disso retornamos para a estrada. Eu estava com a sensação de que tinha sido em vão procurar por César, mas Nomoto pensava o contrário.

- Pelo menos uma coisa pude descobrir com essa desagradável visita… Kelvin, de alguma forma, não é o monstro que pensamos. Precisamos fazê-lo enxergar tudo sob uma nova perspectiva. Vamos para a Árvore dos Sonhos, lá explicarei meu plano.

Próximo Capítulo: Segredo


Notas Finais


LEIA A PRIMEIRA PARTE DESTA HISTÓRIA:

NAS PROFUNDEZAS DO DESESPERO >>>>>>>>>>>>>>>>>> https://www.spiritfanfiction.com/historia/nas-profundezas-do-desespero-23584896


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