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História Nas Profundezas do Desespero - Justiça


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


AMORES E DISTORÇÕES foi desenvolvido para ser dividido em dois arcos. Esta história significa o final do primeiro arco e isso me enche de orgulho.
Para o segundo arco, apresentarei as últimas sete narrativas:
Do primeiro arco, apenas PEQUENOS INFINITOS II está pendente, mas não irá intervefir nos eventos futuros.

SEGUNDO ARCO [ARCO FINAL]

NAS PROFUNDEZAS DO DESESPERO [PARTE DOIS]
(em desenvolvimento para fevereiro)

LAÇOS MARCADOS
(abril de 2023)

HOFFENHEIM: UM GRITO DE LIBERDADE
(junho de 2023)

HOFFENHEIM: UM ESTRANHO DENTRO DE MIM
(julho de 2023)

OLHARES NA ESCOLA 04: DESEJO ARDENTE
(em desenvolvimento)

ANTES QUE O MUNDO ACABE
(em desenvolvimento)

A PRAGA DO SÉCULO
(em desenvolvimento)

Capítulo 25 - Justiça


Fanfic / Fanfiction Nas Profundezas do Desespero - Justiça

Justiça
[Mario, o Portilho]

 

Braga era uma cidade muito quente, mas, ainda assim, era possível ver alguns alunos passando com camisas de frio, outros rindo alto sem se importar com quem os via e julgava. Tudo aquilo era meio familiar pra mim, principalmente porque eu havia crescido naquela cidade.

Por algum tempo, viajei em minhas memórias e lembrei de minha infância e das pequenas aventuras que vivi.

Lembrei de quando tive minha primeira namorada e vivi a melhor fase, que é quando sentimos um friozinho na barriga e a vontade de estar sempre perto, lembrei dos pequenos desafios que eu criava, como: “se ela ligar até cinco horas, ela me ama”… foi uma fase boa que eu nem lembrava que tinha vivido, mas tudo desmoronou quando meus pais me descartaram como um lixo, mas, pensando por outro lado, se não fosse isso, eu jamais teria conhecido o Mano e os outros, meus grandes amigos que eu pretendia carregar para sempre.

- Por que tá com essa cara de tonto, Mario? – perguntou Nomoto passando o braço pelas minhas costas enquanto admirava o clube da cidade.

- Eu só tô lembrando de algumas coisas. – falei sorrindo meio sem graça para ele, o que me fez esbarrar sem querer em uma garota de vinte e poucos anos que me olhou assustada.

A garota era loirinha e segurava a mão de uma criança que também tinha os olhos azuis, mas os cabelos castanhos. A garotinha tinha uma casquinha de sorvete em uma das mãos.

- Me desculpe moça, eu não estava prestando atenção. – falei encolhendo os ombros.

- Tudo bem, garoto. – fiquei vermelho quando ela me chamou de garoto, muito provavelmente pela minha altura.

- Tá tudo bem por aqui, Clarinha? – perguntou um rapaz que saía do quiosque e olhava de mim para os outros rapazes.

Ele era alto, tinha o corpo definido e cabelos castanhos um pouco compridos.

- Tudo sim, Bruno, foi só um mal entendido. – respondeu a moça com leveza no falar.

O rapaz chamado Bruno olhou para mim erguendo uma das sobrancelhas e então saiu da frente para que pudéssemos passar.

- Você não presta atenção, não é? Nosso tempo é curto! Temos que cumprir nossa parte do Plano. Precisamos vingar a morte do Nando! – disse Nomoto me dando um sermão.

- Com licença… - disse o rapaz de repente.

- Pois não? – perguntou Nomoto.

- Ham… nada não. É que, esse nome me fez lembrar de um velho conhecido.

- Quem, Nando? – Foi nesse momento que o olhar do tal de Bruno pareceu ficar preso aos olhos do Golfinho, que havia feito a pergunta – Talvez você o conheça. Ele já morou aqui.

- Cala a boca Golfinho! – Tartaruga beliscava o braço de Golfinho, que berrava um “AU” bem alto.

- Vamos, querido? Não quero me atrasar para o encontro com Mel e Rafa.

- Claro, claro… só que… - o tal de Bruno ainda não se dava por satisfeito – Ele tem cabelos cacheados, pele branquinha e é meio aficionado por teorias de conspiração?

- Na verdade, o Mano era desse jeito. Porque, quem é você? – perguntou Tartaruga com desconfiança.

- Eu sou… bom, eu…

- Ele já falou de você pra mim. – disse Tartaruga se aproximando de Bruno – E também falou de Leandro. – foi nessa hora que o semblante dele mudou e a tal de Clarinha ficou irritada, como se a simples menção do nome de Leandro a deixasse completamente desnorteada e insegura.

- Pra mim já chega! Não vou admitir que esse passado retorne pra nos assombrar! – ela disse isso e puxou a garotinha, partindo para longe, mas Bruno não se importou, parecia hipnotizado por alguma lembrança.

- Onde Nando está? – Bruno perguntou aflito. Seus olhos estavam molhados.

- Ele morreu. – disse Tartaruga com um entalo na voz.

- Morreu? Co-como?

- Foi há um ano e meio, em Bragança. – Nomoto respondeu, com a cara fechada – Bom, nosso tempo é limitado e, acho melhor que vá atrás de sua esposa. Ela parece não ter gostado de lembrar do Nando nem do Leandro, de qualquer forma, saiba que o Fernando foi a melhor pessoa que já conheci. Vamos, amigos.

Bruno permanece parado, com um olhar choroso enquanto nos distanciávamos.

×

Apesar de ter sido um encontro bastante inusitado, não comentamos a respeito de Bruno ou de sua suposta esposa e filha, mas Nomoto ficou dando uma de moralista comigo e Golfinho por termos prolongado o assunto com um estranho, ainda assim, mantivemos nosso foco que era concluir nossa parte do plano.

Com a ajuda de Tartaruga, que era da Autodefesa, conseguimos entrar facilmente no Auditório Municipal de Braga.

O tempo ia passando e o lugar enchia de pessoas bem vestidas e com nariz empinado. Ao fundo, porém, havia uma área mais popular para outras pessoas que ficavam separadas por uma grade, a fim de evitar mistura de classes e manter a organização.

Nas primeiras fileiras de cadeiras, muitos repórteres e seguranças que pareciam robôs programados para detectar qualquer movimento suspeito e intervir.

O prefeito de Braga foi o primeiro a discursar, falando sobre o índice de vacinas e a redução de mortes pela MLC. Quase meia hora depois, anunciou a chegada de Iziel Vaneli, que iria fazer um comunicado importante e explicar o porquê de ter escolhido justamente Braga para tal evento.

- Por favor, comece quando estiver pronto, Doutor. – disse o Prefeito estendendo sua mão para um aperto e então retirando-se.

Seis guardas se posicionaram em cada lateral para garantir o bem-estar do médico e aos fundos, era possível ver que havia uma fileira com outros guardas.

- Pelo visto ele reforçou bem a segurança. Será que está desconfiado de alguma coisa?

- Claro que não, Gigante! Como ele poderia desconfiar? Não seja tapado. – repreendeu Nomoto que, sem perceber, ora ou outra nos chamava pelo apelido, coisa que ele sempre detestou, mas que agora parecia ser naturalmente de seu agrado.

Gigante fez uma cara de choro e respirou fundo para se conter.

Desmascarado olhou de mim para Golfinho e acenou, indicando que era chegada a hora de colocar o plano em ação.

Tartaruga estava cumprindo seus deveres como soldado, mas fez o que pôde para facilitar nosso caminho, principalmente o de Desmascarado e Golfinho, que tinham a missão de ir até a sala de controle, nocautear os guardas e assumir seus lugares para então começarem a diversão.

Golfinho e eu permanecemos no auditório, esperando o momento certo para desestabilizar o médico.

×

Iziel Vaneli usava um terno branco muito elegante. Seus cabelos grisalhos brilhavam e seu corpo atlético com boa postura mostrava o quanto ele estava confiante em tudo o que fazia.

Com um aceno, todos os que estavam em pé sentaram-se.

O médico pigarreou e suspirou por alguns instantes.

- Há sete anos, um garoto desta cidade chamado Leandro, com esclerose múltipla foi enviado para Londres para ser parte de um tratamento experimental que fora financiado pelas Corporações Leben. Foram anos frustrados sem avanços, mas então, cá estamos nós, a um passo da paz mundial, com uma vacina que descobrimos curar não apenas o vírus Morbus Lenvectus, mas também outras doenças. – Iziel fez uma passa dramática para ver o quanto o público estava interessado em seu discurso, foi só então que seus olhos encontraram os meus. Ele suou frio e ficou desnorteador por um momento – O que eu quero dizer é que Leandro, pela primeira vez, demonstrou estar avançando em seu tratamento e em breve será o primeiro caso de Esclerose a ser curado. – os olhos do médico continuavam fixos em mim, ele estava pálido – Diante disto, venho falar sobre a importância de termos um governo único que servirá, principalmente para garantir a união de todas as nações e trazer o equilíbrio, respeitando o passado e construindo um futuro sem guerras, sem miséria, sem doenças e sem dor! O futuro pode ser agora! Alguma pergunta?

- Doutor, sou Gabriela Montez, do Jornal de Braga. Bem, existem atualmente, cinquenta candidatos a chefe deste novo governo. Sabemos que haverão outros cargos auxiliares dentro de todos os países, mas, o que quero saber é, o que farão com os países opositores? Sabemos que muitos países não concordam com esse método que vem sendo idealizado, principalmente os países extremistas.

- Algumas pessoas leem "Guerra e Paz" e acham que é um simples romance. Outras pessoas leem uma embalagem de chiclete e desvendam os segredos do universo. Em outras palavras, daremos o nosso melhor para entrarmos em acordo com cada país para que venhamos ser plenamente prósperos.

- O QUE O SENHOR TEM A DIZER SOBRE AS MORTES QUE CAUSOU DURANTE OS REFORMATÓRIOS E SOBRE OS ABUSOS SEXUAIS QUE COMETEU? – quando Portilho gritou isso, todos pararam para olhar em sua direção.

- E O QUE DIZ SOBRE CAIO E PEDRO HENRIQUE QUE FICARAM POR ANOS SENDO COBAIAS PARA SUAS EXPERIÊNCIAS AO LADO DOS SEUS FILHOS? O SENHOR É UM MONSTRO, LINDOMAR… OU IZIEL… JÁ NEM SABEMOS MAIS QUAL SEU NOME.

Iziel Vaneli ficou evidentemente sem graça.

Enquanto os guardas corriam para nos capturar, o som do microfone foi cortado e as caixas acústicas do lugar trouxeram a grande revelação do dia:

“Meu nome é Erast Vaneli. Estou gravando isso em 2016 e provavelmente estou morto. Fui um dos principais colaboradores na criação do vírus MLC, juntamente a Iziel Vaneli, um homem que foi criado como uma réplica quase exata de alguém chamado Lindomar, mas sem seu coração e sem alma.

Nós fazemos parte de um grupo chamado A Ordem que vem trabalhando secretamente há décadas.

O novo vírus é funciona como uma extensão do HIV, também desenvolvido por nós.

Atualmente sequestramos pessoas e torturamos nos reformatórios que almejam destruir a autoimunidade, uma condição rara de pessoas que não são infectadas pelo vírus. Eu sou um monstro, mas meu irmão Iziel é o pior deles. Além de estuprar jovens inocentes, os tortura todos os dias por puro capricho. Tudo o que ele toca apodrece. Se não acreditam em mim, então, peço que acessem os arquivos que provavelmente já estão disponíveis na internet para todos descobrirem a verdadeira farsa de tudo isso. Vocês também encontrarão a relação dos mortos, entre eles o Oficial Milo.

Me perdoe, meu irmão. Mas o vírus já foi longe demais e precisa ser parado antes que seja tarde demais. Adeus.”

 

- NÃO! NÃO É O QUE ESTÃO PENSANDO! ISSO É ALGUM ENGANO! – Iziel batia com as mãos na bancada, ficando vermelho de raiva – FORAM VOCÊS! SEUS GAROTOS DESGRAÇADOS! EU VOU MATAR VOCÊS!

- Não mesmo! – disse o prefeito acertando-lhe um soco enquanto os guardas agora corriam para mantê-lo imobilizado – Soldado, por favor, leve-o preso.

O soldado que levou Iziel Vaneli algemado até as autoridades foi nosso Tartatuga, que segurava as lágrimas dos olhos enquanto via a justiça ser feita. Finalmente nossa dor estava chegando ao fim.

×

Depois de todo o escândalo e depois de ter o vislumbre de ver Iziel Vaneli finalmente ser preso, as Corporações Geborn emitiram um comunicado informando que repudiavam as atitudes do médico e que reconhecia seu erro em tê-lo aceitado mesmo com todas as evidências anteriores sendo expostas e que iria averiguar todas as informações junto às autoridades para que Iziel fosse devidamente punido. Ainda naquele dia, um homem chamado Zenno veio a público informar que iria concorrer ao cargo de Governante Mundial e que faria o possível para que pessoas como Iziel Vaneli jamais caminhassem entre a sociedade livremente por tanto tempo.

 

[William, o Valente]

 

Três dias haviam passado e lá estava eu, passando pelo que um dia foi o Reformatório Trinta e Seis e subindo um pequeno morro, onde havia uma árvore carregada de belas folhas e galhos, balançando ao vento fresco que vinha da direção do rio, era a nossa Árvore dos Sonhos.

Naquele dia, não fui o primeiro a chegar, mas o último.

Todos os outros já estava lá, pela primeira vez com olhares serenos e calmos, sem preocupações ou medo.

- Oi, irmãos. – falei jogando minha mochila no gramado – Vi os jornais. Vocês foram até o fim mesmo.

- Quase. Eu queria ter matado o doutor. – Gigante parecia descontente.

- Se tivéssemos matado Iziel lá, nossas vidas estariam arruinadas e continuaríamos como pássaros engaiolados. Mano nos ensinou a lutar por nossa liberdade e sonhos.

- Ele tem razão, Gigante, mas e você, Valente, deu um jeito no César? – perguntou Golfinho me olhando de um jeito que ainda mexia muito comigo.

- Não precisei. Mano havia dado um fim nele há muito tempo. Tudo já estava resolvido. – falei me aproximando do tronco da árvore e tocando nas escrituras cravadas ali – A propósito… - com a outra mão, tirei seis balas de meu bolso – Foram retiradas do corpo do Mano. Laila me entregou e pediu para que cada um de nós ficássemos com uma.

- Balas do corpo do Mano? – murmurou Gigante – Mas o César está vivo e…

- Vocês podem não estar satisfeitos, mas eu estou.

Portilho se aproximou sorrindo e deu um carinhoso soco em meu abdômen.

- Bom trabalho, Valente. Estamos todos orgulhosos de você.

- E o que vamos fazer agora? – perguntou Gigante, choroso como sempre.

- Eu serei um oficial das forças de Autodefesa! – respondeu Tartaruga.

- Eu vou ficar no mercado informal por um tempo trabalhando pra Laila. – disse Portilho sorridente – O dinheiro é bom, além disso, não posso deixar a Laila tão sozinha, é perigoso.

- Não seja safado! Ela tem namorado moleque! – disse Desmascarado dando-lhe um tapa na cabeça – Eu vou voltar para meu país Ferang por um tempo. Quero reencontrar minha mãe.

- Sua mãe? Pensei que ela estivesse morta. – disse Golfinho, de olhos arregalados.

- Acho que a vida está me dando a chance de fazer algo de bom por ela. Mas e você, Golfinho, o que vai fazer agora?

Golfinho olhou para mim e desviou o olhar, ficando um pouco vermelho de modo que todos ali perceberam.

- Eu terei minha chance definitivamente e me tornarei um cantor profissional qualquer dia desses. Quero dar muito orgulho à minha irmãzinha quando a reencontrar.

- Eu vou fazer qualquer coisa que me dê boa comida! – saltitava Gigante, abobalhado enquanto Portilho ria.

- E você, Valente? – Golfinho agora estava ao meu lado, passando o braço por trás de meus ombros, me olhando nos olhos.

- Eu… não sei. Boa pergunta. – Naquele momento, eu não tinha ideia de pra onde eu iria, nem o que eu faria, tudo o que eu desejava era ser como Mano um dia foi.

Olhamos um para o outro e sentimos naquele momento que de alguma forma, Mano também estava ali, em paz.

Nos abraçamos entre lágrimas e sorrisos. Foi a primeira vez que transbordamos de felicidade, mas então, Desmascarado enxugou as lágrimas e olhou sério para cada um de nós.

- A nossa batalha finalmente acabou, mas César e Iziel continuam vivos. E se… depois da batalha vier uma terrível guerra?

Toquei seu ombro e o abracei mais uma vez, tirando toda a tensão que ele carregava.

- Nós podemos voar livremente agora, Desmascarado. Acabou. Não tem mais vírus, não tem mais mortes. Sinto que finalmente não só nós, mas a humanidade saiu da escuridão e caminha aos poucos para a luz.

- Mas… e se a cura for temporária? – questionou Gigante de repente – Erast tentou evitar que a cura viesse à tona. Talvez ele tenha descoberto algo terrível. Acho que deveríamos nos preocupar, quem sabe procurar A Resistência e…

- Vamos viver um dia de cada vez, Gigante. – disse Portilho transbordando bom-humor – O futuro é incerto, por isso precisamos nos apenar ao que temos agora. Se uma guerra chegar ou se a cura não der certo, teremos feito nossas vidas valer a pena.

- Ele tem razão. Agora vamos conquistar nossos sonhos cravados nesta árvore! – falei acreditando que finalmente estávamos a um passo da felicidade, mas… ainda não era o fim.

 

 

Nos reencontraremos em NAS PROFUNDEZAS DA SOLIDÃO: ATO FINAL.

│FEVEREIRO/2023│

 


Notas Finais




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