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História Nas Profundezas do Desespero - Aliado da noite


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Esse capítulo acontece durante os eventos do anterior, sob o ponto de vista do Nando e explica um pouco melhor sobre alguns passados e traumas de certos personagens.

Capítulo 9 - Aliado da noite


[Nando, o Mano]

 

- Acorda! Acorda! Acorda! – dizia Karina pulando na minha cama como de costume – acorda mano! Vem brincar comigo! – dizia ela toda contente me puxando pelo braço.

Abri os olhos sem entender o que estava acontecendo. Onde eu estava? O que era tudo aquilo?

- Karina? É você mesmo? Como eu vim parar aqui? – perguntei a ela, que parou e ficou me olhando. Emocionado, puxei ela pra perto de mim e a abracei – eu senti tanto a sua falta maninha! Vai descendo que eu já tô indo. – falei ao perceber que eu só estava de cueca.

- Tá bom, mas não demora senão eu volto! – disse isso e saiu. Nossa, como minha irmãzinha havia crescido.

 

Sentado na cama, olhei em volta. Tudo parecia estar em seu devido lugar. Exatamente como eu lembrava.

Me vesti e desci até a sala, com um pouco de medo do que poderia encontrar.

Chegando lá, quase caí pra trás quando vi Leandro aos risos com meu pai enquanto minha mãe assistia o programa da Ana Maria Braga.

- Bom dia Bela Adormecida! – dizia meu pai todo sorridente pra mim. Achei estranho. Ele não ria para mim desde que tinha descoberto sobre minha sexualidade.

- Bom dia. – respondi com medo, já esperando que ele atirasse a sandália de longe na minha direção ou começasse a me xingar do nada – Lê… o que você tá fazendo aqui?

Nossa! Como ele estava lindo com aquela bermuda jeans, tênis branco e uma camiseta regata. Estava mais forte e seu sorriso era brilhante, indo de orelha a orelha na minha direção.

- Ué… vim te buscar pra acamparmos no clube. – disse sorrindo com os olhos em minha direção e então se levantando e vindo em minha direção – Você tá com uma cara de bocó.

- Não, é que, eu tive um sonho esquisito.

- Iiiih, acho que você ainda tá dormindo! Vai tomar café, acho que o Bruno e o Otávio já devem estar chegando.

- Bruno e Otávio? O que eles vêm fazer aqui? – perguntei confuso.

- Ué… estamos comemorando nosso aniversário. Esqueceu? Um ano! – disse todo contente. Olhei para o meu pai e vi que sua expressão ainda era de felicidade.

- Como isso é possível?

- É uma longa história, mas vai logo tomar café e dá um jeito de arrastar o Caio da cozinha pra cá pra cá antes que ele acabe comento tudo o que tem por lá.

- Caio? Ele tá aqui também?

- Lógico, onde mais ele estaria?

Chegando na cozinha, quase enfartei quando vi Caio se empanturrando no bolo da mamãe.

- E aí, tá pronto pra hoje?

- Hoje? O que tem hoje? Eu não tô entendendo nada do que tá acontecendo!

- Deixa de bobagem… agora que é casado você ficou meio surtado hein… o Leandro tá te causando delírios toda noite é? – disse entre risos.

Meio atordoado, deixei Caio falando sozinho e saí pela porta dos fundos e me deparei com um céu escuro e frio, foi quando senti um arrepio como se toda a bondade que pudesse existir não estivesse mais presente.

Depois vi o céu em chamas e pessoas correndo de um lado para o outro, desesperadas, enquanto isso, todos dentro de casa pareciam viver uma vida perfeita e feliz.

Caí de joelhos, em pânico. O que estava acontecendo? Porque minha família ignorava aquilo?

Pessoas eram assassinadas e torturadas enquanto gritavam por liberdade. Os opressores tinham uma expressão fria, como se não fossem capazes de ter sentimentos bons.

- O mundo acabou! – disse alguém se aproximando de mim. Olhei e vi que era Caio – Vem, entra. Estaremos seguros em casa.

- Acabou? Como?

- O amor já não existe mais nas pessoas, elas matam em nome de um deus que não existe, que não se importa com a dor. Esse é o nosso refúgio, aqui estamos protegidos deles.

- Deles quem?

- Eles são o deus!

 

Abri os olhos enquanto sentia um cheiro de podridão e me dava conta de que tudo tinha sido um delírio e que eu ainda estava no reformatório em algum tipo de laboratório.

- Oi! Que bom que você acordou. – disse Erast que estava sentado em um caixote, bem na minha frente – você estava delirando. Está ardendo em febre. – disse ele com um olhar choroso – Apliquei algumas medicações para que melhorasse.

- O que aconteceu? Porque me trouxe pra cá? – olhei ao redor. Haviam corpos em meia dúzia de macas, papeis empilhados perto de uma lousa e vários tubos com líquidos estranhos.

- Analisei o seu sangue e o dos demais e descobri que você possui uma condição rara, assim como seu amigo Caio.

- Caio? Ele está aqui?

- Sim, ele está. Gostaria de vê-los?

- S-sim.

- Pois bem.

Erast me ajudou a levantar da maca. Meus braços e pernas estavam algemados, por isso precisei andar a passos curtos até uma sala onde pude ter o vislumbre de quatro pessoas adormecidas com tubos na boca e fios conectados aos seus corpos. Além de Caio e Pedro Henrique, havia um homem de aproximadamente trinta anos e uma senhora muito idosa.

- Quem são os outros?

- Bom, pra que entenda, vou precisar lhe contar uma breve história. – disse isso antes de pigarrear.

 

[Erast, o Enigma]

 

Tudo começa em 1977, quando uma pesquisadora morreu por uma doença misteriosa que a deteriorou rapidamente A autópsia revelou que seus pulmões estavam repletos de microrganismos que ocasionavam algum tipo de pneumonia e que vieram a asfixiá-la.

Quatro anos mais tarde, essa doença foi conhecida oficialmente como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida que através das décadas passou a atingir a vida de milhões de pessoas, tal como o câncer, mas isso não foi o bastante para conscientizar a humanidade, que ficava cada vez mais cruel e egoísta, destruindo espécies e esgotando os recursos naturais sem pensar no futuro.

Foi nessa época que me aproximei de um homem chamado Lindomar. Nós tínhamos uma relação muito próxima, mas que infelizmente terminou em tragédia após um terrível acidente. Fiquei inconformado e decidi reativar um antigo projeto chamado Doppel e o recriei através de uma amostra de DNA.

O novo Lindomar passou a ser chamado secretamente de Iziel e recebeu meu sobrenome, pois compartilhávamos do mesmo DNA. Éramos como irmãos. Ele casou e teve dois filhos gêmeos. Não muito tempo depois, revelei a ele quem ele era e quais eram seus propósitos. Fiquei orgulhoso quando vi todo o seu potencial.

Em 1992 Lindomar descobriu que um de seus filhos possuía autoimunidade em 45% e não hesitou em usá-lo como objeto de estudo e em seguida, forjou um incêndio que matou o restante de sua família. Foi neste momento que descobrimos que meu Doppel possuía suas falhas e por isso o marcamos para que jamais esquecesse a quem servia.

Naquele mesmo ano encerramos o Projeto RMH31 após um vazamento de informações. Este projeto consistia na reprodução de crianças modificadas geneticamente para serem cobaias em busca de uma anti-imunidade. Todas as provas foram destruídas, incluindo centenas de crianças.

Tudo ia bem, até que ao final daquela década fiz uma descoberta que mudaria os rumos de nossa corporação. Lindomar descobriu ao acaso que um jovem chamado Pedro Henrique possuía 76% de autoimunidade, era o maior percentual encontrado até então.

Após o fim do Projeto RMH31, surgiu o Projeto Expurgo, que visava conduzir a humanidade a uma nova direção onde só os mais fortes e dignos sobrevivessem, mas para isso, um processo de eliminação precisava ser feito a curto prazo e isso se concretizou em 2005, quando foi desenvolvido um novo vírus, potente e mortal, capaz de destruir as defesas do corpo de forma seleta, mas havia um problema: os autoimunes.

Lindomar tentou destruir a autoimunidade através da combinação do material genético de seu filho com o de Pedro Henrique, mas tudo o que obteve foi uma evolução do vírus, que viria se tornar o Morbus Lenvectus, A Praga do Século.

 

[Nando, o Mano]

 

- Porque tá me contando tudo isso e quem são os outros? – perguntei cheio de desconfiança.

- Porque eu quero destruir a pessoa por trás desta corporação! – quando ele disse isso, fiquei ainda mais confuso – Sei que é difícil entender, mas acredite, eu nunca desejei que as coisas chegassem a esse ponto e meus últimos estudos indicam que algo terrível e irreversível pode estar prestes a acontecer. Eu ajudei a criar essa maldição e preciso pôr um fim nela, nem que pra isso eu precise ir contra tudo o que sempre acreditei por todos esses anos.

- E porque está contando isso justamente a mim?

- Porque Iziel descobriu meu plano e me infectou com a doença. Estou condenado e preciso de alguém para divulgar esses dados. – disse me entregando um micro chip – Existem anos de pesquisa e todas as provas que precisa, faça uso do que for necessário. Você vai sair daqui e vai expor toda a podridão das Corporações Leben. Vai ajudar a salvar o mundo antes que a MLC acabe com toda a vida que existe. – Erast agora estava com os olhos lacrimejando de emoção – Os outros são Alécio Vaneli, filho de Lindomar, e Soraya Cassiano. De todos, Caio é o que possui o maior percentual. 87% de autoimunidade. Ele é o elemento mais precioso desta corporação!

- Eles estão mortos?

- Estão adormecidos e vivendo uma vida própria em suas mentes. Achei que seria menos doloroso assim. Vamos, vou te levar até a saída mais próxima, não temos muito tempo. Precisamos correr e…

Erast congelou quando escutou um som vindo da porta.

Rapidamente me escondi por trás de algumas mesas enquanto o Doutor Iziel se aproximava.

- Falando sozinho de novo, irmão?

- Eu só estava olhando para tudo o que construímos.

- É de impressionar. Pena que decidiu abandonar a causa.

- Eu já te disse. O vírus pode sofrer mutações e ficar indestrutíveis. Nosso objetivo sempre foi salvar o que havia de melhor no mundo, mas nem isso restará.

- Você está cego por essas bobagens. Eu sinto muito, mas hoje você não sairá vivo daqui. Você não é mais um de nós e sabe demais. Obrigado por sua contribuição. – o médico disse isso e acertou Erast com três tiros.

Depois disso alguns soldados entraram e levaram as quatro cobaias e eu permaneci quase sem respirar com medo de ser visto.

Não muito tempo depois, as luzes apagaram e pude ver que algo estava acontecendo lá fora.

Antes de sair do laboratório, dei uma última olhada em Erast e agradeci pelas informações. Naquele momento fiz a promessa de ajudar a acabar com tudo aquilo a todo custo.

 

Nos corredores havia correria. Segui os outros e vi que estavam todos indo para o lado de fora, pois um incêndio estava devorando o complexo, mas para minha surpresa, Desmascarado eslava lá fora, o que me deixou aliviado, pois com certeza os outros estariam a salvo, pelo menos foi nisso que tentei acreditar.

 


Notas Finais




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