O dia amanheceu. Na mansão dos Smiths, Maria tinha acabado de colocar o café em cima da mesa. Sérgio Smith já tinha sentido o cheirinho gostoso do café da manhã. Então desceu a escada e foi até a cozinha.
— Bom dia, Maria!
— Bom dia, Sérgio.
Ele sentou-se à mesa e disse:
— Pelo jeito, a Natalie não vai para aula hoje... Ela já deveria ter chegado.
— O senhor quer que eu ligue para ela?
— Não. — pegou a garrafa de café e colocou um pouco do líquido na xícara — Não vamos incomodá-la na casa dos outros. Ela sempre foi uma boa aluna. Então uma falta não vai fazer diferença.
— Isso é verdade.
— Olhe para mim se a Laura já acordou, Maria.
— Claro...
Maria já estava indo, e Laura apareceu na frente dela com uma cara de sono.
— Não precisa. Eu já estou aqui, pai.
Maria voltou para os seus afazeres e viu como a garota estava estranha com ela. Sérgio Smith olhou para a filha ao sentar-se na cadeira e disse:
— Filha, que carinha é essa? Vai assustar alguém no colégio desse jeito.
— Pai...
Ele sorriu e perguntou:
— Nem vou perguntar se você dormiu bem...
— Eu estou bem, pai. — observou que a cadeira de Natalie estava vazia — O senhor não vai buscar a Natalie ou ela vai vir para ir ao colégio?
— Eu disse a Maria que não quero incomodá-la na casa dos outros. Mas se ela quiser vir, ela ligará ou virá em algum táxi, minha filha.
— Pai, o senhor vai deixar ela faltar a aula? Ela não pode continuar na casa da Priscilla.
— Qual é o problema, Laura? — perguntou Sérgio Smith, achando estranha a preocupação dela.
— Não. Nenhum. — mentiu Laura, mas com muita vontade de dizer a verdade.
— Você precisa parar de implicar a sua irmã, sabia? Não quero ver vocês duas brigando. É muito feio. E tem mais: Se você pode posar na casa do Betão, ela também pode posar na casa da Priscilla. Ok? Direitos iguais para as duas.
— Desculpe, pai. Não foi a minha intenção questionar a decisão do senhor.
— Certo. Vamos tomar o café. A Maria caprichou dessa vez! Esse bolo de chocolate está com uma cara ótima.
Já eram sete horas da manhã. Rodrigo chegou até o colégio e foi diretamente até a sala do terceiro ano. Mas viu apenas a Kelly, que também parecia estar esperando por Natalie.
— Kelly, a Natalie já chegou?
— Não, Rodrigo.
— Droga! Será que ela não vai vir?
— Não sei de nada.
— O que foi? Vocês duas brigaram?
— Não... Está tudo bem. — mentiu Kelly.
— Ok. Eu vou para a minha sala. Se caso ela chegar, me dê um toque.
— Ok.
Kelly ficou um pouco distraída. Ela ainda não tinha certeza o que faria em relação a amizade de anos que havia construído com a Natalie. Agora que a patricinha era lésbica algumas coisas poderiam mudar entre elas, pensou a garota.
De repente, Thomas chegou a abraçando por trás e lhe dando um beijo em seu pescoço.
— Oi, meu amor.
Kelly virou-se com um pequeno sorriso e o beijou. Thomas observou que ela estava triste e assim fez uma pergunta:
— O que foi?
Ela o olhou ainda agarrada ao seu pescoço e disse:
— Não é nada...
— Ei, eu sei que a gente não namora a muito tempo, mas o pouco que te conheço, sei que está bem triste.
— Eu só estava pensando em algo aqui...
— Me fala...
— O que você faria se tivesse um amigo gay? Você pararia de ser amigo dele?
Thomas ficou um pouco pensativo e respondeu:
— Acho que o Rodrigo não é gay ou qualquer outro amigo meu... Mas se fossem, não me importaria, porque eu não teria nada a ver com isso.
— Sim. Tem toda razão.
— Por que a pergunta?
— Não é nada. É só que eu e o Ygor somos amigos agora... E antes, eu detestava gays.
— Ah, sim... Mas faz bem respeitar, meu amor. — e a beijou — Já vou para a minha sala antes que a Carolina chegue aí...
Kelly sorriu e deu mais um beijinho nele. Ygor chegou e não viu a mochila de Priscilla na carteira e estranhou.
— Kelly, a Priscilla ainda não chegou?
— Não... Nem a Natalie. — disse ela com os braços cruzados.
Ygor já fez uma cara maliciosa, batendo uma mão na outra e respondeu:
— Será que as duas estão colocando as aranhas para brigar, hein, Kelly?
— O quê? — perguntou ela, sem entender.
— Colando o velcro, amiga.
— Como assim, Ygor?
— Ai, esquece, sem graça! Elas devem estar fazendo sexo!
Kelly arregalou os olhos.
— Claro que não, Ygor. A Natalie acabou de sair de um relacionamento com o Rodrigo.
— Eu não duvido de nada. — viu Laura chegando e a chamou.
Laura foi até ele, apesar da discussão que havia tido no outro dia. Quando se aproximou, apenas deu um bom dia bem seco.
— Bom dia, Ygor. Bom dia, Kelly.
Os dois responderam ‘Bom dia” no mesmo momento. A seguir, Ygor perguntou:
— Você ainda está com raiva de mim?
Laura iria responder quando notou que Kelly também deveria saber de tudo. Foi aí que ficou com mais raiva ainda.
— Até você, Kelly?
— Até eu o quê, Laura?
— Você também sabe da Priscilla e da Natalie?
— Sei... Eu vi as duas se beijando aqui na sala.
— É incrível mesmo! Eu sempre sou a última a saber das coisas. — afirmou Laura, decepcionada.
— Laura, para com isso. Vai fazer o quê? As duas meninas se amam, cara. — respondeu Ygor.
— Ok. — suspirou — Eu não vou mais me meter nisso. Podem shippar a vontade “Natiese”.
Laura saiu de perto deles. Kelly voltou o olhar para o Ygor.
— Nossa... A Natalie tinha que pegar justamente uma ex da Laura, né? Oh, meu Deus!
— Eu sempre falo que é culpa do coração, Kelly. Ele não está nem aí para as consequências.
Na casa dos Puglieses, Priscilla acordou ao lado de Natalie e ficou a observando dormir pelada e enrolada ao lençol. Apesar do cabelo desarrumado, algumas marcas vermelhas e chupões espalhados pelo corpo, por causa de sua amada, a patricinha parecia um anjinho.
Em seguida, Priscilla se levantou, escolheu uma roupa e foi tomar um banho. Após o banho, ela foi para a cozinha e resolveu fazer um café acompanhado de panquecas com cobertura de mel. Ela estava pensando: Será que Natalie vai gostar do que vou preparar? Mas uma coisa era certa: faria com muito amor e carinho para a sua amada.
Minutos depois, Natalie acabou acordando e não viu Priscilla ao seu lado. Onde ela estava? Até que escutou alguns barulhos de panelas na cozinha. Ela deveria estar lá preparando o café da manhã.
A patricinha esfregou os olhos com as costas da mão e se espreguiçou.
— Ai, nem acredito que tudo isso aconteceu! — disse ela, sorrindo muito, lembrando-se da noite de prazer que havia tido com a Priscilla Pugliese.
De repente, ela lançou o olhar para a escrivaninha e avistou três celulares. Um, é claro, era o Iphone da Natalie. Mas e os outros dois? Então a sua curiosidade a fez levantar-se da cama ainda com o lençol enrolado ao corpo.
Ela observou que um dos dois celulares era o que Priscilla utilizava normalmente. O outro de um modelo inferior ainda era um mistério. No entanto, ela lembrou-se de uma coisa que agora poderia fazer sentido. Por sorte, o celular não estava bloqueado.
Quando ela acessou o WhatsApp dele, avistou apenas uma conversa aberta. E adivinha! Era a conversa do admirador secreto. Priscilla era o seu admirador secreto todo esse tempo e só agora ela havia descoberto.
Priscilla entrou no quarto para checar se Natalie já havia acordado, mas acabou se assustando ao ver a sua amada com uma cara extremamente séria e com o celular velho nas mãos.
— Bom dia, meu amor! — disse Priscilla sem jeito e com um pouco de medo da reação dela.
— Bom dia, senhorita Pugliese! Posso saber o que significa isso? Você era o meu admirador secreto esse tempo todo e não ia me contar?
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