No dia seguinte, ao despertar a primeira coisa que Callie pensou foi em Arizona e no encontro que tiveram. Recordar aquele encontro deixou-a altamente quente. O fato de o seu corpo reagir daquela forma com aquelas lembranças assustou-a. A voz de Arizona soou em sua mente: “Da próxima vez você também vai me proporcionar prazer.” Entendeu muito bem o que quis dizer, Arizona queria ser correspondida. Também não lhe pareceu que ela tenha desejado ser tocada naquele primeiro encontro. Intuiu a ansiedade dela para tocar seu corpo. A forma como a chupou sedenta, afoita, desejosa e com fome, foi mesmo como se já conhecesse e estivesse louca para matar as saudades entre suas pernas. Achou impressionante como ela desvendou-lhe seu sexo, como o conheceu sem pressa. Ficou evidente o quanto queria simplesmente levá-la ao delírio do prazer. A intensidade de Arizona espantou-a e despertou algo em seu corpo, algo que nunca sentiu e que ao mesmo tempo excitava-a até mesmo por lembrar.
O cheiro da pele, o roçar dos lábios quentes, o lamber sensual daquela boca, o som da voz, as mãos delicadas, atrevidas, o jeito dela de tomar posse do seu corpo, a brandura, o desejo contido, sim, a excitação que sentiu queimando-a foi devastadora. Foi o desejo latente em Arizona que a fez excitar-se completamente. Nenhuma estranha com a qual foi para a cama demonstrou desejá-la com tamanha avidez. Ela não precisou confessar que a desejava, sentiu, sentiu de uma maneira inexplicável o quanto a queria. Não recordava de ter ficado após os encontros que teve no passado, assim sentindo a mulher com a qual estivera. Não daquela maneira. Aquelas reações eram completamente novas. Pensava que conhecia todas as emoções, como também as reações do seu corpo, entretanto, percebeu que estava enganada. O que Arizona Robbins despertou, jamais sentiu antes.
Callie dirigiu até o trabalho procurando se convencer de que o que estava sentindo por Arizona era apenas físico. O prazer que sentiu foi abissal. Não percebia como foi capaz de sentir tanto prazer. Não a conhecia e sequer conseguia imaginar sua imagem, e entregar-se daquela forma no escuro, deixar-se levar, aquilo lhe pareceu uma estupidez de sua parte.
Quando entrou em sua sala na empresa, Callie chamou a secretária. April entrou com o bloco de anotações na mão.
– Esqueça as anotações, quero outra coisa de você.
– Certo. O que deseja? - April perguntou solicita.
– Consiga uma foto de Arizona Robbins, por favor.
– Ouvi dizer que ninguém nunca a viu, além de seus familiares, amigos íntimos e funcionários.
– Como nunca a viram? Ela vai trabalhar todos os dias. Algum repórter deve ter alguma foto. Uma mulher tão importante, isto é impossível! Os jornais estão sempre noticiando sobre as viagens e negócios que ela faz, procure que vai você encontrar.
– Vou ver o que posso conseguir.
No fim da tarde, quando April entrou em sua sala, Callie ficou ouvindo admirada enquanto ela explicava o que o pessoal da imprensa tinha informado.
– Ninguém nunca a viu. Já cercaram a casa dela, fizeram de tudo e nada. Só anda em carro de vidro fume. Tentam abordá-la no aeroporto e ela desaparece como por encanto. Tem repórter que passa os dias na caça dela.
– Mas… - Callie calou-se surpreendida.
– Quer saber as coisas que ouvi sobre ela?
– O que você ouviu?
– Dizem que ela tem o rosto todo deformado.
– O rosto todo deformado? Tem certeza que ouviu exatamente isto?
– Tenho sim! Outros afirmaram que tem uma doença rara que provocou a queda dos cabelos e feridas que se espalharam por todo seu corpo. Vive cercada de lobos assassinos no casarão onde mora. Dizem que manda cortar cabeças. Os empregados tremem de medo só de ouvir o seu nome, ainda mais a sua voz.
– Mais alguma coisa? - Callie perguntou olhando-a sem disfarçar o deboche.
– Vive no escuro e afirmam que só se veste de preto. Arrasta-se pelas sombras, tipo aqueles monstros dos filmes de terror que vemos na televisão. Sabe?
– Pelo amor de Deus, você só pode estar brincando!
– Não, é sério mesmo! Um jornalista confidenciou-me que ela é uma vampira e, acredite, dorme em um caixão.
April contou admirada.
– Claro, onde mais uma vampira poderia dormir? - Callie perguntou começando a rir.
– Exatamente! Não acha assustador? Do que está rindo?
– Assustador? Se fosse verdade, talvez. Estou rindo da situação toda.
– Acha que não é verdade? Recebi essas informações de jornalistas sérios.
– Eles admitiram que nunca a viram pessoalmente, correto?
– Correto!
– Eu nunca vi um lobisomem, você já viu um?
– Eu não!
– Já viu uma mula sem cabeça?
– Claro que não, nem acredito nestas coisas!
– Então porque está acreditando nos absurdos que te contaram sobre Arizona Robbins?
– Eles passaram com muita confiança essas informações. Eu não falei que acredito, só estou repetindo tudo que apurei. Só não nego que fiquei assustada.
– Tudo bem. Tem mais alguma informação?
– Também contaram que é uma bruxa…
– Pode deixar, já estou satisfeita. - Respondeu apontando a porta. - Pode ir. Obrigada, April.
April saiu deixando Callie mais ansiosa, andando pela sala pensativa. Que loucura coletiva era aquela? Seria possível que todos acreditassem mesmo naquelas fantasias? Arizona não tinha o rosto deformado e nem feridas pelo corpo. Não lhe faltava nenhum fio de cabelo na cabeça. Também não se arrastava, andava normalmente como qualquer ser humano. Não tinha feras e sim dois cachorros bravos. Não era uma vampira porque se fosse teria bebido todo o seu sangue. De onde teriam saído tantas asneiras? Passou a mão pelos cabelos agitada. Estava com fome. Saiu de casa sem comer nada. Olhou para o relógio dando-se conta que já passava das três. Pegou a bolsa descendo rapidamente para o restaurante mais próximo. Sentou pedindo um prato que apreciava. Sentia-se animada por não ter perdido a fome.
Estava distraída comendo, quando seus olhos caíram na mulher que vinha na direção da sua mesa. Estava toda de preto e os olhos ocultos por óculos escuros. Andava com uma sensualidade impressionante. O corpo escultural deixou Callie surpreendida. Passou ao lado da mesa, lhe dando um sorriso e após seguindo para o toalete feminino. Callie voltou o rosto acompanhando o movimento sensual daquele corpo até desaparecer pela porta.
– Nossa! - Suspirou retornando a comer com um sorriso nos lábios. Por que Arizona Robbins não era como aquela mulher? Se fosse, tudo seria mais fácil.
Voltou para a empresa, pois ainda tinha alguns documentos para liberar antes de ir para casa. April avisou que tinha uma ligação. Girou a cadeira na direção da janela enquanto atendia. Seus olhos acompanharam um helicóptero que passava sobrevoando baixo sem muito interesse.
– Alô?
– Callie?
Sentiu o sangue correndo mais rápido nas veias, ajeitando o corpo na cadeira. Que voz que ela tinha. Lembrou-se daquela voz sussurrando em seu ouvido na noite passada. Apertou o aparelho respondendo atenta.
– Sim. Sou eu.
– Quero te ver hoje.
– Hoje?
– Vai começar a ficar ocupada e dar desculpas?
– Não, claro que não. Só me pegou de surpresa.
– Melhor que não comece mesmo. - Arizona acrescentou sorrindo satisfeita.
– Podemos nos encontrar em outro lugar?
– É normal temer o desconhecido, Callie.
– Não, não é isto. Só achei a sua casa muito sinistra.
– Sinistra? Vamos Callie, você não acredita nas bobagens que falam sobre mim. Achou que estava tocando em um monstro ontem quando acariciou o meu rosto? A minha língua lambendo sua boca, minha boca entre suas pernas, minhas mãos nos teus seios, o seu gozo…
– Oh, por favor!
– Não percebi acanhamento em você ontem. Agora vai fingir que ficou acanhada?
– Não. De maneira nenhuma.
– Devo acreditar? O que parece é que ainda está morrendo de medo.
– Não estou. - Callie respondeu baixo.
– É mesmo? Estou tentando acreditar. Espero você à noite.
– Pode esperar. - Callie desligou o telefone lembrando-se dos momentos passados com ela. Será que desta vez iria querer levá-la para a cama? Balançou a cabeça voltando ao trabalho totalmente perturbada.
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