História Nem tudo é como o Planejado !ABO! (Revisando) - Ranço!

Mark estava estirado no chão de seu quarto em cima do confortável tapete felpudo, debruçado sobre o caderno onde escrevia com rapidez, completamente concentrado. Se deparou com uma frase sem muito sentido e franziu o cenho lendo mais algumas vezes para tentar entender. Acabou sendo derrotado e ergueu a cabeça olhando para Lay que estava sentado na poltrona do quarto absorto em seu livro.

— Hyung? — chamou o professor, mas o alfa não lhe atendeu. – Hyung~? – tentou mais uma vez e o chinês se mexeu na cadeira erguendo uma sobrancelha. – Ah tá... – limpou a garganta.  — Qǐngwèn Laoshi. (Tenho uma dúvida,  professor).

— Sim? — Yixing respondeu em mandarim.

— Não estou entendendo essa parte, qual significado? —  Mark foi até o outro de joelhos e mostrou o caderno.

— Ah. — pensou um tempo. — Cǎnjù significa literalmente: louça...

— Sim, mas não faz o menor sentido nessa frase... — respondeu o mais novo fazendo um bico.

— Porque não é esse o sentido real, Mark-di — sorriu para o mais novo que ficou esperando pela explicação. – Cǎnjù também pode significar: tragédia.

— Ahhhh, agora tudo faz sentido, xiexie. – agradeceu e voltou a deitar no chão.

Conforme iam avançando nas aulas Mark precisava usar as palavras que aprendia mesmo que misturasse com coreano ou, por vezes, inglês. E para deixar a conversa mais fácil, Lay usava coisas simples em mandarim para acostumar o aluno naturalmente ao idioma. Por exemplo, acrescentar “di” ao final do nome do Tuan, pronome referente à amigos próximos que são mais novos.

Por muitas vezes o alfa ficava a tarde inteira na casa do Tuan. Enquanto o mais novo estudava, Yixing também fazia suas tarefas e até tirava algumas dúvidas com Mark, os dois estavam no mesmo ano, apesar do alfa ter 21 anos. Lay já havia concluído os estudos na China, mas seus pais queriam que o jovem cursasse faculdade na Coreia e por isso, ele precisou entrar na escola novamente a fim de completar algumas disciplinas faltantes em seu currículo.

— Mark-di... — falou com a voz rouca por falta de uso. — Por que você foge tanto do Jackson?

Aquela pergunta pegou o rosado de surpresa, era fato que evitava Jackson, mas nunca havia formulado muitas teorias sobre o alfa, não a ponto de saber exatamente o motivo de tamanho ranço.

— Ah, o jeito como ele é me irrita um pouco...

— Você já disse isso, mas nunca falou todos os motivos — quis saber o mais velho.

— Bem, além de papa ômegas... — franziu o cenho pensativo. — Odeio o jeito como ele  aparece do nada me assustando, da forma como é escandaloso, de como é todo exibido sempre iludindo geral com aquele sorrisinho bonito, grr — rangeu os dentes fechando a cara. – E o pior, ele é absurdamente popular, mesmo sendo aquele lixo de ser humano... — arregalou os olhos para Lay com o semblante extremamente indignado fazendo o alfa rir.

— Nunca pensou em dar uma chance a ele?

— Nem você dá, porque eu daria?

— O que quer dizer? — Yixing fez cara de  interrogação e Mark fez nota mental para dizer ao alfa que aquela carinha dele dava vontade de apertar, só que depois, pois sua raiva ao falar do Wang lhe tirava qualquer ataque de fofura.

— Você mesmo disse que me dava aulas pra se livrar do tempo em casa com aquele idiota — riu debochado.

— Ah, aquilo era brincadeira, na verdade, hm, bem...  — coçou a nuca.

— Bem … — Mark incentivou, mas estreitou os olhos ao ver o desconforto do outro.

— Bem, inicialmente eu não tinha motivos pra te dizer isso, na verdade ainda não tenho muitos, mas eu sou seu professor porque sua omma e a minha são amigas — falou vendo o Tuan abrir a boca em espanto. — Pois é, numa conversa sobre filhos e afins, elas acharam útil juntar o fato de que os seus pais queriam que você aprendesse mandarim, com a minha necessidade de me enturmar por aqui, já que viria sozinho.

— Mas você não poderia se enturmar usando o Jackson?

— Ah sim, mas sua omma queria alguém pra te ensinar mandarim e como a minha omma disse que eu curtia ensinar, as duas combinaram tudo — deu os ombros — e cá estamos...

— O que me deixa muito feliz, hyung — deu um grande sorriso, esbanjando aegyo para o alfa.

— Mas não fuja do assunto, acho que pode se surpreender com meu priminho – falou vendo o rosado desfazer a cara alegre instantaneamente.

[...]

A noite tinha sido péssima e com a cabeça debruçada na mesa do refeitório do colégio Mark tentava recuperar as energias num breve cochilo enquanto Junmyeom não chegava com a comida. O Tuan havia revisado a matéria da prova até tarde e sentia os ombros verdadeiramente tensos, não gostava muito de geografia e verdade fosse dita, quem gostava?

Duas mãos tomaram seus ombros numa deliciosa massagem e o rosado não resistiu em se ajeitar melhor, com os olhos fechados apreciando aquele toque.

— Ta gostoso? — perguntou Suho.

— Uhum — respondeu quase gemendo em deleite — mais pra direita, isso. Não sabia que era tão bom assim Jun...

— Seu suco, querido — ouviu o outro abafando o riso e percebeu que a sua voz não vinha de trás.

Com muito esforço Mark abriu os olhos devagar vendo seu amigo à sua frente com o braço estendido lhe entregando o suco, enquanto aquela deliciosa massagem ainda estava rolando. Um frio tomou sua espinha e o rapaz levantou a cabeça tão rápido que quase ficou tonto.

— JACKSON! — esbravejou chamando a atenção de alguns estudantes que estavam por perto. — Sai pra lá, grrh.

— Hey Markie, espero que esteja melhor, parecia tão cansado. — comentou o alfa platinado se sentando ao lado do rosado como se fosse bem vindo ali.

— Jackson... — Mark fechou os olhos procurando por paciência, mas ela não veio. – VAZA!

— Credo... — o alfa fingiu-se ofendido. — Eu só queria saber por que está tão cansado...

— Estou cansado porque sua presença me cansa, vai achar alguma ômega pra comer, vai —fez sinal com as mãos para que o outro saísse.

— Hm... — sorriu malicioso — não preciso procurar por isso, geralmente as ômegas vêm até mim — respondeu vendo Mark revirar os olhos.

— Tá, então, só desinfeta mesmo...

— Eu vou, meu bem, mas eu volto — riu —pra te massagear até não estar mais tenso — saiu da mesa piscando para o rosado.

— Meu, olha que cafajeste! — comentou indignado com Junmyeon.

— Um cafajeste gostosinho que sabe fazer massagem — o outro debochou.

— Aff, até você paga pau pra ele, Jun? Onde arranjei meus amigos? — se questionou. — Vem cá? Ainda tá no cio, por acaso? Porque pelo que me lembro seu aniversário, foi mês passado!

— Veja bem, o fato dele ser cafajeste não muda o fato dele ser gostoso. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Além disso, dizer que alguém é gostoso não faz a gente necessariamente gostar do fulano em questão — fechou os olhos fazendo cara de sabido ao responder.

— Ah tá — Mark debochou. — E o Lay-hyung é  só gostoso, né?

— Aí, estamos falando de um caso completamente diferente, porque além de gostoso, o Zhang é simpático, educado, cavalheiro, fofo, ai aquelas covinhas, menino — suspirou — e aquele dia que ele le-

— Tá, entendi, não pedi pra expressar sua adoração por ele.

— Ah desculpe — falou sincero. – Ainda tô lidando com isso de ficar todo alterado quando falo de alfas.

— De alfas vírgula, do Lay-hyung, seu safado, pensa que não percebo?

— Ais-... Hey, o assunto aqui é você, pensa que não vi você todo derretido nas mãos do Wang?

— Eu achei que era você, seu idiota!

— Claro claro, porque eu cheiro a alfa....

— Eu tô tão cansado que nem notei isso —se defendeu — e nem tava tão bom assim...

— Ah vá, Markie, pelo amor de Deus, não custa nada você dar uma brecha pro menino e fazer amizade. Pelo menos uma massagem você tem — argumentou.

— É... — Mark pensou com seus botões levando a mão ao ombro. — Pelo menos a massagem foi boa...

[...]