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História Nêmesis - Sob Ataque


Escrita por: Cida_Paraizo

Notas do Autor


Sei que estou há um longo tempo sem atualizar nada, contudo posso garantir que não foi falta de vontade minha, estou atolada de serviço e isso me fez dar uma parada com as fics. Porém agora estou voltando com um capítulo um pouco menor do que o costume.
Um grande beijo á todos e obrigada pela paciência em aguardar por continuações. Espero que gostem deste capítulo e não se esqueçam de registrar suas opiniões em comentário.

Capítulo 6 - Sob Ataque


O dia já iria despontar, logo o Sol apareceria abrasador, aquecendo tudo com seu calor sufocante. Ino e os outros ninjas da Força Tarefa se retiram das muralhas em direção ao alojamento. Iam calados e cansados. Havia sido uma noite perdida, não acontecera nada de anormal. Nenhum ataque, nenhuma explosão.

Ela se separa dos amigos e sobe até o telhado. Queria ficar um pouco á sós, a conversa com Gaara a fizera relembrar o que havia acontecido em Konoha entre ela e Sakura. A amiga, ou melhor, ex-amiga, tinha mentido e deixado a loira em má situação, contudo, algo estava errado naquela história. Sakura era uma médica experiente, capaz, era muito estranho que ela tivesse trocado os medicamentos e logo com dois agentes especiais ANBUs. Porém, Ino não poderia fazer nada á respeito. Cumpriria a sua punição como determinada. Fora expulsa da Força Ninja e proibida de executar ninjutsus médicos.

O vento do deserto bate forte contra seu rosto, jogando seus cabelos para trás. Aquilo trazia uma sensação de liberdade irreal. Liberdade era um sonho para poucos. Ela estava livre? Não tinha sido presa, mas estava realmente em liberdade? A cada dia se sentia mais presa aos seus desgostos, suas tragédias pessoais, ao seu passado.  Não. Ninguém era realmente livre. Sempre haveria grilhões e correntes emocionais, invisíveis, intangíveis, porém, eficazes.

-Estava á sua procura. – A voz grave a assusta, estava tão distraída que havia baixado a guarda e fora surpreendida pelo Kazekage. Ela não consegue ver seu rosto encoberto pelas últimas sombras da noite.

-O que quer de mim? –Gaara senta ao seu lado e olha para o deserto, admirando a beleza da luz do Sol que começava a iluminar as dunas, deixando-as douradas.

-Tenho uma proposta para você.  

-Não me interessa, obrigada.  –Ela responde mal-humorada. Queria ficar sozinha e mais uma vez o ruivo havia atrapalhado o seu momento de Paz.

-Acho que interessa sim. Não lhe fará mal me ouvir. –Ela dá de ombros e aguarda. Gaara muda de posição, ficando de frente para ela. Ele analisa o perfil da loira. Ino era fria, parecia inabalável. Exatamente o que ele precisava para aquela missão.

-Me ajude á encontrar uma pessoa e eu a ajudarei a obter sua vingança.

-Do que está falando?  –Ela pergunta confusa e ele fica satisfeito em conseguir surpreendê-la. A expressão dela havia mudado e demonstrava emoção, por apenas alguns segundos ele vê a jovem que a postura severa e séria escondia.

-Da Haruno. Quer se vingar dela, certo?

-Errado, quero distância dela. –Ino responde zangada, reassumindo a expressão distante e despojada de emoções.

-Sei o que aconteceu, o que Sakura fez e posso te ajudar a se vingar.

-Esqueça, já faz muito tempo e eu não quero falar sobre isso.  –Gaara fica em pé, iria deixá-la pensar á respeito.

-Mandarei uma mensagem á Konoha solicitando que Haruno Sakura se junte á Força Tarefa. Ela deve chegar em três ou quatro dias. Você tem esse prazo para decidir se aceita ou não minha oferta.

Ele se vira para partir e para ao ouvir a voz dela chamando-o. –Quem você quer encontrar?

-Alguém que pode nos levar ao Naruto. –Ele responde sem sorrir e ela se espanta. –Naruto? Uzumaki Naruto? Acha que já não tentei encontrá-lo? Que todos os rastreadores de Konoha já não tentaram? Já seguimos tantas pistas que perdemos á conta e nenhuma delas nos levou á ele. Naruto está morto, Gaara. É melhor aceitar o fato logo.

-Não disse que iremos atrás dele, Ino. Disse que quero encontrar alguém que pode nos levar até ele. Naruto ainda está vivo e eu posso encontrá-lo com sua ajuda. Se decidir aceitar minha oferta, falaremos mais sobre isso. –Ele se afasta e Ino fica olhando-o sem entender.  Ela vê que ele se dirigia ao próprio gabinete, apesar de ser muito cedo ainda.

Há três anos Uzumaki Naruto, o maior herói do Mundo Ninja desaparecera sem deixar nenhum vestígio, nenhuma mensagem. Absolutamente nada. Abandonara a noiva ás vésperas do casamento e sumira do dia para a noite. Grupos de buscas, rastreadores e ANBUs haviam saído á procura sem sucesso.

Ino também havia tentado encontrá-lo, utilizando o Kensaku no Jutsu. Aos poucos os ninjas foram deixando de procurá-lo e apenas a ANBU continuara pelas buscas. Mas por pouco tempo, em trinta dias Tsunade iria declará-lo oficialmente morto.

Por que Gaara queria procurá-lo? Naruto não tinha nenhuma ligação com Suna, além da amizade com o ruivo. Uma amizade que Gaara não havia respeitado, uma vez que se envolvera com a ex-noiva do loiro. Ino solta um suspiro e fica em pé.

A possibilidade de se vingar da Haruno não lhe interessava, porém ela havia ficado curiosa. Gaara dissera que não iriam atrás de Naruto e sim de alguém que poderia ajudá-los a encontrar o Uzumaki. Quem seria essa pessoa?

Ela desce do telhado e entra no quarto vazio, Hinata não voltara ainda do deserto e Ino sorri levemente. A Hyuuga ficaria surpresa com a proposta do ruivo. Pensando na amiga, ela entra no banheiro, tomaria banho e deixaria o ofurô cheio para a morena. Depois iria sair, precisava tomar providências, já tinha perdido muito tempo.

XXX

Em seu gabinete, Gaara despachava inúmeros documentos. Estava sozinho, gostava da solidão. Tinha decisões importantes para tomar, decisões que refletiam diretamente sobre todos os moradores daquela imensa vila. O lugar estava abafado, apesar de ainda ser cedo, já estava bem quente em Suna.

A Vila da Areia era perto de um imenso rio de água potável que passava no meio do deserto do País do Vento. A vila inteira era feita basicamente de areia, mas havia minerais nas construções tão compactos que faziam as residências serem mais fortes do que o normal. Os antigos da Vila diziam que a idéia das construções tinha sido do Primeiro Kazekage que possuía um controle anormal sobre a areia, sendo capaz de criar fortes e seguras construções em qualquer lugar.

A Vila tem várias casas em formato de tigelas e prédios imensos sendo que a maior construção do local era o Prédio do Kazekage, onde ficava seu gabinete. A primeira passagem para chegar até a vila era por uma fenda entre dois penhascos que fornecia uma defesa natural para o lugar tornando a área difícil de atacar.

Suna era uma fortaleza. O deserto fornecia uma defesa natural e a fenda era constantemente vigiada. Além disso a Vila da Areia possuía um dos shinobis mais fortes do Mundo Ninja, Sabaku no Gaara.  Um homem cruel, inescrupuloso e temido.

Ele olha para as armas que estavam em sua mesa. As Wankyoku que pertenciam á Yamanaka Ino. Ele falaria pessoalmente com o mestre armeiro, queria a opinião do homem sobre aquelas peças. O metal encurvado media aproximadamente quarenta centímetros de comprimento e tinha dois centímetros de largura e era afiado, muito afiado. Como a loira fazia para manter aquelas lâminas tão afiadas era um mistério. Esperava que o mestre armeiro tivesse uma resposta, gostaria de incluir armas como aquelas ao arsenal de Suna.

Gaara pega uma folha de papel sobre sua mesa e a lê com cuidado. Era a lista de ataques feitos por Nêmesis em todas as vilas. O documento havia sido atualizado com as informações dadas pelos shinobis que faziam parte da Força Tarefa. Uma coisa saltava aos olhos, ninguém havia morrido nos ataques, mas os prejuízos tinham sido grandes. Nêmesis queria aterrorizar as pessoas, fazê-las temer seu nome e estava conseguindo. Para Gaara, encontrar e eliminar Nêmesis tinha se tornado uma questão de honra. Ele executaria pessoalmente o inimigo, nada o deteria de alcançar sua vingança contra Nêmesis.

Ele conclui a leitura e guarda o relatório em uma pasta. Passaria uma cópia para Shikamaru. Depois escreve uma mensagem e chama a kunoichi que trabalhava como sua secretaria em seguida. Assim que a moça entra, ele lhe entrega o envelope lacrado.

- Envie isso com urgência para Konoha, deve chegar o mais rápido possível as mãos da Hokage. E peça ao mestre armeiro que venha falar comigo, tenho uma encomenda especial para ele.  -A kunoichi da Areia concorda com a cabeça e sai. Gaara se recosta na cadeira e fecha os olhos, soltando um suspiro. Iria usar as habilidades da Yamanaka para alcançar seu objetivo. Ele pensa em Ino, a mulher era bonita, porém parecia fazer de tudo para anular a própria aparência e personalidade. Sempre calada, sempre ao lado de Shikamaru. O Nara tinha controle sobre ela. Um controle que Gaara precisaria obter, só restava descobrir como.

XXX

-Na sua opinião, qual será o próximo passo de Gaara? O que ele fará, agora que já criou a Força Tarefa? –Nêmesis olha para Hades que esperava uma resposta e então sorri.

-Gaara é um homem desconfiado. Ele teme ser traído e vai querer saber tudo o que a Força Tarefa fará, em todos os detalhes. Mas, como obviamente ele mesmo não poderá estar sempre com o grupo...

-Ele colocará um informante dentro da Força Tarefa, alguém em quem ele confie cegamente. –Hades conclui e Nêmesis concorda com a cabeça. -Só uma há uma pessoa em Suna que se encaixe nessa descrição. Apenas uma pessoa em quem Gaara confiaria a sua vida.

-Sua irmã.

-Sim, ele a colocará dentro da Força Tarefa, se é que já não colocou.

-Tem razão. Ele usará Temari.  –Nêmesis concorda e a porta se abre dando passagem á Hermes que entra usando uma máscara negra ocultando seu rosto. –Nós o encontramos. – Nêmesis os olha. –Sabia que conseguiriam. Onde ele está?

-Lá fora com Artemis.

-Ótimo, podem trazê-lo. –Hermes sai e Nêmesis coloca sua mascara, olhando para Hades em seguida. –Eles foram rápidos.

-Rápidos demais, você não acha? –Hades indaga, colocando sua máscara também. Nêmesis concorda com a cabeça. Hades tinha razão, o homem tinha sido encontrado mais rápido do que esperava o que só poderia significar uma coisa.

Hermes volta, desta vez acompanhado por um homem com as mãos amarradas nas costas e um capuz sobre a cabeça. Artemis estava com ele e o empurra para frente, descobrindo-lhe o rosto em seguida.

O homem fica momentaneamente cego pela luz que vinha da janela que havia atrás de onde Nêmesis estava.

-Seja bem-vindo. Por favor, sente-se. – Nêmesis fala apontando para a cadeira em frente a sua mesa. O homem senta e observa as figuras mascaradas.

-Sabe quem sou? – Nêmesis pergunta com a voz tranqüila e abafada pelo tecido negro sobre seu rosto.

-Você é Nêmesis. – O outro responde com firmeza e calma. Se havia sido trazido com vida diante de Nêmesis, era porque não tinham intenção de matá-lo, pelo menos ainda não.

Nêmesis faz um gesto com a mão e Artemis e Hermes saem da sala, fechando a porta em seguida.

-Por que me trouxe aqui? O que quer?

-Não foi difícil encontrá-lo, o que me faz pensar que ou você é muito idiota, ou... –Nêmesis para de falar.

-Ou? – O outro indaga.

-Ou você queria ser encontrado por mim. Só me resta saber o porquê.

O homem olha para o rosto escondido pela máscara. – Porque eu sabia que queria me encontrar, Nêmesis. Percebi que está atrás de mim desde que Nya morreu.

-Desde que você a matou. – Corrige Nêmesis, surpreendendo o homem á sua frente. –Como descobriu?

-Não foi difícil. Você deixou algumas pistas. Por que a matou?

- Ela me irritava, não acho que alguém vá sentir sua falta.

-Concordo com você. Acho que prestou um favor ao Kazekage. Mas por que tentar matar a garotinha?

- A filha de Gaara me viu e eu não podia deixar testemunhas.

-Filha de Gaara? – Nêmesis pergunta em um tom de deboche. –Desde quando a criança é filha de Sabaku no Gaara?

-Então você sabe sobre os boatos á respeito da paternidade da garota?

-Você sabe que não são boatos. Você sabe quem é o pai da menina, certo?

Ele ergue a cabeça em desafio. – Sim, eu sei, e esse foi o principal motivo para as minhas ações, não me arrependo.

-Então pretendia matar sua própria filha?

-Sim.

-Como você foi parar na cama de Nya?

-É uma longa história, Nêmesis. E duvido que você tenha me trazido aqui para falar sobre isso. O que quer de mim?

-A pergunta é: O que você pode fazer por mim? Vou lhe dar duas opções. Morrer ou se unir á mim. O que me diz?

-Esqueça. Não me unirei á você.

-Somos iguais e queremos o mesmo. Limpar o mundo ninja de pessoas mesquinhas e perversas que semeiam a maldade e a crueldade. Pessoas como Gaara.

-Quer que me una á você para te ajudar a destruir Gaara?

-Sim, quero. O que me diz?

O outro olha fixamente para a pessoa a sua frente. Não podia ver seu rosto, contudo sentia a força e a autoridade de Nêmesis.

-Preciso de você, seria uma grande aquisição para meu grupo. Sabe que este mundo está podre, veja a vida que o Kazekage leva. Dividindo a cama com uma prostituta enquanto a esposa se deitava com outros homens. Isso é depravação, vulgaridade, decadência. Acha que Suna merece que um líder com tal comportamento? Um homem que preferiu se casar com uma vagabunda apenas por dinheiro?

-Acha que há alguém melhor do que ele para ocupar o lugar de Kage? –Nêmesis sorri por baixo de sua máscara. O homem havia mordido a isca, agora era só puxar a linha com cuidado.

-Sim, acho. Você seria um excelente líder, poderia substituir o Kazekage, Suna sairia ganhando com a troca.

-E como o tiraria do comando de Suna?

-Para que este mundo encontre alguma Paz, é necessário que homens como Sabaku no Gaara deixem de existir.

-Irá matá-lo, então. –Nêmesis concorda com um movimento da cabeça. Pelo jeito tinha encontrado o ponto fraco do outro. –Você se importa com isso?

Nêmesis aguarda com ansiedade que o outro responda. A resposta àquela simples pergunta tinha uma importância vital para seus planos. Aquele homem tinha provado que não se importava em matar se fosse para um bem maior. Nêmesis precisava dele em suas trincheiras, Gaara jamais suspeitaria e quando descobrisse seria tarde demais.

- Acha que ele merece sua lealdade? Depois de tudo o que aconteceu?

-Então sabe o que me aconteceu? Como sabe tanto sobre Suna?

-Sou uma pessoa bem informada, disso depende minha sobrevivência e as dos meus amigos, do meu grupo. Se vier para o meu lado, também terá acesso á informações importantes. Estará á meu lado e será meu general.

-Se você aceitar o convite de Nêmesis, estará no comando nas próximas ofensivas. –Hades fala pela primeira vez desde que o homem fora trazido á presença deles.

-Então, o que me responde? Quer morrer como um traidor, ou quer se unir á mim e se tornar um herói nesta guerra contra a violência, corrupção e iniqüidade?

- O que terei que fazer? – Hades olha para Nêmesis, eles tinham conseguido.

-Seguirá minhas ordens e eliminará meus inimigos um á um. Incluindo Sabaku no Gaara.

O homem pensa. Tudo que Nêmesis dissera sobre Gaara era verdade, talvez fosse o momento de Suna ter outra liderança, então lentamente ele concorda com a cabeça. –Sim, eu aceito.

-Ótimo. A partir de hoje será conhecido como Ares(1) dentro do nosso grupo.

-Como sabe que não vou traí-lo? Que não irei direto ao Kazekage quando sair daqui?

-Porque se fizer isso, não sobreviverá o suficiente para recolher os louros. –Nêmesis fala de forma dura e Ares sente um arrepio em sua coluna. –Por que não me mostram seus rostos? Não faço parte do grupo agora? Acho que mereço esse gesto de confiança.

-Ainda é cedo para que conheça nossas identidades, é para o seu próprio bem. Contudo, se provar que é merecedor de minha confiança, então saberá o que estas máscaras escondem.

Ares fica em pé, olhando para as pessoas mascaradas á sua frente. Nêmesis também se levanta e estende á mão. –Seja bem vindo ao grupo, Ares.

-Obrigado, Nêmesis, não se arrependerá. –Ares responde apertando a mão estendida. Agora eles tinham um acordo selado. Um acordo de vida e morte.

-Só mais uma coisa, fique longe da garotinha, a vida dela me pertence e somente eu decido a hora de cobrar minhas dívidas. – Nêmesis fala olhando para Ares que concorda imediatamente.

-Muito bem, o que devo fazer? –Nêmesis e Hades trocam um olhar e Hades se adianta.

-Preciso que vá para Suna. –Ares que ouve tudo em silêncio. Iria para Suna cumprir suas ordens, um novo tempo se iniciaria para ele, graças á Nêmesis sua vida teria sentido novamente e ele triunfaria na Vila da Areia.

XXX

Hinata, Kiba e Shino chegam á Suna, exaustos. Tinham passado á noite fingindo rastrear Nêmesis como parte da estratégia de Shikamaru. Ele os mandara para o deserto, procurarem por evidências que pudessem lhes dar alguma pista sobre o inimigo.

-Eu preciso de uma bebida gelada e forte, depois vou cair na cama. Me acompanha, Hinata? –Kiba convida olhando para a morena com malícia. A Hyuuga olha para ele irritada. –Como sabe, não bebo.

-E sobre o resto do convite? Não sou loiro ou ruivo, mas talvez você descubra que pode ser uma experiência muito prazerosa.

-Talvez você descubra como é fácil arrancar sua cabeça fora. – Ela responde e se afasta zangada. Kiba sempre fazia piadas quanto aos romances dela e aquilo a irritava. Chega ao alojamento e se despe, precisava de um banho, depois pensaria em comer e beber algo. Ela entra no banheiro e encontra o ofurô já cheio e sorri. Sabia que aquilo era obra de Ino, uma forma de agradecer pelo fato de deixar as luzes do quarto sempre acesas. 

O dois rapazes entram no quarto. O Inuzuka para na porta do banheiro, sem abri-la. Podia sentir os olhos do outro rapaz queimando suas costas. Shino havia ficado parado no meio do quarto, esperando que Kiba dissesse algo.

-Sei o que está pensando.  – Ele diz depois de alguns minutos. Shino estava sério e era visível o quanto estava magoado.

-Sabe mesmo?

-Tenho meus motivos para agir assim. – Kiba fala e vira de frente para Shino, aguardando.

-Tem seus motivos? –Shino pergunta, elevando a voz. Era muito difícil ver o Aburame perder a calma, contudo naquele momento ele parecia estar muito zangado. -Apenas isso? Por que os “seus motivos” são sempre importantes? Mais importante do que nós? Estou cansado disso, Kiba. Estou cansado de esconder que estamos juntos, que somos um casal. Eu te amo e você disse que me ama também, mas tem vergonha de assumir nossa relação. Temos que nos esconder como dois criminosos e eu estou farto disso.

-Shino, entenda, por favor. – Kiba fala se aproximando e tenta abraçar o namorado que se esquiva. –Cansei de entender. Há anos que vejo você paquerando garotas em Konoha, apenas para que sua irmã não descubra que é gay.

-Você sabe porque faço isso. Se ela descobrir, jamais serei o líder do clã Inuzuka, ela não passará a liderança para mim como minha mãe determinou e me expulsará do clã.

-E isso é tudo o que importa para você. Essa maldita liderança, seu maldito orgulho, seu maldito clã homofóbo.  Eles jamais irão aceitar a nossa relação. Se você se tornar o líder como tanto quer, jamais ficaremos juntos. Acabará se casando com uma garota apenas para satisfazer os outros. – Shino fala cuspindo as palavras. -Droga. Para mim chega, Kiba. Você terá que escolher. Ou eu ou a liderança do seu clã. 

-Você não está falando sério. Já discutimos isso antes e você entendeu e aceitou.

-Não, eu apenas aceitei por falta de opção. Eu te amo e achei que poderia viver nosso amor na clandestinidade. Contudo descobri que quero mais, muito mais. Quero viver ao seu lado, em nossa casa. Construir um lar, sermos um casal e construirmos uma família. Se você também quiser isso, então poderemos continuar juntos, caso contrário, me esqueça. Você tem o tempo que durar a Força Tarefa para tomar uma decisão.

Shino termina de falar e entra no banheiro, trancando a porta atrás de si. Tinha dito tudo o que precisava, tudo o que estava entalado em sua garganta. Ninguém sabia sobre o namoro dos dois que já existia há mais de dois anos. Eram discretos, mantinham tudo bem escondido, sempre se policiando para não demonstrar nada em público. Vinha agüentado ver Kiba dando em cima de toda e qualquer garota que se aproximasse apenas para manter a fachada de macho, de heterossexual. Agora se cansara. Ver Kiba convidando Hinata para dividir a cama dele fora a gota d’água. Não aceitaria mais isso. Se Kiba não assumisse a relação deles então seria o fim. 

Kiba senta na cama e fica olhando para a porta do banheiro. Não estava surpreso com a reação do namorado, já esperava por isso. Há alguns meses que vinha percebendo uma mudança em Shino, ele andava mais exigente, mais impaciente. Querendo passar mais tempo junto, perto. Vinha fazendo indagações sobre o futuro.  Era questão de tempo até que ele decidisse exigir uma relação oficial. Não estava pronto para isso. Sabia que enfrentaria preconceito e discriminação dentro do clã Inuzuka.

Jamais aceitariam um membro homossexual, muito menos um líder. Não podia fazer o que Shino estava exigindo. Contudo não conseguia pensar em deixar o namorado. Amava Shino, queria passar o resto da vida ao lado dele. Tinha planejado convencer Shino á manter o relacionamento em segredo para sempre. Sabia que teria que se casar um dia e pretendia manter o amante depois de casado. Agora via que seria impossível, teria que decidir. Ou Shino ou o clã Inuzuka e Kiba não estava pronto para abrir mão de nenhum dos dois.

Com um suspiro ele se levanta e se despe. Falaria com o namorado, tentaria ganhar algum tempo. Ele bate á porta do banheiro e chama pelo rapaz que abre apenas uma fresta da porta, olhando-o. Ele tinha olhos lindos, castanho chocolate com pupilas douradas. Ninguém, além da família e Kiba o haviam visto sem seus inseparáveis óculos escuros.

-Shino, amo você e não quero perdê-lo. Se é viver comigo que quer então é o que faremos, apenas me dê mais algum tempo, por favor. Quando voltarmos á Konoha contarei sobre nós á minha irmã e então assumiremos nossa relação. Não diga nada á ninguém antes disso, não quero que ela saiba através de outras pessoas. 

O Aburame o olha sem acreditar que fosse verdade. Será que Kiba havia entendido que o amor deles era mais importante que todo o clã Inuzuka? Ele abre a porta deixando que um pouco de vapor saísse e Kiba entra no banheiro, abraçando-o. Por hora tinha conseguido mais tempo para resolver aquele dilema. 

Deitados na cama estreita, Shino passava os dedos entre os cabelos de Kiba que acariciava seu peito nu. Mais uma vez tinham se amado em segredo, em surdina, mas Shino queria acreditar que aquilo iria mudar. Assim que retornassem á Konoha Kiba falaria com a irmã e eles poderiam assumir o seu romance. Ele havia prometido, seria por pouco tempo. 

Kiba se move e olha para o outro, sonolento. –No que está pensando?

-No futuro.  Em nós dois vivendo juntos. –Kiba fecha os olhos. Gostaria de poder viver livremente com Shino, mas sabia que não era possível. Ele se espreguiça e Shino sorri, beijando o ombro do outro. Kiba se vira para beijá-lo e então ouvem batidas na porta. Kiba levanta em um salto, assustado e Shino o observa.

- O que houve?

-Você não ouviu? Tem alguém ai. – Koba responde se vestindo rápido e depois olha para o amante. –Anda, Shino. Se veste. Quer que nos vejam assim?

Sem falar nada, Shino fica em pé e se veste, colocando os óculos escuros. Kiba desarruma a outra cama, como se alguém estivesse deitado ali e então se dirige á porta, abrindo-a. Do outro lado ele encontra Chouji que olha para os dois e ri, divertido.

-Por que demoraram tanto para abrir a porta? Estavam muito ocupados?  – A pergunta feita em tom de deboche, deixa Kiba preocupado. Será que o Akimichi estava desconfiando de algo?

Chouji entra no quarto e olha para as camas, deitando em seguida. – Por que trancaram a porta?   O que estavam fazendo aqui sozinhos, se divertindo um pouco? Desculpe interromper, posso ficar lá fora e vocês me avisam quando terminarem. –Shino olha para Kiba, deixaria para o outro as explicações. Estava cansado daquele jogo de esconder, dali em diante deixaria para o namorado elaborar as mentiras e desculpas para os atrasos e sumiços dos dois.

Hinata aparece na porta e ouve as palavras de Chouji. Ela entra e abraça Shino pela cintura, dando-lhe um selinho, surpreendendo os três rapazes. Depois se vira para Chouji.  –Quanta idiotice, Chouji, de onde você tira essas idéias? Me parece claro que Kiba e Shino estavam descansando. Não se esqueça que passamos a noite rastreando no deserto, estamos exaustos.

-É claro que estava brincando. Seria tolice imaginar qualquer outra coisa. – Chouji fala e dá as costas aos outros. Já tinha se alimentado e iria descansar um pouco.

Hinata sorri para os amigos. –Vim ver se querem comer algo. Não quero entrar no refeitório sozinha. Todos ficam olhando, é muito desagradável e constrangedor. Por favor, venham comigo.

Shino concorda e pega na mão da Hyuuga, se dirigindo para a porta, sem chamar Kiba, o que deixa o namorado preocupado. O Aburame sempre era discreto, mas muito educado e atencioso. Nunca elevava a voz, nunca discutia, nunca se expunha.

XXX

A tarde avançava, os shinobis da Força Tarefa descansavam para mais tarde, iriam colocar a estratégia de Shikamaru em prática, mais uma vez. A noite anterior não tinha resultado em nada, todavia eles precisavam continuar. Sabiam que o inimigo logo apareceria e iria tentar atacar Suna. Era questão de tempo e eles queriam estar preparados.

Um ninja forte e com o rosto parcialmente coberto se aproxima do Prédio do Kazekage, algumas pessoas entre as poucas que andavam por Suna àquela hora se espantavam ao reconhecê-lo, há anos que ninguém o via ou tinha noticias dele. 

Sem falar ou cumprimentar ninguém ele chega ao seu destino e sobe a longa escadaria em direção ao gabinete de Gaara, para diante da porta e depois de respirar fundo, bate e aguarda o ruivo autorizar sua entrada. Ele está nervoso e emocionado. Há cinco anos que não via nenhum dos três irmãos. Tinha que admitir que sentira saudades. Contudo, situações que fugiram ao seu controle o levaram á sair de Suna. Situações que agora haviam mudado. Ele ouve a voz grave do Kazekage o mandando entrar. Ele gira a maçaneta e entra na sala, onde o outro se encontrava sentado atrás de uma grande mesa.

Gaara lia um documento em suas mãos e leva alguns segundos para levantar a cabeça e olhar quem estava ali. Quando o faz se surpreende ao ver seu antigo sensei á sua frente. –Baki. –Exclama ficando em pé. Baki se adianta e faz uma rápida reverência. Depois estende a mão aguardando.  Não sabia como o ruivo reagiria ao seu retorno. Gaara ignora a mão do outro e fixa o olhar no homem á sua frente. – O que faz aqui?

-Vim pedir permissão para retornar á Suna. – Ele responde, abaixando o braço. Gaara volta á sentar.

-E por que eu desejaria o seu retorno? Saiu daqui sem explicações. Agora volta da mesma forma. Sinto muito, Baki. Suna não sentiu sua falta e nem precisa de você.

-Gaara, sei que ficou magoado quando eu parti, todavia foi necessário. Se eu continuasse aqui acabaria matando Nya. – Baki apóia as mãos na mesa e encara o ruivo. –Não suportava mais ver aquela mulher te ofendendo e humilhando. Agora você está livre dela, é novamente dono de seu destino.

-Você voltou porque Nya está morta? Esse é o único motivo para seu retorno?

-Quero ajudá-lo á capturar Nêmesis. – Baki acrescenta. –Eliminar seu inimigo é a minha missão.

-Vá embora, Baki. Me deu as costas quando precisei de você. Partiu de Suna sem se despedir, sem dizer absolutamente nada. Eu, Temari e Kankuro passamos por muitas coisas ruins nos últimos anos e você não estava aqui. Só não o declarei um ninja patife em consideração ao que fez por mim e meus irmãos quando éramos menores, porém não espere que eu o aceite de volta.

-Você precisa de mim para pegar Nêmesis, posso ajudá-lo. Posso me juntar á força-tarefa e ser muito útil. Me dê uma chance de me redimir. – Baki fala tentando convencer Gaara. Precisava se unir á força-tarefa, era de vital importância.

Gaara pensa um pouco. A chegada de seu ex-sensei o surpreendera. Baki tinha partido de Suna após o nascimento de Nyaara. Ele fora a primeira pessoa á afirmar que a menina não era filha do Kazekage e que Gaara deveria lavar sua honra com o sangue da mãe e da criança. Eles tinham discutido ferozmente e então o homem partira. O ruivo se sentira abandonado, tinha convivido com Baki durante toda a sua vida, fora o sensei que o ajudara quando ele se tornara o Kage de Suna. Havia ficado ao seu lado, contra o conselho diversas vezes. Tentara convencer Gaara de não aceitar o casamento com Nya. Era com ele que Gaara desabafava seus problemas pessoais com a esposa, era como se fosse seu pai. Ele respira fundo. –Está bem. Você conhece Nara Shikamaru? – Baki confirma. – Apresente-se á ele. Você participará da força tarefa. Agora saia

Baki se despede saindo em seguida. Tinha conseguido. Iria procurar por Shikamaru e se juntar ao grupo.  

Gaara fica em seu gabinete pensando, não imaginara que voltaria a ver o antigo sensei algum dia. Baki tinha saído de Suna furioso porque o ruivo não aceitara seus conselhos. Ele tinha certeza de que Nyaara não era filha do Kazekage e tentara convencer Gaara e o conselho de Suna á anular o casamento do rapaz por adultério. Na opinião dele tanto Nya quanto Nyaara deveriam ser executadas, como mandava a tradição dos nômades do deserto.

O ruivo ficara muito zangado, odiava a esposa, porém jamais faria mal ao pequeno anjo que ela tinha dado á luz. Nyaara era importante demais para o Kazekage que adorava o bebê.  Irritado, Baki simplesmente saíra de Suna, partira sem se despedir de ninguém. Não ficaria mais naquele lugar. Já bastava ver o modo como Nya tratava o marido, aceitar o que ela fizera ia além das forças dele.

Agora a mulher estava morta e Gaara livre. Tentaria convencê-lo a se casar novamente, quem sabe com a garota do clã Hyyuga com a qual o ruivo já estivera envolvido. Só precisava convencer o conselho de que aquela união seria benéfica para Suna o que não seria difícil.

XXX

Agora vou ensinar uma lição á essa vadia para que ela aprenda á respeitar os ninjas da Areia. –O mascarado joga a adolescente no chão e rasga suas roupas, enquanto os outros dois riam e seguravam a garota pelos braços, assistindo tudo.

Ino acorda molhada de suor, o pesadelo a deixara trêmula e assustada, há meses não sonhava com aquilo, porém o fato de estar em Suna os trouxera de volta. Ela olha em volta e vê que Hinata ainda dormia, a morena tinha chegado exausta e Ino não lhe contara sobre a proposta de Gaara.

Sabaku no Gaara. Um homem tão impiedoso quanto forte e tão enigmático quanto belo. Gaara era um homem bonito e forte. E perigoso, muito perigoso, capaz de destruir uma aldeia, sozinho. A retirada da Shukaku não reduziu sua força ou a capacidade de matar. Ela se lembra do jantar na noite anterior. Ele estava muito bonito e atraente vestido de preto. A palavra certa era Sexy. Um homem muito sexy. Ino se espanta ao pensar em Gaara daquele modo.

Ela olha as horas e levanta. Quase quatro horas da tarde, sabia que não dormiria mais, então decide sair do quarto. Lá fora o calor não convidava ninguém para um passeio, mas Ino precisava sair daquele aposento, sentia-se claustrofóbica ali dentro. As imagens do pesadelo ainda a assombravam e ele queria respirar um pouco, ficar num lugar sem paredes e então sai, ficaria um pouco na varanda que cercava o alojamento.

Ino senta um os bancos e fica olhando a rua vazia, pelo jeito nem mesmo os moradores de Suna suportavam o calor. Era por isso que o movimento era mais intenso pela manhã e no final do dia, quando era mais fresco. Se recosta na parede e fecha os olhos. O som da voz de seu atacante não saia de seus ouvidos, jamais esqueceria aquela voz odiosa. Precisava encontrar paz, porém só conseguiria após eliminar aquele maldito homem.

Era esse pedido que faria á Gaara assim que encontrasse o homem que a tinha atacado, o ninja da Areia que invadira sua casa e a atacara quando ela tinha quatorze anos. Não tinha visto o rosto dele, mas sabia que reconheceria sua voz em qualquer lugar e também a tatuagem. A mesma tatuagem que ela fizera em seu braço para nunca esquecer a figura. Iria encontrar o desgraçado, era questão de tempo e ela tinha tempo. Demorara para decidir enfrentar o passado. Agora estava em Suna e não sairia de lá enquanto não encontrasse aquele monstro.  

Embalada pelo calor, ela entra em um estado de semi-inconsciência e não sente as horas passarem e nem vê um shinobi da Areia parado do outro lado da rua olhando-a com raiva.

XXX

Tsunade abre a mensagem e se surpreende. O que Gaara queria com Sakura? Por que dizia precisar dela na Força Tarefa? Ela manda chamar Shizune e aguarda que a ninja médica apareça. Aquilo era estranho. Muito estranho.

-Tsunade, mandou me chamar? – Shizune entra na sala correndo, ainda usando o jaleco branco.

-Sim, Shizune. Feche a porta, por favor. – Shizune faz o que a senin havia pedido e depois se aproxima, sentando-se em seguida. Rapidamente Tsunade lhe entrega a mensagem da Vila da Areia e aguarda que a outra lesse o papel.

-Por que isso? Para que ele precisa da Sakura? – Shizune pergunta sem entender e Tsunade dá de ombros. –Nem imagino. Aí diz que ele não tem médicos suficientes em Suna para disponibilizar um somente para trabalhar na Força Tarefa. Pode ser verdade, de qualquer forma avise Sakura. Ela deve partir em uma hora, Gaara tem pressa.

-Certo, vou avisá-la imediatamente. Era só isso, Tsunade? – A Hokage concorda e Shizune se retira. Iria avisar Haruno Sakura para se preparar para sair. Sabia que a rosada não iria gostar, contudo não teria opção. Era uma ordem de dois Kages.

Ela procura por Sakura assim que chega ao hospital e encontra a mulher dentro da sala das enfermeiras, sozinha. Há um ano que ela era sempre vista sozinha, desde que os ANBUs morreram.

-Sakura, tenho uma missão para você. Tsunade quer que parta imediatamente para Suna se juntar á Força Tarefa criada para capturar Nêmesis.

A rosada a olha, espantada.  –Está brincando comigo, Shizune? Pois saiba que não tem a menor graça. –Outra coisa que vinha acontecendo na vida da rosada era que ela nunca era escalada pelos líderes de missão. Há um ano que ela não saia de Konoha á serviço.

-Não costumo fazer brincadeiras com o trabalho, Sakura. Se não acredita em mim, vá falar com Tsunade. Aqui está a mensagem de Gaara solicitando seus serviços. –Shizune entrega o papel á Haruno e sai, sem se despedir.

Sakura solta um suspiro e senta com a mensagem nas mãos. Gaara pedia que Tsunade a mandasse para Suna. Dizia não ter médicos suficientes na vila e precisava de um profissional para a força tarefa. Mas Hinata estava lá. E Ino também.

Assim que pensa na loira ela fecha os olhos por alguns segundos. Não esperava que Ino fosse expulsa da Força Ninja, afinal o que ocorrera fora considerado um acidente. Mas a ANBU não aceitara que a médica recebesse apenas uma suspensão e exigiram a cabeça dela. Tsunade não tivera escolha. 

Sakura não quisera prejudicar Ino, mas fora obrigada. Aqueles ANBUs não podiam sair do hospital com vida, eles não podiam contar á Tsunade ou á Kakashi o que tinham descoberto.

Ela fica em pé e sai, iria se preparar para partir de Konoha. Sentia que aquela missão seria difícil e dolorosa, porém não tinha opção. Iria ajudar seus antigos amigos á caçarem Nêmesis. Talvez a convivência os fizessem perdoá-la. Não que isso importasse, faria tudo novamente, não estava arrependida.

XXX

Kankuro entra no Prédio do Kazekage, já era quase noite e ele queria falar logo com o irmão. Ele passa por todos sem cumprimentar ninguém, não havia ninguém ali que lhe interessasse. Estava ali para cumprir uma promessa e o faria. Ele chega á porta da sala de Gaara e abre sem bater, entrando e parando em frente á mesa do ruivo.

Gaara olhava diretamente nos olhos do irmão. Kankuro estava diferente, tinha cortado a barba e o cabelo e usava o uniforme da Areia junto com a bandana presa ao capuz sobre a cabeça. Trazia um grande pergaminho preso às suas costas e estava sério.

-O que faz aqui?

-Vim me oferecer para a força tarefa. Você recrutou os melhores e eu sou o segundo melhor ninja de Suna. Quero encontrar Nêmesis.

-Você também? Baki chegou hoje me pedindo a mesma coisa, entrar na Força Tarefa.

-Baki esteve aqui? –Gaara confirma. – E você o aceitou?

-Sim, aceitei, ele é um excelente shinobi e será muito útil no grupo.

-Se você o aceitou, terá que me aceitar também.

-Isso não é uma brincadeira, Kankuro.

-Não estou brincando. Eu quero e vou entrar nesse grupo. Você precisa de mim.

Gaara fica em pé, encarando o irmão que não desvia o olhar. Kankuro estava decidido á entrar no grupo e o ruivo tinha que concordar com o outro, ele era o segundo ninja mais forte de Suna. O Kazekage se encosta a mesa e cruza os braços.

-Concordo, mas tenho algumas condições. Não quero sermões ou serviços religiosos na Força Tarefa. –Kankuro estreita o olhar ao ouvir isso, contudo não diz nada e Gaara continua. –Os ninjas têm liberdade de conseguir informações á respeito de Nêmesis da forma que acharem mais apropriadas.

-Você tem uma Yamanaka no grupo. É ela quem interroga os suspeitos?

-Ino também é uma rastreadora, foi ela quem encontrou Nyaara.

-Sim, eu sei. –Ele fala com a voz neutra.

-Muito bem, apresente-se á Shikamaru. Ele lhe dará as orientações. Você pode ficar em minha casa, se quiser.

-Prefiro ficar no alojamento. Sabe se ainda há lugar?

-Fale com Temari, é ela quem organiza as acomodações.

  -Certo, falarei com ela. -Kankuro se vira para sair e para com a mão na maçaneta. Voltando-se ele faz uma pequena, mas respeitosa reverência diante do irmão. Gaara coloca a mão sobre o ombro do outro e aperta. –Fico feliz que esteja de volta, Kankuro.

-Até encontrarmos Nêmesis, Gaara. Tenho o dever de eliminar seus inimigos. Vamos resolver nossos assuntos com ele. –Kankuro termina de falar e sai. Havia conseguido, agora era seguir com os planos traçados.

Gaara fica olhando para a porta fechada. Ele fica pensando durante algum tempo e depois manda chamar a irmã. Precisaria de Temari.  Vários minutos depois a mulher entra. Ela não usava o uniforme, pois estava de folga e não tinha gostado de ser chamada em seu dia de descanso.

-Francamente, Gaara. Será que você não consegue administrar Suna sem mim nem mesmo por um dia? – Ela senta e olha para o irmão, irritada.

-Preciso que você entre na Força Tarefa, ainda hoje.

-Por que quer que me junte ao grupo? Você havia me dito que precisaria de mim aqui em Suna.

-Quero alguém de minha extrema confiança dentro da Força Tarefa. Temo que o inimigo se infiltre e quero informações detalhadas de todos os movimentos do grupo.

- Eles são ninjas de confiança dos outros Kages, Gaara.

-Mas não são dá minha confiança Temari, fique de olhos e ouvidos abertos e me relate tudo o que achar estranho. Quero que vigie todos, mas tome muito cuidado para que eles não desconfiem.

-Se é o que quer eu o farei.  –Ela observa o irmão, sabia que havia algo mais e aguarda.

-Kankuro e Baki entraram no grupo hoje. Eles também farão parte da Força Tarefa, ambos querem nos ajudar á encontrar Nêmesis. Arrume lugar para eles nos alojamentos, nosso irmão não quer ficar em minha casa e não me pergunte o porquê.

-Tomarei providências. Ainda há espaço, talvez tenha que remanejar algumas pessoas, mas os dois poderão se acomodar lá sem problemas.

-Sei que posso contar com você sempre, Temari. Acha que Keylass ficará bem durante sua ausência? –Temari finge pensar antes de responder. Já estava ficando farta de seus joguinhos com o marido. A idéia de ficar mais perto de Nara Shikamaru á agradava, alias, agradava muito.

-Ele ficará bem com o enfermeiro, na verdade não há muito que eu possa fazer por ele. Leonte é atencioso e saberá cuidar bem de Keylass.

-Ás vezes penso que a morte seria um alivio para você e seu marido. Viver vegetando sobre uma cama me parece muito cruel. Keylass foi um dos grandes generais de nosso pai e sempre foi fiel á Suna.

-Não se esqueça de que ele tinha pretensões de assumir o lugar do nosso pai e ser o quinto Kazekage. – Temari fala, lembrava-se das vezes em que Keylass chegava em casa gritando insultos contra Gaara e de que como o ruivo roubara sua posição. Rapidamente ela aprendera á não contrariá-lo.

-Nunca me preocupei com isso, Keylass me foi leal também. –Temari dá de ombros, na atual circunstância Keylass era apenas um corpo jogado sobre uma cama e não oferecia perigo á ninguém. Ela fica em pé. –O que devo fazer?

-Se apresente á Shikamaru. Ele lhe dirá qual serão seus afazeres dentro do grupo. Fica atenta e tome muito cuidado, não conte ao Nara as minhas suspeitas, ainda não. Quero ter certeza antes de tomar providências.

-Certo. –Ela disfarça um sorriso, procurar Nara Shikamaru seria um grande prazer, esperava que a loira não estivesse por perto. Ela sai da sala, deixando Gaara ocupado com seus pensamentos.

Temari chega aos alojamentos á procura do ninja da Folha. Estava excitada com a possibilidade de ficar perto do rapaz. Ela bate á porta do quarto e aguarda. Logo ouve a voz arrastada do moreno mandando-a entrar.

-Boa tarde, Shikamaru. Vim me juntar ao grupo. –Ela fala assim que entra de forma autoritária e abrupta. Olha para o rapaz e vê que ele havia acabado de sair do banho. Em seu peito gotículas de água refletiam a luz do Sol que entrava pela janela. O cabelo úmido estava solto e ele tinha uma toalha presa á cintura.

Shikamaru também observava á mulher dos pés á cabeça. Temari usava uma calça larga e uma regata, ambas brancas e estava muito desejável e atraente. A idéia traz um leve sorriso aos lábios do moreno.

-Boa tarde, Temari. Então vai se juntar á nós?- A mulher confirma e Shikamaru solta um leve suspiro, sentando na cama em seguida. –Tenho ouvido muito isso hoje. Baki esteve aqui e me disse que é seu dever destruir os inimigos de Gaara. Kankuro me disse que tem assuntos a resolver com Nêmesis. Qual é o seu motivo?

A pergunta pega Temari de surpresa e ela pensa rapidamente em uma resposta convincente que não levantasse as suspeitas dele. – Ajudar você no planejamento estratégico.

Shikamaru fica sério ao ouvir isso. Ele se levanta, aproximando-se e rodeia a loira. A visão do peito nu próximo a faz ofegar levemente. O Nara percebe e para ás suas costas. Coloca as mãos sobre seus ombros e abaixa a cabeça, roçando os lábios pelo lóbulo da orelha dela. –E esse é o seu único motivo? – Ele sussurra, fazendo Temari estremecer, ela se afasta e o encara, franzindo os olhos, irritada.

-Gaara acha que você precisará da minha ajuda. Ele acha que não dará conta de comandar a equipe sozinho e me mandou para assumir o comando com você.

-Gaara acha isso? Então por que ele não veio me dizer pessoalmente?

-Se tem algo contra, procure por meu irmão. Não tenho a menor vontade de estar aqui, contudo já que vim só sairei se o Kazekage mandar. E você sabe que ele não fará isso com a própria irmã. Terá que me engolir, Shikamaru.

Shikamaru gostava de mulheres fortes e decididas, odiava submissão.

-Não tenho nada contra, porém não se esqueça que quem manda aqui sou eu.

-Apenas na ausência do meu irmão. –Ela retruca altiva.

Shikamaru abre os braços. –Está vendo Gaara em algum lugar? – Ele pega no queixo dela e a faz erguer a cabeça e encará-lo nos olhos. –Não se engane, Temari, seu irmão precisa de mim.

-De mim também. Terá que aceitar dividir o comando, Nara. Meu irmão não aceitará que você o desafie. Ele sabe que sou competente e que minha ajuda será importante.

- E se eu não concordar com isso?

-Não pode discordar das ordens de um Kage. Terá que aceitar dividir o comando se quiser continuar no grupo.  –Ela fala erguendo o queixo desafiante. Sabia que estava pisando em terreno perigoso, Gaara não tinha falado nada sobre dividir o comando, mas ela era a irmã do Kazekage, era o braço direito de Gaara em Suna e não aceitaria ser uma simples subordinada.

Shikamaru observa a mulher a sua frente, sua expressão era indecifrável. Ele não aceitaria dividir o comando com ela e quanto antes Gaara e Temari soubessem disso, melhor. 

-Muito bem, então volte para o gabinete de seu irmão e diga á ele que eu e os outros ninjas da Folha estamos nos retirando da Força Tarefa e voltando para Konoha. – Ele cruza os braços e espera a mulher falar algo. Adorava um desafio, mas não deixaria Temari assumir o comando do grupo.

-Como é? –Ela pergunta preocupada. Se Gaara soubesse que ela tinha desafiado a autoridade de Shikamaru era capaz de expulsá-la de Suna. O ruivo queria o rapaz no comando do grupo.

-Você entendeu. E então o que fará? –Shikamaru pergunta calmo, pelo jeito a mulher estava agindo sem conhecimento do irmão.

Com raiva, Temari tenta passar por ele para sair do quarto e Shikamaru a impede segurando em seu braço. –Desiste? Então acho que já nos entendemos, não e? –Ela confirma e ele a solta. – Obedecerá minhas ordens como todos os outros membros do grupo, não aceito insubordinação. Não me obrigue a fazer seu irmão escolher entre nós dois.

-Eu obedecerei suas ordens, não se preocupe.

Ele sorri, divertido. –Será interessante tê-la por perto. Estava sentindo falta de diversão.

-Ino não é o suficiente? –Ela pergunta mordaz e se arrepende em seguida. Shikamaru chega bem próximo á ela, sem tocá-la e a encara, sério. Em seus olhos há um brilho que ela não consegue identificar. –Ino não é uma diversão e eu não estava falando de sexo, mas se é o que quer, não se decepcionará, pode ter certeza.

Temari levanta a cabeça com raiva e sai sem se despedir. Ela ouve o som da risada dele ao fechar á porta atrás de si. Seu coração pulava e suas mãos estavam suadas, sentia sua intimidade úmida. Céus ela desejava aquele homem em sua cama.

Ela se dirige á própria casa. Havia perdido aquela batalha, o rapaz sabia seu valor e ela não duvidava que ele se retiraria do grupo se achasse que Temari estava escondendo algo dele. Teria que ser discreta em sua investigação, Shikamaru não podia desconfiar de que ela estava ali para espionar.

XXX

Hinata senta-se em cima de uma rocha. A frente dela não havia nada além de areia e escuridão. A noite estava escura e o ar parado e frio. Ela puxa mais a capa que a cobria para se aquecer. Shino senta ao lado lhe chamando a atenção.

-Desde quando você sabe? –Shino pergunta segurando no pulso de Hinata. A morena solta um suspiro. – Desde o começo.

-Como descobriu? Temos tomado todo o cuidado.

-Eu os conheço há anos e percebi as diferenças no seu comportamento quando está perto dele. Sua voz muda, fica mais suave e parece mais relaxado, sorri mais. E Kiba também parece mais feliz perto de você.

-Você não se incomoda com isso?

-Vocês se amam, é isso que importa. 

Shino solta o pulso da amiga e desvia o olhar para Kiba que dormia encostado em Akamuru. –Ele não me ama de verdade.

-Ama sim, tenho certeza de que ama. Ele só não... –Ela não completa a frase e Shino sorri, sem alegria.

-Ele só não tem coragem de me assumir perante o clã dele. Perante ninguém alias, jamais terá.

-Shino, é difícil para ele. Entenda.

-Entender? Hinata, pensa que é fácil para mim? Viver escondido, na clandestinidade? Droga, não posso nem pegar na mão dele em público, ou tratá-lo com carinho. Por que tem que ser assim?

-Porque ele é um Inuzuka. O clã dele funciona como uma matilha de cães. Tem cães alfa, beta e ômega. Kiba está lutando para ser o macho alfa da matilha, assumir seu lugar como líder. E para isso ele tem que seguir padrões de comportamento considerados adequados pelo resto do clã.

-O macho alfa não pode ser gay. É isso que você está querendo dizer? –Ela confirma. -Então ser homossexual não é adequado para eles?

-Shino, não disse que eles estão certos ou que eu concordo com eles. Contudo, é isso mesmo.  Para eles homossexualidade é uma coisa absurda, quase uma doença. Eles jamais aceitarão a relação de vocês e se Hana souber expulsará Kiba do clã. Ele será marginalizado por todos. Não é uma decisão fácil. 

-Ele me disse que irá falar com Hana, mas eu sei que é mentira. Então ele deve estar planejando manter nosso namoro escondido para sempre. – Havia tristeza e amargura na voz do Aburame e Hinata se comove. Ela o abraça com carinho. – Espere, dê um tempo á ele. Tenho certeza de que Kiba fará o possível para ficar ao seu lado. Se você o ama de verdade, não o pressione, ele precisa de compreensão e apoio. Ele precisa de você.

-E eu preciso dele. Da certeza do amor dele, se ele me ama, então deve assumir isso, deve explicar á irmã dele e ao resto do clã que somos um casal e queremos viver juntos, para sempre.

-E se ele não fizer isso? Se ele não contar á Hana e aos demais sobre vocês? – Hinata pergunta preocupada. Shino retira os óculos e olha diretamente dentro dos olhos da morena.

-Então eu o farei. – Ele fala decidido e Hinata fecha os olhos e encosta a cabeça no peito dele que a abraça com força.

Kiba semicerra os olhos e vê os dois abraçados. Ele fica enciumado em ver o namorado junto com Hinata. O rapaz estava sem os óculos e isso deixa o Inuzuka mais nervoso ainda. Droga, o que estava acontecendo? Será que Shino estava desistindo dele? Sabia que estava vacilando com o namorado, mas esperava que ele entendesse um dia e aceitasse a viverem juntos escondidos. Não podia perdê-lo, não iria perdê-lo. Faria com que Shino entendesse isso. E que Hinata ficasse longe dele.

XXX

-Muito bem, estão todos prontos? –Nêmesis olha as quatro pessoas á sua frente, todos usavam capuzes cobrindo o rosto e capas negras. Ninguém os reconheceria e era assim mesmo que tinha que ser. A noite havia caído e o local estava escuro.

-Sim, estamos. –Artemis responde por todos e então os cinco saem. Rapidamente eles se aproximam das muralhas que protegiam Suna. Nêmesis olha em volta, a noite estava muito escura, sem a luz da Lua para iluminá-los e isso era exatamente o que eles precisavam.

Os cinco se espalham, tomando seus lugares, eles sabiam o que deveriam fazer. Gaara receberia um recado que nunca esqueceria.

XXX

Toda a muralha estava sendo vigiada pelos ninjas da Areia. Como na noite anterior, os membros da Força Tarefa estavam nas sombras, aguardando.

Temari olhava em volta, não dava para reconhecer bem as pessoas á sua volta, a noite estava escura demais, a Lua não havia aparecido, encoberta por nuvens negras, nuvens que se dissipariam com o vento da madrugada, mas que naquele momento forneciam uma sombra traiçoeira. Os nômades do deserto costumavam dizer que em noites assim os demônios estavam à solta.   Ela sente um calafrio ao pensar nisso, como a maioria das pessoas nascidas em Suna, ela era supersticiosa, apesar de fingir que não acreditava em demônios e monstros.

Naquele momento o ar estava parado, Gaara não estava gostando disso, sem a Lua para iluminar o deserto e sem o vento para trazer os odores estranhos era quase impossível rastrear.  Ele estava sobre as muralhas, observando.

Perto da meia-noite um estampido chama sua atenção e então um brilho intenso ilumina o céu no deserto á sua esquerda. Vários ninjas correm naquela direção. Gaara observa os ninjas da Força Tarefa se aproximarem apressados do local e então ouve um estouro, um som estrondoso que parece estremecer as muralhas.

O som vinha do interior da vila. Assustados os ninjas descem das muralhas e partem naquela direção. Gaara vê os ninjas que tinham ido ao deserto voltarem rápido. O ar se enche de uma fumaça densa, enquanto outras explosões são ouvidas vindas de diversas direções.

Os ninjas pareciam perdidos, quando iam em direção á uma explosão, outra era ouvido do lado contrário. Como uma brincadeira infantil de esconde-esconde os shinobis corriam em diversas direções, sem rumo.

Focos de incêndio iluminavam as ruas de Suna. Gaara vê que havia fogo do lado da academia e também do bordel.  Labaredas subiam em direção ao céu, causando mais alvoroço. O ruivo procura por Shikamaru e os outros ninjas da Força Tarefa, mas era impossível ver algo no meio daquela confusão.

-Gaara estou aqui. –Ele segue a voz da irmã e a encontra no meio da fumaça ajudando a apagar o incêndio que se iniciava no alojamento.

-Droga. Como isso é possível? –Ele pergunta irritado á ninguém em particular. Estava furioso. Sua vila tinha sido atacada de forma covarde. Como era possível que tantas explosões acontecessem ao mesmo tempo e bem debaixo do seu nariz?

Aos poucos os incêndios são controlados, porém ainda havia muita fumaça e poeira que tinha subido do chão devido ao movimento frenético. O ruivo olha em volta e encontra vários ninjas trabalhando para apagar o fogo.

Então algo chama a atenção de Gaara. Um movimento rápido e quase imperceptível. Ele transforma parte do corpo em areia e sobe rapidamente em direção a muralha e vê sombras se movendo no deserto.

-Venham comigo. – Ele chama pelos ninjas da Força Tarefa que encontra. Os shinobis os seguem sem questionar. Eles vêem as sombras movendo-se e correm mais rápido. –A estratégia deu certo, vamos conseguir rastrear o inimigo.

Gaara concorda. O time de Hinata estava no deserto naquele momento, com sorte os encontraria.  Ele e os ninjas da Força Tarefa corriam atrás das pessoas que se moviam muito rápido.

-Veja eles estão se separando.

- Separem-se também e sigam-nos. - Os ninjas tomam direções diferentes e continuam a perseguição. Estavam á poucos metros de distância quando cada um dos atacantes joga uma esfera escura para trás, soltando fumaça negra.

A fumaça cega Gaara e os outros momentaneamente e em uma fração de segundos o inimigo desaparece.

-Droga, droga. – Gaara grita furioso. Os ninjas se agrupam novamente e agora os rastreadores de Konoha estavam entre eles.

-O que houve, Gaara? –Hinata pergunta encarando o ruivo. Ele a olha e depois volta a atenção para o deserto. –Suna foi atacada e nós estávamos perseguindo o inimigo, contudo eles nos despistaram.

-Em que direção eles foram? –Shino pergunta, já soltando diversos insetos.

-Em várias, eles se dividiram e nos forçaram a nos dividir também. –Um dos ninjas responde e então os insetos saem voando em diversas direções. Kiba monta em Akamaru e também se coloca em movimento, junto com Hinata que ia sentada atrás dele com o Byakugan ativado.

Gaara retorna á Suna, esperaria pela volta dos rastreadores lá. Precisava ver quanto estrago havia sido feito desta vez. Não imaginara que Nêmesis fosse capaz de atingir tantos alvos em um único ataque. Porém, fora exatamente o que acontecera. Suna tinha sofrido uma ofensiva audaciosa por parte de Nêmesis.

Ele entra na vila e procura pela irmã, encontrando-a junto com Shikamaru e Ino. Os três olhavam para cima, no alto do prédio á frente deles aparecia o nome Nêmesis gravado com fogo. Gaara sente o ódio dominá-lo e respira fundo para se controlar.

-Os rastreadores estão tentando alcançar o inimigo, vamos esperar que eles encontrem algo. –Ele avisa. -Quero um relatório detalhado do ataque. Preciso saber o que cada um viu e ouviu. – Ele olha ao redor. Agora que a poeira havia abaixado e a fumaça sumido, ele podia ver que os estragos tinham sido muitos e em vários lugares.

-Gaara não houve morte, mas algumas pessoa ficaram feridas. Foram levadas ao hospital. Iremos falar com elas também. –Shikamaru avisa Gaara que concorda com a cabeça.

-Vou para minha casa, nos vemos pela manhã em meu gabinete. –Ele termina de falar e se afasta. Ia devagar, observando tudo. Alguém de dentro da vila tinha ajudado naquele ataque. Estava claro que Nêmesis tinha um cúmplice dentro da Vila da Areia. Precisava descobri-lo logo, encontrar o culpado ou culpados pela aquela ofensiva.

Ele chega á sua casa e vê que tudo por ali estava normal. Gaara sobe as escadas e se dirige ao quarto da filha. Queria ver a menina antes de se deitar. Talvez Nyaara estivesse acordada e ele queria verificar se ela não estava assustada.

Dentro do quarto a garotinha dormia tranqüila em sua cama. Ele acaricia os longos cabelos negros dela e a beija delicadamente na testa. Pelo jeito ela não tinha sido acordada pelas explosões. Ele ajeita a coberta sobre a menina e então vê um envelope pardo na mesinha de cabeceira, com seu nome escrito nele em uma letra firme e elegante.

Ele pega e abre, se enfurecendo em seguida, ao ler a mensagem:

Saudações, Sabaku no Gaara

Viu o que fiz em sua vila, espero que tenha entendido que a sua Força Tarefa não será capaz de me deter ou mesmo me encontrar. Estou fora do alcance das limitações de meros mortais. Nada nem ninguém poderá me impedir de conseguir alcançar meu objetivo.

Nyaara é uma garotinha linda, cuide melhor dela daqui em diante.

NÊMESIS.”

A simples idéia de que o inimigo estivera perto de sua filha fazia o sangue de Gaara ferver de puro ódio. Como aquele criminoso conseguira entrar em sua casa? No quarto do seu pequeno anjo? Ele volta á ler a frase “limitações de meros mortais”. O que Nêmesis quisera dizer com aquilo? Que ele era algum imortal? Uma divindade?

-Eu o pegarei Nêmesis e provarei que você é tão mortal quanto nós. Quando seu corpo estiver pendurado pelo pescoço em uma corda, você verá que não há limitações em meus atos. Mas, antes, farei com que se arrependa por ter se aproximado de Nyaara. – Gaara fala como se estivesse diante de seu inimigo. Aquela guerra era pessoal. Mais do livrar o mundo ninja de um inimigo, Gaara queria retaliação por aquele ato. –Juro por minha vida que o pegarei, Nêmesis. –Ele acrescenta decidido.

XXX

-Isso foi muito arriscado, Nêmesis. Ele quase te pegou.

-O que é a vida sem um pouco de risco? Arriscamos nossas vidas desde que nascemos.

-Não sei, as vezes penso que deveríamos ter mais cuidado, usar mais a prudência.

Nêmesis observa para Hades com cuidado. –O que está acontecendo com você? Não sinto você a mesma determinação de antes, o mesmo ímpeto. É como se estivesse se conformando. Esqueceu o que houve? Esqueceu o que fizeram aos seus pais?

-Não, Nêmesis, não me esqueci. Nunca esquecerei.

-Ótimo. –Nêmesis senta e encara Hades, ficando em silêncio durante alguns minutos, apenas analisando o companheiro. –Quando criei nosso grupo deixei claro que quem entrasse só sairia morto, lembra-se?

Hades confirma, se lembrava bem das palavras de Nêmesis. Ninguém era obrigado á entrar, mas uma vez dentro do grupo, somente a morte libertaria o membro.

-Contudo, se você quiser sair, este é o momento. Permitirei que saia com vida e ninguém irá persegui-lo.

Hades se surpreende com as palavras de Nêmesis. - Por que faria isso?

-Porque confio em você, sei que jamais me trairá. Porém esta é a única vez que farei essa oferta, decida-se agora, não terá outra chance, Hades. –As palavras ditas em tom seco e duro não espantam Hades, sabia que Nêmesis agia com extrema justiça, porém sem misericórdia,

-Não sairei, temos uma missão e eu irei cumpri-la até o fim, não importa o que aconteça, estarei ao seu lado Nêmesis.

-Certo. – Nêmesis olha para fora por alguns segundos. –Mande chamar Afrodite(2), precisaremos dela.

Hades pede licença, saindo em seguida tomar providências para que Afrodite viesse ter com eles. Artemis entra alguns minutos depois e encara Nêmesis. –Hades tem razão, você se arriscou demais hoje.  Gaara é um homem perigoso e seu inimigo declarado, ele levou tudo para o lado pessoal.

Nêmesis ri alto e olha para Artemis. –Acha que eu tenho medo do Kazekage? Ora, Artemis, você está me subestimando.

-Mas...

-Nada de “mas”.  Gaara pode ser um monstro, mas nós... – Nêmesis olha para as muralhas de Suna com um sorriso cruel e continua. –Nós somos deuses.

 

 


Notas Finais


(1) Ares: Na mitologia grega, é filho do famoso Zeus (o soberano dos deuses) e Hera. Ares foi muito cultuado em Esparta, uma das mais importantes Cidades-Estados da Grécia antiga. Embora muitas vezes tratado como o deus olímpico da guerra, ele é mais exatamente o deus da guerra selvagem, ou sede de sangue, ou matança personificada

2) Afrodite é a deusa do amor, da beleza e da sexualidade na mitologia grega. De acordo com a Teogonia, de Hesíodo, ela nasceu quando Cronos cortou os órgãos genitais de Urano e arremessou-os no mar; da espuma (aphros) surgida ergueu-se Afrodite.


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