História Network love - Capítulo Único.

Uma das coisas das quais Hansol Vernon Chwe mais gostava era de conversar com seu amigo virtual.

Hansol não era uma pessoa muito sociável e mesmo que se esforçasse para fazer amizades, tal ação era muito complicada para si, no entanto, tinha dois amigos reais cuja companhia era apreciada pelo Chwe: Boo Seungkwan e Lee Seokmin. Todavia, ambos tinham seus respectivos namoros e acabavam deixando Hansol meio que de lado, ainda que não fosse proposital. Vira e mexe Seungkwan e Seokmin cancelavam seus encontros amistosos com Hansol porque seus namorados os haviam chamado para ir ao cinema, sair para jantar e toda essa porcaria de programas de casal.

Frustrado, Hansol passava o tempo livre jogando online como forma de distração e também para encontrar algum indivíduo para conversar sobre qualquer assunto que desse na telha. Contudo, o rapaz tinha uns papos um tanto estranhos, diga-se de passagem, então não demorava para que o indivíduo em questão saísse do chat e isso deixava Hansol ainda mais frustrado do que antes.

A situação mudou de figura quando o Chwe encontrou uma nova pessoa, que usava “Sounds of Coups” como nickname em um desses jogos.

“Sound_of_Coups” ajudou o personagem de Hansol no jogo em uma missão mesmo sem conhecê-lo (o nickname de Hansol era “halfplastic”, que adveio de uma piada interna entre Seungkwan, Seokmin e o próprio Hansol) e dessa forma, a simpatia logo surgiu entre os dois, que começaram a conversar diariamente. Davam-se muito bem mesmo sem saber o nome um do outro, a tal ponto que esse detalhe nem importava mais para ambos. Era somente “halfplastic” e “Sound_of_Coups” e estava tudo ótimo assim.

Conversar com Coups até altas horas da madrugada tornou-se comum para Vernon. Sorria largo quando recebia uma notificação de mensagem do citado e sua expressão alegre murchava quando precisava parar de dialogar com ele pois tinha aulas no dia seguinte.

Como nem tudo na vida são flores, Hansol Vernon também não gostava de certas pessoas, porém procurava ser cordial e ter uma convivência decente com elas. Menos com Choi Seungcheol.

Seungcheol era o ser humano mais insuportável da face da Terra de acordo com a concepção de Hansol. Ele revirava os olhos só de estar no mesmo ambiente que o Choi.

E Seungcheol? Bem, digamos que ele retribuía esses sentimentos nada amigáveis por Vernon.

Honestamente, nenhum dos dois sabia exatamente a origem dessa aversão que sentiam um pelo outro. Começou com Seungcheol esbarrando em Hansol da forma mais acidental e cômica possível; depois com o Chwe resmungando que ele não pediu desculpas e terminou com ambos berrando no meio do corredor. Era para ter sido somente um desentendimento frívolo, mas foi se tornando algo muito maior à medida que iam se encontrando por acaso, o que era inevitável, visto que estudavam no mesmo colégio.

Hansol Vernon Chwe não suportava Choi Seungcheol. Choi Seungcheol não suportava Hansol Vernon Chwe. Era pura e simplesmente assim e esse fato parecia ser imutável.

De qualquer maneira, era mais um dia comum na vida de Hansol. Ele ficou até duas ou três da manhã conversando com Coups e foi dormir com um sorriso bobo no rosto. Acordou minimamente bem, se arrumou e rumou para o colégio, pensando no amigo virtual a quem almejava conhecer pessoalmente. Na verdade, já tinha planos para isso e estava deveras empolgado para concretizar esse desejo.

Na hora do lanche, sentou-se com Seokmin e Seungkwan, como de praxe. Observou o movimento ao seu redor na cantina e notou Seungcheol andando com a sua bandeja de comida em mãos para, em seguida, presentear Hansol com um olhar de quem queria soltar os cachorros para cima dele.

— Mas que cara mais insuportável! — Chwe praguejou, tomando um gole do seu achocolatado em caixinha. — Sou capaz de partir ‘pra cima dele!

— Nossa, que agressividade — Seungkwan comentou surpreso. — Depois sou eu quem fica nervoso por nada — completou dando uma mordida no seu sanduíche.

— Vem cá, Hansol, de onde veio essa sua implicância com o Seungcheol? — Seokmin perguntou com uma sobrancelha arqueada Hansol bufou. — Vocês estão há meses nessa ladainha, ninguém aguenta mais.

— Eu acho até engraçado! — exclamou Seungkwan, deixando uma risada escapar. — O Hansol vira outra pessoa perto do Seungcheol, parece até que vai matar alguém — Riu de novo.

— Não vejo graça nisso — Vernon declarou com certa indignação. — Vocês falam como se esse ódio fosse somente da minha parte, mas aquele cara também me odeia igual — defendeu-se, achando injusto que o colocassem como o único implicante da história.

— Pois eu aposto que um dia vocês dois vão se pegar — Seokmin brincou, fazendo o Boo cair na gargalhada. A feição de asco que Vernon esboçou foi hilária. — O Seungkwan e o Mingyu viviam se bicando e agora são o casal mais meloso que existe — exemplificou e Seungkwan parou de gargalhar na hora.

— Ah, olha só quem fala... — respondeu cheio de sarcasmo. — Você e o Jisoo só faltam dar diabete nos outros de tanto açúcar. É beijinho ‘pra cá, “meu amorzinho” ‘pra lá... Quem aguenta? — questionou, dando mais uma mordida em seu sanduíche. — E não parece, mas o Mingyu e eu brigamos às vezes — revelou, por fim.

— O Soo é um anjo, a gente mal briga porque ele é muito compreensivo — Lee disse todo apaixonado e Seungkwan fingiu vomitar.

— Também né, ‘pra aguentar suas piadinhas tem que ser muito compreensivo mesmo — alfinetou e Hansol segurou a risada.

— Ei! — Seokmin reclamou, querendo dar um tapa no Boo.

Alguns segundos depois, surgiu uma nova presença naquela mesa: a de Hong Jisoo.

— Oi, rapazes — cumprimentou simpático, erguendo a mão num aceno, sendo respondido por Hansol e Seungkwan. — Oi, meu amor... — dirigiu-se a Seokmin, dando-lhe um selinho. — Vim te buscar por causa daquele nosso compromisso.

Seokmin olhou para o namorado com certa cumplicidade.

— Claro, Soo, já vou indo. — Levantou-se, recebendo os olhares confusos de seus dois amigos. — Tchau, galera. — Pegou na mão de Jisoo, saindo com ele para sabe-se lá onde.

— Tchau... — Seungkwan ironizou. — Eles foram se comer atrás da escola, isso é certeza.

Hansol torceu o nariz e preferiu voltar a comer a ouvir aquele papo.

— Bem, Hansol, não queria te deixar sozinho, mas eu vou ver o Gyu agora — disse, já se levantando da cadeira. O Chwe ergueu o dedo indicador para contradizê-lo, mas o Boo fora mais rápido. — Até mais!

Murmurando um “até mais”,Hansol puxou seu celular do bolso, conectando-o a Wi-fi livre do colégio. Abriu seu chat de  e enviou uma para Coups.

halfplastic: oi coups! ♡

halfplastic: preciso falar com você sobre algo.

Sound_of_Coups: oi plastic! ❤

Sound_of_Coups: o que quer falar comigo?

halfplastic: bom…

halfplastic: eu queria MUITO te encontrar pessoalmente.

halfplastic: saber o seu nome, como vc é cara a cara…

Sound_of_Coups: entendo.

Sound_of_Coups: nossa, isso me deixa feliz, de vdd.

halfplastic: 🤧🤧💕

halfplastic: então, a gente pode se encontrar?

Sound_of_Coups: claro!

Sound_of_Coups: no fim de semana eu tô livre, podemos marcar alguma coisa.

halfplastic: eu tbm vou tá livre.

halfplastic: depois a gente combina direitinho, tudo bem?

Sound_of_Coups: tudo bem, amore.

Sound_of_Coups: até mais tarde! 💕

halfplastic: até mais, anjo! ❤

Vernon finalizou a conversa sorrindo encantado, sentindo-se nas nuvens. Nutria um sentimento por Coups além da amizade e esperava que aquele futuro encontro rendesse alguma coisa. Podiam até mesmo começar a namorar se tudo ocorresse bem.

Era isso que o Chwe fantasiava em sua mente adolescente.

Flagrou Seungcheol sorrindo como um trouxa para a tela de seu celular e Hansol se perguntou como alguém conseguia conversar com ele.

Decidiu deixar o Choi de lado, porque agora só conseguia pensar em “Sound_of_Coups”. Imaginava como seria o seu rosto, a sua voz e o seu nome.

— Não vejo a hora de te conhecer, Coups.

[. . .]

Seungcheol chegou em casa repleto de felicidade e com borboletas voando em seu estômago. Era um dia lindo para si (quase lindo, se não fosse o chato do Hansol), pois conversou com “halfplastic” e finalmente iria encontrá-lo no fim de semana.

Deitou-se em sua cama, com os pés apoiados na parede, e começou a digitar.

Sound_of_Coups: hey plastic

Sound_of_Coups: já sei onde a gente pode se encontrar.

halfplastic: sério?! onde?

Sound_of_Coups: parece ser bem clichê, mas eu pensei naquele parque do centro da cidade.

Sound_of_Coups: tudo bem pra vc?

halfplastic: claro!

halfplastic: vou tá com um gorro colorido e um moletom preto.

Quando recebeu essa mensagem, Seungcheol só pensou em uma pessoa em específico que usava aquele tipo de roupa, mas balançou a cabeça negativamente, descartando a possibilidade. Não tinha como ela ser concreta.

Sound_of_Coups: e eu vou tá de calça preta rasgada e um óculos escuros.

halfplastic: combinado!

halfplastic: já tô muito ansioso pra te conhecer 😍

Sound_of_Coups: eu tbm 👉🏻👈🏻

Sound_of_Coups: vc deve ser lindo.

halfplastic: tá me cantando por acaso?KKKKKKK

Sound_of_Coups: SÉRIO

Sound_of_Coups: IMPOSSÍVEL UM SER HUMANO TÃO FOFO COMO VC SER FEIO.

halfplastic: vc tá me deixando sem jeito

halfplastic: mas sabe

halfplastic: vc tbm deve ser lindo ❤

O sorriso de Seungcheol nesse momento foi tão grande que parecia que estava ultrapassando as orelhas.

Sound_of_Coups: vc eh um anjo

Sound_of_Coups: deve ser um amor pessoalmente.

halfplastic: ihhhh vai me deixar sem jeito de novo…

halfplastic: mas eu gosto 😭

Sound_of_Coups: bem, preciso ir agora, tenho lição de casa.

Sound_of_Coups: tchau ❤🤧

halfplastic: tchau, coups! ❤❤

[. . .]

A semana passou voando, sem fugir do habitual. Hansol e Seungcheol continuavam se odiando e implicando um com o outro, ao passo em que “halfplastic” e “Sound_of_Coups” trocavam mensagens doces todos os dias.

Era uma situação um tanto irônica, para se dizer o mínimo.

Na quarta-feira, Seungcheol e Hansol se esbarraram no corredor porque ambos estavam trocando mensagens um com o outro sem ao menos saberem.

— Você devia olhar por onde anda, seu idiota! — Seungcheol vociferou para o Chwe, que cruzou os braços.

— Me erra, Choi! — Hansol devolveu no mesmo tom de voz. — Não tenho culpa se você é distraído!

Seungcheol riu em escárnio.

— Você é tão insignificante, é fácil deixar sua presença passar despercebida.

O sangue de Hansol ferveu.

— Ora, seu… — rangeu os dentes, quase soltando fumaça pelas orelhas.

— Até mais, Chwe. — O Choi se despediu com desdém, esbarrando de propósito nos ombros do outro enquanto se afastava para ir para a sala de aula.

— Filho da puta! — Vernon murmurou para si mesmo, praguejando e desejando tudo de pior para Choi Seungcheol.

[. . .]

O tão esperado dia finalmente chegou.

Hansol Vernon acordou deveras bem-humorado. O dia estava mais bonito e nem as provocações de sua irmã mais nova pareciam irritá-lo. Era como se ele fosse inabalável.

Ficou a manhã inteira conversando com “Sound_of_Coups”, sem parar de dizer o quão ansioso estava para vê-lo e o amigo virtual também compartilhava dessa mesma ansiedade.

Bem, “amigo” não era a palavra exata que Hansol usaria para referir-se à Coups, mas era a única opção viável, pelo menos por enquanto. Quando se encontrassem, talvez mudassem o status de “amigos” para amigos coloridos, ficantes, e por fim, namorados.

De qualquer maneira, o início da tarde veio e Hansol prontamente foi se arrumar para o encontro. Tomou um banho demorado, escovou os dentes três vezes para retirar quaisquer resquícios de sujeira e mau hálito e vestiu-se. Como combinado, colocou um moletom preto por cima de uma camiseta branca com uma frase motivacional estampada no meio, tênis preto, calça jeans e um gorro colorido. Olhou-se no espelho várias vezes para checar se estava apresentável. Não se importava muito com sua aparência nem era vaidoso, contudo queria impressionar Coups.

Sorrindo como nunca, Hansol saiu de casa, ansioso e eufórico ao mesmo tempo. Seu coração começou a bater rápido, deixando-o surpreso. Era um misto inédito de sensações e reações; jamais se sentiu daquele modo antes.

Em questão de minutos, Hansol chegou ao parque. Como morava próximo ao centro da cidade, o rapaz não precisou de muito esforço para caminhar até o seu destino. Sendo assim, chegou mais cedo do que gostaria.

Sentou-se em um dos bancos do parque, debaixo de uma grande e velha árvore que residia ali. Observou o movimento do local a fim de captar alguém que vestisse uma calça rasgada e usasse óculos escuros.

A ansiedade fez-se presente no corpo do Chwe e, involuntariamente, seus pés começaram a se mover, enérgicos. Por um momento, Hansol pensou que seu coração fosse explodir a qualquer instante.

Sequer percebeu que o próprio Coups já se encontrava no parque, buscando por si.

Choi Seungcheol retirou os óculos escuros e avistou uma cabeça coberta por um gorro colorido, perto de onde estava. Sorriu e colocou os óculos de novo, indo em sua direção. Aquela era a única pessoa no parque que ele havia visto usando um gorro colorido, então só podia ser o seu querido “halfplastic”. Mal dava para acreditar.

Sorriu e engoliu em seco, caminhando devagar até o dono do gorro colorido.

Assim que parou atrás dele, decidiu mandar uma mensagem para “halfplastic”. Embora tivesse certeza de que aquele era o seu amigo virtual, seria constrangedor aparecer e cumprimentá-lo sem aviso prévio.

Sound_of_Coups: hey plastic.

Nesse momento, o celular de Vernon vibrou e ele olhou para a tela, sorrindo ao ler a mensagem. 

Sound_of_Coups: tô atrás de vc. gorro colorido né? XD

Vernon não respondeu a mensagem. Levantou-se e virou a cabeça.

Ao ver a figura de Choi Seungcheol, o seu mundo inteiro caiu.

Seungcheol ficou pasmo.

— Isso não é possível… só pode ser algum tipo de piada… — Hansol soltou, inconformado. — Você é o Coups?! De todas as pessoas do planeta, tinha que ser logo você?!

O Choi deu uma risada amarga e sem humor.

— Não aja como se você fosse o único descrente daqui, tá legal? — disse irritado, tirando os óculos. — Foi um balde de água fria saber que o “halfplastic” é você, Hansol. Justo você!

— Isso não é possível — Hansol repetiu a mesma frase que disse segundos atrás. — O Coups com quem eu conversava e falava sobre minhas inseguranças e meus medos… — disse com uma pontada de tristeza atravessando sua voz, o que deixou o outro com um aperto repentino no peito. — Meu Deus… — tirou o gorro, fechando os olhos e coçando a cabeça, negando-se a crer naquilo.

— O “halfplastic” era o mesmo cara que eu tinha vontade de dar uns tapas e não suportava a presença… — riu com amargura novamente, balançando a cabeça numa negativa e se encostando no tronco da árvore. — Quando eu recebi a mensagem do plastic dizendo que iria no nosso encontro de gorro colorido, eu pensei que fosse você, mas… — fora interrompido por Hansol.

— Como assim, pensou que fosse eu? — o Chwe questionou com as sobrancelhas franzidas. — Você por acaso fica notando as roupas que uso, é isso?

Seungcheol corou e virou o rosto, se fazendo de desentendido.

— I-isso não vem ao caso! — reclamou envergonhado, denunciando que ele reparava até demais no visual de seu inimigo. — O que interessa é que… bom, você descobriu que eu sou eu e descobri que você é… — respirou fundo antes de prosseguir — Você.

Vernon exibiu um sorriso nervoso. Era rir para não chorar.

— Geralmente eu sinto uma puta vontade de cair na porrada contigo, mas por algum motivo, eu não tô sentindo isso agora.

— Você é um idiota, Hansol.

— Digo o mesmo de você.

Ambos soavam como duas crianças briguentas e as pessoas que passeavam pelo parque perceberam este comportamento, fazendo com que eles recebessem olhares de desaprovação dessas.

Reviraram os olhos ao mesmo tempo. Brigar e trocar farpas um com o outro já estava se tornando desgastante, tanto para eles próprios quanto para quem presenciava as desavenças infundadas dos dois.

Nem sabiam o motivo pelo qual se detestavam tanto e francamente, aquilo era ridículo.

— Hansol, eu sei que talvez você não vai topar, mas… — Seungcheol pigarreou para chamar a atenção de Hansol, que emitiu um “hm” como resposta. — O que acha da gente tentar fazer as pazes?

Hansol ergueu uma sobrancelha.

— Fazer… as pazes…?

— É, seu paspalho, fazer as pazes. — Seungcheol sentou-se no banco. — Nós passamos meses conversando e compartilhando um sentimento tão bom um pelo outro… Não acho que seja justo que continuemos a nos odiar. Não depois de tudo o que passamos como “Sound_Of_Coups” e “halfplastic”.

O Chwe pensou por alguns instantes. Seungcheol tinha razão.

— Minha amizade com o “Sound_Of_Coups” significa muito pra mim. E para ser sincero… — disse, levantando o rosto e fitando Seungcheol. Era a primeira vez que o encarava sem desprezo ou raiva — Eu acho que sinto algo a mais por ele.

Seungcheol sorriu e Hansol sentiu seu coração acelerar. Estava tão ocupado odiando o outro rapaz sem motivos que sequer notou o quão bonito ele era, principalmente quando sorria.

— Você sabe que o Coups sou eu, né? Então você deve sentir algo a mais por mim. — Aproximou o seu rosto do de Hansol, que não ofereceu resistência alguma quanto o gesto. — Engraçado… Minha vontade de te socar já passou.

— É mesmo? E o que você tem vontade de fazer agora? — Chwe questionou ainda que soubesse a resposta.

— Nunca pensei que diria isso, mas… Eu quero te beijar.

— Me beija. Eu quero também.

Seungcheol segurou no queixo de Vernon, aproximando-se devagar. Roçou os seus lábios contra os deles, dando um leve e singelo selar, que aos poucos foi se intensificando.

Hansol sentiu um choque gostoso em sua espinha quando Seungcheol apertou a sua cintura, sugando e mordendo carinhosamente o seu lábio inferior. Suspirou durante o beijo, apoiando as mãos nos ombros alheios, querendo mais.

Beijar Vernon era tão bom que o Choi perguntou-se mentalmente por qual motivo não havia o feito antes.

O beijo cessou, pois a falta de ar veio. A boca dos dois rapazes estavam inchadas e mais avermelhadas, indicando que aproveitaram bastante daquele contato.

— Uau… pelo visto nós fizemos as pazes — Seungcheol comentou baixinho e Hansol riu tímido.

— Com toda certeza… — Deixou um selinho na boca do Choi. — Acho que isso significa que nós podemos sair juntos.

— Jura mesmo?

— Sim.

Posteriormente, trocaram seus números de telefone e se levantaram, andando de mãos dadas.

Conversaram sobre assuntos amenos e diversos, curtindo a companhia um do outro naturalmente. No fim das contas, se gostavam até demais.

Talvez toda aquela amargura entre eles fosse uma camuflagem para os sentimentos bons que sentiam um pelo outro, sentimentos estes que só se revelaram virtualmente. Em suma, só precisaram de um impulso e um diálogo para se entenderem e notarem que não se odiavam tanto assim.

[. . .]

Hansol e Seungcheol já estavam saindo juntos há três semanas. Conforme os dias passavam, os dois garotos se gostavam cada vez mais e era inegável a atração que sentiam em relação ao outro. Inevitavelmente, trocavam beijos e carícias atrás da escola. Seungcheol no momento estava prensado contra o muro de cor amarela, com Hansol o beijando e segurando sua cintura. Se fossem pegos, provavelmente levariam uma suspensão, tal qual ocorrera com Seokmin e Jisoo (Seungkwan estava certo quando supôs que eles se comiam atrás da escola).

— Ei… — o Choi chamou quando Vernon finalizou o beijo. — Acho melhor nós irmos agora — sugeriu.

— A gente não pode ficar só mais um pouquinho? — Vernon reclamou com um beicinho.

— Idiota — Seungcheol brincou e deu um tapa no ombro alheio, rindo baixinho. — Temos que ir, logo o intervalo acaba e pegar suspensão é a última coisa que quero.

Hansol acabou anuindo e ambos saíram do local de mãos dadas. Todos já sabiam que eles estavam juntos e apesar de ter sido uma surpresa no início, agora eles eram o casal fofo da escola.

As aulas acabaram e os dois rapazes ainda permaneciam lado a lado; por estarem apaixonados, era normal que quisessem ficar juntos quase o tempo todo.

— Ei, halfplastic — Seungcheol chamou quando foi se despedir do Chwe depois de deixá-lo na frente da porta da casa dele. — Até mais!

Hansol sorriu.

— Até mais, Coups.

Aquele “até mais” podia ser interpretado como uma despedida costumeira, mas ela significava um “adeus” para “halfplastic” e “Sound_Of_Coups”.

Eram apenas Hansol Vernon Chwe e Choi Seungcheol.