Elena.
Paguei ao motorista e desci do táxi caminhando até a porta dos fundos da mansão. Cheguei mais cedo do que de costume no trabalho, pois quase não dormi a noite inteira e por causa disso acordei mais cedo hoje. O motivo para tal perda de sono? Damon Salvatore. As palavras dele me mexeram de uma forma que me tirou até o sono. Como eu queria poder dizer em alto e bom som que estou apaixonada por Damon. Entretanto isso é algo do qual não poderei fazer, pois confesso que tenho medo. Mas farei o que for preciso para estar perto dele mesmo sendo apenas amigos, espero que meus sentimentos concordem comigo.
Como de costume, me troquei e guardei meus pertences no meu armário. Josy já estava cuidando da cozinha junto com Mary e os demais empregados estavam em suas determinadas funções. Inicialmente Josy cuidava sozinha da cozinha, ela tinha que se dividir em preparar as refeições e lavar os pratos. Contudo com o passar dos tempos os Salvatore decidiram contratar uma ajudante para Josy, sendo ela Mary. Entretanto Mary, assim como eu, tem a obrigação de cuidar de toda a casa, não só a cozinha.
Todos os que trabalham na mansão tem seus horários de chegada, por sorte, sou a única que chega ás 07:00hrs. Como chego um pouco mais tarde, quase nunca encontro com Lilian ou Giuseppe pela manhã, pois os dois vão trabalhar bem cedo.
Mary terminou seu trabalho na cozinha e foi limpar os banheiros da mansão, enqunto eu fiquei no cômodo fazendo a limpeza do piso. Josy, como de costume, foi colocar a mesa para o café da manhã dos Salvatore. Enquanto terminava de limpar o chão da cozinha, percebi olhando, pelo canto do olho, que já não estava mais sozinha, pois Damon estava em pé na porta da cozinha me observando.
— Está verificando se estou fazendo um bom trabalho chefe? - brinquei sem olhar para ele.
— Não, estou apenas apreciando a vista, que aliás é linda. - ele falou e eu me virei olhando-o com os olhos semicerrados e fingindo cara de raiva.
— Damon! - joguei um pano úmido que estava no meu ombro contra Damon, que riu.
— O quê? Não estou mentindo. - falou tirando o pequeno tecido, que eu jogara, do seu rosto e sentando numa cadeira da pequena mesa da cozinha.
— Não vai tomar café com seus pais? - perguntei.
— Depois de toda aquela discussão não quero olhar para Giuseppe. - Damon disse com repulsa - Prefiro ficar aqui.
— Eu entendo que você esteja chateado, mas vocês dois precisam conversar civilizadamente. - coloquei um prato com uma torrada, que Josy já havia preparado para ele, na mesa. Parece uma criança.
— Esse é o problema Elena, não há maneira de conversar com ele como dois adultos. Giuseppe sempre encontra uma maneira de expressar toda sua raiva de mim. - sua voz subiu algumas oitavas e Damon suspirou.
— Tudo bem, faça como quiser. Eu entendo que não deve ser fácil ter um pai como Giuseppe. - falei colocando suco em um copo para ele. - Mas ele é sua família, Damon.
— Família? - Damon riu irônico - Nós não somos uma família, Elena, nunca fomos. Na verdade, a única coisa que nos liga é nosso sobrenome, nada além disso.
— Sinto muito que tenha que aguentar isso. - segurei em sua mão, afagando-a com o dedo - Apenas não esqueça que eu estou aqui, você tem a mim.
— É tão bom ter você sempre por perto. - disse ele colocando sua outra mão por cima da minha.
— Também gosto de te ter por perto. - falei me prendendo em seu olhar. Damon sorriu de canto fazendo-me também sorrir.
— Você ainda quer que eu vá para o aniversário do seu irmão? - questionou-me cautelosamente.
— É claro. Porque seria o contrário?
— Achei que você mudaria de ideia depois de ontem. - afirmou tomando um gole do seu suco, deixando a outra mão ainda debaixo da minha.
— Mas não mudei. - sentei na cadeira ficando de frente para ele, entrelaçando nossos dedos por cima da mesa - Eu quero que sejamos amigos, Damon.
— Amigos?! - ele arqueou as sobrancelhas e seu rosto ficou rígido - Tudo bem, Elena.
— Eu te passo a localização da casa do lago, onde será a festa de Jeremy.
— Nós podemos ir juntos. - disse ele - Eu te levo e você me guia.
— Tudo bem. - respondi por fim.
— O que diabos está acontecendo aqui? - Lilian quase gritou chamando a minha atenção e a de Damon. Seus olhos azuis assim como os do filho encontraram os nossos dedos entrelaçados e o rosto de Lilian se encheu de raiva. Logo atrás de Lily estava Josy, seus olhos negros estavam cheios de preocupação.
— Dona Lilian nós estávamos apenas conversando. - levantei-me da cadeira sem jeito.
— Quem você pensa que é pra ficar de conversinha com meu filho, menina? - Lily gritou.
— Que barulheira é essa aqui? - Giuseppe entrou na cozinha, ficando ao lado da esposa.
Você está definitivamente encrencada agora Elena.
— Você acredita que essa empregadinha estava de intimidade com o Damon?! - falou Lilian indignada.
— Pare de fingir que se importa comigo, Lilian! - Damon disse pondo-se de pé - Elena não é uma empregadinha como você gosta de chama-la. Ela é bem mais do que isso.
— Do que você está falando, Damon? - disse Giuseppe intrigado.
Meu coração estava prestes a sair pela boca. Damon não pode dizer a verdade, caso o faça possivelmente nós teremos que nos distanciar, pois Lilian irá ficar furiosa junto com Giuseppe. Eu não posso ficar longe de Damon. Eu não consigo!
Damon olhou para mim, como se estivesse pedindo permissão para falar algo. Balancei minha cabeça sutilmente de um lado para o outro, indicando que ele não falasse o que tem em mente e Damon voltou sua atenção para seus pais que estavam esperando uma resposta.
— De qualquer maneira, não importa. - Damon me deu um último olhar, mas agora frio, e passou por seus pais e Josy, saindo da cozinha.
Ele me deixou sozinha!
Prometi a mim mesma que "mataria" Damon quando o encrontrasse. Ele tinha que sair logo agora?
— Você poderia nos dar licença, querido? - Lilian falou virando-se para Giuseppe - Preciso conversar em particular com Elena.
Giuseppe apenas assentiu e saiu da cozinha, mas Josy continuara lá, ela não havia falado nenhuma palavra.
— Vocês também, o que estão esperando para sair daqui? - Lilian disse parecendo estressada e eu percebi que outros empregados estavam ali. Todos a obedeceram sem hesitar, apenas Josy demorou mais um pouco para sair. Josy a olhou por alguns minutos, seus olhos eram uma mistura de preocupação, certamente por Damon, e repulsa por Lilian. Ela saiu sem falar nada.
— Senhora Salvatore... - Lilian me interrompeu.
— Por favor, me poupe de suas desculpas, Elena. - ela se aproximou mais de mim - Eu não quero saber o que vocês estavam fazendo ou o que vocês tem um com o outro. Apenas quero que você saiba de uma coisa. - Lilian ergueu a cabeça adquirindo uma postura totalmente ereta - Eu sei que Damon sente algo por você, eu não sou idiota. Percebi o modo como vocês se trataram durante esse último mês. Não importa o que ele sinta, pois aqui você é somente uma empregada, nada além disso. Entendeu?
— Sim. - falei tentando esconder toda a minha raiva.
— Ótimo, agora pode ir embora. Não aguento mais olhar para você e não volte mais hoje. - Lilian me deu um sorriso forçado e quando estava saindo da cozinha, virou-se para mim. - Só um conselho. Se eu fosse você, não acreditaria nas palavras de Damon. Uma hora ou outra ele vai voltar a realidade e se cansar de você.
[...]
Saí da mansão marchando de raiva. Olhei para meu relógio e já são 09:30, aquela discussão demorou tanto tempo assim? Como eu pude deixar Lilian me humilhar de tal maneira? Eu deveria ter falado algo, ter dito o quão egoísta ela é e não ter ficado calada. Mas por outro lado, fiz o certo. Eu não posso perder esse emprego, pelo menos não agora, pois eu quero voltar para a faculdade o quanto antes. Como eu queria que Miranda estivesse aqui para me ajudar, me dá conselhos, ela com certeza saberia o que fazer. Ela faz tanta falta.
O táxi parou na frente da casa de Caroline, paguei ao motorista e sai do veículo. Toquei a campainha e alguns minutos depois Care abriu a porta sorrindo ao me ver.
— Lena! - ela me puxou para um abraço apertado.
— Oi Care. - a abracei de volta.
— Entra, eu quero falar com você sobre amanhã. - diz me puxando para dentro de sua casa.
— Ela quer que você convença Jeremy a deixa-la cuidar da decoração da festa. - disse Klaus saindo da cozinha com uma xícara de café na mão. Ele se sentou em um sofá e eu e Caroline no outro.
— Klaus! - Caroline quase o matou com o olhar.
— Care você conhece o Jeremy, ele nunca irá permitir isso. - falei rindo e Caroline cruzou os braços bufando.
— Eu te avisei. - Klaus disse e ela mostrou a língua para ele em um gesto infantil e eu tentei abafar uma risada.
— Ah, eu não poderei ir com vocês amanhã. Damon se ofereceu para me levar e eu aceitei, pois ele não sabe onde fica a casa do lago. Se é que ele ainda vai amanhã. - Caroline e Klaus também são amigos de Jeremy, afinal Care nos conhece desde pequenos e Klaus consegue socializar com qualquer pessoa rapidamente.
— Espera. Você convidou o Damon? - Caroline perguntou perdida - E como assim "se é que ele vai amanhã"?
Contei a Caroline tudo o que acontecera nos últimos dias. Falei da briga de Damon e Giuseppe, do meu desabafo com Damon sobre meus pais. Contei também das palavras de Damon e que estamos criando sentimentos um pelo outro. Eu consigo facilmente dizer para mim mesma que estou apaixonada por ele, mas falar em voz alta parece loucura e eu não consigo faze-lo. Por fim falei da confusão de hoje e da humilhação que Lilian me fez passar. Caroline ouvia tudo com os olhos azuis curiosos e de boca aberta.
— Caramba Elena, sua vida dá um filme. - Klaus disse e eu ri concordando com ele, só agora eu percebi que ele ainda estava na sala ouvindo tudo.
— Que tipo de sentimentos são esses, Elena? - Care questionou-me.
— Sentimentos Caroline, vários sentimentos. - tentei me desviar da resposta que ela queria.
— Você está apaixonada pelo Damon, não é? - ela disse dando-me um sorriso meigo.
— Sim. - respirei fundo - Eu... estou apaixonada por Damon.
— E o que te impede de ficar com ele?
— Tudo e todos, Caroline. - suspirei frustrada - Lilian deixou bem claro para mim minha posição naquela casa. Sem contar que Damon me deixou sozinha lá. Ele simplesmente fugiu e não me procurou mais.
— Isso foi totalmente covarde. - Klaus disse.
— Niklaus, você pode nos dá licença por favor? - diz Caroline autoritária e Klaus levanta uma das mãos em rendição e sai da sala.
— Isso foi totalmente covarde. - ela repetiu as palavras de Klaus.
— Eu sei e quero mata-lo por isso. - dei um suspiro pesado - Por que tudo tem que ser tão complicado? - Caroline me deu um sorriso fraco e me puxou para um abraço apertado.
Não contei a Caroline o que Lilian havia falado sobre Damon. O meu coração diz que ela está errada, mas meu subconsciente quer que eu cogite a ideia de que ela possa estar certa. Damon pode cair na realidade e perceber que eu sou apenas uma empregada, como ele mesmo já havia dito.
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