Harry e Gina voltaram pra casa com Teddy, abatidos demais pra pensar no que quer que fosse.
Entregaram o bebê pra Hermione, que os olhava preocupados e simplesmente viraram para a Sra Weasley, chorosos, dizendo:
— Acabou…
Molly cobriu a boca com as mãos e empalideceu, precisando se sentar para não cair com tamanho susto.
— Por Merlim.. tão nova…- a mulher tapava o rosto, chorando. Quando conseguiu se acalmar continuou.
— Oh, queridos, sinto muito que isso fosse acontecer na semana que devia ser a mais feliz da vida de vocês…- abraçou os dois, que ainda estavam muito abalados para responder. Harry temia que se abrisse a boca não conseguiria mais parar de chorar, então apenas abraçava a mulher de volta.
— Precisamos de organizar o enterro.- Gina conseguiu falar, finalmente.
— Amanhã de manhã?- Molly perguntou, se dirigindo agora a Harry.
O garoto fez que sim com a cabeça.
— Tá bem. Vá tomar um banho e se deitar querido. Deixe que resolvo tudo.
— Obrigado.- foi tudo que conseguiu dizer antes de subir pro quarto.
Gina e Molly se entreolharam preocupadas.
— Ele está muito abalado. Poucas vezes o vi assim.- Molly comentou, enxugando os olhos no avental.
— Ele está cansado, mãe. Cansado da morte. Perdemos muitos na guerra. E agora que estamos relativamente em paz, depois que a doida ruiva sumiu, vem a vida e apronta uma dessa. Ele sabe o que é crescer sem pai, nem mãe nem avós, e não queria que Teddy tivesse essa experiência também.
— Pobre Andy…
— Harry queria criar o garoto, mas queríamos ter que levar ele pra visitar a avó. Somente semana passada Teddy parou de chorar perguntando dela, e agora…- Gina parou e enxugou os olhos.
Não foi preciso continuar.
Molly apenas a abraçou e ficaram assim por algum tempo, até terem condições de organizar um rápido funeral.
...
Após um funeral pequeno na terça, Harry e alguns Weasleys enterraram a mulher junto da filha e do genro, na mesma campina que Fred também fora enterrado.
Harry parecia ter sido pisoteado por Grope, tamanha sua dor. Agora ele e Gina eram tudo que sobrara a Teddy. O garotinho, embora um pouco mais quieto, não parecia entender a situação. Entenderia tudo quando fosse mais velho, Harry pensava. "Era uma sorte que ao menos ele não teve que ir morar com trouxas que o detestavam e o deixavam passar fome", ele se pegou pensando com amargura.
— Você vai saber quem foram seus pais, Teddy, e sua avó também.
Gina pousava a mão em seu ombro, dando suporte.
— Quer adiar o casamento?
— De jeito algum.- Harry disse limpando o rosto.- A vida tem que continuar. Não vai ser um dia tão feliz quanto seria se ela estivesse aqui, mas vamos seguir. Ela iria querer isso.
Gina sorriu.
— É o homem mais corajoso que já conheci- beijando o rapaz levemente nos lábios.
— Vamos voltar pra casa?- uma abatida Sra Weasley perguntou aos dois, tendo acabado de visitar o túmulo de Fred.
— Vamos. Ainda temos coisas a resolver antes do casamento.- Harry falou com firmeza, fazendo Molly sorrir pra Gina.
— Isso mesmo querido. Vamos seguir em frente como sempre fizemos. É preciso de encontrar alegria em meio à dor.
Ao chegarem na Toca, o clima estava um pouco mais leve.
Sr Weasley e Sr Granger limpavam a oficina, tirando o excesso de entulho que normalmente ficava na porta do cômodo. Harry e Rony se juntaram a eles, o Sr Granger rindo muito do imenso estoque de tomadas do Sr Weasley.
Hermione, na sala, era vista se descabelando pra tentar trocar a fralda da irmãzinha.
— Ai, Sra Weasley, que bom que chegou! Mamãe foi tomar banho e deixou a Maitê comigo. Brinquei com ela, mas ela não parava de chorar, e aí quando eu vi ela tava suja mas ela não para quieta pra eu poder colocar a fralda!!- Hermione disse exasperada, os cabelos rebelados, com uma Fraldinha de pano na mão e uma sacola de fraldas do lado do sofá, enquanto a neném simplesmente balançava as perninhas gordinhas pra cima e ria.
— Não tem graça Maitê! Não podia deixar pra fazer toda aquela sujeira quando mamãe voltasse?
Molly riu até lacrimejar.
— Calme filha. Já limpou ela com o paninho úmido?
— Já. Apontando para um pano cuidadosamente dobrado numa sacola a parte.
— Então você vai pegar as perninhas dela com uma mão só e levantar um pouco.
— Assim?
— Isso, agora põe a fralda embaixo e solta as perninhas.
Ela fez o que era pedido.
— Agora é só juntar as pontas e prender com um alfinetinho aqui- a Sra Weasley disse bondosamente, entregando o alfinete à Mione, que tremia com medo de machucar a irmã.
— Pronto. Não é difícil.
Mione riu, abraçando a sogra.
—Obrigada!
— Agora deixa eu vestir a minha afilhada, antes que resfrie… pronto, pronto, pequena. Vamos passear com a madrinha.
O bebê começou a chorar de novo daí uns minutos, pra desespero de Hermione. Mas Molly simplesmente sorriu.
— Tá na hora de comer, né lindinha? Calma, calma, meu amor, mamãe já tá descendo...- disse Molly, pondo um mindinho na boquinha da recém nascida, que começou a sugar o dedo da madrinha, parando de chorar imediatamente.
Gina e Mione olhavam estarrecidas.
Molly riu da cara de espanto das duas.
— É um ótimo truque se estiver segurando um bebê faminto até a mãe voltar.
— A Sra é incrível- Hermione concluiu.
— Tome sua irmã, agora já sabe o que fazer.- disse ajudando Hermione a segurar a irmãzinha do jeito certo.
— Obrigada, Molly. Vejo que salvou Hermione…- a Sra Granger vinha descendo devagar as escadas.
— Precisava ver o desespero que ela estava- A outra riu gostosamente .
— Imaginei, considerando o estado da Hermione.
Gina se contorcia de rir da situação da cunhada. A garota ficou envergonhada ao perceber que estava suada da cabeça aos pés, e seu cabelo estava num estado um tanto engraçado.
— Agora deixe comigo, filha. Está na hora de comer, né minha pequena…- disse pegando a bebê do colo da filha mais velha.
Gina e Mione subiram para se trocarem.
— Duas crianças…- suspirou Louise, recebendo o aceno em concordância de Molly.
…
Sexta-feira
Sra Weasley passava um café bem forte às 5 da manhã. Véspera do casamento, milhares de coisas a serem feitas...
— Vamos conferir o checklist- a Sra Granger disse com energia, enquanto balançava a neném no braço para dormir.
— Vamos.
— Tenda?
— Entrega às 16h
— Mesas e cadeiras?
— Às 17h
— Vestidos e ternos?
— Estarão aqui às 10h.
— Ok.
— Decorações?
— Todas prontas.
— Petiscos, salgados, doces?
— Prontos.
— Bolos?
— Assados. Falta rechear e montar, o que faremos assim que aquelas duas aparecerem!
— É verdade! Onde se meteram Mione, Gina?
— Eu vou acordá-las. Devia saber que não iam levantar espontaneamente a essa hora da madrugada.
A mulher ruiva já ia subir as escadas quando viu as duas descendo, com enormes olheiras.
— Mas que cara é essa de vocês?
— Não conseguimos dormir- disse Gina num enorme bocejo.
— Por que não?- Sra Granger as observava.
— Estamos nervosas, hora!- Hermione respondeu a mãe.- Aí ficamos quase até de manhã acordadas, conversando.
Sentaram para tomar café.
— O que exatamente está perturbando vocês?- Louise perguntou, divertida.
— Bem, Harry quer me enlouquecer. Ele continua não falando onde vai ser nossa lua de mel.
Sra Weasley sentiu as orelhas esquentarem.
— E Rony não quer me contar de jeito nenhum!- Mione fez bico.
— Ora, não se preocupe, filha, vai ser um lugar perfeito.
— Você sabe?!
— Claro que sei, e que não contarei também.- disse rindo.
As meninas bufaram, decepcionadas.
— E você, Hermione, o que te preocupa?
— Como é ser casada?
Molly e Louise riram, deixando as meninas ainda mais emburradas.
— Não tem graça…- Gina resmungou.
— Vocês são casadas, já sabem como é, que custa dizer?!- foi a vez de Mione reclamar.
— É tão fofo vocês perguntarem que fica engraçado. Bem, Mione, respondendo sua pergunta. Estar casada é acordar todo dia do lado da pessoa que você ama.- Sra Weasley começou.
— E se lembrar todos os dias porque escolheu ficar com ela pra sempre, principalmente no dia que eles tiverem feito raiva em você.- Sra Granger pontuou, olhando nos olhos da filha.
As jovens desemburraram, se empertigando nas cadeiras pra prestar mais atenção.
— Vocês vão dizer a eles como se sentem com as atitudes que tomaram, se gostaram ou não, e com o tempo vão ajustando a convivência um com outro.- a mãe de Hermione acrescentou.
— E ainda assim haverão pequenas discussões, mas vão resolver porque se comprometeram a apoiar e escutar um ao outro.- Molly concluiu, com uma piscadinha pra Gina.
Ao final, as quatro estavam emocionadas.
Mais tranquilas pelos conselhos, as meninas acabaram o café e começaram a ajudar as mães a rechear e montar os enormes bolos de casamento.
Pouco a pouco, os três andares do bolo de nozes e os três andares do bolo Red Velved eram cobertos com glacê branco, recebendo os acabamentos com flores comestíveis dourado e lilás respectivamente, sendo finalizados com os noivinhos no topo.
Molly aplaudiu o resultado, aliviada.
Lançando um feitiço de resfriamento, e outro de proteção, colocou os dois bolos em um espaço especial da cozinha. Os feitiços evitariam que o calor estragasse os bolos e que algum curioso os provasse antes da hora.
Sra Granger tentava desviar o olhar quando a amiga fazia feitiços. Por mais que agora já estivesse um pouco mais acostumada, ainda achava estranho.
— Bom diaaaa- um Rony sonolento vinha chegando na cozinha.
— Bom dia.- Harry chegava também, com um Teddy aparentemente muito bem descansado nos braços a julgar pelos pulos que dava no colo do padrinho.
— Teddy, calma. São 7 da manhã, como pode estar tão acordado…- Harry bocejava.
— Deixa que a madrinha segura essa agitação toda- Gina veio se aproximando, depositando um selinho em Harry e pegando o afilhado pra ele conseguir tomar o café sossegadamente.
— Obrigado. Ei, Rony, olha lá!
Os garotos olhavam para os bolos, impressionados com o tamanho e a beleza.
— Naãejo ...a ora de ...patir…- Rony dizia com a boca cheia.
Hermione olhava feio pra ele. A garota detestava quando ele fazia isso.
— Nem pensem em se aproximarem desses bolos.- Sra Weasley olhou séria para os dois- e você Ronald Weasley, se falar de boca de boca cheia de novo prendo sua boca e vai ficar com fome até amanhã!
Rony assentiu, mal humorado.
À tarde, uma enorme tenda foi estendida no quintal d'A Toca, e as dezenas de mesas e cadeiras foram dispostas no local onde seria a festa, e abaixo de uma tenda menor, as cadeiras e o altar da cerimônia.
Como seria às 17h do dia seguinte, Molly e Louise deixaram para finalizar a decoração pela manhã.
Entre um afazer e outro, paravam para cumprimentar as visitas que começavam a chegar.
Carlinhos chegou da Romênia, a família de Fleur também veio na véspera, pra descansarem da longa viagem. Gui e Fleur dormiriam em casa e chegariam cedo no dia seguinte, pois a Toca já estava cheia demais. Para absoluto desgosto de Rony e Gina, quase 7 da noite Tia Muriel chegou também, surpreendendo inclusive Molly que só a esperava pela manhã.
— Ah, como estão meus bebês?!- disse ao empurrar as malas na barriga de Harry, deixando-o sem ar.
— Oi, Muriel!- Sra Weasley a cumprimentou, fazendo careta por trás.- Rony e Gina já estão vindo.
Na verdade, prevenidos da chegada de Muriel por Hermione, os garotos fingiram que subiam para tomar banho, demorando a dar as caras na sala pra ver se conseguiam se livrar da tia chata mais alguns minutos.
— Ah, Ginevra, que maravilha. Vejo que finalmente resolveu engordar um pouquinho. Mas continua uma varinha as canelas.- abraçou Gina, que deu um olhar fulminante a mãe. Ela fazia uma cara de quem seria capaz de matar, que ficou ainda pior ao ver que Harry ria da situação.
Vendo que ela o observava furiosa parou de rir e fez um coração com as mãos, que pareceu melhorar um pouco o humor dela.
Se livrando do aperto da enorme senhora, foi até Harry, e ficou observando a vez de Rony ser esmagado.
— Ah, Roniquinho! Bebê da titia tá enorme..- dando nele um beijo na bochecha que ele saiu limpando sem a menor cerimônia, fazendo Hermione, que estava com a irmã no braço, se sacudisse de rir a ponto de acordar Maitê.
— Jorge, Percy, que bom que chegaram queridos- Molly vinha andando até eles minutos depois.
— Oi mãe!- disseram juntos.
— Vocês vão ter que dividir o quarto, queridos. Muriel veio hoje. Não esperava por isso..- disse revirando os olhos.
— Sem problema mãe- Percy assentiu.
Jorge apenas olhava maliciosamente pra tia.
— Nem pense nisso, Jorge.
— Eu não fiz nada!
— Ainda. Por pior que seja ela é da família. Te conheço como a palma da mão, querido, sei que está pensando num jeito de irritá-la ainda hoje e fazer ela desistir de assistir o casamento.
— Incrível como você sempre me pega no ato!- Jorge comentou, rindo.- Ok, não vou fazer nada. Mas se ela me provocar não respondo por mim…
Enquanto os homens conversavam na sala, e tia Muriel irritava a Sra Weasley e até a Sra Granger, Gina e Mione subiram pro quarto.
Pegando seu caldeirão, Mione o posicionou, conjurou um fogo portátil que é uma de suas especialidades, fez jorrar água da varinha e começou a colocar os ingredientes que precisava na mochila.
— Mione, como conseguiu os ingredientes?
— Dei um pulo no Beco Diagonal no intervalo do almoço semana passada e comprei tudo.
A ruiva ria.
— Sua mãe sabe que está fazendo isso?
— Claro que não. Por ela eu usaria meu cabelo enorme amanhã no casamento.
— E vai falar o que quando ela acordar amanhã e ver seu cabelo repleto de poção alisante capilar?
— Eu digo que é um creme qualquer. Os trouxas tem produtos desse tipo pra abaixar os cabelos.
Cuidadosamente, Hermione acabou a poção, colocou no frasco e limpou o caldeirão.
— Bem, vamos atrás das duas antes que venham atrás da gente.- Gina disse, rindo nervosamente.
Hermione suspirou e desceu a escada junto com ela.
— Já é amanhã… essa semana voou.
— Nem me fale!
Ah, aí estão vocês!- Rony vinha andando até elas.
— Gina, vamos lá fora um pouco?- Harry pediu, carinhosamente.
— Vamos.
Os dois saíram andando.
— E você, quer dar uma volta também? Hermione piscou pra ele.
Rony tomou as mãos da menina, e sussurrou em seu ouvido:
— Que tal um rápido pulinho em Londres? Naquele restaurante que vocês levaram a gente?
Hermione sorriu e beijou suas mãos e disse:
— Só restaurante dessa vez.
Rony fez cara de indignado mas aceitou. Afinal, não podiam voltar muito tarde pra casa.
— Vamos então. Ele deu às mãos a menina e aparataram.
Enquanto isso, lá fora, Gina deitava no colo de Harry, observando as estrelas.
— Isso tudo aqui parece um sonho. Eu e você, juntos, felizes…
— Um sonho que você tornou real, ao me aceitar de volta após a batalha.
Gina sorriu e olhou carinhosamente para o noivo, passando a mão em sua barba começando a crescer.
— Como não aceitaria, meu sapinho de olhos verdes.
Eles riram.
— Então ainda lembra disso?- a menina riu
— Difícil esquecer a primeira carta de amor…
O garoto então a olhou, profundamente, nos olhos castanhos.
— Você me fascinou, Ginny Weasley. Amanhã, quando eu disser meus votos, saiba que os fiz e refiz 20 vezes durante o trabalho, porque fechava os olhos e via os seus, o que não me ajudou a concentrar.
A menina sorriu ainda mais.
— Ah, meu amor, você quem me fascinou. Te amo desde o dia que te vi perdido em Kings Cross.
— Perguntar a vocês como chegar ao trem foi a melhor escolha da minha vida, pois graças a isso ganhei a melhor família do mundo.
A menina o olhava, emocionada, e o beijou com carinho. E ficaram ali até bem tarde, namorando, fazendo planos pro futuro…
Quinze pra meia noite se levantaram para ir embora, encontrando com Rony e Mione, que acabavam de aparatar.
Entrando em casa, Gina deu um último beijo em Harry, e Mione em Rony, despedindo-se dos noivos.
— Até o casamento!- as duas falaram juntas e subiram a escada rindo, deixando os dois ansiosos por mais.
— O dia vai custar uma eternidade pra passar sem elas- Harry resmungou.
O amigo concordou.
— Bem, melhor irmos dormir um pouco então pra algumas horas passarem rápido pelo menos.
Se despediram das visitas que conversavam ainda na sala e foram se deitar, esperando mais que nunca o dia seguinte.
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