História New Stage - Fallen masks

Nunca estive tão nervoso e desesperado ao mesmo tempo.

Talvez “nunca” seja uma palavra muito forte, mas eu não conseguia me lembrar. Na verdade mal conseguia pensar.

Saímos da delegacia e eu me mantive em silêncio, não confiava em mim para abrir a boca e dizer nada, sentia que estava prestes a desmoronar a qualquer momento e não faria isso perto de ninguém.

Quando Otto nos deixou em casa eu lhe agradeci e antes de entrar eu parei na porta vendo meus dois irmãos me encararem a frente sem entender.

- eu... queria ir ver minha mãe. – falei baixo.

Eles se olharam rapidamente.

- tudo bem Nico, vou com você. – Percy disse se aproximando e não tive forças para afastá-lo.

Mas sabia que precisava.

- não, tudo bem. Eu prefiro ir sozinho. – tentei, mas ele bufou.

- você não vai a lugar nenhum sozinho. – garantiu e eu soube que era inevitável que ele fosse.

Porém não contava que meu outro irmão fosse junto.

(...)

Jason estava dirigindo o carro antigo de Poseidon a caminho do cemitério onde minha mãe estava. Eu estava no banco da frente e Percy no de trás que segurava minha mão entre o vão dos bancos.

Apesar de tudo segurar sua mão, senti-lo ali comigo me deixava mais calmo e relaxado.

- Nico, o que realmente aconteceu naquela sala? – Jason perguntou intrigado.

Prendi o ar sem conseguir evitar e o soltei levemente tentando disfarçar.

- nada demais. – respondi fazendo pouco caso.

Percy suspirou.

- Nico, você acha que é bom em mentir, mas é péssimo. – ele disse com um ar de divertimento, mas estava claramente preocupado.

Respirei fundo. Eu não podia esconder aquilo deles...

- tudo bem. – cedi. – é que... – Faróis e uma buzina me fizeram olhar rapidamente para atrás de Jason. – JAS...

Não consegui terminar de dizer já que um barulho ensurdecedor veio da lateral do carro e o baque nos jogou para o lado.

Eu não conseguiria descrever o que realmente aconteceu, eu só me lembro de tudo girando e depois um apagão.

Em segundos o carro estava no meio da rua, abri e fechei os olhos várias vezes tentando me localizar. Jason ao meu lado estava desmaiado com cortes no rosto do vidro quebrado da janela lateral e seu braço estava em uma forma estranha, mas ele respirava lentamente.

- Jay... – sussurrei em vão.

Olhei para trás e a mão de Percy ainda estava na minha, porém ele estava caído no banco de trás inconsciente, não conseguia ver seu rosto já que seu cabelo estava tampando, mas um desespero me ocorreu.

- Percy! – minha voz saiu falha e dolorida. Tentei me levantar ou me mexer, mas cai novamente no banco com a cabeça latejando e uma vertigem de embrulhar o estômago. De repente a porta ao meu lado abriu num estrondo e senti mão firmes e brutas sobre mim. – Não... – protestei em vão, já que logo fui dominado pela escuridão da minha inconsciência.

(...)

O frio dominou minha pele causando um arrepio intenso que me fez abrir os olhos e logo gemer de dor, minha cabeça parecia que ia explodir e com certeza eu estava com um galo enorme na lateral.

Assim que abri os olhos me encontrei amarrado a uma cadeira de madeira de quatro pernas, meus tornozelos e pulsos juntos a cadeira estavam amarrados com uma fita adesiva grossa e firme.

- o que...? – falei baixo, mas só o som da minha própria voz já doía.

O quanto forte eu bati a cabeça?

- Olá Nico. – uma voz masculina e fria soou me fazendo olhar para frente.

La estava ele, como eu me lembrava, o homem que atirou em minha mãe. Claro que ele estava um pouco mais velho agora, mas mantinha seu olhar escuro e frio e os cabelos estavam quase grisalhos. Ele me deu um sorriso perverso.

- você... – minha voz falhou me fazendo tossir.

- eu. – ele disse presunçoso. – ainda bem que você está consciente. Seria um problema ter que subornar algum médico para vir aqui. – disse entediado e depois olhou para o lado. – espero que o loirinho acorde logo também.

Com isso meu coração parou ao olhar para onde aquele homem encarava. Jason estava amarrado da mesma forma que eu em um cadeira ao lado, sua cabeça loira pendia para frente deixando claro sua inconsciência, havia uma tala em seu braço direito que antes estava quebrado e suas roupas estavam manchadas de sangue que provavelmente escorria de seu rosto ralado pelos cacos de vidro.

- Jason... – minha voz falhou drasticamente. Eu o olhava com horror.

Não, não, não... isso era exatamente o que eu temia...

- fique calmo. Ele vai ficar bem. – o homem disse sem se importar e sentando a uma poltrona a nossa frente. Só então percebi  que estávamos em uma sala de uma casa, mas parecia abandonada ou pouco utilizada. – na verdade, isso só depende de você garantia.

Garantia... o jeito como ele me chamou, como se gostasse daquilo. Encarei o homem com desprezo.

- o que foi que você fez? Porque ele? Porque o trouxe junto!? – indignei e ele me deu um sorrisinho leve o que fez meu sangue ferver mais e minha cabeça doer.

- vamos esperar ele acordar. – disse com desdém.

- você não é o cabeça disso tudo. Nem deve saber o motivo disso. – falei canalizando meu desprezo. Eu sabia que homens assim não gostavam de ser menosprezados.

O homem cerrou os olhos enrugados para mim. Ele tinha porte atlético e era alto, um típico capanga de bandidos.

- pensando bem... – ele se levantou e ficou entre minha cadeira e do Jason. – acho que seu irmão pode acordar agora. – ele deu um tapa no rosto de Jason que deu um leve salto acordando.

Cerrei os punhos e os dentes, mas não tive forças para tentar avançar. Encarei meu irmão varrer o lugar com seus olhos azuis doloridos e dispersos. Então ele olhou para o homem com raiva e quando me viu o desespero era nítido.

- Nico? – ele me olhou como se se desculpasse e depois encarou o homem que agora voltou a sentar a nossa frente com pouco caso. – seu desgraçado. Você disse...

- o que!? – perguntei sem conseguir evitar.

Jason me encarou com desespero.

- conte a ele loirinho. – o homem disse divertido.

- Nico eu... Sinto muito. Tudo que fiz, fiz para proteger vocês. – ele disse me fazendo murchar sem acreditar.

- o que você fez Jason? – as palavras saiam com uma dor tão nítida que me envergonhei por um breve momento.

Ele tinha os olhos marejados e a voz trêmula e dolorida quando falou.

- eu nasci e vivi aqui minha vida toda Nico, e quando soube da sua história, comecei a investigar. – contou.

- enxerido. – o homem debochou, mas o ignoramos.

- eu os descobri, na verdade eles me acharam e então nós... – ele engoliu seco. – fizemos um acordo.

Fiquei o fitando sem acreditar, mas sabia quanto fechada e severa estava minha expressão.

- Basicamente. – o homem suspirou impaciente. – Seu irmão exigiu sua proteção e da sua família em troca de informações. Não queria que pegássemos você, mas nós ainda queremos o desgraçado do Hades, então uma mão lavou a outra. – ele sorriu. – até agora.

Minha cabeça girou e meu estômago embrulhou de novo e mais forte, desviei meus olhos de Jason para tentar me conter e não desmoronar ali mesmo.

Como ele pode? Como pode fazer isso? – eu queria gritar com ele, mas não conseguia dizer nada.

Jason encara o homem com ódio e desprezo.

- Meu outro irmão. Onde ele está? – ele perguntou me fazendo enrijecer. Percy... – Ethan o que você fez com ele!? – Jason gritou para o homem, mas logo recuou com uma careta de dor, provavelmente por ter forçado o braço quebrado só agora se dando conta disso.

O homem que imaginei se chamar Ethan revirou os olhos.

- não precisa gritar loirinho, ele não me interessa no momento então o deixei lá. Ele vai ter um belo susto quando acordar sem vocês por perto, mas o lugar era movimentado então a ambulância chegaria rápido. – ele disse pensativo com total ar de desdém.

Esteja bem, por favor, esteja bem. – pedi mentalmente.

- porque isso mudou? Você poderia ter nos matado. – Jason o confrontou, estava furioso como raramente era.

Senti um arrepio com sua voz.

- ele foi a polícia. – Ethan apontou para mim. – e isso nos implica muito. Estamos sendo mais observados agora e isso é péssimo para os negócios. – ele suspirou pesadamente. – mas, isso pode ter algo bom, certo? – Ethan me encarou com seus olhos castanhos escuros. – Você pode nos levar até ele e matar logo essa dívida longa e empoeirada. O chefe está começando a se irritar e não é legal quando ele se irrita e nos manda matar todos. – ele fez uma careta.

Então realmente tinha um chefe.

- o que te faz pensar que se eu encontrar ele o levaria a vocês e não a polícia? – falei seco e ele deu um suspiro pesado.

- ah você não vai levá-lo a policia. Aquela cria dele não vai permitir, aquela mulherzinha irritante tem sorte por ser tão boa no que faz ou já estaria em um caixão. – ele disse com uma raiva nítida por Bianca e depois sorriu maligno para mim. – você sabe como funciona.

Como aconteceu com minha mãe.

Apertei meus punhos e dentes ignorando a dor gritante em minha mente.

- eu vou matar você. – falei entre dentes sentindo todo meu corpo ferver.

Ele riu alto e debochado.

- não garoto, você não vai. – respirou fundo recuperando da risada. – mas eu posso matar você, e sua família. – ele olhou para Jason insinuativo e se levantou dando uma volta em torno do loiro que não se moveu. – imagine como a pobre e doce Sally ficaria arrasada tendo os três filhos assassinados? Não. – ele fingiu pensar. – eu deixaria um para contar historia.

Ethan pegou um canivete do bolso e puxou o cabelo de Jason que grunhiu antes de Ethan encostar a lamina em seu pescoço.

- Não! – falei mais baixo do que pretendia. – o que você quer!?

Ethan riu e Jason fechou os olhos pela dor.

- e a linda Hazel? – todos os meus ossos pareceram congelar quando ele disse o nome dela. – claro que sabíamos dela, mas o padrasto é policial e isso complicaria a nossa vida, mas desta vez o chefe está disposto a arriscar. – tão linda... fico imaginando o que não faria com aquela garota.

- não ouse chegar perto dela. – falei entre os dentes trincados. – se você encostar um dedo nela, eu...

- você o que!? – Ethan riu ao soltar Jason que gemeu baixo respirando fundo.

O homem veio até mim e me encarou de perto com o canivete apontado para meu peito.

- olhe bem sua situação garoto, você não vai fazer nada além do que quisermos. Ou seja, você vai encontrá-lo e entregá-lo para nós.

Respirei devagar tentando conter meu nervosismo.

Pense Nico, pense.

- se vocês pegarem ele, o que farão?- perguntei receoso e ele sorriu.

- isso não é sua conta e eu duvido que você tenha algum afeto por aquilo. – disse Ethan com desdém.

- tudo bem. – falei em um suspiro dolorido.

- Nico. – Jason me advertiu sendo ignorado enquanto Ethan sorria e de afastava.

- amanhã ela vai me ligar e marcar um encontro entre nós. – falei fingindo remorso.

Ethan abriu um sorriso de orelha a orelha.

- parece que temos um acordo então. – ele disse satisfeito. Sem que eu pudesse ver como ou quem um capuz negro cobriu minha cabeça. – serão deixados no hospital, fingem não lembrar de nada. – sua voz ficou distante, mas logo se aproximou de novo. – aah e Nico. – ele disse perto. – nós saberemos se estiver armando algo.