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História New Years Eve - Not alone


Escrita por: doctorjaljal

Notas do Autor


Capítulo inteiramente dedicado a @parkjuju que está fazendo aniversário hoje.
Quero dizer que te amo e seu bolo ta na minha geladeira, muitos anos de vida para você neném.
Um obrigado especial para @padfoot_ly por ter betado o capítulo e por ser um neném.

Capítulo 4 - Not alone


Harry pov.

 

— Não Rony, pela milionésima vez, eu não estou te trocando — Disse em voz alta para o ruivo deitado em minha cama, vendo o mesmo bufar e dar uma risada debochada.

— Como se você fosse assumir isso na minha cara — Ele falou enquanto cruzava os braços de forma indignada.

Encarei meu melhor amigo com uma expressão séria, vendo ele me encarar da mesma forma e erguer uma sobrancelha, revirei os olhos com o ato.

Ronald Weasley, 18 anos.

Nos conhecemos da forma mais inusitada do mundo todo. Desde muito novo eu usava óculos, porque apesar da minha mãe se gabar aos 4 ventos de que eu tinha seus olhos, minha miopia discordava, afinal, ela vinha diretamente de James Potter e se instalava em minha retina, me tornando uma minhoca quase completamente cega ao ver imensos borrões no lugar dos objetos e pessoas.

Acontece que quando se é criança, você só pode participar de um grupo, então ou você é um valentão, ou você é o que sofre algum tipo de bullying, ou você é alguém completamente neutro e ninguém mexe com você. O real problema é que existia alguns estereótipos que automaticamente te incluía em um desses grupos, e usar óculos me colocava de forma certeira no grupo dos que sofreriam bullying.

Na minha primeira semana de aula na escola primária, alguns garotos haviam pego meus óculos e escondido, e como naquela época enxergar era complicado, eu não pude fazer nada além de chorar para a professora. Quando meus pais chegaram na escola para me buscar após a professora ligar, um ruivo de olhos claros e várias sardas pelo rosto caminhava até mim com meus óculos em mãos e um sorriso expansivo, mostrando a janelinha de um dente que havia caído.

— Eu achei aonde eles esconderam, estava em baixo da mesa da professora — Ele disse ao colocar meus óculos no meu rosto, bagunçando meus cabelos com afeto. — Eles não vão mais implicar com você, eu prometo.

Me lembro de ter sorrido de forma chorosa e abraçado o garoto com muita força, agradecendo por ele ter devolvido minha visão e dizendo que ele iria ser meu melhor amigo para o resto da vida.

É claro que eu não sabia o buraco que eu tava me enfiando.

Rony era o melhor amigo do mundo. Sempre que chegava em um lugar ele era facilmente notado, afinal, ele era um ruivo muito bonito e, com o passar dos anos, se tornou um homem muito charmoso. Apesar de ele nunca dar atenção para ninguém a sua volta, o desgraçado sabia que era bonito e fazia o possível para se sentir bem. Era algo que eu achava divertido de ver, afinal, nossa amizade era uma via de mão dupla e eu queria que ele se sentisse bem sendo quem ele era, da mesma forma que ele passou anos me incentivando a fazer.

Rony era o filho do meio dos 7 filhos de Arthur e Molly Weasley, e todos eram ruivos estonteantes, então ele nunca teve confiança de se permitir ser algo por medo de ser ofuscado, logo a primeira coisa que fiz quando nos tornamos melhores amigos foi apresentar ele para minha família.

Porque sim, Sirius e James eram coach de autoestima e confiança.

Além de que, minha mãe é uma ruiva tão estonteante quanto e enfiou na cabeça de Ronald que a beleza não estava no físico, e sim no empoderamento que você assume quando decide que não há ninguém no mundo que você ame mais do que a si mesmo. Isso entrou com força na cabeça dele, que com o passar do tempo foi adquirindo coragem para escolher as roupas que gostava e admirar seu reflexo no espelho, cuidando do corpo e mantendo uma imagem que considerava atraente.

Aquilo querendo ou não também refletia em mim, que já tinha o costume de trocar os óculos por lentes por me achar mais bonito com elas, e obvio por também não querer que o incidente do primário se repetisse. Eu não era modesto e me considerava alguém extremamente atraente e charmoso, e ter Rony seguindo o mesmo caminho era ótimo, até porque ele dizia que queria estar a minha altura e que deveríamos ser uma dupla irresistível.

Papo furado, ele era lindo até de pijama.

Os anos foram se passando e nossa amizade subiu todos os níveis possíveis, tornando ele o irmão que eu nunca tive. É claro que a proteção que iniciou nossa amizade nunca teve fim, afinal, eu me assumi gay no meio do ensino médio, e não tinha época pior. Mas como sempre, nada é tão ruim que não possa piorar, e ao começar um namoro com Cedrico, Rony vestiu a capa do cão de guarda e seus rosnados odiosos eram a última coisa que alguns preconceituosos ouviam antes de apanharem.

Uma coisa boa sobre Ronald ter crescido com tantos irmãos mais velhos é que ele era muito bom de briga, isso somado a academia e o futebol, e tínhamos alguém incrivelmente forte, então minha homossexualidade deixou de ser novidade tão rápido que eu mal tive tempo de me ofender.

O ruivo nunca demonstrou nenhum interesse em ninguém. Nunca teve um relacionamento, nem mesmo algumas escapadas para trocar alguns beijos. Eu sabia que no fundamental ele havia tentado namorar uma menina que vivia o perseguindo, a coitada da Lilá Brown, eles trocaram alguns beijos, mas no fim Ron decidiu que era melhor terminar para não magoar a garota, visto que ele não sentia nada por ela. Foi a única interação de Ron com alguém romanticamente falando, e como havia sido um desastre, ele parecia ter decidido que não iria procurar mais por coisas do tipo. Comigo foi totalmente o contrário, porque depois de terminar com Cedrico, eu fiquei com mais alguns rapazes e suspirava por alguns mais bonitos.

Ele era a única pessoa que eu mantinha na minha vida por fazer questão, porque não conseguia me ver sendo alguém que não poderia ligar para ele quando sentisse falta, e ele parecia sentir o mesmo, sem contar que por nossa causa, nossos pais se tornaram bons amigos, então era uma forma de nos mantermos juntos.

A minha amizade com todos os outros irmãos dele foi um bônus, porque como George gostava de dizer, agora eram 8 Weasleys por minha causa.

Mas Ron tinha algo que era extremamente difícil de lidar.

Os ciúmes.

Eu costumava brincar falando que ele sonhava tanto em ser como meu padrinho Sirius que estava assumindo um pouco de sua personalidade. Era uma teoria que fazia sentido, porque tudo estava se encaminhando para isso.

O grande interesse por ser o foco da visão de todos os seres vivos.

O charme.

O amor.

A proteção obsessiva.

E os piores, os ciúmes e o drama.

Já fazia mais de meia hora que Ron estava deitado na minha cama reclamando que eu estava trocando ele por Draco, apenas porque convidei o rapaz para sair e mostrar a cidade a ele.

Ron nunca fora contra fazer novos amigos, tanto que no ensino médio nós dois vivíamos rodeados de pessoas, mas no final, sempre sobrava apenas a gente. Eu sabia que nosso círculo de amigos iria crescer na faculdade, afinal, eu iria fazer medicina e Ronald iria cursar direito, então teríamos a obrigação de nos enturmamos com pessoas desconhecidas, o que não iria ser difícil considerando que seriam pessoas com gostos semelhantes aos nossos em questão de carreira, mas isso parecia deixar ele ainda mais apreensivo.

Esse pânico todo do ruivo era pelo fato de ele ter medo de que, por não estarmos mais juntos na mesma classe, eu fosse sofrer algum tipo de abuso ou violência por causa da minha sexualidade. Eu repetia que era um medo sem fundamento, pois eu sabia me defender muito bem sozinho e nós iriamos ficar na mesma faculdade, eram apenas salas diferentes, não tinha com o que se preocupar.

Após meses de conversa e muito puxão de orelha, ele havia aceitado com a condição de que eu não escondesse nada que me magoasse ou ofendesse. Eu concordei, logico, até porque mesmo que ele não pedisse, eu iria fazer por não conseguir evitar de passar um resumo diário para ele de todos os acontecimentos.

Então, com isso, eu tive que explicar calmamente o que fez eu ter vontade de apresentar a cidade para Draco e o incentivar a procurar uma faculdade na região, o que só não foi uma tarefa exaustiva por ele estar de bom humor pela viagem ao Egito que ele tinha feito a alguns dias com a família.

— Então você está querendo que eu acredite que você só está sendo um bom afilhado ao convidar esse tal de Malfoy para um encontro? — Ele disse ainda com os braços cruzados.

— Eu não estou fazendo isso por Sirius, e pela última vez, não é um encontro! — Disse com a voz alta, esfregando meus dedos em minhas têmporas ao sentir minha cabeça latejar.

Eu havia pego um resfriado forte ao longo da semana, então minha cabeça doía com uma frequência alta, mas eu achava que já estava melhor. Deveria ser o estresse.

— Como não é um encontro se você está até escolhendo a roupa que vai usar? — Ele perguntou com uma expressão debochada.

— Eu sempre escolho a roupa que vou usar — Disse de forma indignada.

— Mentira. Você só pega a primeira que vê e veste, porque diz que fica bonito com qualquer coisa e que gosta do charme da imprevisibilidade do seu guarda-roupa, tanto é que você até arruma suas roupas com a ordem das suas favoritas para as que menos gosta — Falou com um sorriso malicioso nos lábios, apontando para as portas abertas do meu armário como se indicasse o X em um mapa do tesouro.

E bom, era aquele ditado né, na fila de quem me conhecia melhor, eu ocupava o sexto lugar e Rony brilhava inoperante em terceiro, ficando atrás somente de Remus e minha mãe, então é claro que ele tinha razão.

Eu estava ansioso para meu passeio com o lindo Draco Malfoy em algumas horas e não fazia a menor ideia do que vestir, porque após uma pequena analise nas redes sociais do loiro eu descobri que ele era extremamente caprichoso com as vestes e só usava roupas bonitas e combinando. E, como o ruivo falou, eu era aquela pessoa, né? O que minha mão pegasse primeiro eu usava. Nunca acontecera de eu me vestir de forma bizarra, mas eu queria evitar as chances disso.

— ‘Tá, eu quero estar bonito hoje, mas isso não quer dizer que é um encontro. Eu nem estou tão afim dele, sem contar que ele provavelmente é hétero — Eu disse de forma esperta, vendo Rony revirar os olhos.

— Harry querido, não seja burro, você me disse que ele ficou bem empolgado com o fato da sua família ser tranquila com o lance de ser gay. Ele deve ser no mínimo bi — Rony falou em voz alta, sacudindo os cabelos para frente e os prendendo em um coque.

Outra coisa interessante sobre Rony era que ele adorava participar de apostas, tanto que estava a 1 ano sem cortar os cabelos por ter perdido uma com sua irmã, Gina, e só poderia os cortar no próximo aniversário da ruiva. Então sim, Rony estava diabolicamente bonito com os cabelos ruivos passando alguns dedos dos ombros.

— Talvez você tenha razão — Eu disse com uma expressão séria, pensando sobre o que Rony havia dito e negando com a cabeça. — Mas não importa, eu apenas quero ser amigo dele, não importa o quanto ele seja lindo, educado, simpático, gentil, com uma voz deliciosa e um sotaque charmoso e esteja sempre tão bem vestido... o que eu estava dizendo?

— Uma grande mentira — Ron resmungou pegando um dos livros na estante do meu quarto, folheando algumas páginas e voltando para minha cama, se deitando de bruços. — Usa a calça preta rasgada, ela combina com aquele sua camisa social que é quentinha e coloca o sobretudo que Sirius te deu de natal.

Dei um sorriso ao ouvir o rapaz falar, indo na direção das peças e as separando, rindo ao perceber que a camisa social azul claro deixaria um bonito contraste com o azul marinho do casaco. Caminhei até Ronald e deixei vários beijos nos cabelos do rapaz.

— Você é o melhor amigo do mundo e ninguém nunca vai ocupar o seu lugar — Falei apertando ele em meus braços e esfregando meu rosto no ombro do mesmo.

— Eu sei, acho bom aquele loiro aguado não tentar nada com meu lugar, eu acabo com ele. Agora vai se arrumar porque você leva duas vidas inteiras para deixar seu cabelo apresentável e daqui a pouco dá sua hora de ir — Ele disse com um sorriso brincalhão nos lábios ao me empurrar para fora da cama.

Sorri satisfeito ao ver que a crise de ciúmes havia acabado e corri para o banheiro para me arrumar.

Hoje o dia iria ser bom.


Notas Finais


É isso galera, espero que tenham gostado.
Então, o que acharam do Ron? Ele finalmente apareceu pra mostrar que sim nada separa essa amizade impecável.
O próximo capitulo finalmente é o passeio e espero que estejam ansiosos porque ta uma delicia de ler.
Comentem o que estão achando e me digam aonde vocês acham que o nosso Harry vai levar o loiro tentação.
Até o próximo.


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