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História Nicest Thing - Garota de Aluguel


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


Hey, girls, voltei.
Primeiramente, queria agradecer mais uma vez a todas que estão acompanhando a fic. Eu já ouvi de algumas pessoas que a minha história é "diferente", felizmente, disseram que era diferente de uma boa maneira rs. Eu entendo caso alguém não curta, também tenho meus gostos e preferências pessoais, mas fico muito feliz de saber que tem quem goste do que eu escrevo, é realmente uma honra para alguém tãaao insegura.
Até então, eu tenho mantido um ritmo até bom nas postagens, procuro não espaçar muito o tempo pra vocês não esquecerem a história e, até agora, funcionou bem. Poréeem, devido a algumas coisinhas que rolam nessa cabecinha aqui (não relacionadas à fanfic), eu aviso que provavelmente o ritmo pode mudar, não é certeza, é só uma satisfação caso eu demore mais que o normal. É muito ruim realizar um trabalho que você não ache que esteja, no mínimo, bom, e eu não quero apresentar nada menos que o meu maior esforço para escrever essa história que é importante para mim. Geminiana que sou, não garanto absolutamente nada para vocês, eu posso chegar com um novo capítulo amanhã ou daqui um mês. God only knows.

Enfim, desculpem pelo textão quase maior que o capítulo, é só um pequeno desabafo. Aproveitem e não me matem.

Capítulo 10 - Garota de Aluguel


- Alex? – Deixou a bolsa no sofá e ligou as luzes do ambiente que estava na mais completa escuridão.

- Al, cadê você? – Falou em um tom de voz mais alto.

Nada de resposta.

- Alex?! – A loira gritou enquanto corria após ouvir um som de vidro quebrando.

A cena era trágica, quase poética. Alex Vause estava sentada no chão, nua, com os cabelos desalinhados e muitas, muitas lágrimas escorrendo pelo rosto rubro. Além, é claro, de uma garrafa que poderia carregar algum conteúdo etílico, caso não estivesse despedaçada no chão, causando um corte no pé da moça que xingava palavras incompreensíveis.

- Meu deus, Alex! – Nicky pronunciou, extasiada com o que via.

- Sai, Nicky! – Ela disse largando o pedaço de vidro que ainda permanecia em sua mão e escondendo o rosto com as mãos, abaixando a cabeça.

- Alex, o que aconteceu? – A loira foi chegando calmamente perto de Alex, tentando desviar dos pedaços de vidro.

- Nada – a morena disse com a voz abafada, ainda escondendo o rosto.

- Alex, olhe para mim – Nicole disse séria.

Nada.

- Alex, levante-se, você precisa tomar um banho – disse tocando de leve no braço dela.

A morena levantou o olhar, era sentido, pesado, embriagado.

- O que aconteceu, meu amor? – Nicky disse calma, ajoelhando-se e passando a mão no rosto molhado da amiga.

- A Piper aconteceu, Nicky – ela disse com a voz chorosa. O coração da loira se partiu no mesmo momento.

- Ei, que besteira, você não pode ficar assim por uma mulher que mal conhece – disse tentando erguer o corpo da morena. – Vamos tomar um banho.

- Nicky... – Alex disse ainda chorando. – Eu disse para ela ir embora! – Cochichou, como se contasse um segredo. – Eu falei, Nicky, mas ela voltou! – Falava enquanto se apoiava na menor.

- Esquece a Piper, Alex. Vamos tomar um banho, seu pé tá cortado, olha o que você faz com você mesma!

Alex se sentou na cama.

- Nicky, a gente transou aqui, nessa cama! – Bateu a mão no colchão. – Ela fez tudo o que queria e foi embora sem nem dar tchau, nada! – Gritou.

A loira finalmente entendeu e previu todo o problema que teria pela frente.

- Foda-se a Piper, entendeu? – Ajoelhou-se na frente de Alex. – Já tiveram outras Piper’s e você sobreviveu. E vai continuar sobrevivendo, ok? – Disse a olhando nos olhos.

- Você não entende, Nicky! – Esfregou o rosto com as duas mãos, nervosamente – Ela era... Diferente! O que aconteceu aqui nunca tinha acontecido antes! – Deitou-se com as mãos na cabeça. – Meu deus, eu odeio tanto a Piper!

- É, eu sei – Nicky disse com a mão na cintura, analisando a situação deplorável da amiga. – Agora levanta daí, você tá um lixo.

Alex retirou as mãos da cabeça e dirigiu o olhar a ela.

- Nicky... – lamentou-se, chorando.

Nicky se deitou ao lado dela na cama. – Alex, você é a pessoa que eu mais amo no mundo, eu não vou deixar você se destruir por ninguém. Controla esse coraçãozinho aí – disse com sua voz rouca, mas cheia de sentimento.

Alex a olhou e mais algumas lágrimas escorreram por seu rosto.

- Além do mais, a Piper é uma idiota de deixar uma mulher como você para trás assim, olha só tudo que ela perdeu – disse enquanto percorria o olhar pelo corpo exposto de Alex. A morena finalmente sorriu.

- Agora vamos, você precisa de um banho e alguns cuidados – sentou-se.

- Nicky... – a loira a olhou – Eu sinto tanta falta da minha mãe.

- Eu também sinto falta dela – Nicky sorriu fraco. – Mas você ainda tem a mim, e eu quero ter você, mas não assim.

- Desculpe-me por ser assim, eu sou uma péssima amiga, não sou? – Perguntou chorando mais um pouco.

- Al, você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço, só precisa acreditar nisso e ser a mulher confiante e decidida que aparenta ser – passou a mão nos cabelos da morena.

 - Você está certa – passou a mão limpando as lágrimas. – Eu ainda estou bêbada, me ajuda a levantar?

- Sempre!

 

***

Finalmente chegara o dia em que Larry voltaria da viagem. Para Piper, era uma sensação agridoce. A presença do marido supostamente deveria acalmar as coisas em seu corpo e seu coração, mas, ao mesmo tempo, a culpa – que agora era consumada – a corroía por dentro. Larry era um bom homem, um marido respeitoso e fiel, ele não merecia aquilo. Ao mesmo tempo, a atração que sentia pela morena de olhos verdes não era algo controlável: fugia de suas vontades, de seu domínio, era um tsunami de sentimentos e desejos que varriam todo o seu bom senso. Estar com Alex era uma loucura, mas estar sem ela também não parecia uma opção viável, os dias corridos desde o último encontro das duas se passavam arrastados, difíceis, amargos. E era essa amargura que consumia Piper por inteira.

 

 - Baby, a viagem foi ótima, iremos trazer um novo cirurgião plástico para o período de adaptação no hospital e, se tudo der certo, ele ficará aqui, meu pai vai me agradecer para sempre! – O homem dizia empolgado, saindo do banheiro após o banho.

- Isso é ótimo – Piper respondeu sem muita empolgação.

- É perfeito, meu amor! – A beijou no rosto logo após vestir uma camiseta.

Piper se movia nervosamente sentada à beira da cama.

- Tá tudo bem, Pipes? Aconteceu alguma coisa? – Percebendo a irritação da esposa, Larry questionou.

- Não! – Ela respondeu rápido.

- A Christine está bem?

- Sim, está tudo bem!

- Você está diferente – ele disse a olhando, terminando de vestir uma calça de moletom.

- Diferente? Como? – Ela perguntou, desconfortável.

- Não sei, meu anjo, deve ser impressão minha, ou a saudade... – deitou na cama e a abraçou pela cintura. – Você também sentiu saudades? – perguntou a olhando.

- Claro – sorriu – você sabe que eu odeio quando me deixa aqui sozinha – respondeu enquanto passava a mão na cabeça dele.

- Ei, eu não te deixei sozinha! Deixei uma pequena companhia que vale por mil.

- Isso é verdade – ela relaxou um pouco.

- Pipes...

- O que?

- Eu te amo. Desculpe-me por não ser tão presente, eu só quero o melhor para as mulheres mais importantes da minha vida... Eu não sei o que está acontecendo, mas eu sei que conseguiremos resolver, nós sempre conseguimos – falou a olhando deitado com a cabeça em seu colo.

Piper sentiu o coração despedaçar.

- Não tem nada para ser resolvido, Larry – passou a mão nos cabelos molhados dele.

- Tem certeza?

Ela se calou por alguns segundos. – Tenho – falou desviando do olhar dele, sem graça.

Ele sorriu, fingindo que acreditava no que ela dizia.

 

***

- Piper! – Polly seguia a loira pelos corredores do hospital.

- Me deixa em paz, Polly! – Piper dizia enquanto andava com pressa.

- Você ainda não me contou nada sobre a Alex, se não parar e me contar agora, vou colocar o pé para você cair!

Piper parou e olhou admirada para a amiga.

- Eu já falei que não aconteceu nada, por deus! – Disse irritada. Ela havia enrolado Polly por dias, mas a mulher não saia de seu pé.

Polly a olhou sem paciência.

- Tudo bem, se você quer passar por isso sozinha, que passe. Eu não vou mais insistir.

- Nós transamos – Piper sussurrou para a amiga que já ia virando as costas.

Polly parou e voltou o olhar para Piper com um sorriso vitorioso.

- E então?

- E então eu fui uma filha da puta e fui embora sem falar nada, e agora ela não quer me ver nem pintada de ouro – Piper respondeu gesticulando as mãos.

- Como assim, Piper? O que você fez? – Polly perguntou falando baixinho enquanto as duas encostavam-se a parede.

- Eu não sei, Pol – Piper disse olhando para baixo. – Eu pirei, entende? Quando eu percebi o que tinha feito... Eu...Eu só sai correndo. Eu me senti muito bem na hora, mas depois me senti um monstro, eu só pensava na minha família...– Olhou para a mulher que a observava atenciosamente.

- Como foi? – Polly perguntou séria.

- Foi incrível, ela é muito mais do que eu imaginei – a loira esboçou um sorriso. – E isso é uma droga. A Alex não merece isso, o Larry não merece isso... Por que eu sou assim?

- Eu não sei, só sei que não queria ser você nesse momento – Polly disse a olhando. Piper revirou os olhos.

- O que eu faço? – Arregalou os olhos azuis em desespero.

- Você precisa se desculpar com a Alex, mas, antes, precisa decidir o que quer. A Alex não parece ser o tipo de mulher que vai aguentar esse seu chove e não molha.

- Você está certa. Se ela pelo menos me atendesse, respondesse às minhas mensagens... – Pegou o celular e o olhou, impaciente.

- Você pisou na bola, vá atrás da garota – Polly sugeriu.

- Eu não posso, Pol... – balançou a cabeça em negativo – Eu não posso chegar perto dela... – Fechou os olhos e encostou a cabeça na parede.

- Uau, que atração é essa, Pipes? – Polly riu.

- Eu vou acabar fazendo besteira, mais uma vez... – Suspirou.

- Piper, você só precisa ir lá se desculpar, sabe? Falar algumas palavras, ficar bem, por você e por ela – tentou acalmar a amiga.

- Eu não sei, Pol, eu vou pensar... Eu estou com medo, a Alex é impulsiva.

- Como está o clima com o Larry?

- O pior possível, eu não consigo chegar perto dele sem me sentir a pior pessoa do mundo – disse olhando para baixo, mexendo nas mãos.

- Você tá apaixonada, Piper? – Polly perguntou direta, cruzando os braços em frente ao peito.

Piper a olhou por alguns rápidos segundos. Não estava apaixonada, não mesmo. – Claro que não, Polly.

- Então é melhor você segurar esse coração, porque se ainda não ta, o que eu acho que é mentira, vai estar em pouquíssimo tempo – disse em tom de ironia.

Piper só a encarou.

- Eu preciso ir e você precisa resolver a bagunça que você é nesse momento, eu quero a minha amiga de volta! – Polly disse lhe dando um beijo no rosto.

- Eu vou voltar, mais ou menos bagunçada não sei, mas vou voltar – Piper riu.

- Você é completamente louca, sabia?

- Sabia, e por isso que você me ama! – Piper a abraçou de lado e as duas começaram a andar.

- Fica difícil te amar assim, lésbica indecisa. Você bem que estava com saudade de chupar uma...

- Pol! – Piper a apertou bem no momento que uma enfermeira passava por elas. – Não começa!

- Eu preciso ir, toma cuidado e tenta fazer a besteira menos pior, porque alguma eu sei que você vai fazer – Polly disse se afastando. Piper respondeu com um sorriso debochado.

 

***

Passado alguns poucos dias, o estado de Alex Vause já era bem melhor. A ajuda da amiga havia sido fundamental, todo o cuidado que Nicky tinha com ela era algo bonito de se ver, as duas se cuidavam, se completavam e faziam parecer que o mundo até era mais fácil.

Mas, como nem tudo são flores, as ligações e mensagens de Piper irritavam Alex, ao mesmo tempo em que mexiam com ela. Claro que ela tinha vontade de atender, gritar, xingar e falar tudo que estava engasgado, mas sabia que fazer isso seria só prolongar uma história que não merecia ter futuro, ela não iria pagar para ver.

- Alex, se você não atender essa mulher, eu mesma vou atender – Nicky disse irritada após ouvir pela centésima vez o toque do celular da morena.

- Eu não vou atender, uma hora ela desiste – Alex disse se acomodando no sofá com um livro nas mãos.

- Ela não vai desistir. Vocês precisam conversar, deixe de ser cabeça dura – a loira se sentou ao seu lado.

- Não, Nicky! Vai acontecer a mesma coisa, ela vai me procurar, eu vou ceder... Eu não quero, já estou recuperada disso, não vou voltar atrás – disse séria.

- Tão recuperada que ainda não conseguiu entrar no próprio quarto desde o que aconteceu! – Foi irônica. – Alex, ela deve ter alguma explicação, você está sendo estúpida! Nunca errou na vida?

- Eu já errei, Nicky, você sabe disso. Eu só não quero errar de novo – disse a olhando nos olhos.

- Eu odeio quando você olha assim para mim, esses seus olhos me dão medo – Nicky disse se afastando.

Alex riu. – Eu quero voltar a trabalhar, amor.

- Sério? Você quer mesmo isso?

- É o que eu tenho ao meu alcance. Eu quero voltar.

- Bom, ontem eu recebi a ligação de um casal... – Nicky iniciou a proposta.

- Homem e mulher? Não – Alex respondeu rápida, abrindo o livro.

- Qual é, Alex? Eles disseram que pagariam o dobro – insistiu.

- Pode ser o triplo, eu não vou fazer sexo com mulher, agora mais do que nunca – respondeu ácida, folheando o livro.

- Alex, você me irrita, sabia? – Nicky disse se levantando.

- E eu te amo, gostosa – Alex lhe mandou beijos no ar e foi retribuída com o dedo do meio da amiga voltado para si.

***

 

Como se não bastasse a situação deplorável na qual Piper Chapman se encontrava, sua mãe, Carol Chapman, decidiu fazer uma visita prolongada. Não que ela odiasse a mãe, mas a mulher era do tipo que estava sempre pronta para uma crítica. Criticava a casa, os cuidados com Christine, a suposta falta de cuidados com Larry... Piper, impaciente que era, estava em constante conflito com a mulher que não abaixava a guarda.

- Você e o Larry passam muito pouco tempo juntos, Piper, isso não está certo – Carol dizia enquanto as três estavam sentadas à mesa para o jantar.

- Nós somos médicos, mãe, apenas aproveitamos o tempo que resta.

- Piper, você sabe que poderia deixar de trabalhar na hora em que quisesse – a mãe de Piper sugeriu.

- Mãe, eu já falei para você nem tocar nesse assunto, eu amo o meu trabalho mais do que tudo – Piper respondeu nervosa, parando a refeição.

- Tudo bem, mas você precisa saber que tem essa opção – ela continuou a comer.

- Eu não tenho essa opção, a minha única opção é o meu trabalho. Christine, não brinque com a comida! – Repreendeu a filha.

- Mas eu não quero mais, mamãe – ela respondeu com a voz fininha.

- Você precisa comer mais um pouco, meu amor, não comeu quase nada – passou a mão na cabeça da garota.

- Eu posso comer sorvete? – Ela perguntou com os olhos azuis brilhantes.

- Christine! Trate de comer direito, depois pensaremos nisso – disse irritada.

- Deixe a menina comer pouco, Piper, vai que ela engorde.

Piper olhou a mãe com descrença. – Mãe, a Christine tem seis anos de idade. Não começa.

- Eu só estou falando... – Mexeu na comida fazendo uma pose oprimida.

- Eu não quero que você fale sobre isso, ok? Da educação da minha filha, cuido eu.

Carol Chapman apenas levantou as palmas das mãos como quem diz “não está mais aqui quem falou”.

O decorrer da noite foi cheio de alfinetadas e pequenas discussões. Piper estava mais estressada que o normal e os comentários ácidos da mãe a tiravam do sério. As três acabaram vendo um programa qualquer na televisão, Christine logo adormeceu e Carol decidiu recolher-se cedo. A loira estava sentada no sofá zapeando pelos canais, tentando encontrar algo que a distraísse, até que teve uma grande ideia.

Num impulso, se levantou do sofá e escreveu um bilhete rápido, falando que havia uma emergência no hospital e precisavam da presença dela. Depois disso, apenas pegou um casaco, as chaves do carro e saiu rumo a um destino conhecido.

 

Faltava coragem em Piper para descer do veículo e ir atrás de Alex. Lá estava ela, parada na frente do prédio, ainda dentro do carro, pensando no que estava fazendo ali. Pensou em voltar para casa, era o mais óbvio, mas uma força maior a mantinha ali, parada, sem conseguir se mover.

Depois de alguns minutos parada na frente do prédio, viu a figura alta sair pela portaria. Alex usava um vestido escuro que ia até metade das coxas e tinha um decote mais do que generoso, o salto a deixava ainda mais alta e um sobretudo preto completava o look da mulher que estava irresistível. Porém, Piper não teve muito tempo para apreciar a visão: logo um carro luxuoso parou ao lado de Alex e ela o adentrou rapidamente. Piper alarmou-se, provavelmente a morena estava indo rumo a algum programa. Sendo assim, tomou uma decisão não muito óbvia: seguiu o carro. Não tinha ideia de onde iria parar, apenas o seguiu, ficando em uma distância aceitável para que não fosse notada.

O destino, é claro, era um dos hotéis mais caros da cidade, o carro adentrou o estacionamento e a loira ficou ali, de fora, sem saber o que fazer. Continuou inerte dentro do carro, era sua única saída.

Dez, vinte, trinta, quarenta minutos, uma hora se passaram e nada. Piper estava ansiosa e impaciente, ela não sabia o que iria fazer ou falar caso visse Alex de novo, só precisava vê-la. O tempo parecia seu inimigo, se prolongando, arrastando, judiando de seu estado mental. Sem tirar os olhos um minuto da entrada do hotel, viu o carro em que Alex havia entrado sair do local. Droga. Ela tinha ido embora. Nada feito.

Ao ligar o motor, teve uma surpresa: Vause saia do local a pé, com sua pose de rainha e o inseparável cigarro entre os lábios. O vento frio da noite esvoaçava seus cabelos e o tecido do casaco comprido, as luzes do hotel e as sombras da noite criavam um clima melancólico, fazendo a imagem da morena parecer coisa de film noir. Devagar, Piper dirigiu até perto da mulher que continuou andando tranquilamente, sem dar atenção ao carro que se aproximava.

Impaciente, Piper chegou mais perto, chamando a atenção de Alex. Ela olhou para o carro sem muita empolgação, até perceber que alguém a seguia e perder a paciência. Quem diabos a estava seguindo ali, naquela hora da noite? Curvou um pouco o corpo para visualizar o motorista e parou no mesmo instante em que viu a loira. Seu corpo gelou. Ela se levantou novamente e continuou a andar.

- Alex! Por favor! – Piper gritava enquanto dirigia em primeira marcha, acompanhando a morena que fingia não a ouvir. – Eu preciso falar com você!

Ela parou, jogou o cigarro no chão e pisou, depois se apoiou na janela do carro.

- O que você quer? Uma hora também? – Riu sarcástica.

- Nós precisamos conversar, Alex!

- Você quer conversar agora? Irônico, Chapman – moveu as sobrancelhas.

- Alex, por favor, entre no carro – Piper falou calma.

Ela retirou o corpo do veículo e voltou a andar.

- Pelo amor de deus, Alex! – A loira se irritou.

- O que você quer?

- Você pode entrar no carro, por favor?

- Não – respondeu com a voz grave.

- Alex, eu vou sair daqui e te colocar dentro desse carro! – Piper gritava.

Alex parou e riu. – Você parece uma criança mimada, Piper, quer que todo mundo faça as suas vontades, não é? – Disse com o braço apoiado na porta do carro.

Piper respirou fundo, Alex era mais teimosa que uma criança de seis anos.

- Alex, por favor... – Disse olhando nos olhos da morena.

Sim, Alex a odiava naquele momento, mas não conseguia resistir ao seu olhar de menina pidona.

- Você tem 5 minutos – Alex disse abrindo a porta e adentrando o veículo.

Piper a olhou sem reação. Não sabia o que dizer. Queria explicar seus medos e anseios, mas também queria agarrá-la e manchar aquele batom vermelho sangue que contrastava com a pele alva.

- Seu tempo tá passando – Alex disse tentando desviar o olhar de Piper, não aguentaria a olhar por muito tempo sem ceder a seu poder.

- Eu preciso de você – Piper soltou nervosa, seus olhos lacrimejavam.

Alex a olhou surpresa, não era bem aquilo que esperava ouvir.

- Precisa de mim? Pra que? Pra se aliviar e ir embora? – Alex disse com a voz trêmula.

- Não... – Uma lágrima escorreu enquanto Piper balançava a cabeça.

Alex só a encarou.

- Eu só... Quero você... Por favor – encostou a cabeça no banco.

- Não – Alex falou após algum tempo de silêncio.

- Por que? – Piper perguntou passando o dorso da mão no rosto, secando as lágrimas.

- Eu não sei lidar com isso, eu não posso lidar com a sua insegurança, as suas idas e vindas, e você muito menos saberia lidar comigo. Eu faço sexo por dinheiro, Piper, papo reto, objetivo, eu não sei administrar essa bagunça que você é – a morena disse atropelando as palavras, tremendo com o nervosismo.  

- Então essa é a questão? – Piper a olhou. Alex olhou de volta. – Você quer dinheiro? É essa a condição para ficar comigo? – Pegou a carteira que estava no console do carro. – Eu pago! – Pegou algumas notas com as mãos trêmulas e jogou no colo de Alex

Vause estava estática. Ela não sabia se o que sentia era raiva, ódio ou humilhação. Olhou para as notas em seu colo e logo depois para a face completamente perdida e desesperada de Piper.

- Olha aqui, sua filha da puta desgraçada – Alex pronunciava as palavras violentamente – eu quero que você e a porra do seu dinheiro vão para o inferno! Olhe para mim! – Gritou para a loira que olhava para baixo. – É isso que eu faço com o seu dinheiro – rasgou com raiva uma nota de 100 dólares aos olhos da loira que tinha a visão afetada pelas lágrimas. – O que você acha que eu sou, Piper? – Alex se acalmou e a perguntou, sua voz era magoada.

- Me desculpe, eu não sei mais o que fazer – Piper disse sincera a olhando, parecia que ela não conseguia fazer nada certo em relação àquela mulher.

- Leve-me para casa – Alex se recostou ao banco e fechou os olhos, dando a ordem à loira.

Piper não questionou o pedido. Na verdade, ela não tinha condição de se opor a nada que Alex pedisse.

Durante o caminho, as duas permaneciam caladas. Piper daria sua fortuna pelos pensamentos de Alex e a recíproca era verdadeira. A loira estava arrependida, triste, talvez fosse realmente melhor deixar Alex livre, não atrapalhar mais ainda aquela vida que já era tão conturbada.

- Pare o carro – Alex disse calmamente.

- O que? – Piper perguntou sem entender muito bem.

- Apenas pare – a morena disse olhando para a rua.

Piper obedeceu, foi parando o carro em algum ponto mais calmo da rua em que passavam.

- Desligue – Alex ordenou quando o veículo passava por uma parte mais escura.

- Alex, o que você quer fazer? Esse lugar deve ser perigoso, nós não podemos ficar aqui! – Piper falou preocupada.

- Eu estaria mais segura lá fora do que aqui com você – Alex disse a olhando, seu olhar não continha mais a fúria de antes.

- O que você quer? – Perguntou quando finalmente parou o carro.

- Desligue.

- Alex! – Piper iria protestar quando Alex apenas concentrou o olhar nela. Como uma criança acuada, a loira obedeceu.

Retirando a pequena bolsa transversal do corpo, Alex começou a mexer na lateral do banco em que Piper estava sentada. A loira olhou sem entender até que, rapidamente, Alex empurrou o banco para trás, saiu de seu acento e se sentou no banco do motorista, no colo de Piper, de frente para ela, envolvendo-a com as pernas.

Piper ficou, obviamente, assustada, mas também feliz. Qualquer contato com aquele corpo era uma vitória, um alívio. A posição da morena acima de si era excitante, erótica, seus seios moldados pelo decote ficavam bem na altura do rosto da loira, ela sentiu água na boca apenas em olhá-los.

Alex agia por impulso, seu cérebro dizia não, mas o coração e o corpo diziam sim. O que poderia ela fazer? Era uma mulher feita de desejo, impulsividade, sexualidade... Iria se render, foda-se o depois.

Sem pensar muito, atacou os lábios de Piper, essa que foi ágil em retribuir o beijo intenso e agressivo que Alex lhe dava. Após acertarem os movimentos, se entregaram a sentir a língua uma da outra, os lábios que oram chupavam, ora davam mordidas leves e mais fortes. Sem parar para respirar, as duas concentravam-se no contato deliciosamente carnal e prazeroso que era aquele beijo. Alex segurava a cabeça de Piper com as duas mãos, a controlando, comandando. Piper, por sua vez, subiu as mãos para as coxas expostas da morena que rebolava lentamente em seu colo. Passou as mãos na pele que estava fria pelo clima da noite e, na mesma hora, sentiu os poros da mulher arrepiarem. Sorriu entre o beijo, ela estava excitada, e Alex também. Dedicando-se ao beijo, subiu as mãos para o traseiro da morena e o apertou com força. Alex gemeu e parou de lhe beijar por um instante. As duas se olharam, os rostos vermelhos demonstravam a excitação no ar, o batom de Alex se espalhou pela boca das duas, então, voltando ao trabalho, Alex começou a beijar Piper novamente, deu selinhos rápidos em sua boca e desceu para o pescoço, arrastando os lábios e o manchando com o batom. Sua irracionalidade a comandava, sentir as mãos de Piper em si piorou a situação, ela queria tocar e ser tocada por Piper. Perdida em seus pensamentos, sentiu a mão atrevida da loira apertar seu sexo por cima da calcinha. No mesmo momento, mordeu de leve o pescoço da loira que gemeu, tentando afastar a peça íntima.

Em um lapso de sensatez, se afastou de Piper. A loira não entendeu e a olhou com dúvida. Alex tirou a mão de Piper do meio de suas pernas e passou a mão no cabelo, o jogando para o lado.

-Alex, que porra... – Piper ia reclamar.

-Shhh – colocou o indicador nos lábios de Piper. – Você realmente acha que eu sou fácil assim, não é, Piper? – Ela riu com ironia.

Piper não respondeu. – Bom, ela é uma puta, então é fácil ir lá, fazer o que quiser e ir embora, afinal é pra isso que elas servem – Alex dizia na terceira pessoa, usando e abusando das expressões faciais carregadas de sarcasmo.

- Alex... – Piper tentou se defender.

- É isso o que você pensa de mim, Piper? – Alex a perguntou olhando nos olhos.

- Você sabe que não é – Piper respondeu com seriedade. – Eu sei que fui uma idiota com você, mas você está me maltratando, Alex! – A loira disse com a cara de choro.

Alex ficou com dó, é claro, não só o corpo, mas seu coração também já cedia ao rosto angelical e vitimizado de Piper.

- Piper, você tem uma chance – ela disse calma – eu quero que você decida.

- Como assim? – Perguntou confusa.

- Você me quer? De verdade?

- Claro! Você acha mesmo que eu estaria aqui no meio da noite parada em um carro com o risco de ser pega pela polícia se eu não quisesse você? – Falou como se fosse óbvio.

- Eu não estou perguntando se você quer transar comigo. Eu quero saber se você me quer, enquanto ser humano, enquanto mulher – Alex endureceu a voz.

Piper a encarou. Estava confusa.

- Escute: eu não estou te falando para abandonar a sua vida, o seu marido e fugir comigo. Eu só quero que você seja a mulher adulta que diz ser e tenha e decência de esclarecer o que exatamente você quer comigo. Eu já estou envolvida, você também, mas eu preciso de uma certeza – disse segurando no queixo da loira.

- Eu preciso de você – Piper repetiu a frase.

- Eu não quero que você precise de mim, eu quero que você me queira – Alex disse aproximando o rosto do rosto de Piper.

A loira acuou-se. Aquela versão de Alex lhe dava um pouco de medo.

- Eu não vou ser a porra de uma chupeta que você chupa quando quiser se sentir melhor – ela engoliu em seco. – Caso você queira que eu seja isso, vai ter que pagar – beijou os lábios trêmulos da loira lentamente – e eu sou cara, muito cara – falou ainda encostada na boca da outra.

Assim sendo, saiu do colo de Piper, pegou a bolsa, deu uma arrumada rápida nos cabelos, retocou o batom e abriu a porta do carro.

- Alex, aonde você vai? Eu não vou te deixar sozinha nessa rua! – Piper a repreendeu, ainda atônita por suas palavras.

- Baby, a rua tem que ter mais medo de mim do que eu, dela – disse enquanto saia do carro, acendendo um novo cigarro e dando as costas para uma loira que ficou paralisada, vendo o motivo de sua loucura diária desaparecer na escuridão.

 

Minha profissão é suja e vulgar
Quero pagamento para me deitar
Junto de você estrangular meu riso
Dê-me seu amor que dele não preciso 
Zé Ramalho - Garoto de Aluguel


Notas Finais


Tia Karol ama vocês :*


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