1. Spirit Fanfics >
  2. Nightcall >
  3. Renegada

História Nightcall - Renegada


Escrita por: cecistydiax

Notas do Autor


boa leitura amores

Capítulo 24 - Renegada


Fanfic / Fanfiction Nightcall - Renegada

2019, San Francisco, dias atrás

 

— Você vai ler? — Meredith questiona, observando o marido com a expressão perdida, fitando o envelope em suas mãos.

Thomas a olha, assentindo com a cabeça.

— Vou deixá-lo a vontade, querido — Carinhosamente, Mer toca o rosto dele e se afasta, deixando Thomas sozinho no hall de entrada.

Ele caminha até a escada, se sentando na mesma.

Vinte e três anos que não vê o nome dela, que não escuta o nome de Natalie Martin. Em vinte e três anos, Thomas deu uma guinada em sua vida, seguiu em frente. Casou-se com Meredith, construiu sua empresa de tecidos, tem uma filha adorável e vive perfeitamente bem.

Mas, ele sabe que simplesmente algumas pessoas que passam por sua vida deixam uma marca. Elas simplesmente não são apagadas, por mais que as tenham magoado.

 

(London Grammar — Wasting my young years)

 

Natalie Martin foi o grande amor de Thomas, mas isso não significa que ele não pôde amar alguém.

Ele segura o envelope e com cuidado, abre, tirando o papel de dentro. Quando também abre, reconhece de imediato a caligrafia de Nat.

O receio de ler é tão grande que Tommy reluta, mas abre seu coração.

 

 

 

Querido Tommy,

 

Agora, estou sentada no meio de um jardim gigantesco e atrás de mim, uma mansão gigantesca. Qual o ponto disso tudo, se eu me sinto tão pequena? Me pergunto isso todos os dias.

Mas, honestamente, durante esses vinte e três anos, existiu somente um questionamento, que é… como nós nos desencontramos? Como, de repente, estávamos nos amando, prontos para um futuro e em piscar de olhos, tudo acabou? Como eu estava ali, parada no meio daquela estação sem você ao meu lado? O que tinha acontecido?

Vinte três anos e eu nunca entendi, até recentemente.

Nunca, em toda a minha vida, eu menti pra você, Tommy. Sim, menti pra mim mesma, mas, nunca pra você. Quando eu abri minha boca, meu coração para dizer que o amava, eu estava falando a verdade.

Naquela noite, eu não havia reconhecido a maldade de Sebastian. Ouvi ele falar que você foi embora, me deixou por nenhuma razão e sim, eu chorei como fosse explodir. Chorei tanto e te odiei, confesso. Por todos esses anos eu carregava comigo a confusão. Até descobrir que fomos separados injustamente, em um exame falso, que foi somente Sebastian revelando quão sujo ele é.

Hoje, eu sinto a minha alma querendo deixar meu corpo, sinto meu corpo fraquejar e minha respiração diminuir o ritmo a cada dia. Mas, existe uma coisa que me faz ter vontade de lutar e ela está sentada diante de mim nesse exato momento. E ela tem meus fios ruivos, sim, ela tem. Acho que ela tem meus olhos também.

Mas, ela tem o seu nariz. Tem o mesmo sinal nas costas que você tem e os pés, eu me questionei como é possível alguém ter um pé tão parecido. Isso é estranho, não é?

O nome dela é Lydia Camille Martin. Lydia sempre foi meu nome preferido e incansavelmente ouvia você falar que gostava de Camille. Então, porque não juntar os dois nomes? Porque não dar o nome a nossa filha com os dois nomes que nós queríamos?

Lydia é sua filha, Tommy. Ela é fruto do amor que sentíamos um pelo outro. O amor que nos movia, o amor que era nosso porto seguro.

Meu dia está chegando e sei que não possuo o direito de pedir nada, mas, por favor, me perdoe. Me perdoe por ter sido covarde e nunca ter contado a ela. Me perdoe por ter dado ouvidos a minha mágoa e não ao que deveria ser feito. Por favor, Tommy, lute por ela. A livre das mãos danificadas de Sebastian.

Eu quero que você saiba que eu vou deixar essa terra amando somente um homem. Um homem que dançou Stand by me comigo na formatura do colegial, que me viu dançar inúmeras vezes, que me mostrou o que existe de bom na vida, um homem que me amou como eu merecia. Você, Tommy, sempre foi e sempre será o amor da minha vida. E do nosso amor, eu carrego somente um arrependimento, que é não ter reconhecido ele quando sim, eu percebia você me ver dançar na cadeira no canto naquele auditório.

Eu desejaria que pudéssemos mais uma vez dançarmos Stand by me, mas, espero que você consiga dançar com Lydia. Curiosamente, ela também ama essa música.

Sim, nossa filha.

 

Com todo o amor e gratidão, sua Nat.”

 

Dias atuais

Washington DC

 

— Você falsificou um exame de DNA, Sebastian.

Tommy murmura, o encarando completamente destroçado com o que descobriu na carta.

— Por vinte e três anos eu tentei entender como ela podia ter feito aquilo comigo.

Sebastian encara o vazio, visivelmente perturbado com sua mentira ter chegado ao fim

— Quando ela não fez.

— Você deveria me agradecer — Sebastian levanta a cabeça, arrastando um olhar amargurado — Eu dei tudo o que ela precisava e mais.

— A custo de uma mentira — Thomas devolve, sentindo seus olhos marejarem — A custo de uma mentira, você me tirou minha filha, você me tirou cada momento, cada passo dela e mais ainda, você tirou a minha felicidade. Você me fez acreditar que Natalie mentiu pra mim.

— Você me traiu — Sebastian se inclina pra frente, o encarando com ódio no olhar — Você era meu melhor amigo e você me traiu!

— Você nunca a amou! — Thomas expulsa as palavras com vontade — Você amava o que ela representava pra você, isso é tudo. E mesmo que você tenha dado presentes, roupas caras, você nunca foi capaz de dar o que ela mais merecia, Sebastian.

— Eu não me importo!

Sebastian se levanta com violência, sem tirar os olhos de Thomas, que nem treme com a exaltação do antigo amigo.

— Eu não me importo que você seja o pai biológico da minha Lydia, porque você nunca vai tirá-la de mim. Ela é minha filha e se você tentar chegar o mais perto dela novamente, eu juro que eu te mato.

— Como você pode ser tão cruel, Sebastian? Como você consegue dormir, fechar seus olhos e não lembrar de toda covardia que você fez e faz? — Thomas se levanta — Você mentiu pra ela, você disse que eu tinha dado um golpe na empresa, você fez com que minha filha me odiasse, quando tudo o que eu mais queria era me aproximar dela!

— E eu vou fazer mais — Ele fala, dando um sorriso tão cruel que Thomas sente um arrepio passar pelo seu corpo — Eu não quero que a minha filha saiba que ela é filha de um fracassado.

Com o ódio que guardava, o punho de Thomas acerta o rosto de Sebastian com tanta força, ferocidade que o homem cai no chão, ficando completamente sem forças.

— Fracassado? — Ele se aproxima, agarrando a gola da camisa de Sebastian — Me dê a porra da sua conta bancária e vamos comparar, eu tenho certeza que a minha tem dois números a mais do que a sua e aliás, você está usando uma roupa que foi fabricada com meu tecido, seu doente.

Sem pena, Thomas acerta-o novamente, o fazendo cuspir sangue.

— O único fracassado aqui é você, Sebastian — Ofegante, Tommy fala de cabeça erguida, encarando o homem no chão, o encarando furioso — Que tem tudo, mas ao mesmo tempo não tem nada e pra piorar… — Thomas ri, passando o braço na boca — Tudo a custa de golpes baixos.

Thomas se afasta, enquanto Sebastian se arrasta para conseguir se levantar. Quando consegue, sua voz faz ele parar.

— Você tem razão — Ele fala, ainda zonzo — Eu vi o jeito que você olhava pra ela, vi você correr pra chorar no banheiro quando a pedi em casamento e eu vi você se declarar pra ela na igreja. Eu via tudo, Tommy — Sebastian se vangloria, enquanto Thomas está de costas, incrédulo — E mesmo assim, eu quis casar com ela. Quis mostrar pra você que eu sempre fui melhor, que enquanto você chorava, era comigo que ela dormia.

Thomas respira fundo. O suspiro é tão longo, tão carregado que ele sente como se fosse desabar ali mesmo, mas, ele ignora Sebastian e continua a andar, se afastando.

 

——————————

 

— Porque eu faria isso? — Mitch questiona, ainda tentando processar o pedido de um total desconhecido, mas com um desafeto em comum.

— Sebastian controla o departamento da polícia de Washington, Mitch — Tommy cerra os olhos, buscando argumentar — Isso é corrupção.

— Isso só dificulta pra denunciarmos — Mitch se encosta na cadeira da lanchonete.

— Mitch — Thomas respira fundo, apoiando os braços na mesa — Eu sou alguém que há muitos anos atrás fui enganado por ele e que só descobri até recentemente. Ele tirou de mim uma oportunidade, ele tirou de mim uma felicidade que eu somente reencontrei depois de tantos anos.

Mitch não evita de encontrar semelhança na história dele e Lydia com Thomas.

— Sim, complica a denúncia, mas nós podemos tentar outros departamentos — Ele continua, sob atenção do namorado de Lydia — Você é a única pessoa que pode me ajudar e provar pra Lydia que ele não mudou.

— Como você sabe disso? — Mitch desconfia, sem entender a apropriação de Thomas em falar sobre isso.

— Você me disse que ele estão próximos, não é? — Tommy arrisca, tentando desviar — O que você me diz?

— Você sabe que você está pedindo para eu mentir pra minha namorada, não sabe?

— Mesmo que isso a faça se livrar de um pai abusivo e mentiroso?

Mitch engole o seco, completamente perdido, sem saber o que fazer.

— Eu preciso pensar.

 

Encostado na varanda, o sol é tão quente quanto o fogo do isqueiro que ele usa pra acender seu cigarro.

Mitch repensa, repensa e repensa a conversa que teve com Thomas Wood e não consegue chegar a um acordo com si mesmo. Sabe o que isso leva até ele, a mentira, mas também pensa na justiça.

A justiça de ver Sebastian pagar não só pela corrupção, mas por toda a crueldade que ele já fez. É provar pra Lydia que seu pai não mudou, que Sebastian Martin ainda é o mesmo e dessa forma, impedi-la de se afogar na correnteza.

Não suporta a ideia de mentir pra Lydia, mas não quer vê-la sofrer.

— Você está bem? — A ruiva se aproxima de lado, também se encostando ao lado dele.

Mitch dá uma longa tragada no cigarro, em silêncio.

— Você deveria parar de fumar — Ela toca o ombro dele, encostando o rosto no braço de Mitch, o olhando.

— Você sabe que eu só fumo quando estou pensativo.

— Pensativo virou sinônimo de angustiado, nervoso? — Lydia cerra os olhos, o fazendo olhá-la — Eu sei que você me pediu pra confiar em você, mas, eu me preocupo.

Gentilmente, a mão de Mitch toca a nuca de Lydia e a aproxima, beijando a testa dela. Os olhos perdidos dele se fecham, engolindo verdadeiramente a fraqueza que sente com esse conflito.

— Mitch — Ela sussurra, se afastando para olhá-lo — Confie em mim quando eu digo que nada vai nos separar, ok? Nós dois somos inseparáveis.

Ouvir isso é como um combustível pra Mitch, que sob o olhar de Lydia, apaga o cigarro no pequeno recipiente e o afasta pro lado.

— O que você está fazendo? — Ela questiona, sorrindo.

Em silêncio, ela segura a mão de Lydia e a puxa pra dentro do apartamento. Mitch fecha a porta de vidro e solta as cortinas.

— O que?

Quiet, baby.

Assim que fala isso, Mitch encosta a mão no vidro, fazendo com Lydia o encara completamente em expectativa. O olhar dele sobe por todo o corpo dela, somente os travando nos lábios grossos dela.

Com delicadeza, Mitch afasta uma alça da camisola de Lydia e lentamente a outra, fazendo com que o tecido de seda caia pelo corpo dela, o deixando completamente despido.

O olhar de expectativa dela se mistura com um nervosismo que ela não sentia há muito tempo. De repente, ela se sente como anos atrás, quando ela e Mitch ainda se descobriam sexualmente.

O polegar dela toca os lábios dela, os massageando. Ao sentir o toque, é impossível pra ela não fechar seus olhos, desfrutando do carinho dele.

Mitch a encara justamente da maneira de sempre. Como se ela fosse a mais mais linda, sensual, perfeita que ele já viu. Vê-la tão quieta, somente sendo invadida pelas sensações também o recorda de como ele a provocava, a excitava apenas com pequenos toques.

— Você é tão linda, meu amor — Ele sussurra, próximo ao ouvido de Lydia — Eu quero que você se sinta assim sempre.

A mão dele se arrasta pelo ombro de Lydia, tão sutil o toque que ela se arrepia mais facilmente ainda. As pontas dos dedos deslizam pelos braços, encontrando a mão dela.

Romanticamente, assim que entrelaça seus dedos nos dela, Mitch leva as mãos dos dois juntas até sua boca, dando um beijo tão gentil que os olhos verdes dela encaram o ato completamente emotivos.

Ele encosta as mãos dele no vidro, desencostando a outra e sem aviso prévio, a torturando, toca a intimidade molhada de Lydia, esfregando o dedo em movimento circulatório com tanta lentidão que eles deslizam no líquido.

Lydia ferve, os lábios semi abertos expulsam gemidos baixos, os olhos bem abertos, encarando Mitch olhar o que faz, mordendo o lábio inferior.

— Eu gosto como eu te deixo, pequena — Ele sussurra, subindo o dedo até o clitóris dela, que ao sentir ser estimulada ali, coloca a mão no ombro dele, apertando.

— Mitch — Ela sussurra, encostando a cabeça no vidro — Por favor, rápido.

Ele acata o pedido dela, aumentando a estimulação com movimentos circulatórios. Os lábios dele se abrem, excitado com a expressão que Lydia exala.

You make me crazy, Martin — Ele murmura, ofegante.

Lydia morde o lábio inferior, assentindo com a cabeça.

I fucking love you — Mitch fala.

Sem aviso prévio, Mitch adentra um dedo na intimidade de Lydia, que geme tão alto que morde o ombro dele, tentando se concentrar.

Quando retira, Mitch abaixa sua cueca e tira Lydia do chão, a levantando e prendendo as pernas dela em sua cintura e sem pensar duas vezes, a penetra lentamente.

O fogo entre eles, a necessidade um do outro faz com que o momento seja rápido, mas perfeito. Uma mão na cintura, outra na coxa dela, as mãos dela por baixo dos braços dele, as unhas fincadas nas costas, o corpo de Lydia deslizando na porta de vidro.

A cabeça de Mitch no cangote dela, grunhindo baixo com a dificuldade e precisão das estocadas.

Os segundos se arrastam, os gemidos se espalham pelo apartamento e eles soam, ambos sentindo suas intimidades expulsarem o líquido em conjunto.

Ofegantes, suados, eles tentam acalmar a respiração, na mesma posição.

— Eu — Lydia, ainda ofegante, sussurra — Eu não consigo descrever.

— Perfeito? — Mitch brinca, descolando-se dela, mas ainda a deixa bem perto dele — Magnífico?

— Algo assim.

Precisando sentir os lábios dele, Lydia o beija com lentidão, saboreando o gosto ainda do cigarro. Ela não nega o quão atraente isso ela.

— Vamos, vamos tomar banho.

Mitch a abraça, caminhando assim até o chuveiro.

Os dois tomam banho juntos, gargalhando, brincando debaixo da água quente e assim que terminam, Mitch se arruma pra academia, enquanto Lydia também se arruma pra mais um dia de trabalho.

Os dois se despedem ainda no apartamento, por Lydia ter terminado de se arrumar primeiro e desce, deixando o namorado ajeitando a mochila.

Assim que termina, Mitch também sai do apartamento e o tranca. Desce pelo elevador e logo que chega no hall, sai do prédio.

Mitch pega seu celular para pedir um Uber, mas uma mão agarra seu abraço, o assustando.

— Mas que porra?! — Ele se espanta, olhando pra pessoa.

Ele se depara com uma mulher de cabelo castanho, visivelmente nervosa.

— Você é Mitch Rapp? — Ela pergunta e mesmo nervoso, Mitch assente com a cabeça — Você conhece Celine Roberts?

— Sim — Mesmo sem ser o suficiente, ele confirma — Porque?

— Porque eu sou Jemma, vizinha dela e porque duas semanas atrás eu vi dois homens atirarem dela e a colocarem na mala de um carro.

Mitch sente sua respiração acelerar, completamente em choque com o que a mulher diz.

— Eles deixaram o celular dela e na tela, quando o peguei, tinha seu número — Jemma conta, sob o olhar nervoso, angustiado de Mitch — Por favor, me diga que você pode ajudar.

O mais agravante ainda, é conhecer justamente a pessoa que seria capaz de fazer isso com ela. E diante disso, Mitch já faz sua decisão em relação ao pedido de Thomas Wood.

 

——————————

 

O único barulho no escritório de Sebastian é a madeira queimando na lareira. Em pé, o homem encara as chamas silenciosamente, processando em tudo que dará início.

A conversa com Thomas no dia anterior, cada palavra se repassa na mente dele.

Com duas batidas na porta, Lydia já vai entrando no recinto.

— Pai? — Ela fala, fechando a porta.

— Fico feliz que você veio — Sebastian a olha, dando um sorriso de canto — Nós precisamos conversar.

Assim que se aproxima, Lydia consegue enxergar o rosto do pai com mais clareza, percebendo uma ferida no canto da boca dele e outro no nariz. Na mão, sua mão está com curativo..

— O que aconteceu? — Ela se aproxima, tocando o rosto do pai.

Em silêncio, Sebastian se afasta, voltando até sua poltrona e sinaliza para Lydia se sentar na cadeira da frente, ficando separados pela mesa.

Quando ela se senta, Sebastian respira fundo.

— Lembra quando você me questionou se um dia eu amei sua mãe? — Ele indaga, olhando diretamente pra Lydia, que sorri nervosa, sem entender a pergunta.

— Lembro — Ela responde, franzindo o cenho — Porque?

— Assim que eu coloquei os meus olhos nela, eu me encantei, foi mútuo, nós nos gostamos, apreciávamos a presença um do outro, não foi a toa que namorados, noivamos, casamos — Sebastian se levanta, sob a atenção de Lydia e se serve com seu whisky — Mas amor, não sei.

— Ela me disse uma vez que te amou — Lydia relembra, contando a ele.

— Como ela poderia me amar, quando ela já amava outro homem?

A questão do pai choca Lydia. Nunca em sua vida ouviu da boca de Natalie ela falar de outro homem, nunca.

— Eu não estou entendendo — Lydia se angustia, se dando conta de uma sensação ruim — Porque você está falando isso?

— Porque você merece saber que sua mãe amou somente um homem na vida dela, Lydia — Sebastian finalmente se vira pra filha, a encarando — E esse mesmo homem quebrou o coração dela.

Por muitos anos, Lydia viu a mãe sofrer ao lado de Sebastian. A viu murchar aos poucos, se desanimar. Ao ouvir o que o pai fala, a faz questionar se a tristeza constante dela seria por outra coisa.

— Esse mesmo homem, que dizia amá-la, não traiu somente o amor da sua mãe, como a mim também.

A palavra traição, nos últimos dias somente a fazem lembrar de uma pessoa.

— Thomas? Thomas Wood? — Lydia pergunta, sentindo sua garganta fechar.

— Eles tiveram um romance, Lydia — Sebastian se aproxima da filha, se sentando na ponta da mesa — Durante cinco anos, ele me traíram.

Lydia se levanta, sentindo seu coração acelerar ao tentar processar o que escuta. De repente, surge uma história que ela nunca ouviu antes e essa história a faz crescer em conflito, completamente confusa.

— Eles iam fugir, Lydia — Sebastian conta, completamente sério — Até ele descobrir  que ela estava grávida. De você.

Um arrepio percorre todo o corpo de Lydia, ao juntar os pontos tão claros do que o pai fala. De repente, é como se tudo girasse ao redor dela, sua respiração falha por breves segundos.

— Não — Ela sussurra, comprimindo os lábios — Não diga.

— Thomas é o seu pai, Lydia — Sebastian fala friamente, observando a filha — Seu pai biológico.

O ato de levar a mão na boca mostra o choque ela sente.

O terror percorre as entranhas de Lydia, a levando a beira de um colapso. A idéia de que sua vida, seu história, sua origem ser uma mentira a faz sentir seu coração se cortar ao meio, faz suas pernas tremerem e o choro subir.

Os olhos marejados dela ardem e em silêncio, as lágrimas rolam em sua bochecha.

O seu verdadeiro pai deu as costas pra ela, deu as costas pra sua mãe. O que sentir por uma pessoa assim? O que sentir de si mesma ao ser renegada?

Em silêncio, Sebastian toca os braços dela por trás, aproximando sua boca do ouvido da filha.

— Eu sei que eu nunca perfeito, pequena — Ele sussurra — Mas, eu jamais daria as costas pra você. Me diga, o que pensar sobre um homem que renegou a própria filha?

O choro dela se acalma quando seu cérebro lhe envia somente uma mensagem.

Em segundos, a expressão entristecida de Lydia dá lugar a um olhar frio, sentindo raiva do homem que jamais irá chamar de pai.

Atrás dela, Sebastian sorri malicioso por ter conseguido o que queria.

 

————————

 

É final de tarde quando Thomas estaciona o carro em frente á loja de carros alugados e desce ao lado de Mitch, graças a uma conversa que tiveram. O choque do assassinato de Celine os levaram a dar continuidade na sede de tirarem a máscara de Sebastian.

Assim que abrem a porta de vidro, depois de passarem por um estacionamento cheio de carros, são rapidamente atendidos por um funcionário.

— Boa tarde, posso ajudá-los?

— Não estamos muito afim de alugarmos um carro — Mitch cruza os braços, coçando o queixo rapidamente — Mas, precisamos falar com o gerente.

— Não posso levá-los a ele sem um motivo — O homem responde, ainda mantendo o tom gentil.

— Como eu posso falar, meu querido? — Mitch coloca a mão no ombro dele, se aproximando levemente — Assassinato.

O homem fica pálido, ainda perto de Mitch. Quando se afasta, ele respira fundo, dando um sorriso.

— Venham comigo.

Thomas e Mitch se entreolham. O verdadeiro pai de Lydia se depara com o namorado da filha dar um sorriso.

— Não podemos perder tempo.

É tudo que Mitch diz, caminhando atrás do funcionário e logo Tommy faz a mesma coisa. A porta da sala no canto é aberta pelo homem, que dá espaço para os dois.

Sentado na cadeira, o gerente encara o seu funcionário.

— Aconteceu alguma coisa? — O homem bem vestido questiona.

— Não, senhor. Mas, eles precisam falar com você.

Em silêncio, o funcionário sai da sala, deixando o gerente sem entender a presença de Mitch e Thomas.

— Prazer em conhecê-lo, Mitch Rapp — Mitch se aproxima, estendendo a mão por cima da mesa.

— Carslile Bosner.

— Thomas Wood — Tom também aperta a mão do gerente.

— O que posso fazer por vocês, senhores? E sentem-se, por favor.

Assim eles fazem e antes de falarem, Mitch e Tommy mais uma vez se entreolham.

— Não queremos abranger muito do assunto pois é realmente sério e isso talvez posso trazer problemas — Thomas diz, sob a atenção do gerente — Só gostaríamos de um nome.

— Que nome?

— Eu falei com meus contatos e precisamos da lista de carros alugados no dia cinco desse mês.

— Eu não posso fazer isso — Carslile responde, confuso com todo o pedido.

— Se não for nós dois, será a polícia que baterá aqui pra pedir, meu amigo — Mitch entra no assunto, sem rodeios — Creio que não queira a polícia na porta da sua concessionária.

O argumento de Mitch é o suficiente pra o homem se inquietar na cadeira, percebendo que faz sentido.

— Nenhum problema pra mim? — Ele questiona, inseguro.

— Nenhum de sua preocupação — Thomas responde.

Em silêncio, Carslile somente pega o telefone.

— Traga o diário de alugueis do dia cinco desse mês, por favor — Ele pede no telefone.

Ao desligar, o silêncio na sala é constrangedor. Mitch encarando o gerente, o homem nervoso e Thomas encarando um ponto qualquer.

Rapidamente, a porta se abre e uma mulher entra. Carslile faz sinal para entregar os papéis nas mãos de Mitch e Thomas, mas, é Mitch que pega.

Já a sós, o namorado de Lydia folheia página por página, e ao chegar na folha que precisa desce seu dedo pela folha em procura do nome de Sebastian ou de algum familiar.

Ao abaixar o olhar ao último nome, Mitch reconheceria em qualquer lugar, em qualquer planeta.

— Oliver Xavier — Mitch sussurra e olha para Thomas — Um dos seguranças de Sebastian.

 

—————————

 

Já é noite, quando Mitch e Thomas caminham pelas margens do rio Potomac.

— Então, o que devemos fazer? — Mitch questiona, com as mãos nos bolsos de seu casaco — Ir atrás do Oliver e fazer ele simplesmente abrir a boca? Ele jamais trairia o Sebastian.

— Nós precisamos denunciá-lo ao Estado, primeiro — Thomas fala — Você acha que… ele machucaria a Lydia?

Mitch logo para de andar. Ele sabe que não, mas, o que o incomoda é a forma que Thomas fala de Lydia e visivelmente se preocupa com ela.

— Você não é só um antigo amigo do Sebastian, não é?

Thomas engole o seco, desviando o olhar. Ele não quer contar a verdade pra Mitch, por simplesmente não querer que ele esconda mais uma coisa de Lydia.

— Natalie também era muito importante pra mim — Thomas é sincero, mas ainda esconde — Eu sei o quanto ela queria que Lydia ficasse bem.

— Você três eram amigos? — Mitch pergunta, curioso.

— Inseparáveis, sim — Thomas comprime os lábios, confirmando  — E somente demorou anos pra perceber que Sebastian não valia nada. Eu sabia que ele era um péssimo esposo, mas, um ser humano ruim? — Tommy sorri, dando de ombros — Só até recentemente.

— Eu nunca vi ela sorrir perto dele — Mitch conta, olhando para a água parada do rio — Ela amava ficar comigo e com a Lydia.

— Você tinha que ver como ela era linda — Thomas fala com tanta paixão no olhar que Mitch por rápidos segundos, se enxerga no homem — Você sabia que ela dançava? Jesus, ela adorava dançar.

— Sério? — Mitch sorri, adorando ouvir.

— Sim, ela era incrível.

Mitch observa Thomas suspirar, enquanto encara o chão. Ele parece tão fascinado ao falar de Natalie.

— Não, Sebastian nunca machucaria a Lydia — Mitch finalmente responde — Então, nós devemos denunciá-lo pela corrupção no departamento de polícia?

— Sim — Thomas responde — E depois, fazemos a denúncia sobre a morte da Celine.

Mitch dá um longo suspiro, sabendo o que isso o leva a fazer.

Após retornarem pra avenida, Mitch e Thomas se despedem e cada um vai pro seu lado. Mitch pede um uber e em minutos já está na porta do prédio.

Entra, sobe até o seu andar e ao abrir a porta, se depara com todas as luzes do apartamento ligadas, mas, Lydia está na varanda.

— Lydia? — Ele sussurra, caminhando sem tirar os olhos dela — O que aconteceu?

Em silêncio, a ruiva entra no apartamento e Mitch se depara com a namorada completamente desgastada. Os olhos vermelhos, a expressão tão triste que é o suficiente pra Mitch sentir um arrepio percorrer seu corpo e sem pensar duas vezes, correr e abraçá-la.

E quando isso acontece, é ali mesmo que Lydia desmorona.


Notas Finais


MEU DEEEEEEUS
o que será que o mitch vai fazer quando ela contar de thomas? será que ele vai continuar nessa aliança com o pai biológico de lydia, mesmo ela o odiando?
até o próximooo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...