História Ninfomania - Capítulo dez

 — Bom dia, Sasuke! — A rosada chegava em sua carteira e deixava sua bolsa em cima. Ele já se encontrava sentado em sua mesa.

— Bom dia… — Sorriu sereno para a jovem. Pôde ver ela percorrendo os olhos pela sala, procurando por algo.

— Onde está Naruto?

— Deve estar chegando, não viemos juntos hoje. Tive que sair mais cedo. — Já arrumou uma desculpa antes que a amiga lhe perguntasse o motivo.

Na porta da classe, uma cabeleira loira entrava e caminhava em direção a eles. O moreno sentiu um calafrio, como quem ama um ídolo e tem a oportunidade de vê-lo pessoalmente pela primeira vez. Ele estava trajado de uniforme, como todos os dias, mas hoje ele parecia estar mais desajeitado, o que dava um aspecto sexy aos olhos do Uchiha. Vendo o rumo que sua mente estava lhe levando, tratou de afastar tais pensamentos no mesmo instante.

— Bom dia, gente! — Naruto cumprimentava sorridente. Viu Sasuke em seu lugar e indagou. — Sasuke, por que não me esperou hoje?

— Itachi precisou ir mais cedo para o trabalho e aproveitou para me dar uma carona. — Foi a primeira coisa que conseguiu pensar. Evitava todo e qualquer tipo de contato visual.

— Isso é estranho, porque eu fui até sua casa e quem atendeu a porta foi seu irmão, dizendo que você já tinha vindo para cá.

E a espinha de Sasuke gelou. Foi pego em sua própria desculpa, como iria sair dessa?

— Provavelmente ele deve ter esquecido algo em casa e voltou buscar. — Tentava soar o mais casual possível. — Não duvido ele ter esquecido que me trouxe para cá também, Depois da morte de nossos pais, ele tem estado bem avoado…

Repreendeu-se internamente por incluir os pais em sua mentira, mas a essa altura do campeonato, valia tudo para não ser pego mentindo.

— Ah, entendo… — Naruto aparentou pensativo.

Sakura por outro lado, apenas encarava-o desconfiada.

O professor entra na sala de aula e pede para todos se sentarem. Quem daria a aula hoje seria o Kakashi. Como esperado, hora ou outra o grisalho andava pela sala de aula e tocava o ombro de Naruto, indicando secretamente que estava afim de sexo. Sasuke, que sentava na carteira de trás, observava os gestos atentamente. Quando perguntou sobre isso para os amigos logo no primeiro dia, eles lhe disseram que era comum do professor e ele fazia isso com todos. Mas, agora que sabia do “segredo” de Naruto, pôde perceber que na verdade o professor fazia isso apenas com ele. Pôs-se a observar mais atentamente as ações de ambos, apenas para conferir o que já estava suspeitando. Sentia-se incomodado com a cena, mas não entendia muito bem o porquê. Talvez fosse pelo fato de o “parceiro” de Naruto ser um professor. Aquilo não era pedofilia? Ou então no mínimo antiprofissional?

O sinal do intervalo toca e tudo que se vê são adolescentes levantando apressados para comprar seus lanches ou simplesmente tagarelar sem restrições.

O trio não estava com tanta pressa assim então não se importavam em levantar por último. Bom, Naruto, pelo menos, sabia que não iria sair para o intervalo hoje.

— Naruto, preciso levar estes cadernos para a sala dos professores. Poderia me ajudar, por favor? — Kakashi expressava seu mais inocente sorriso, por mais falso que fosse.

— Claro, professor! — O loiro sorria casualmente. Virou-se para seus amigos. — Voltarei o mais rápido possível.

— Estaremos no lugar de sempre. — Sakura responde.

— Hm… ­— Foi tudo que Sasuke pronunciou. Na realidade, não estava prestando muita atenção ao seu redor. Dúvidas sobre o sonho que tivera de manhã e outras questões ainda assombravam seu ser e tomavam conta de seus pensamentos. Os outros dois estranharam.

— Está tudo bem, Sasuke? — O garoto perguntou.

— Han? Ah, Sim! — Rapidamente voltou a si. Não queria mais atenção para ele, poderiam perguntar mais coisas, então tratou de mudar o foco para o amigo. — Não deixe o professor esperando. Estaremos contando o tempo, vai que você consegue bater seu recorde? — Comentou sugestivo.

A dupla o encarou boquiaberta. O menor iria comentar algo, mas fora impedido pelo grisalho cobrando sua presença. Apenas despediu-se e saiu da sala com alguns cadernos na mão, seguindo o professor.

Sakura e Sasuke foram para o lugar previamente combinado. Eles estavam em silêncio, mas não por falta de assunto e sim, por que o maior parecia estar submergido em pensamentos.

— Sasuke, vou ser direta. Você realmente está bem com toda essa situação do Naruto? — Ela perguntou assim que se sentaram.

— Não… Sim! Quero dizer… — Ele se enrolava nos próprios pensamentos.

Olhando para a expressão curiosa da amiga, sentiu que talvez ela poderia ajudá-lo a esclarecer algumas coisas. Não iria lhe contar sobre o sonho, claro. Mas, tentaria no mínimo tirar certas dúvidas.

Suspirou enfim, vencido.

— Eu disse a ele e a mim mesmo que me acostumaria com a vida dele, afinal, se ele está bem com isso, não vou me intrometer… Mas, é que não sei… Há muitas coisas que eu ainda não compreendo.

— O que você quer dizer com isso? — A rosada tentava entender

— Naruto está completamente diferente do que era antes. Seus ideais, seus hobbies, o meio LGBT em si… Eu não entendo! Não é todo mundo que tem um melhor amigo gay e quando ele contou para mim, meus conceitos viraram de cabeça para baixo. Tem muita coisa sobre ele e esse novo mundo que eu não sei, mas gostaria de saber…

A garota apenas escutava tudo atentamente. Não podia julgar o rapaz ou cobrar que ele entendesse tudo logo de cara. Quando se conhece um novo universo, é natural que se tenha muitas dúvidas e conflitos. Contudo, ela apreciava genuinamente o esforço que ele estava fazendo para poder ser parte do mundo de Naruto.

— Você não precisa ficar se martirizando assim, Sasuke. Até eu conhecer melhor Naruto, também não sabia sobre o meio LGBT. Com o tempo, ele foi esclarecendo as dúvidas que eu tinha.

— Mas e se a pergunta for muito embaraçosa?

— Ele nunca se recusou a responder alguma dúvida minha, não importava o quão estranha fosse. Mas, se você estiver com vergonha de ir direto a ele, talvez eu possa te ajudar, afinal também conheço um pouco sobre o assun-

— Quando o Naruto soube que era gay?

Sakura se espantou com tamanha rapidez que ele perguntou. Parecia que esta questão já estava na ponta da língua há tempos, apenas esperando o momento certo para aparecer.

— Bom, pelo que ele já me disse, soube desde muito cedo em sua vida. — Se policiava ao máximo para falar, não queria de maneira alguma deixar escapar que Naruto só descobriu ser gay por que seu primeiro amor fôra Sasuke.

— E todo mundo que é assim descobre cedo? — Já no outro lado, Sasuke perguntava tais coisas visando mais a si mesmo do que o amigo. Passou a manhã toda imerso nas lembranças de seu sonho. Pensava em todas as possibilidades que a psicologia poderia oferecer para justificar o que aconteceu, mas a sugestão que mais lhe apavorava era apenas uma: E se ele também fosse gay?

— Boa parte das pessoas já descobrem cedo. — A jovem respondia com cautela. — Mas, não é todo mundo. Alguns descobrem na puberdade, no final da adolescência, quando adultos ou até mesmo mais velhos…

O garoto se pôs a pensar. Naruto pelo jeito descobriu bem cedo. Porém, analisava consigo mesmo, será que foi pela experiência que tiveram quando criança? Lembrava que eles costumavam se beijar, mas naquela época Sasuke nunca parou para pensar em como se sentia beijando o melhor amigo, cujo era um garoto. Tudo que importava para ele era saber a sensação de ter seus lábios colados em outros.

Todavia, agora que se recordava do que aconteceu, começou a indagar se Naruto já sabia sua sexualidade quando se beijavam.

Não conseguiu perguntar mais nada à Sakura pois viram mais à frente uma cabeleira da cor dos raios de sol se aproximando.

— Voltei! Demorei muito? — Se pronunciava sorridente como sempre.

Sakura olhou no relógio e aparentou estar decepcionada.

— Não conseguiu bater seu recorde.

Para Sasuke o jovem conseguiu voltar bem rápido. Conferiu o horário no visor de seu celular e constatou que passou-se apenas oito minutos desde que ele foi junto com o professor. Olhou os dois amigos espantado.

— Espera um momento, qual foi seu recorde, Naruto?

— Quatro minutos — A rosada respondia por ele em um tom sapeca.

— Sério? Como isso é possível?

— Digamos que as preliminares já começaram na aula… — Naruto não sabia se ficava envergonhado ou orgulhoso do feito. Normalmente se gabava para a amiga sobre suas aventuras, mas não sabia como era a moral do moreno.

Este, apenas riu suavemente e falou.

— Você não cansa de me surpreender, dobe…

O assunto continuou até o sinal do intervalo tocar, indicando que deveriam voltar à sala de aula. E assim, rumaram para mais umas horas repletas de tédio e sono…