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História No Angel - Capítulo 01


Escrita por: Nomdeplume

Notas do Autor


Oi gente bonita! Como vocês estão? Espero que muito bem. Quero muito agradecer a todos que deram uma chance a essa minha nova história, vindo ler, acompanhar, comentar e até favoritar. Muito obrigada mesmo, vocês são demais. Bom, eu ia postar mais cedo, mas as coisas na faculdade saíram de controle e só agora consegui respirar, então só agora cá estou :/
Mas enfim, capítulo novinho para vocês. Espero que gostem dele. Boa leitura! (?)

Capítulo 2 - Capítulo 01


Mackenzie Owen Chandler, Swing Palms.

 

Era impressionante como as coisas estavam diferentes agora, como me sentia mais inteira e menos quebradiça a ponto de sofrer e não desmoronar, não despedaçar o meu interior como se eu martelasse um vidro, deixando-me em milhares de cacos para alguém recolher mais tarde e, quem sabe, me remendar.

Bem, claro, eu tinha crescido. Ele podia não ter percebido, mas eu o tinha feito. E agora, tudo era mais fácil de entender e eu sabia que era inútil debater com a morte o seu motivo em levar para longe as pessoas que eu amava. Simplesmente não obteria respostas, mesmo que a imaginasse sendo apenas o egoísmo da morte que desejava pessoas tão incríveis apenas para ela.

Era claro que eu sofria, que as lágrimas que escorriam por meu rosto enquanto era abraçada com força e carinho por braços conhecidos eram verdadeiras. Claro que eu sentia um enorme vazio se formando em mim por mais uma vez – como se tivesse deixado de ali existir por algum tempo –, mas eu tentava não desmoronar.

Não era meu direito desmoronar. Eu sentia as lágrimas de Killian Thorment por meus cabelos descendo, em um silêncio fúnebre e doloroso. Eu já tinha estado lá e apesar de também sentir a partida de Elise, sabia que nada se comparava à perda de uma mãe, mesmo que ela tivesse sido isso para mim em grande parte de minha vida.

Eu não poderia desmoronar dessa vez. Da vez que o tinha feito, foi Thor que me juntou. Era a minha vez de juntá-lo, porque, afinal, eu também nunca mais tinha saído de seu lado. Ele precisava saber que eu estava ali por ele, porque era uma verdade. Eu sabia que doía e por mais que estivesse inconformada com a mania do mundo de me tirar pessoas importantes, sabia como aquela dor podia destruir alguém e não era algo que eu desejasse nem mesmo para meu pior inimigo, quanto mais para Thor.

Thor. Killian Thorment, meu melhor amigo, aquele que tinha sido meu grande “irmão”, que tinha me protegido até de mim mesma. Aquele que eu não deveria desejar, que não deveria amar em hipótese alguma. Para mim, aquele que tinha me cativado como nenhum outro tinha conseguido, aquele que tinha uma parte enorme de meu coração e que não correspondia o meu amor.

Claro que não era mais uma criança ou um adolescente agora. Não, ele tinha abandonado o gel que espetava os seus cabelos, as espinhas que marcavam a sua pele e o hábito chato de mascar chiclete. Ele tinha crescido, assim como eu, mas a diferença era que eu tinha percebido cada modificação em seu corpo enquanto ele ainda me via como o seu doce anjinho, sua querida criança.

Agora o garoto que sempre tinha sido alto e magrelo a ponto de ser até mesmo ligeiramente desengonçado tinha uma quantidade ideal de músculos, que foram construídos em sua fase mais saudável quando algumas horas na academia se fizeram necessárias. Os olhos tão verdes como a oliva ainda sorriam como antes, sempre muito sinceros, gentis e observadores. Sentia-me morrer toda vez que um sorriso alcançava aquele belo par de olhos, estendendo-se de seus belos lábios que pareciam idealizados para sorrir ou para longos beijos apaixonados. Os traços perfeitos se desenhavam na pele pálida de seu rosto, como se o melhor dos pintores tivesse transformado o seu melhor rascunho na melhor obra de arte. Os seus cabelos castanhos claros agora não tão compridos se ajeitavam de modo propositalmente bagunçado sobre sua cabeça.

Era a imagem da criatura que desordenava os meus pensamentos. Só que ele não parecia mesmo se importar com tudo aquilo. Na verdade, eu tinha certa noção de que ele se importaria se soubesse algum dia, se parasse de pensar que eu era a criança que viu crescer, que fortaleceu com seu apoio. Agora, via meu Thor precisar do mesmo apoio e era meu papel estar ali por ele. Eu queria estar ali por ele.

Ele teve que se desvencilhar de mim para falar algumas palavras sobre Elise. Foi um depoimento emocionante e ao seu final, ele sofria como nunca tinha visto sofrer, o que me fez correr e abraça-lo apertado. Choramos juntos por alguns momentos e nos seguintes, jogamos, juntos, flores sob o caixão que já se mantinha no fundo da terra.

Esperamos que tudo se finalizasse, ouvimos cumprimentos e condolências de todos. Elise era uma pessoa querida, afinal, como não seria? Pareceu demorar muito tempo, mesmo que tivesse sido até mesmo rápido. Havia aquele aperto no peito de quando se diz adeus – e não um até breve – que me angustiava.

Quando todos foram embora, Thor suspirou profundamente expelindo parte de sua frustração e mágoa com aquilo e sem falar nada, entrelaçou a sua mão na minha e ficamos a olhar o túmulo por um longo tempo. Eu quase podia adivinhar o que estava a pensar. Ele também queria ter tido a chance de uma despedida como desejei quando meus pais se foram. Claro que ele tivera mais tempo, mas como poderia imaginar que a mulher de força ímpar não resistiria à cirurgia em seu coração não tão forte assim?

A morte era uma surpresa para todos. Acho que até mesmo quando se espera por ela, ela vem como uma caixinha surpresa. Ouvi em algum lugar que para se morrer bastava estar vivo e que, é inútil tentar adivinhar quando ela virá. Na verdade, o mais certo a se fazer era se viver cada instante como se fosse o último momento, o último suspiro, o último beijo. E, de fato, Elise tinha sido bem sucedida naquela parte. Ela vivera por completo e me sentia extremamente bem por saber que ela tinha partido sem se arrepender de nada na vida.

- Dá para acreditar que ela se foi? – ele perguntou em um fio de voz. Balancei a cabeça em sinal negativo sabendo que se abrisse a boca para responder, nada sairia. – Fico feliz que esteja aqui comigo, Mack. Era o que minha mãe iria querer. Que sempre estivéssemos juntos, afinal. – ele falou baixinho e de olhos fechados.

- Eu sempre vou estar aqui, Thor. – falei sincera, repetindo as suas palavras.

- Eu sei. – ele se deixou sorrir por algo parecido com meio segundo ou, quiçá, nem isso. – Eu sinto muito, meu anjo. – ele continuou.

- Eu também, Thor. – eu concordei, abaixando meu tom de voz ainda mais.

Um raspar de garganta interrompeu os nossos lamentos. Ele franziu o cenho e abriu os olhos cor de oliva que estavam envoltos em chateação. Eu desejei abraça-lo e só soltar quando toda a dor fosse embora. Eu não queria que a sensação de solidão tão característica o abatesse. Ele não merecia.

Ele virou a cabeça para olhar quem tinha tido o atrevimento de o interromper em um momento tão íntimo como aquele. Ele plantou os olhos no estranho, com uma expressão de surpresa. Eu postei os meus no mesmo lugar que os dele. A surpresa também tingiu os meus olhos. Ele era bonito. Muito bonito. Tão ou mais bonito que Killian Thorment, ainda decidia. Talvez ajudasse se não me olhasse provocadoramente. Oras, estávamos em um enterro. Ele não tinha nenhum respeito? Claro que eu era o sujo falando do mal lavado, já que o analisava de uma forma também pouco honrosa.     Um homem robusto e alto. A pele pálida coberta por um terno preto – formal demais –, que apostava conter músculos delineados e definidos na medida certa. O rosto bonito, de traços delineados e que lembravam facilmente os de Killian. Um nariz reto e fino, anguloso, assim como os seus lábios finos e bonitos que formavam um sorriso irônico – que apostava ser o mais bonito do mundo se risse de felicidade. Nos olhos de um verde claro havia uma malícia implícita, que não precisei procurar muito para achar. Os seus olhos eram extremamente hipnotizantes e tive que lutar muito mentalmente para parar de encará-los. Não sabia se estava desconfortável com meus olhos nele – não que achasse ser possível que alguém não o olhasse – mas ele passou os dedos longos por seus cabelos castanhos claros com algumas quase inexistentes ondulações que chegavam até o seu ombro, como se estivesse nervoso ou algo assim.

- Mas que diabos, Kieran! – Thor grunhiu, irritado. Eu sobressaltei com o tom e de como ele parecia irritado e ele percebeu, claro. – Perdoe-me Mack. Pode esperar aqui por um minuto? – eu franzi o cenho, mas concordei.

Ele passou pelo estranho e o puxou pelo braço para longe. Os meus olhos acompanharam os dois homens mais belos que já vi andar pela face da Terra, imaginando o que estava acontecendo.  Thor o levava para longe o bastante a ponto de eu não conseguir ouvir sobre o que se tratava.

Balancei a cabeça, vendo como estava sendo boba ao pensar naquelas coisas tão supérfluas. Olhei para o túmulo e senti uma lufada de tristeza me invadindo. Sentia saudades de sua voz, de seus abraços e de sua presença. Agora, com Killian longe, não precisava fingir que era mesmo tão forte. Eu estava ali por ele e por isso tinha que ser forte, mas como ignorar que também doía? Eu não estava tão calejada assim.

- Eu sinto muito. – o sotaque britânico pareceu bailar em meu ouvido na voz forte e levemente embargada do estranho que tinha voltado e já tinha colocado um braço ao redor de minha cintura. – Sinto mesmo, Mackenzie. – o estranho que parecia alcoolizado demais para estar em um enterro afirmou. Ele me conhecia?

- E quem é você? – eu perguntei, curiosa. Ele deu um meio sorriso triste.

 - Kieran Thorment. – ele estendeu a sua mão para mim. Eu entreguei a minha para ele. – Irmão mais velho de Killian. – ele beijou a minha mão demoradamente.

Era lógico. O irmão que tinha ficado com o pai em Londres quando ele e Elise se separaram. O filho com que Elise conversava com frequência e o irmão que Thor fazia questão de ignorar a existência. Eu sabia que eles eram mesmo parecidos e não era só a minha imaginação. E também sabia o motivo de ter vindo.

- Eu também, Kieran... – eu falei, baixinho. – Killian te ligou?

- Não. – ele falou. Eu não podia prever se ele estava chateado ou com raiva por aquilo, na verdade, ele parecia ilegível. – Nem mesmo na morte de nossa mãe ele teve a decência de me ligar. – ele riu sem humor. – Há coisas que não mudam nunca.

- Eu... – eu comecei. Iria dizer que sentia muito de novo? Eu não sabia o motivo de Thor, era a única coisa que lhe aborrecia como pauta para o assunto.

- Não é sua culpa. – ele falou com certo mal humor. – O meu “irmãozinho” está te esperando no carro. – deu de ombros. Eu estreitei o olhar. Eu não conseguia decifrá-lo. – Por favor, fale para ele que me unirei a vocês para o jantar. – eu o olhei com confusão. – Somos colegas de casa agora, não é legal, ruivinha? – ele acariciou a minha bochecha e rolou os olhos quando corei.

- E-e-eu... – eu comecei a gaguejar e ele suspirou. Certo, estava interrompendo o momento dele com a “mãe”. Não era meu direito.

Fechei a minha boca e dei a meia volta em meu corpo, voltando pelo caminho que nos tinha levado lá. Deu-me vontade de parar junto aos túmulos de meus pais, mas não desejei fazer Thor esperar muito mais, assim, decidi deixar para outro dia em que pudesse ficar um tempo ali.

Cheguei ao carro e ele estava atrás do volante com os olhos cerrados e as mãos apertando forte o tal, fazendo com que os nós nos seus dedos ficassem brancos. Entrei sem nada falar depois de alguns momentos com ele em silêncio, resolvi perguntar se ele estava bem, mesmo que fosse uma péssima pergunta para quem tinha acabado de ir ao enterro da própria mãe.

- Thor...? – eu comecei e ele abriu os olhos irritados.

- Sim, Mack. Está tudo bem. – falou como se previsse que eu o iria perguntar. – Eu só não gostaria de ter esse encontro no dia do enterro de minha mãe.

- Com seu irmão? – perguntei, inocentemente. Sabia que ele não gostava do irmão, tanto que nunca tinham se falado naquele tempo todo que o conhecia, mas eu não imaginava que fosse aquilo a deixa-lo tão irado.

- Com Kieran. – ele grunhiu. – Nem mesmo sei se posso chama-lo de irmão. – ele parecia tão chateado que quis novamente abraça-lo. – E para piorar tudo, ele vai ficar um tempo conosco em nossa casa. – ele socou o volante e eu arregalei os olhos. Aquilo estava mesmo mexendo com os nervos de Thor.

- Se é só um tempo... – eu comecei e ele negou com a cabeça.

- Não, Mack. Nem se fosse por alguns minutos. – ele falou com pesar. – Você não entende. Kieran não tem respeito nenhum por ninguém. Não aprovo seus modos e o quero longe de você – eu me senti super protegida por mais uma vez, a irmãzinha, o que, de certo e todo modo, desagradou-me.

- Oras, Thor. Eu não sou mais criança, posso sobreviver a uma má influência. – falei ligeiramente chateada. Impressionante como não tinha percebido.

- Uma maçã podre na fruteira estraga todas as outras, meu anjo. – falou sério.

- Ele não vai estragar nada. – falei paciente. – Dê uma chance a ele. Ele parece bem chateado com você e com o acontecido.

- Kieran não fica chateado com nada, Mack. Usa a compaixão das pessoas para ter o que quer. E, no caso, ele quer te levar para a cama. – eu corei.

- Isso não vai acontecer. – falei, convicta. Eu amava Killian.

- Prometa-me que não vai deixar que ele se coloque entre nós. – pediu.

- Ninguém jamais se colocaria entre nós, Thor. – confessei.

- Obrigado, princesa. – ele fechou os olhos, aliviado. – Mamãe odiaria ver eu e Kieran brigando, mas eu simplesmente não posso ignorar que ele seja nocivo.

- Vamos passar por isso, Thor. – ele me olhou por uns segundos. – Por tudo.

- Obrigado, Mack. – ele deu um meio sorriso triste. – Eu amo você.

Sorri por aquilo. Claro que não era o tipo de amor que eu esperava conseguir. Eu estava perdida, mas estava sorrindo. Eu gostava de tê-lo por perto, mesmo que as condições não fossem ideais. Eu gostava dele, será que ele não entendia? Até quando eu seria o seu anjinho? Até quando seria a criança para todos? Será que... Será que se ele me visse do jeito certo, veria que a menininha tinha crescido? Eu queria que ele visse. Não, na verdade, eu precisava que ele visse.

Por que ele deixava tudo mais difícil apenas por estar ali?          Certamente que seria bem mais difícil se não estivesse ali. Precisava dele, mas doía-me que não precisasse de mim da mesma forma. Ele ainda me via como uma criança. Não era mais um anjo. Eu nem mesmo era o seu anjo, mesmo que ser sua “qualquer coisa” fosse uma opção deliciosa a ser considerada. Eu tinha crescido e ele não tinha percebido.

“Killian ama você como você o ama, Mack. Só não sabe ainda”, a voz de Elise ecoou em minha mente. Até quando me veria como a “irmãzinha” que não era? Se me visse diferente, seria capaz de me amar como o amava? Sabia que não perceberia sem uma ajudinha e me parecia ousado arriscar, mas eu não desejava deixar aquilo apenas como um plano. Eu ainda iria conseguir Killian Thorment, mesmo que fosse errado querê-lo da forma que queria. Eu estava cansada de esperar para que percebesse.


Notas Finais


E então? Gostaram? Espero que sim. Deixem-me saber as opiniões de vocês, ok?
Beijos, muito obrigada e até a próxima :*


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