História No Control - Tuesday

     Como eu odeio a minha vida. Era pra ser só mais uma terça-feira tediosa e chata. Porém mil bombas foram jogadas para cima de mim. O dia não estava conspirando ao meu favor, e sim, contra.

    10:18 A.M. – Liverpool

     - Eu não acredito Luke... como você pôde.... Ainda mais com essa puta! Você é um grande filho da puta!  - Gritei já saindo do lugar, mas antes virei e gritei para os dois e para todos ali presentes:

    - Vocês dois se merecem! E sabe mais Ashley?! Luke tem um pau super pequeno!

      Sim eu tinha um namorado. TINHA. Eu sabia desde o início que seria uma furada começar a namorar ele, mas como resistir aos encantos de Luke Miller? 

      Eu simplesmente não acredito que fui traída e humilhada na frente de centenas de pessoas. Mas, pelo menos revidei. Sim, Luke tem um pau pequeno.

    Fui direto á procura de Diana, minha melhor amiga. Ela sempre me ajudou nos meus piores momentos. Diana é bem patricinha, e isso ás vezes me irrita, mas eu continuo gostando muito dela. Corri pelo extenso corredor do colégio até encontrar a sala de aula de Didi, sim, Didi é o apelido que eu inventei. Eu juro que me segurei para não chorar, porém não consegui. Por mais que Luke seja um canalha, eu gosto dele, não era apaixonada, até por que nunca me apaixonei por ninguém, nem pretendo.

  - Mel, o que houve? – Diana perguntou assim que adentrei sua sala, chorando.

  - O Luke... Aquele filho da puta! Ele me traiu Didi... E pior, foi com a puta da Ashley. – falei e logo ela veio me abraçar

 - Não quero te ver chorando por causa do canalha do Luke! Eu te avisei desde o começo que ele é um traste!

 - Eu sei, deveria ter te escutado Didi...

 - Certo agora pare de chorar, preciso te contar uma coisa.- Ela disse já ficando séria. Não, não, mais notícias ruins não!

 - Diana, por favor, me diz que é uma boa notícia. – supliquei

- Mel, você sabe que meu pai se muda freqüentemente por causa do seu emprego... então, eu não sei como te dizer isso... Melissa, eu vou me mudar pra Los Angeles. – Confessou de cabeça baixa, eu já não segurava mais as lágrimas.

- E-eu, e-eu.... não pode ser Diana! Você não pode me deixar aqui sozinha! – falei desesperada.

- Melissa, você acha que eu também quero ir para lá?! Claro que não! Eu já tenho 17 anos, posso muito bem me virar aqui, mas meu pai é um mala! Eu vou sentir tanto a sua falta Mel...

- Não acredito! - exclamei e sai correndo da sala indo em direção ao banheiro. 

- MELISSA! - Diana gritou, mas eu a ignorei 

    Saí correndo pelos corredores e indo direto para o banheiro. Adentrei o banheiro e logo fui entrando dentro de uma cabine. Fui escorregando pela parede até cair sentada no chão abracei meus joelhos enterrando a cabeça nos mesmos e comecei a chorar. Não é possível que tudo isso esteja acontecendo em um dia só. Eu simplesmente odeio a minha vida! 

    Eu não estou com cabeça para ficar prestando atenção em aula, então simplesmente vou cabular aula. Não é a primeira, nem segunda, nem terceira vez que eu faço isso. Simplesmente quando não estou afim de prestar atenção nas aulas eu fujo do colégio e fico vagando pelas ruas de Liverpool, ou vou em uma praça que não tem muitas pessoas, somente velhos.  

      O sinal indicando que as aulas iriam começar ecoou pelo colégio. Com o silêncio do banheiro era possível ouvir a movimentação dos jovens para que entrassem em suas devidas salas. O choro começou a cessar e eu abri a cabine e fui na porta ver se todos já haviam entrado em suas salas. Só havia dois garotos do lado de fora. Aproveitei que eles estavam ali e os chamei para me fazerem um favor. 

    - Meninos, vocês podem me fazer um favor? - perguntei 

    - Srta. Brooke. O que podemos fazer para ajudá-la? - perguntou um garoto alto, acho que ele é do time de futebol. 

    - Meninos, será que vocês podem distrair o Caleb? - Caleb é o inspetor, ele cuida de tudo na escola, e se vê um aluno fora de sala já leva para a diretoria. 

     - Qual será nossa recompensa Srta. Brooke? - Perguntou um moreno começando a se aproximar de mim, espera ele está tentando me beijar?! 

        - Seu nojento! Sai daqui, eu quero que vocês façam esse favor, mas nada de recompensas! - Falei e vi nosso inspetor entrar no corredor e comecei a fazer teatro. 

         - CALEB! Estávamos te procurando na escola inteira! Tem um rato no banheiro masculino, e também encontrei um no feminino, estava gritando igual uma desesperada e os meninos me ouviram e estão aqui! O rato está lá dentro, vai lá ver! - Falei tentando soar desesperada. 

           - Srta. Brooke acalme-se! Vou checar isto agora. - ele me respondeu, ufa, ele acreditou! 

           O inspetor entrou no banheiro e os meninos acabaram que entraram no teatro. Fiquei falando que o rato estava lá dentro, bem lá dentro, toda hora. Até que ele entrou totalmente dentro do banheiro. Antes de sair, sussurrei um obrigada no ouvido do garoto que não queria me roubar um beijo e saí em disparada para o portão principal da escola que estava aberto e não havia ninguém lá. Rapidamente já estava correndo pela calçada com o coração á mil. Percebi que estava longe da escola e parei na calçada. 

  Virei a cabeça para todos os lados procurando um rumo, para onde eu iria até que  os horários da aula acabassem e assim, poderia voltar para a minha casa, e ficar sozinha, já que minha mãe nunca para em casa. 

   Decidi ir á praça. Onde ninguém estaria. Onde eu poderia simplesmente escalar a árvore que eu sempre escalei e ficaria lá até o tempo passar. Se fosse possível ficaria lá até que todos os problemas da minha vida fossem embora. Isso demoraria uma eternidade.

     Logo cheguei na praça. Ela estava vazia, como havia pensado. Fui em direção á árvore, e a escalei com a maior facilidade do mundo. Sentei-me em um tronco forte e fechei os olhos. Não demorou muito para que eu adormecesse. 

  --------------------------------

        Acordei graças a um garoto que me jogou uma pedra. Ele parecia ter seus 10 anos. Rapidamente olhei para baixo e gritei para ele: 

- O que você quer garoto!? Será que não dá pra me deixar dormir, estou te incomodando por acaso? 

- Sim está, essa árvore é minha! - gritou ele de volta cruzando os braços. 

- Vai arranjar uma garota pra beijar, vai. - respondi fechando os olhos novamente para dormir. 

- Eu não tenho idade para isso. 

- Então eu não sei, vaza daqui, eu conheço essa árvore a mais tempo que você.  

     O garotinho saiu bufando de perto da árvore. Pensei que finalmente teria descanso, porém ele voltou. O garoto escalou com facilidade a árvore e logo já estava sentado em um tronco de frente para mim, me encarando. 

- Feliz?! - perguntei

- Eu sim, você não. - respondeu ele. Até uma criança já viu que eu estou mal. Argh. 

- Pirralho cuide da sua vida, que eu cuido da minha, você é muito jovem para entender o que eu passo. - ele apenas deu de ombros.

     Depois disso o garoto parou de me perturbar, finalmente consegui apagar na árvore. Até sonhei que tudo o que havia acontecido nessa terça-feira era um sonho, mas não, não era. Diana é minha melhor amiga desde sempre, vê-lá partir e me deixar aqui sozinha é muito doloroso. Eu sentirei tanta falta dela. Luke... Eu gostava dele. Sim, GOSTAVA. Agora ele é só mais um na lista dos garotos que eu já peguei. Ele é um grande canalha e não merece que eu derrame nenhuma lágrima sequer por causa dele.  

       Decidi descer da árvore e logo tomei um susto quando vi Diana já preparada para gritar meu nome. 

    - Diana, o que faz aqui?! - perguntei 

    - Eu estava te procurando Melissa! Você não compareceu ás aulas, logo que o sinal da saída tocou  fui correndo te procurar. Não te encontrei em nenhum lugar que costumamos ir, então me lembrei dessa árvore. - ela disse.

      - Didi, vou sentir tanto a sua falta. - falei indo dar um abraço apertado que foi retribuído

      - Eu também, mas nós podemos nos falar por skype Mel.

      - Quando você vai embora? - perguntei secando minhas lágrimas.

      - Vou para Los Angeles na sexta-feira, até lá temos todo tempo do mundo para ficarmos juntas, e na quinta irei fazer uma festona de despedida na minha casa, vou chamar todo mundo do colégio.

       - Você poderia me levar pra Los Angeles também. - falei caminhando ao seu lado ela riu. 

       Adentramos o seu carro e ficamos cantando uma música empolgante que tocava na rádio. Não demorou muito para que o carro parece em frente á minha casa. Sai dele e entrei correndo em casa, subi as escadas, porém minha mãe não me deixou prosseguir. 

   - Melissa. Precisamos conversar. - ela falou e eu rapidamente virei meu corpo para olhá-la. Será que ela descobriu que eu cabulei aula? 

      Desci as escadas e sentei no sofá, minha mãe fez o mesmo. Mais uma bomba.