História NO EXIT - Imagine Jooheon(Monsta X) - Capitulo 24

Jooheon estava incomodado, percebi quando suspirou, pude senti-lo fazer isso porque estava bem encostada nele... Mas, por quê? 

No que ele estaria pensando? Ninguém suspirava por nada.

A velocidade já estava um pouco menor, por isso pude me afastei dele, sentando direito. Encarei a parte de trás da sua cabeça observando parte do seu cabelo preto. 

- Você não vai mesmo me contar aonde vamos? — perguntei persistente.

- Você vai gostar, se acalme. Quantos anos você tem pra ter essa pressa toda? Quarenta?

- Hahaha! Muito engraçado! Eu tenho 19 anos, e você? Cinquenta? — ele riu mostrando claramente suas covinhas que vi pelo retrovisor da moto, deixei escapar um sorriso bobo por conta daquilo, eu não conseguia me controlar, era impossível não reagir a esse pequeno gesto.

Ele olhou para mim pelo mesmo retrovisor encontrando meus olhos, acredito que ele já sabia que eu estaria olhando para o mesmo, meu peito apertou com o clima tenso que apareceu discretamente. Eu estava gritando por dentro, sabe como é essa sensação? Pois é...

Eu não queria parar, estava me sentindo bem fazendo aquilo, não era algo vergonhoso que é impossível de continuar, tipo, “ME TIRA DAQUI! SOCORRO!”, e parecia que ele sentia assim também. 

Bateu um frio imenso na barriga que me fez notar o que realmente estava acontecendo ali e possivelmente dentro de mim. Virei a minha cabeça para o lado oposto tentando disfarçar o impossível que acabara de acontecer.

Ele não ia me contar para onde íamos e eu não ia esperar até chegarmos. Se eu pedisse como estava fazendo, é claro que nunca iria conseguir arrancar uma sequer palavra dele. Por sorte minha e azar de Jooheon havia muitas outras formas de fazê-lo falar.

O ritmo da moto foi parando aos poucos, Jooheon parou na frente de uma sorveteria. 

- É aqui? – franzi o cenho. Desci da moto me apoiando em seu ombro rapidamente, queria mesmo saber até onde isso iria dar. Ele cruzou os braços e deu de ombros. — Vamos fazer um acordo! — pensei alto, Jooheon riu sarcástico com olhar para baixo.

- Lá vem você de novo. — ele desceu da moto e se encostou nela, prestando atenção e rindo da minha cara ao mesmo tempo.

- Eu não acredito em nada do que o líder de vocês disse. Qual o nome dele mesmo? Sho... Shu...

- Shownu. 

- Isso! – estalei o dedo. — Eu não acredito nele, nem nada disso tudo. Já que temos uma ligação mais sincera que os outros... 

- Eu não diria ligação sincera... — Jooheon impôs sua opinião. 

- Isso não importa. 

- Eu não acredito que parei pra escutar isso! — bufou. 

- Posso continuar? — ele passou a mão no cabelo com a maior cara de desinteresse. — Obrigada! — abri um sorriso falso. — Ok...Vamos dizer que isso é mais uma ameaça do que um acordo.

Ele deu de ombros e negou facilmente como uma criança teimosa.

- Eu vou direto ao assunto, sem nenhuma enrolação — usar "sem enrolação" sempre funcionava. — Eu não estou com muita paciência hoje. Se você não disser a verdade dessa baboseira toda e tal....

- Não é baboseira. — me interrompeu. 

- O que eu quero dizer é quero saber a verdade absoluta disso, sem mentiras. Porque fala sério, Jooheon, Clãs? Na minha opinião, tem alguma coisa por trás disso e se você tiver a audácia de não me dizer... — pausa dramática. — Mostrarei ao mundo e a toda internet sua identidade atrás daquela sua máscara idiota. — mostrei a foto que tirei dele enquanto estávamos na praça de alimentação naquele dia. — Ei! — exclamei quando ele puxou o celular da minha mão assim que mostrei a foto.

- Como tem coragem de me ameaçar com essa foto? — ele falou sério enquanto analisava a foto. — Não dei permissão para tirar fotos minhas. Sabe o quanto isso é perigoso para mostrar a verdadeira identidade do nosso Clã? 

- Ah, sério??? Não diga! — ele não tinha escutado o que eu tinha dito? — Agora me dê o celular!! JOOHEON, ME DEVOLVA!!! — comecei a me esticar e dar alguns pulinhos para pegar meu celular de volta. Eu não sou tão baixa assim, sou quase do tamanho dele, mesmo assim não consegui alcançar. 

- E por que você colocou a foto na tela inicial? — disse um pouco curioso, arqueando as sobrancelhas. 

- Para tirar sarro de você. Agora me dá o celular! — ele levantou o braço para eu não ter nenhuma chance de pegar, mesmo assim tentei alcançá-lo, logo desisti. Bufei, o olhando com raiva.

- Não, depois eu devolvo o seu celular. — falou se achando o ganhador.

Jooheon colocou o MEU celular no bolso dele. Imagina se ele vir minhas coisas? MINHAS FOTOS BIZARRAS? Sorte que deixei com bloqueio. Por que eu sempre acho que posso estar a alguns passos a frente dele? Preciso desistir disso. Foi uma ideia idiota mesmo... E eu já sabia disso.

Cruzei os braços. 

- Você devia parar de inventar planos. Eles são horríveis. — revirei os olhos, não consegui identificar se a cara que ele fez era de nojo ou de reprovação. — Quer um sorvete? — Jooheon apontou para a entrada da sorveteria. Olhei enfurecida e dei um sorriso forçado. Segui para entrada ainda com os braços cruzados, ele vinha logo atrás de mim.

Assim que entramos, fui até a recepcionista para pedir um sorvete, observei bem cada sabor sem saber qual escolheria. Jooheon pediu um com pedaços de morangos, disfarcei meu olho grande para não pedir o mesmo que o dele, porque, eu já tinha experimentado esse sabor da outra vez que fui a uma sorveteria com a Chin-Sun, e a sorveteria em que estávamos parecia uma franquia da que eu fui pela primeira vez então, tem praticamente o mesmo gosto. Me direcionei novamente ao grande cardápio e apoiei a cabeça na mão em forma pensativa.

- Eu vou querer esse, por favor. — apontei para o sabor baunilha com cauda de chocolate com a maior felicidade. Alguns minutos depois, uma mulher que já era de idade avançada entregou os nossos pedidos.

Estendi a mão para pegar o sorvete e a outra para entregar o dinheiro a ela, mas, Jooheon me impediu dizendo a mesma que ia pagar os dois sorvetes e pagou no código em seu celular.

- Não precisava... Eu ia pagar. — disse sinceramente.

- De nada. — Jooheon falou. Sorri para ele em forma de agradecimento, e depois agradeci também a velhinha bondosa. E enfim, pude experimentar. 

- Vamos nos sentar com os outros.

Assenti, mas depois entendi o que ele tinha falado.

Outros? Arregalei os olhos com receio de virar para trás e dar de cara com mais seis pessoas que não queria esbarrar nem tão cedo, parecia que era isso mesmo que ia acontecer. 

Respirei fundo e virei para seguir Jooheon. Lá estavam eles, e como de costume todos sérios com ar de mistério e preocupação. Segui até a mesa onde estavam, tentei só prestar atenção no meu sorvete. Só tinha um lugar vago ao lado de Jooheon e ali sentei. 

Então aqui é o lugar que ele não queria me dizer, mas por quê? 

- Oi. — falei grossa sem olhar para eles.

- Oi? Como assim “oi”? Pode ir contando tudo. — Kihyun disse piscando para mim.

- O que está acontecendo aqui? Ou melhor, com vocês dois? – I.M disse ambicioso.

- Estão namorando. — Hyungwon repondeu por nós dois com olhos perversos.

- Não! Nós só... É... Não estamos brigando tanto assim. — dei de ombros.

- Aí, meu Deus! O impossível aconteceu, é o fim do mundo! — Minhyuk colocou a mão no peito e fingiu ter um ataque. Aquilo me fez rir, mas, logo percebi que estava começando a me divertir com as palhaçadas do Minhyuk, por isso, voltei a feição séria que não combinava nem um pouco comigo.

- Tem alguma coisa rolando aí... — Wonho balbuciou enquanto bebia algo que eles tinham pedido.

- Não. Não tem nada rolando aqui. — disse olhando mortalmente para Wonho.

- Tá bom, acabou a farra! Agora, minha vez de falar. — Shownu disse fazendo todos prestarem atenção, ele olhou para mim e em seguida, para Jooheon que comia o sorvete ignorando tudo e todos. — Até que... — Ele respirou fundo olhando para as mãos. — Vocês formam um lindo casal! Parece que vamos ser padrinhos, garotos.

Todos riram com a surpresa dita por Shownu, ninguém esperava que ele iria dizer algo assim, Hyungwon e Kihyun bateram na mesa fazendo barulho, aquele era o grupo mais barulhento daquele lugar, as pessoas olhavam de relance e por cima do ombro para ver a bagunça. 

- Só para deixar bem claro, não vai acontecer nada entre nós dois e acabou! — disse enquanto terminava de comer o sorvete. — Que tal mudarmos de assunto? Que tal vocês começarem a falar sobre como que do nada eu acordei em casa, sobre aquela confusão toda e que vocês quase me mataram por uma fuga idiota,  o que acham de falarmos sobre isso? — disse com um tom forte e irônico. Queria que eles soubessem que eu não estava mesmo para brincadeira. 

- Nós vinhemos para falar sobre isso com você. — Hyungwon disse.

- Vamos começar com sua fuga ridícula de última hora que foi muito mal planejada. — I.M balbuciou querendo rir. Revirei os olhos. — Primeiramente, queria dizer que você é muito corajosa a ponto de fazer aquilo. — me elogiou. — Acho que não dissermos isso antes a você, mas, você ficou sendo observada em todos os momentos por isso não conseguiu terminar o seu “plano”.

- Naquela noite, um Clã veio roubar umas... — Jooheon procurou a melhor palavra para descrever. — ... coisas de nós e tentar sequestrar você, o que já sabíamos que isso iria acontecer. Sem falar que desde o princípio, sabíamos também que ia tentar fugir. — Jooheon falou.

- Por isso, criamos uma estratégia para enganar o Clã, fingindo uma morte por ter tentado fugir. — Shownu disse, eu fiquei tão pasma com aquilo. Eu pensei realmente que era verdade. — Deu muito certo. Eles acreditaram e você está morta agora, o que faz isso tudo ainda mais perigoso e sigiloso... 

"Se o Clã inimigo acha que eu morri... Então eu acabei de estragar tudo quando respondi ao cara das mensagens secretas. Eles sabem que eu não morri."

- Você poderia ter tido um conflito interno sobre ter confiado em nós e pensado que traírmos você mas não, somos fiéis aos nossos acordos. — foi bom demais escutar isso. A tempestade virou plenitude em um piscar de olhos. Soltei um suspiro calmo. 

- Por que não avisaram? Por que não combinaram nada comigo? — perguntei o que mais queria saber, desejando ter respostas reais. — Eu teria sofrido menos... Sabe o quanto foi... — eu ia dizer apavorante, assustador ou difícil, mas, escondi meu “eu”. — ...confuso? 

- Entendemos, S/n! Mas se você soubesse, não teria ocorrido da mesma forma. Discutimos isso muitas vezes depois que te levamos para casa. — Minhyuk disse paciente com olhar preocupado. — Sentimos muito...

- Não. — cortei a sua fala. — Vocês não sentem, não seja falso comigo, por favor. Estou sendo sincera com vocês, então peço que sejam comigo... E também, não precisa se desculpar, eu entendo, entendo mesmo. — balbuciei encarando minhas mãos. — Acho que também faria o mesmo... Sei lá. — quis mudar rapidamente de assunto. — Mas... Por que estão aqui? E a casa? Quando voltaremos para lá?

- Não voltaremos lá nem tão cedo. — Hyungwon disse, rindo. — Talvez, nunca mais. 

- Os vizinhos, ou melhor, o bairro todo nos denunciou naquela noite, por conta dos barulhos de tiros. Chamaram a polícia, mas, sabemos nos virar muito bem e saímos de lá na mesma noite. — Wonho disse com os braços cruzados.

- E agora? Vão morar na rua, é isso? — disse rindo. — Eu acho é muito bom!

- Vamos para sua casa! — I.M disse. Minha cara desfaleceu sumindo meu sorriso e a vontade de rir.

- O quê? Não, não... É claro que não! — disse desacreditada. — Vocês nunca, NUNCA, irão ficar na minha casa, escutaram? Pode começar a ligar para a vó de algum de vocês porque comigo nenhum vai ficar! — virei a cara emburrada. I.M, Kihyun e Hyungwon começaram a rir da minha reação.

- Ela acreditou mesmo! — I.M falou quase sem folego.

- Nós temos onde ficar, não se preocupe. Temos uma casa aqui em Seul e em outros lugares também, o último lugar que iríamos ficar é no seu apartamento de intercâmbio, pode ficar despreocupada. — Shownu disse.

- Como você sabe que faço intercâmbio? — arquei as sobrancelhas.

- Além de ser quase óbvio. Sabemos tudo sobre você. — Jooheon falou como se tivesse repetido isso cem vezes para mim.

De repente notei algo enquanto conversávamos. Percebi minha felicidade, minha empolgação e o quanto gostava de estar naquele meio. Aquele medo que explodia ao extremo dentro de mim diminuiu com leveza, deixando a confiança fluir discretamente. Lógico que ficava desconfiada, por que pelo amor de Deus! Eu estou sendo amiga de criminosos! 

 A razão torcia pelo lado que eu não queria ir, mas eu era completamente assumida para o lado emotivo, e amava seguir meu coração, mesmo que isso custasse caro muitas vezes. 

Tinha muito medo de ser enganada por eles e quebrar a cara de verdade.

- É... Meninos... Prometo que não vou fugir de novo, só vou ao banheiro rapidinho.

Saí apressada até o banheiro para respirar um pouco, sei que no banheiro não era a melhor forma de respirar de verdade mas, era o único lugar que poderia mesmo ficar sozinha, nenhum deles iria entrar. 

Olhei-me no espelho, encarando meus olhos castanhos escuros, abri a torneira enchendo minhas mãos e molhei meu rosto com cuidado para não encharcar minha roupa.

Por um momento pensei no meu sonho estranho que tive, queria que fosse mesmo realidade para conseguir aquele relógio e mudar tudo. Os acontecimentos, pensamentos, vontades e decisões.

Nada disso teria acontecido se eu não tivesse descido de casa naquela noite. Eu não queria mesmo ficar me magoando com isso, mas era impossível.

Enxuguei meu rosto e refiz minha maquiagem. Me distrair com aquilo acho que me ajudaria a ficar mais calma. São muitas informações ao mesmo tempo para qualquer pessoa aguentar, o lado bom é que eles não querem mesmo me matar por conta da minha fuga, isso é um alívio.

Arrumei minhas coisas e saí do banheiro um pouco melhor.

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 “Depois de ver a morte de perto, então você entende o real valor da vida”

– Jogos Mortais

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