História No Homo, No Alpha - Homenum Revelio

Vigésimo Quinto Capítulo: “Homenum Revelio”

Jungkook estava no apartamento de Jimin a dois dias e mesmo assim ambos já haviam voltado à rotina cansativa da empresa e tiveram até mesmo de viajar para fora da Coreia num encontro com um possível acionista de Pequim. Foi deveras fácil fechar um contrato com o homem, já que o Park falava fluentemente o mandarim e possuía uma lábia fora do comum, além de ter um poder impressionante de persuasão, que deixou o CEO da Big Hit bastante surpreso e orgulhoso do namorado. Saíram animados da mansão do homem e decidiram comer e beber alguma coisa para poderem comemorar. Caminharam de mãos dadas até um restaurante próximo e ao chegarem lá, Jungkook soltou a mão de Jimin e segurou em seu antebraço.

- Hyung, seria demais eu pedir para que você me ensine mandarim? – perguntou e Jimin sorriu com o pedido, arqueando a cabeça levemente para o lado. – Eu queria ao menos compreender uma coisa do que você falou para aquele homem, que disse tão rápido o próprio nome que eu sequer pude entender sequer uma única sílaba. Vamos hyung, prometo que serei um excelente aluno – pediu com certa manha o mais novo e Jimin deu uma leve gargalhada quando Jungkook disse que seria um “excelente aluno”, já que havia ouvido histórias de que não era bem assim que funcionava.

- Jungyeon noona disse que você era um garoto muito rebelde nas aulas de inglês, se eu tentar de ensinar uma única palavra do mandarim você vai comer meus órgãos banhados no café com leite – Jimin disse rindo e Jungkook ficou emburrado. No dia anterior, um pouco antes de viajarem para a China, o ômega havia ligado para a omma para contar sobre o namoro com o Park e a mulher pediu animadamente o número do mais velho, logo enchendo-o de informações bastante peculiares à respeito do filho, este que ficou com um bico gigantesco quando Jimin veio rindo e perguntando se era tudo verdade.

- Ya! Não precisa acreditar em tudo o que minha mãe disser só por ela ser minha mãe, tá?! – Jungkook exclamou com uma expressão brava que foi extremamente fofa na visão de Jimin, que somente se derreteu mais diante do namorado. Cara. NAMORADO!!!!!! – E eu mudei, sou muito paciente agora, sabia? Aprendi que preciso de paciência caso realmente queira que me ensinem algo, que preciso de mais atenção e foco, e não de irritabilidade – proferiu com um tom de voz que indicava superioridade e Jimin assobiou, claramente zombando do ômega, que novamente teve a expressão emburrada o rondando.

- Mesmo? Porque enquanto eu falava com o acionista, você estava com uma cara muito brava e mexendo os pés sem parar, confesso que o som dos seus sapatos no chão de mármore já estava me dando nervoso – Jimin disse inquisidor e Jungkook fez uma careta engraçada enquanto o olhava, como se estivesse se lembrando da reunião deveras longa que tivera com o acionista chinês, este que deveria se somente um pouco mais velho do que seu namorado. – Quando você fica impaciente, começa a fazer barulhos estranhos, e isso é muito chato!

- Ele estava claramente dando em cima de você! – Jungkook cochichou ao que finalmente entraram no restaurante e Jimin fez uma careta surpresa e indignada enquanto olhava o mais novo, que tinha uma expressão realmente brava em seu rosto. A cena era bastante engraçada. – Aquele... aquele maldito homem riquíssimo que vai ajudar a trazer mais lucros pra minha empresa... ainda assim não deixa de ser um safado! Ele estava engolindo você com os olhos, você é meu, eu me recuso a te dividir com esse xing ling!

- Huang ZiTao é casado, sua bestinha! – Jimin disse antes de dar um peteleco na testa do mais novo, que fez um “kyaaa” irritadiço que fora extremamente fofo, arrancando murmúrios de garotinhas das mesas do lado, que mesmo sem entender nada que os dois falavam, achavam incrivelmente fofas as interações daquele notório casal. – E o alfa dele é muito mais bonito que eu! Você já viu as fotos dele? Parece um boneco de cera, o desgraçado! Ele é casado com um modelo, o que diabos ele iria querer comigo? Sossega! – repreendeu o alfa, se sentando ao lado de Jungkook e olhando as bochechinhas vermelhas e infladas de raiva. Em seguida segurou a mão direita do ômega e selou a mesma, esfregando-a em sua bochecha. – Me desculpe pelo peteleco.

Jungkook esqueceu até que eles estavam na China depois de toda aquela demonstração fofa de carinho. O ômega praticamente se jogou sobre Jimin e o abraçou, ainda com o bico emburrado nos lábios, porém carente demais para recusar os carinhos do namorado, este que logo começou a acariciar os cabelos castanhos do mais novo. Logo o garçom chegou e Jimin pediu pelos dois, já que Jungkook realmente não falava nem um “a” do mandarim. O ômega teria seu cio em no máximo quarenta o oito horas (de acordo com seus cálculos), por isso estava com uma carência absurda, esta que Jimin apreciou e muito. Realmente gostava de ter o seu lobinho enroscado em si.

O alfa riu baixinho ao perceber o que as garotas ao seu lado estavam falando, sussurrando loucamente coisas como: “Eles são tão lindos juntos, parecem cantores ou modelos”, “Olhem como eles estão abraçados, os cheiros deles estão misturados, sequer dá pra saber como é o cheiro de cada um, será que o ômega já foi marcado?”, “Vejam as alianças deles!”, ”Estão usando ternos, devem ser homens de negócios. E são um casal, isso é tão fora dos padrões, por isso eles são mais bonitos ainda”. Era interessante ver que tudo estava evoluído o suficiente para que as pessoas aceitassem as diferenças alheias – obviamente Yongguk não estava incluso nessa realidade – sendo que quando Jimin era uma criança, o mundo sem preconceito era algo utópico.

Só estava preocupado a respeito de Jungkook ser um ômega e liderar uma empresa do porte da Big Hit. Não era por questões de estranheza, Jimin sabia que noventa e nove por cento das pessoas aceitariam da melhor forma possível – é uma obrigação das pessoas aceitar e respeitar, afinal –, mas era justamente esse um por cento que o preocupava. Muitos ainda tinham aquele pensamento maçante de que o alfa nasce para liderar e o ômega para ser liderado; o beta é somente uma parte a ser ignorada. Era algo tão absurdo que o Park buscava não ficar pensando muito naquilo para não se aborrecer, era algo que realmente o deixava com bastante irritação.

- Nosso voo sai meia-noite, não é? – perguntou Jungkook depois de um tempo, aleatoriamente e Jimin respondeu que sim, esperando o mais novo falar mais. – Vamos chegar em Seul quase às três da manhã... eu acho que vou passar a madrugada acordado – disse aéreo, despertando a curiosidade do alfa. O Jeon só ficava acordado durante a noite quando estava realmente nervoso ou apreensivo com algo. – Eu vou convocar uma coletiva de imprensa e vou contar a verdade. Eu não posso mais esconder de todo mundo quem eu realmente sou, isso está me deixando realmente mal, parece que estou cometendo um crime. Não quero mais me sentir assim.

- Vai contar pra todos que você é um ômega? – Jimin perguntou e logo a comida chegou. Os dois agradeceram o garçom e começaram a comer tranquilamente. – Não precisa ficar nervoso quanto à isso, sim? Eu vou estar lá pra você, sua mãe e Hoseok também. Não se preocupe, e por favor, durma bem quando chegarmos – concluiu o alfa, olhando paciente para o namorado, que suspirou e sorriu. Jimin já não podia mais sentir as mesmas coisas que o mais novo já que os efeitos das marcas temporárias já haviam deixado seu corpo a algumas horas, o que era meio estranho para si, pois havia meio que se acostumado com a sensação de ser como um intruso na mente de Jungkook.

- Não é só isso... eu vou assumir o meu relacionamento com você – disse o ômega e Jimin arregalou os olhos, surpreso. – Não quero esconder a minha felicidade, hyung. Quero que todo mundo saiba que eu tenho o alfa mais incrível do meu lado, e que a minha sorte é bem maior que as riquezas que eu possuo – concluiu e Jimin abandonou os talheres no prato, colocando as mãos no rosto em seguida. Foi inevitável deixar aquele momento de fraqueza e vulnerabilidade vir a tona, ainda mais depois daquela nítida declaração de amor, a qual o alfa jamais imaginava que chegaria.

Se a quatro meses atrás alguma pessoa lhe dissesse que Jeon Jungkook iria se declarar para si daquela forma, Jimin provavelmente iria até a drogaria mais próxima comprar dois pacotes de Rivotril para essa pessoa e a mandaria enfiar onde achasse mais gostosinho.

- Hyung... você não tá chorando, né? – Jungkook perguntou, abandonando seus talheres e encostando a boca no ombro de Jimin, que continuava com as mãos cobrindo o rosto. Em alguns segundos o mais velho voltou a olhar para seu ômega, com os olhos levemente marejados e sorriu, de um jeito tão fofo que o coração do Jeon quase virou calda de manjar.

- Eu acho que estou feliz demais para não chorar ao menos um pouquinho, amor.

“Veja só se eu não estava certo esse tempo todo. Tive um certo trabalho pra te convencer de que Jimin era o homem certo, o lobo certo, a companhia certa, mas no fim deu tudo certo, não é? Agora imagino que você esteja imaginando que Jimin irá marcar você no cio... hm... eu já acho que ele não fará isso não, sabia?”

H-Hein? Como não? Geralmente ômegas são marcados durante o cio, esse é padrão mais correto a se seguir, estou errado? Não faz muito sentido essa sua observação.

“Ô sua besta, desde quando Park Jimin segue padrões? Vamos lá, me diga qual alfa chora diante de um ômega? Qual alfa não se sente nem um pouco desconfortável em abrir mão da própria ‘masculinidade’ e se mostra vulnerável diante de uma ‘classe de lobos inferior’ à dele? Pelo amor de Deus, me diz que espécie de alfa aceita se submeter ao ômega até mesmo durante o sexo? Jimin deixou você amarrá-lo na cama, porra. Nenhum alfa faz isso. Por isso eu digo, Jimin vai esperar um momento realmente especial para te marcar.”

Mas o meu cio não é algo especial, lobo bobão?

“Seu cio é um fenômeno fisiológico, você não é o único ômega que tem essa característica, humano imbecil! Eu acho que por mais que Jimin realmente nos ame, ele não tem pressa alguma em te marcar, pois sabe que terá você pelo resto da vida, então não há motivos para apressar as coisas. Ou talvez tenha.”

E c-como ele sabe que me terá pelo resto da vida?

“Isso você terá que descobrir sozinho, porém... acho que você também já sabe. Você só se faz de bobinho e inocente, Jungkook, seus conhecimentos sobre akai ito são maiores do que aparentam ser.”

Jungkook engoliu em seco e olhou para uma das mãos de Jimin, para então segurá-la e levá-la até a boca, deixando um selar ali como o próprio alfa fizera com a sua mão a alguns instantes atrás. As menininhas da mesa ao lado imediatamente sacaram seus celulares, claramente apaixonadas pelo casal.

- Você não precisa chorar, hyung, afinal todos os dias eu vou me declarar um pouquinho. Já imaginou se você começa a chorar sempre que eu me declarar? Não quero que você fique desidratado – Jungkook disse e Jimin riu de forma fofa, mostrando o lindo eyesmile que possuía. O alfa então dedilhou o rosto do outro e deu uma batidinha com a ponta do dedo indicador sobre o nariz do ômega, que riu baixinho.

- Eu te amo. Obrigado – Jimin disse e provavelmente as garotinhas entenderam ao menos aquela frase, já que um simples “saranghae, komawo” era fácil de compreender. Logo o alfa pôde ouvir uma das garotas dizendo que gostaria de um alfa como aquele, que chorasse por si e dissesse que a amava e Jimin acabou rindo daquilo, dizendo um “vamos terminar de comer” para Jungkook, que sorriu e acenou afirmativamente para o ômega.

Eram exatamente duas e quarenta da manhã daquela sexta-feira quando Jimin e Jungkook chegaram em Seul. Com o ômega desacordado em seus braços, o mais velho caminhou até o lado de fora do aeroporto e chamou um táxi, que os levou até o apartamento do alfa. Particularmente, era realmente bom ter aquele corpo grande e cheio de músculos aconchegado em seus braços. Jimin julgava a beleza de Jungkook como algo que beirava o rústico, a mandíbula malditamente bem marcada e o corpo muito bem desenhado realmente não mostrava nem um pouco a natureza ômega do mesmo, pelo menos não se levassem em conta os padrões. Mas de que servem os padrões, não é?

Jimin abriu a porta de seu apartamento com certa dificuldade e logo empurrou a mesma com o pé, trancando-a novamente. Caminhou com o mais novo até o seu quarto e ao chegar no mesmo, deixou Jungkook sobre a cama, foi até o guarda-roupa e retirou de lá um de seus pijamas, o preferido do ômega e passou a despir o mesmo, peça por peça e o vestiu. Por alguns minutos, ficou simplesmente olhando o namorado dormir, a forma como o Jeon mantinha a boquinha entreaberta enquanto respirava tranquilo era incrivelmente fofa, parecia uma criança de cinco anos de idade daquela forma, e não um homem de quase vinte e cinco.

O alfa se trocou e decidiu tomar outro banho. Ao fazê-lo, também retirou um pijama do guarda-roupa e se vestiu, apagando a luz e se deitando ao lado de Jungkook em seguida e o puxando para seus braços. Assim que fechou os olhos, sentiu as mãos longas do ômega se prenderem em sua camiseta e resmungar seu nome, meio acordado, meio dormindo.

- Hyung... você acha que vai dar tudo certo amanhã? – perguntou, parecendo realmente assustado. Jimin sorriu, ainda com os olhos fechados.

- Certo ou errado, eu vou estar do seu lado de qualquer forma e vou fazer o necessário, o possível e o impossível pra te proteger. Agora durma, amanhã temos trabalho a fazer. Você tem uma empresa para comandar e eu tenho um chefe para atazanar – Jimin murmurou e Jungkook riu baixinho, depositando um selar na clavícula do alfa e murmurando um “boa noite” antes de esfregar seus fios castanhos no pescoço do mais velho, que se arrepiou e cutucou as costas do mais novo com seus dedos ligeiramente longos. Logo, ambos adormeceram e sequer viram a madrugada passar.

Jungkook acordou primeiro e se levantou da cama, indo direto para um banho. Antes, contudo, de se enfiar debaixo do chuveiro, enviou uma mensagem para Seokjin e pediu para que ele e Namjoon convocassem uma coletiva de imprensa, seria somente para duas informações importantes e seria tudo bem rápido, levaria até menos de cinco minutos. Obviamente o ômega mais velho gritou até os tímpanos de Jungkook pedirem perdão pelos pecados de sua vida passada, já que a curiosidade do vice-presidente era um tanto quanto exagerada na visão do ômega mais novo.

Logo, o CEO da Big Hit Entertainment estava se banhando e por mais que tivesse dormido por pouco mais de três horas, estava se sentindo revigorado e sabia que esse era mais um sintoma do seu pré-cio. Em pouco tempo Jungkook terminou seu banho, secou seu corpo e se vestiu no roupão de plush cinza – Jimin tinha um bom gosto do caralho –, se maquiou ainda dentro do banheiro e secou seus cabelos, arrumando-os como sempre fazia e saiu do cômodo, dando de cara com Jimin, este que já estava com os sapatos sociais e com a calça do terno, porém com a camisa aberta e ainda torta em seu corpo. Graças à febre do cio próximo, o corpo de Jungkook se aqueceu repentinamente e o ômega fora obrigado a se estapear para espantar aqueles pensamentos.

- Bom dia, amor – Jungkook disse e beijou os lábios do mais velho, dando somente um selar simples.

- Bom dia... o que foi esse “self-tapa” que você deu? – Jimin perguntou, ajeitando a camisa e a abotoando de baixo para cima, colocando-a dentro da calça e arrumando as mangas da mesma, em seguida pegando sua gravata. – Quem fazia muito isso era meu amigo Baekhyun, que vivia se batendo aleatoriamente. Alfa estranho, aquele.

- Meu lobo está muito sensível por conta do pré-cio, então eu estou sentindo calores desnecessários por coisas desnecessárias em momentos ainda mais desnecessários – Jungkook disse e o seu lobo arqueou uma sobrancelha, como quem diz: “Mas agora a culpa é minha?”

- Mas isso não é culpa do seu lobo, amor – Jimin disse confuso e o lobo de Jungkook correu como o Naruto. “HÁ! Fala mais, patão! Eu amo esse alfa e ninguém é capaz de dizer o contrário!” – Pelo o que eu vejo, você adora culpar seu ômega interior, hein? – o alfa perguntou rindo e Jungkook fez uma careta inconformada.

- Claro que não! É que ele geralmente sempre tem culpa. Você não tem noção das coisas que ele me fala as vezes. Se eu fosse um ômega extremamente vergonhoso, já teria pegado fogo e virado cinzas de charuto – o ômega revidou, enquanto seu lobo interno ria horrores das suas comparações e de como Jimin o “defendeu”, deixando Jungkook sem jeito.

De qualquer forma, os dois tomaram café e ao realizarem suas higienes, foram para a empresa. Ao chegarem, cumprimentaram animadamente Seulgi na recepção, esta que perguntou sobre o possível acionista chinês e Jungkook disse com orgulho que haviam realmente fechado contrato com o mesmo. A alfa vibrou de alegria e disse que quando o empresário desse carta branca, iria conversar com Wheein para que a secretária marcasse uma nova reunião com acionistas, dessa vez incluindo o Huang entre os mesmos.

No andar superior, cumprimentaram Yixing e Chaeyoung, respectivamente vice-diretor e diretora do setor de Recursos Humanos, que corriam pelos corredores para verificar papeis e mais papeis para pagamento dos funcionários. Era sempre daquele jeito, os dois viviam correndo de um lado para o outro. Mais à frente, Wheein falava ao telefone e ao ver seu chefe chegando, cumprimentou-o e curvou-se respeitosamente de Jungkook e Jimin. A beta parecia animada com algo.

- Bom dia, Jungkook-ssi e Jimin-ssi! Bem, Seokjin acabou de me notificar que a imprensa já está esperando o senhor no saguão da empresa. Mesmo o senhor dizendo que eram assuntos curtos, aparentemente vieram mais jornalistas do que o esperado, já que o senhor é um homem bastante influente em todo o país – disse a beta, toda sorridente e também curiosa a respeito do que seu chefe iria dizer de tão importante.

- Oh, eu agradeço aos céus por você ser tão eficiente, Wheein. E por favor, não me chame de senhor, minha coluna está ótima e eu mal tenho barba na cara. Eu sou somente uma criança com músculos e com uma altura um pouco acima do ideal – disse sorrindo e Wheein riu, dando um leve tapinha no braço do empresário, que acabou por rir e segurou as mãos da beta. – Está temporariamente dispensada. Avise todos os empregados da empresa para que eles se reúnam no saguão, junto dos jornalistas. Eu quero que todos vocês me vejam dizendo pessoalmente, não através da TV – Jungkook pediu e Wheein assentiu, vendo os dois homens deixando aquele andar e se dirigindo até o saguão.

A beta então virou-se para a sua mesa e pegou o telefone, discando para o hangar de cada escritório ou setor da empresa para notificá-los sobre as ordens do CEO. Enquanto ligava, ouviu uma voz que era quase inconfundível para si, e mesmo que os anos passassem, nada faria com que sua mente se esquecesse daquele timbre grave.

- Eu tenho certeza que era por aq-... noona?

Wheein se virou devagar e se assustou ao ver o garoto extremamente alto em comparação à si. Já faziam quase sete anos que não o via, e sinceramente, seu rosto quase não havia mudado. Somente estava mais másculo e alto. A beleza luxuriosa do garoto era quase a mesma.

- T-T-Taehyung?!?! O-O q-

- Vim pegar meu último pagamento... mas o setor do RH estava fechado. Acho que Chaeyoung noona e os outros também foram para o saguão, está uma loucura lá fora. Mas e você, o que faz aqui? Pensei que nunca mais iria ver você. Está diferente, ainda mais bonita – ele disse em um tom calmo e sorriu simples em seguida, fazendo com que a pobre Wheein perdesse o ar e quase caísse.

Não é possível que mesmo depois de sete anos, ainda não havia esquecido Kim Taehyung, o seu primeiro namorado.

Jungkook estava em pé e ao seu lado estava Jimin. Ao redor de todos eles estavam dezenas de jornalistas e até paparazzi, os flashes em seus olhos eram desnorteantes e por pouco o ômega não desistiu de tudo aquilo. Não podia desistir, aquele era um passo decisivo para si. Em alguns instantes, no meio daquele mar de jornalistas e funcionários da empresa, Seulgi chegou ao meio daquele círculo e entregou à Jungkook um amplificador de voz. O empresário encaixou o mesmo do lado de trás de sua cabeça e arrumou o microfone de forma que ficasse rente à sua boca, respirando fundo em seguida.

- Eu não irei enrolar muito, afinal havia deixado claro que essa seria uma coletiva curta e rápida. O que eu tenho a dar é um aviso. Não pressionem seus filhos, não digam a eles o que eles devem ser. Esperem que eles cresçam, deixem que eles aprendam um pouco sobre a vida antes de pensar em coisas pequenas e chatas como hierarquia lupina. Se pressionarem seus filhos, eles crescerão como eu. Quando criança, meu appa vivia gritando aos quatro cantos que eu seria um alfa perfeito, e por todos esses anos, eu vivi realmente achando que eu era um alfa. E não, eu não sou. Eu sou um ômega.

Naquele instante, os jornalistas iniciaram uma sessão de perguntas repetitivas, mas muitos ali estavam surpresos demais para dizerem qualquer coisa. Os funcionários estavam chocados, assim como todos aqueles que estavam vendo TV naquele momento. Foi em tal instante que Jungkook sentiu os seus dedos sendo segurados pela mão de Jimin, este que sorria orgulhoso para ele. Não havia nada a temer, era isso que os olhos do alfa diziam para si, de forma clara, explícita, não havia do que ter medo. O empresário então sorriu e concluiu a entrevista, olhando para os jornalistas com certa glória em sua aura.

- E este ao meu lado é Park Jimin, meu assistente pessoal, um incrível alfa que fala exatamente oito línguas diferentes... e meu namorado. Peço que o tratem com o devido respeito e educação.

E então, estava feito.

Jeon Jungkook.

Ômega.