Lugin’s POV
-M-mamãe? – choraminguei ao ver o corpo da minha mãe no chão, todo ensanguentado, nojento, com seis tiros pelo corpo: na cabeça, coração, pulmão, fígado, rins e estômago. É nojento, é horrível e o que mais machuca: é a minha mãe. As lágrimas tentam cair, deixo algumas irem, mas me seguro. Não posso chorar na frente desse – DESGRAÇADO! O que você fez?! Seu idiota! – empurrei ele na parede.
-Acalma a periquita, seu merdinha. – ele me empurrou de volta, apontou a arma em mim e preparou o gatilho. – quer ter o mesmo destino que ela? – ele puxou o gatilho lentamente e eu me senti morto por um segundo.
-NÃO! – ouvi Kazzio berrar e acertar meu pai na cabeça com uma frigideira. Nós dois caímos no chão e eu desatei a tossir loucamente. Acho que a bala pegou no meu tórax, mas eu não sei. Minha visão fica turva e só consigo sentir alguém, mais especificamente: Kazzio, me pegando no colo. – você vai ficar bem, Lugin.
Mike’s POV
Frustrado. Irritado. Puto. Definições pra mim nesse momento. Passaram alguns dias depois que o pessoal da outra escola foi embora, faltam pouquíssimos dias para as férias, estou contando até, mas não sei se serão férias felizes se eu terminar com o Pac. Esse babaca fica me ignorando! Seja na escola, seja fora dela, seja nas redes sociais, ele não fala comigo! Eu sei que devemos espaço um ao outro, mas isso já tá demais! Ele anda com o Rezende (o cara do qual eu não consegui perdoar o que fez comigo) e a Maria vai junto! Isso é nojento, é irritante, me deixa com ciúmes e mesmo que ciúmes seja a forma de eu demonstrar que ele é importantão pra mim, MACHUCA! Eu não tenho palavras pra descrever. Última segunda-feira antes das férias, apenas uma semana e eu estou livre dessa joça de escola. Não que ela seja ruim, mas eu tô cansado, pô! Eu não aguento mais ensinar os caras da minha sala á fazer contas, explicar teorias e regras! Pelo menos surtiu efeito, eles conseguiram melhor um pouco. Mas agora preciso me focar em lavar o rosto e me arrumar pra ir tomar o café e então, ir pra escola. Já estou cansado demais pra fazer isso, tô com sono, tô irritado e vou cortar o primeiro que me disser meio “pio” errado.
Faço o que tinha que fazer e desço pra cozinha, onde sou recepcionado por meu pai:
-Onde você estava, Mikhael?
-Acho que em Nárnia, não é óbvio? É o único lugar onde eu poderia estar à essas horas! Ou você acha que eu estava fodendo com meu namorado?
-Cala essa boca, Mikhael e não me responda assim! – esbravejou, colocando minha torrada no prato. Revirei os olhos e rejeitei a comida – não vai comer?
-Tô com cara de quem tá com fome? – rebati.
-Quer apanhar? – vociferou, com uma espátula na mão – pode ser aqui e agora!
-Para de show!
-O único quem tá fazendo show aqui é você! Fica calmo que desse jeito criança não ganha doce! – fez bico de “mereço” e se virou pro fogão novamente, terminando de fazer sua torrada e os ovos mexidos. Mostrei o dedo do meio pra ele, mas logo escondi. Fiquei de braços cruzados, esperando pra que nós fôssemos logo pra escola. Nem pra Mika eu dei bom dia e a garotinha me olhava, com pesar por mim. Não quero deixá-la preocupada então dou um sorrisinho súbito pra ela e a mesma me corresponde com um sorrisão. Permaneço olhando o relógio e esperando ir logo pra escola, quero tirar satisfação com meu namorado, aquele porre. Quem ele acha que é?
...
-Mike, o que você tem, cara? – JV perguntou. Fiz uma amizade com ele, finalmente. Ele não é horrível como aparentava ser, ele é até engraçado e bobão, ele é da hora.
-Nada.
Passaram alguns minutinhos e a Maria veio à minha carteira.
-Mike, porque tá com essa cara? E me empresta o apontador.
-Nasci com ela, algum problema?
-Ai, grosso!
-Sou mesmo e o Pac pode provar, aliás, acho que você deve saber o que eu sei sobre ele né, do jeito que tu é! – avancei nela.
-Eita pooooooooooooooooooorra! – Kaike berrou do outro lado da sala. Como ele consegue ouvir?
-Nossa, o que eu te fiz? – choramingou. Ah, não se faça de besta pra mim!
-Nasceu! – tomei o apontador da mão dela – e me devolve essa porra aqui. Vaza, piranha.
Ela saiu e eu abaixei a cabeça. Pac ainda senta atrás de mim, mas ele saiu pra ir ao banheiro. Daqui a pouco ele volta, eu espero. Vontade de quebrar essa porra de mesa fria! Que ódio! O professor não cala a boca, ele sabe que não precisa explicar mais nada? NINGUÉM SE IMPORTA MAIS, QUERIDO! ABRE OS OLHOS! Saco. Ah, o Pac voltou! Eu... eu... eu preciso ser forte, não vou mostrar emoção.
-Amor, que você tem? – colocou a mão na minha cabeça.
-Tenho olhos, cabeça, boca e nariz, por quê? Acha que falta alguma coisa?
-N-não, mas você tá cabisbaixo aí, encolhido, parece que tá doente... você tá bem?
-Ótimo! Melhor nunca! – ironizei.
-Amor, para com isso, você não tá bem. Fala o que tá acontecendo – ele se agachou ao meu lado.
-Tá acontecendo o aquecimento global, porra, o que você acha de parar de poluir o MUNDO, COM SUAS MENTIRAS?
-Ahn?
-É ISSO MESMO QUE VOCÊ OUVIU, PACTW, PORQUE VOCÊ FICA MENTINDO PRA MIM? FICA AÍ, ME AMA, MAS PAROU DE ME DAR BOLA! ME IGNORA AGORA! VAI COM TUAS AMIGUINHAS! – berrei, sussurrando.
-Como assim???
-Não se finja de desentendido, Pac... – murmurei.
-Para com isso, amor!
-Para você! Me deixa! Vai sentar se não o professor briga! – no fundo, no fundo eu ainda me importo com ele. Ah, mas quem disse que eu deixei de amá-lo? Aliás... por que eu me apaixonei por ele? Porque eu caí justo no conto dele? Eu me apaixonei por um cara que me maltratava! Eu sou idiota ou...? Eu não entendo. Eu não sei o porquê do meu amor por ele. É totalmente nonsense! Eu não sei meus motivos pra amá-lo, mas é algo que me puxa intensamente pra mais perto dele. Sou uma pessoa estranha, eu acho.
-Tá bom... – ressonou, indo pro seu lugar cabisbaixo. Ele tá errado, ele sabe, né? Ele deveria estar mais comigo! Eu sei que acabei deixando-o de lado enquanto eu fazia minhas coisas, mas poxa! Machuca muito mais saber que a pessoa tá te ignorando por razão nenhuma! Eu tinha uma razão pra não falar com ele tanto quanto eu fazia antes. Mas eu sou orgulhoso demais pra pedir desculpa pra ele agora. A culpa, na verdade, é dele e ninguém vai mudar minha mente.
...
EU NÃO CONSIGO! EU NÃO CONSIGO FICAR LONGE DO PAC POR TANTO TEMPO! DROGA! Eu preciso dele, é “retardadice”, mas eu preciso do carinho dele, do cheirinho dele, do amor dele! Eu... eu não sei. I’m cafuso. Mas agora no intervalo, irei falar com ele um pouco, pedir desculpas, talvez...
-FELIZ NATALLLLLLLL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! HO HO HO HOOOOOOOOOO!!!!!!!!! – Kaike e Imbizita saíram berrando pelo pátio. Como assim? Nem é Natal ainda, estamos em junho, quase em julho! Esses caras tem down?
-What the fuck? Porque feliz natal? – perguntei – nem é Natal!
-MAS NA VIDA REAL SIM, ONDE A NOSSA “CRIADORA” TÁ É NATAL, FELIZ NATAL, NO ORDINARY LOVERS!!!!!! – Imbizita berrou ao céu. Como assim??
-FELIZ NATAL NO ORDINARY LOVERSSSS!!!!!!!!!!! – a turma inteira veio pra perto da gente, em coro berrando. Porque cacetes eles estão usando gorros de papai Noel? Porque eu também estou com um gorro??? GENTE???
-Feliz Natal, Mike – Pac me surpreendeu, me dando um beijo, levantando uma mão. Ah, levantando um visco, né? Eu não tô entendendo nada, mas é romântico e aleatório. Gostei.
Começou a tocar Tuts Tuts, Quero Ver também, agora, do nada. O que deu nessas pessoas? Mas acho que é o que a Imbizita disse, é Natal pra esses tal de No Ordinary Lovers... eles nos conhecem... e... meu Deus. Corei. Eles sabem que eu fiz sexo com o Pac??? FODEUUUU!!!!! Wat wat wat.
Sai da muvuca, onde todos estavam festejando e puxei Pac.
-Algo a dizer?
-Por quê?
-Você me deve desculpas.
-Pelo o quê?
-Pac, você tem me ignorado esses dias, porra! Machuca!
-Ah! Desculpa moço, mas você também me ignorou durante um tempo...
-Eu sei, mas tinha um propósito! Eu tinha coisas pra fazer, tinha motivos. Já você eu não sei se tem motivos.
-Tenho sim!
-Ah é? – arqueei a sobrancelha, desafiando-o. Eu sei que não, ele vai ceder mesmo que demore o dia inteiro.
-É! – passaram alguns minutos com ele me encarando e então ele finalmente abriu a boca – tá! Eu ignorei porque era vingança, desculpa meu amor. Eu preciso de você, e te ignorar machucou muito. Desculpa mesmo.
-Agora sim! Vem cá, meu bobo! – abracei ele forte e o mesmo correspondeu. Eu amo ele demais, não consigo explicar, mas... é simplesmente assim, eu acho. Certo, certo, isso não é um amor normal.
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