História No pain, no game. - Gold skies

Sasuke pov’s

Com a cabeça escorada contra a parede voltei ao meu grande passa tempo que era fazer absolutamente nada a não ser ficar encarando a parede. Eu me sentia parcialmente submerso em águas profundas boiando em um oceano repleto de culpa.

Eu havia falhado.

- Teme? – Chamou Naruto tocando brevemente em meu ombro antes de se sentar ao meu lado. – Tsunade mandou chamar você.

Respirando profundamente, me levantei e caminhei pelos corredores ignorando todos os olhares que estava recebendo. Tsunade estava terminando de encostar a porta quando olhou para mim me cumprimentando com a cabeça antes de seguir o caminho contrário. Com um leve frio na barriga, dei dois toques na porta antes de voltar a abri-la. Sakura estava sentada com a expressão neutra fixa em sua barriga.

- Como você está se sentindo? – Perguntei e estranhei minha própria voz ao escutá-la meio baixa e grogue.

- Tentando digerir todas essas informações. – Respondeu enquanto fitava o lugar onde antes existia meu braço. – Está doendo?

- Não tanto quanto o peso da culpa. – Respondi dando a volta sob seu leito e caminhando em direção a si, beijando seus cabelos. – Tsunade já te contou tudo? – Perguntei referente a toda essa situação.

- Eu quero divorcio Sasuke. – Respondeu com a voz fina, sem olhar em meus olhos. E nesse momento realmente agradeci por ela não ter o feito. – A trompa direita do meu útero foi rompida, as chances de eu conseguir engravidar mais uma vez são mínimas então eu não posso mais reconstruir o clã ao seu lado.

- O que você quer dizer com isso? – Perguntei com a voz um pouco mais irritada do que eu gostaria.

- Quero dizer que você esta livre para se casar com outra pessoa e reconstruir seu clã. – Disse olhando em minha direção. Sentei ao seu lado no leito e enxuguei as lágrimas que escorriam pela sua bochecha.

- Eu não me importo mais com isso. – Disse olhando profundamente para seu rosto. – Nós já temos uma filha. Tudo que eu quero está bem na minha frente.

- Mas você deveria Sasuke! – Disse Sakura afastando seu rosto da minha mão. – Procure outra mulher, ela será...

- Eu amo você. – A frase simplesmente saiu da minha boca, pegando-a tanto ela de surpresa como a mim mesmo, automaticamente senti meu coração disparar, mas não tentei arrumar o que inconscientemente eu havia dito, porque aquilo de uma forma ou de outra realmente não era mentira.

Sakura pov’s

Suspirei pesadamente quando senti uma mão acariciar meu cabelo e então abri os olhos. Sasuke estava sentado atrás de mim na banheira e só então percebi que havia cochilado contra seu peito.

- Acho que eu acabei cochilando. – Disse soltando uma risada ao me virar para si, adorando a imagem do seu cabelo preso com a minha presilha de cabelo.

- Não ligo. – Respondeu enquanto afagava meu pescoço.

- Sabe que não podemos mais e você insiste em me provocar. – Falei enquanto jogava a cabeça para trás e me arrepiava com seus toques. Atualmente eu estava no final do meu oitavo mês de gestação o que simplesmente estava me deixando maluca de ansiedade. Resolvendo tirar uma casquinha o beijei com necessidade, embrenhando minhas mãos em seus cabelos e saboreando a sensação maravilhosa que era ter sua língua deslizando sobre a minha.

- E depois fala que eu estou provocando. – Respondeu colando a testa na minha assim que o ar se mostrou necessário.

- Para deixar claro a sua existência já é uma provocação. – Comentei enquanto piscava para si, saindo da banheira e vestindo um roupão.

Sasuke logo saiu também e foi se vestir no quarto enquanto eu me arrumava no banheiro, terminando de me secar, vesti minha roupa intima antes de escovar os dentes e através do espelho notei a cicatriz que marcava minha pele. Já havia se passado três meses desde aquele dia, Orochimaru assim como todos os outros estavam mortos agora, mas mesmo assim não saímos totalmente vencedores. Sasuke apesar de ter despertado o Rinnegan no olho esquerdo acabou perdendo um braço, enquanto eu recebi um golpe que praticamente me deixou estéril. Essas cicatrizes em nossos corpos apenas colaboravam para nunca esquecermos o terror que passamos, ficando gravado em nossa memória através do sangue e da dor.

***

- Ele é tão fofinho! – Exclamei enquanto praticamente babava em cima do pequeno Boruto.

Boruto havia nascido na manhã anterior. Naruto praticamente arrombou a porta da nossa casa e literalmente me arrancou da cama. Seu pânico era evidente, nunca o tinha visto suar tanto como naquela madrugada. Foi apenas quando Hinata entrou de fato em trabalho de parto quando nosso futuro Hokage praticamente saiu dos trilhos, por um grande momento quase tive que chamar o Sasuke por acreditar que o loiro iria desmaiar.

- Naruto ele realmente é a sua cara. – Disse Shikamaru abraçando a cintura de Temari com Shikadai nos braços.

- Obrigado, dattebayo.

- Não sei se foi exatamente um elogio levando em consideração seu histórico de quando era criança. – Disse Ino arrancando algumas risadas ao embalar o pequeno Inojin, que veio a nascer durante a minha internação.  

- Eu ainda tenho esperanças porque dentro do Boruto ainda existe uma parte da Hinata. – Disse Neji.

- Bom, quem nos dirá isso é apenas o tempo. – Emendou Tenten.

Alguns minutos mais tarde após todos irem para casa, Sasuke e eu a pedido do Naruto e da Hinata ainda continuamos a fazer companhia e entre comentários e risadas a porta do quarto se abriu após receber dois batidas suaves e de lá aparecer a cabeça de Kakashi.

- Acho que estou um pouco atrasado. - Falou.

- Claro, para variar um pouco, não é mesmo sensei? – Disse com ironia.

- Pode ter certeza que nisso a Shizune já chamou muito a minha atenção. – Se defendeu.

- E mesmo assim você insiste em se atrasar. – Disse a própria Shizune aparecendo atrás de si, fazendo-o bufar. – Volto em um minuto, preciso conversar com Tsunade. – Disse a morena dando um tapinha na própria testa antes de dar meia volta e sair fechando a porta logo em seguida e não deixei de reparar que o nosso querido sensei tinha acabado de fitar descaradamente a bunda da sua secretária. Ali tinha alguma coisa e mais cedo ou mais tarde eu iria descobrir.

- Gostaria de segurá-lo Kakashi-sensei? – Perguntou Hinata, e logo seguinte o pequeno embrulho partiu do colo da perolada para os braços um pouco desajeitados do Rokudaime.

- Mal veio ao mundo e já é bem ativo. – Comentou enquanto olhava para a figura embrulhada que insistia em querer brincar com tudo e constantemente nos mostrava um sorriso banguela. – Eu andei conversando com os líderes do País do Ferro, e eles resolveram marcar uma outra reunião a algumas horas daqui de Konoha.

- Quando? – Perguntou Sasuke.

- Daqui a dois meses. Gaara também estará presente...  – Respondeu e estava prestes a continuar com as noticias quando uma mãozinha pequena e gordinha conseguiu alcançar a ponta da máscara e a levou para baixo, revelando o rosto de Kakashi. Os próximos instantes foi uma mistura completa entre perplexidade e descrença, não nos deixando outra opção a não ser ficar os quatro o encarando com o queixo caído.

- Sinto que posso morrer em paz agora. – Disse finalmente Naruto tão boquiaberto quanto todos. Nos próximos quinze segundos eu não sabia se permanecia em choque ou dava risada, de fato Boruto mal havia acabado de nascer e já havia feito uma grande revolução.

Sasuke pov’s

Chegando em casa Sakura tirou os sapatos e logo se estirou no sofá. Caminhei logo atrás de si e nada disse, apenas sentei aos seus pés e massageei seus calcanhares e por um momento quase sorri ao ver suas feições se suavizarem em um agradecimento silencioso. Seus cabelos estavam um pouco mais curtos, resultado de querer uma súbita mudança de visual alegando que já estava na hora de mudar o tipo de corte, ela ainda pensava que eu gostava de cabelos compridos, mas ela mal imaginava que a muito tempo atrás depois do ocorrido na Floresta da Morte graças a uma garota irritante eu passei a gostar de cabelos curtos.

- Qual seria seu palpite para o futuro? – Perguntou e imediatamente vi sua sobrancelha se arquear. – Vamos lá, gostaria de escutar.

- Não faço ideia. – Respondi olhando para o teto e dando um suspiro de dúvida antes de voltar a olhar para si. – Mas gostaria de descobrir.

Se alguém a nove ou a dez anos atrás tivesse me falado que um dia tudo isso aconteceria provavelmente eu riria da pessoa. Apoiado contra a sacada, fiquei olhando as folhas das árvores balançarem e se soltarem com a brisa de um inverno ainda distante. Eu havia me esquecido de como era ter esse tipo de sentimento, de pertencer a algum lugar, de poder chamar esse lugar de casa e para ela retornar.

A maior parte da minha vida eu vivi uma mentira, buscando uma solução julgando que era minha salvação. Escrevi minha história em linhas tortas e borradas, sabia que eu não tinha como consertar meus erros do passado, mas ainda tinha chance de consertar meu futuro e foi exatamente em meados de novembro, durante o outono que toda minha vida mudou, começou especificamente próximo as duas horas da manhã enquanto lá fora caia uma fina chuva. Quando os primeiros raios de sol coloriu o céu, Sarada nasceu.