CAPITULO ESPECIAL
[Parte 2/2]
Sarada pov’s
Eu havia voltado para casa há uma semana. Quatro anos se passaram rápido desde a última vez que eu estive em meu quarto e mesmo assim todas as minhas coisas permaneciam exatamente no mesmo lugar. Quando cheguei notei que mamãe tinha rugas abaixo dos olhos e papai em suas têmporas já começavam a nascerem cabelos grisalhos. Eles estavam envelhecendo.
Sete dias desde que eu voltara e ainda não havia reencontrado Boruto, o loiro aparentemente tinha saído para treinar para valer com o Tio Naruto, e bom, se ele estava treinando arduamente com seu pai eu também iria.
- E então Sarada, devo pegar leve com você? – Perguntou papai com um sorriso misterioso.
- Sasuke! – Mamãe o repreendeu.
- A pergunta é se eu deveria pegar leve com você. – Respondi enquanto dava risada.
- Sarada! – Disse mamãe dessa vez me repreendendo. – Argh, até parece que não existe meus genes em você mocinha.
Rindo pelo que minha mãe disse resolvemos finalmente começar e quase soltei um gritinho ao ver que papai estava me levando a sério ao embainhar sua katana, e imediatamente fiz o mesmo ao fazendo um selo e através dele empunhando minha katana, parecida com a sua, porém menor e mais leve. Trocamos vários golpes incluindo taijutsu, mas sem necessariamente atingir um ou o outro com muita força, eu queria que papai ativasse seu sharingan, passei a minha vida inteira contemplando o jogo de cores que seus olhos faziam, imaginando um dia se eu conseguiria também ser tão talentosa quanto ele. Logo atrás de mim senti um movimento súbito só dando tempo apenas de saltar para longe antes que o golpe da mamãe me acertasse. O que ela estava falando mesmo? Involuntariamente ri sozinha quando vi os sorrisos animados dos meus pais, eles haviam reconhecido minha força.
- Quatro anos não foram atoa então, dattebayo. – Ouvi uma voz firme logo atrás de mim.
- Nem um pouco. – Respondi com um sorriso bobo ainda ao me virar e dar de cara com o Nanadaime.
- Cresceu bastante Sarada, quase que não a reconheci. – Disse Tio Naruto vindo até mim e me abraçando.
- E você esta ficando velho. – Respondi dando risada quando ouvi suas costas estalarem.
- Mas ainda do pro gasto.
- Você não muda mesmo Dobe. – Disse papai com cara de pesar.
- E o Boruto, onde ele está? – Perguntou mamãe, o que fez automaticamente meus ouvidos começarem a prestar mais atenção.
- Boruto foi direto para casa. – Respondeu soltando um suspiro derrotado.
- Eu quero sair em missão. – Disse em voz alta atraindo a atenção deles. Eu estava irritada, Boruto era meu melhor amigo e estava me ignorando, e se ele queria jogar assim, então eu também iria ignorá-lo.
- Mas você mal chegou Sarada. – Disse mamãe.
- Eu sei, mas eu to animada para fazer alguma missão normal sem ser de treinamento. – Respondi da melhor forma que deu.
- Por um lado isso seria bom. – Respondeu papai.
- Então tudo bem, vou ver o que eu consigo para você. – Respondeu o loiro dando de ombros.
Quando a tarde caiu e a noite surgiu, tive uma conversa animada com meus pais, nós todos tínhamos novidades demais desses últimos quatro anos e fazíamos questão de colocar cada uma em dia e com todos os detalhes. Descobri que praticamente todos meus amigos estavam namorando, todos, inclusive a Himawari que é dois anos mais nova que eu. Entre uma conversa e outra notei que meus pais haviam dado as mãos, geralmente eles não demonstravam muito afeto entre si na minha frente, mas quando isso acontecia eu guarda cada um desses momentos em minha memória, imaginando se um dia eu também conseguiria amar e ser amada da forma que eles se amavam.
Terminamos de jantar e eu subi para o segundo andar e fui tomar um banho. Por ser outono o clima estava vergonhosamente quente, quente o suficiente para me fazer sentir grudenta e pegajosa, uns dos problemas que eu tinha constantemente em Suna. Coloquei minha muda de roupa sob a pia e me olhei no espelho, meu cabelo estava um pouco abaixo dos ombros tão escuros quanto meus olhos, o que fazia um contraste gritante com o tom quase pálido da minha pele.
Depois do banho, vesti meu pijama e me joguei na cama. Estava cedo ainda para dormir, então abri a gaveta do criado mudo e peguei algum livro para ler. Com o passar do tempo os gênero literários que eu gostava evoluíram bastante, nunca fui fã de romances como a mamãe, a minha biblioteca pessoal se resumia basicamente em ação, comédia e suspense, um ou outro era romance e esses geralmente eu havia ganhado de presente. Eu já havia lido praticamente um quarto do livro quando senti um chakra vindo da sacada do meu quarto.
- 19 anos e ainda não aprendeu que eu tenho porta em casa. – Disse sem abaixar o livro tentando controlar um maldito sorriso.
- 19 anos e ainda usa pijama de ursinho. – Respondeu com a voz mais grossa do que eu me lembrava.
- Fala sério, até seus quinze anos você olhava embaixo da cama antes de dormir. – Disse enquanto abaixava o livro e finalmente olhava para si. Seus cabelos permaneciam levemente ondulados e revoltosos, ele estava mais alto, bem mais alto e seu corpo abandonou a imagem esquelética de garoto. Realmente quatro fazem muita diferença.
- Isso eu não posso negar. – Respondeu dando de ombros enquanto descia das barras da sacada e entrava dentro no meu quarto. Coloquei o livro de volta ao criado mudo junto com meus óculos. – Por que você está tirando os óculos?
- Ah, isso? Eu não preciso mais deles, esses são óculos de descanso. – Respondi sem graça conforme seus olhos percorriam minha face.
- Você mudou bastante, achei que o velhote estava enganado.
- As pessoas crescem Boruto. – Respondi enquanto levantava e abria a porta do quarto. – E você também não é exatamente o mesmo garoto.
- Sim eu sei, to um gato agora. – Respondeu fazendo graça o que me fez dar risada. – Vem, vamos dar uma volta.
- Que tipo de encrenca é dessa vez? – Perguntei enquanto cruzava os braços e tentava mostrar indiferença.
- Anda logo. – Respondeu já indo em direção a sacada novamente.
- Vou trocar de roupa...
- Nem precisa, para onde a gente vai essa roupa vai servir bem. – Respondeu e saltou a varanda, revirando os olhos calcei qualquer sapato e fui atrás de si.
***
- E então, me conta as novidades. – Pedi enquanto me balançava para frente e para trás no balanço enferrujado do parquinho. – O que você andou aprontando nesses últimos quarenta e oito meses?
- Apenas treinando cada vez mais. – Respondeu.
- Isso tudo é medo de eu ser bem mais forte que você? – Perguntei com humor o que o fez parar de se balançar e fitar o céu, estranhando sua atitude também parei de balançar e aguardei pela sua resposta.
– Não. Eu só preciso ser forte o suficiente para te proteger. – Constrangida agradeci profundamente por ele estar olhando o céu e não notar meu rosto aquecido. – E você?
- Apenas treinando também. – Respondi dando de ombros. Subitamente senti minha mão suar o que me fez esfrega-las contra o tecido meu pijama antes de respirar fundo. – Por que você parou de me escrever? – Questionei enquanto fitava meus pés.
- Você não parecia precisar de mim. – Respondeu de forma seca. – E você tinha outro amigo, e outras coisas para se preocupar.
- O que? – Perguntei me sentindo levemente ofendida e irritada. – Você é meu melhor amigo, sempre foi meu melhor amigo. Você me deixou sem noticias suas por quatro meses, quatro meses! Eu precisei bajular a Hima, a sua irmã para ela me contar o que estava acontecendo.
- E o que isso tem haver? – Perguntou ficando irritado também.
- Isso tem haver porque eu precisei saber por outra pessoa que você estava namorando e por isso não me escrevia, seu imbecil! – Gritei pela primeira vez com ele. Uma surpresa para ambos já que eu nunca havia levantado o tom de voz daquela maneira para ninguém. – Não venha insinuar que eu não me importo com você. Nesses últimos quatro anos sempre esperava você invadir meu quarto em Suna e me arrastar para mais alguma encrenca juntos.
- Me desculpa. – Respondeu depois de piscar os olhos meia dúzia de vezes e também se levantar.
- Tudo bem agora. – Falei dando de ombros. - Apenas não faça mais isso.
- Não mesmo, você fica meio assustadora quando está irritada. – Disse dando sua típica gargalhada o que quase me fez chorar.
- Senti sua falta. – Disse o abraçando pelo pescoço e senti seu corpo se retesar pela surpresa, exatamente como na nossa despedida, mas dessa vez ele me abraçou de volta.
- Também senti a sua. – Respondeu e pelo tom da sua voz sabia que havia um sorriso em seus lábios. – Era muito chato aprontar sozinho.
- Sarada. – Ouvi a voz do meu pai, o que imediatamente me fez dar um pulo de gato com o susto. - Você quase matou a sua mãe do coração saindo sem avisar.
- Desculpa pai. – Respondi da forma mais inocente possível, papai estava com as sobrancelhas unidas, claramente mau humorado enquanto olhava de mim para o Boruto e assim sucessivamente.
- Desculpa Sensei. – Disse Boruto, e imediatamente senti minhas sobrancelhas se unirem. – Depois eu te conto o resto. É melhor a gente ir para casa. – Respondeu o loiro, acenando e indo embora sem dizer mais nada.
***
Ainda arrumando minhas coisas, desci as escadas e fui até a cozinha pegar algum lanche para a viajem e meu cantil de água.
- Vai sair em missão daqui a pouco? – Perguntou papai preparando um sanduíche.
- Aham. – Concordei enquanto pegava o cantil de dentro do armário.
- Deixei alguns sanduíches para você levar. – Respondeu o que me fez parar e segurar um sorriso ao lembrar que a última vez que ele me fez um lanche eu era criança e estava doente.
- Obrigada, pai.
- Vai só você e o Boruto? O Mitsuki não vai também?
- Não, ele está em missão solo com a Anbu. – Respondi. – Com sorte a gente se encontra, vamos para um lugar próximo de onde ele está.
- Sarada? – Chamou com a voz tensionada.
- Sim?
- Apenas não fique, hum... muito tempo sozinha com o Boruto... ou com nenhum, hum... outro rapaz. – Disse papai pausadamente o que me fez parar automaticamente o que eu estava fazendo e girar nos próprios calcanhares.
- Boruto é meu melhor amigo, a gente sempre fez as coisas juntos. – Falei tentando justificar algo que ele havia provavelmente interpretado errado pelo fato desses últimos dias eu ter saído todos os dias com o loiro, seja para treinar ou sair apenas por sair.
- É que garotos são... hum...garotos. – Disse papai coçando a cabeça. – Não confie neles.
- Não sei se estou te entendendo, papai.
- Quer dizer, hn, não confie neles e nem fique muito tempo sozinha com algum deles. – Falou um pouco enrolado. – A cabeça deles funcionam diferente da de vocês, garotas.
- Ahh acho que te entendi. – Falei segurando minha vontade de dar risada com seu constrangimento ao entrar neste tipo de assunto. – Papai, pode ficar tranquilo que a mamãe já conversou comigo sobre isso.
- Que bom, é só para reforçar então, é que nunca se sabe, não é mesmo? Eu só quero garantir que você fique segura e entenda que...
- Papai eu sou virgem, okay? – Falei abrindo a geladeira e pegando os sanduíches, e sem diretamente olhar para ele soube que ele respirou aliviado. Voltando a subir as escadas gritei por cima do ombro. – E sobre o Boruto, não se preocupe com isso, ele sempre me respeitou e nunca insinuou nada.
- Acho que gosto um pouquinho mais do Boruto agora. – Respondeu mais para si mesmo do que para mim e então voltou aos seus afazeres enquanto sorrindo eu terminava de arrumar minhas coisas.
***
Nossa missão era de Rank B, tudo que precisávamos fazer era acompanhar uma família nobre até sua cidade natal. Tudo bem que eu havia pedido por qualquer missão, mas poxa, o sétimo poderia ter caprichado um pouquinho mais antes de me dar aparentemente a primeira missão que estivesse jogada em sua mesa.
Boruto parecia estar tão entediado quanto eu, ou até mais se levar em consideração que a filha caçula estava flertando descaradamente consigo, fazendo vez ou outra uma risada estranha escapar do fundo da minha garganta, mesmo que eu com todas minhas forças tentasse manter uma postura profissional.
Já estávamos andando há dias e a maldita carroça além de chamar atenção só estava nos atrasando. Tudo bem que eles eram uma família com três filhos, mas convenhamos que a mais nova ali tinha quatorze anos, no entanto faltava pouco para enfim chegarmos na vila deles. Com sorte chegaríamos antes do entardecer e então poderíamos voltar para Konoha no dia seguinte.
O sol estava forte, porém as árvores eram grandes o suficiente para emendarem suas copas e dessa forma projetar uma adorável sombra por todo o resto do caminho. Não faltava muito, e por isso aproveitei e relaxei, absorvendo o perfume almiscarado das flores silvestres e dos eucaliptos em floração, o clima estava tão agradável que em outras situações eu cogitaria a ideia de jogar a mochila aos pés de um tronco e tirar um leve cochilo ao som da natureza.
- Sarada atrás de você! – Gritou Boruto me fazendo abrir os olhos e no mesmo instante saquei uma kunai e apartei o golpe do atacante.
- Que merda! – Xinguei por pensamento e contra ataquei forte o suficiente para ganhar alguns metros e voltar a posição de defesa próximo a carroça. Olhei em volta e avaliei nossa situação, estávamos em sete pessoas e apenas eu e Boruto poderíamos lutar contra doze, não, quinze se fomos considerar os outros três que estavam escondidos mais para trás. Estávamos cercados de todos os lados, além deles terem a vantagem numérica eles tinham o terreno a favor deles. Boruto e eu éramos mais forte, mas não poderíamos usar nossas melhores técnicas com uma família inteira dentro da carroça logo atrás de nós.
- Eu pego os da direita e você os da esquerda então? – Perguntou o loiro como se realmente estivesse lendo meus pensamentos ao soltar um suspiro. Assenti, e então jogamos as nossas mochilas ao chão começando o ataque antes mesmo que elas tocassem o piso.
***
- Vocês foram muito corajosos em nos defenderem daquela forma. – Disse a irmã do meio ao terminar de enfaixar meus ferimentos. – Obrigada mais uma vez.
- Não precisa agradecer, era o nosso trabalho mesmo. – Disse levemente sem graça, não era do meu feitio receber agradecimentos por fazer a minha obrigação.
- Eu queria poder saber o que vocês fazem. – Respondeu terminando de guardar as coisas dentro do kit de primeiro socorros.
- E o que te impede?
- Coragem. – Respondeu com pesar. – Eu sou covarde.
- Covarde? – Questionei. – Eu vi quando você saltou de dentro da carroça durante o ataque e trouxe sua irmã caçula para um lugar seguro. Aquilo foi um ato totalmente corajoso.
- Eu só...só...
- Eu acredito em você. – Falei para a garota morena que não parava de torcer os dedos e afastei o cabelo dos seus olhos caramelados. – Você tem talento e também tem força de vontade em ajudar, consigo ver isso em seus olhos.
- Obrigada, irei fazer o meu melhor. – Respondeu sorrindo pela primeira vez e então se levantou e caminhou para fora do único quarto da cabana. – Alias, aproveite o Festival da Lua.
- Festival da Lua? – Ecoei
- Sim, comemoramos a colheita e também o final de outono para darmos boas vindas ao inverno. É bem legal, seu amigo deve estar te esperando lá fora.
Sai de dentro da cabana e caminhei em direção ao centro da vila. Havia música e gargalhadas preenchendo o ambiente, todas as ruas tinham lanternas penduradas e um forte aroma de comida bem temperada. As crianças estavam se divertindo ao correrem uma atrás das outras com foguinhos de artifícios, uma brincadeira perigosa aos olhos de estrangeiros porém muito divertido para as crianças. Dando dois passos rápidos para trás senti minhas costas se chocarem contra alguém quando as crianças passaram correndo por mim.
- Mais um pouco e eu achei que você se juntaria a elas. – Disse Boruto atrás de mim, virei a cabeça para cima e o olhei de baixo.
- E você iria logo de atrás que eu sei. – Comentei e então me separei de perto de si no momento em que ele me entregou dois espetinhos, um de dango e outro de alguma comida local.
- Achei que só eu estava machucado, mas parece que você está tão ferrada quanto eu. – Comentou quando nos sentamos no banco um de frente para o outro para comermos.
- Foi só alguns arranhões, nada demais. – Disse avaliando as ataduras em seu braço.
Terminamos de comer e permanecemos sentados, observando as crianças brincarem e algumas pessoas dançarem. Em Suna eu já havia participado de alguns festivais como este, as pessoas sempre esqueciam dos seus próprios problemas e se divertiam muito, mas nesta noite em especial a lua estava cheia e completamente prateada, iluminando a noite como se ela própria estivesse festejando.
- Com licença moça. – Disse uma garotinha chamando minha atenção, entendendo o que ela queria me inclinei para baixo e deixei com que ela colocasse a flor em meus cabelos e logo depois caminhasse com os pezinhos pequeninho em direção ao loiro que não compreendeu nada quando a garotinha depositou um colar de folhas em seu pescoço e foi embora.
- O que você esta fazendo? – Perguntei segurando seu braço o impedindo de retirar o colar que a garotinha o deu.
- Tirando essas folhas do meu pescoço? – Respondeu soando mais como uma pergunta.
- Será uma grande ofensa se você fizer isso. – Disse explicando. – Quando uma criança presenteia você durante um festival ela está te abençoando com sorte e saúde.
- Ah, sério? – Perguntou ficando levemente constrangido. – Deveria tê-la agradecido então.
- Idiota. – Disse dando risada da sua cara.
- Cala boca e vem dançar. – Respondeu revirando os olhos o que só colaborou para eu continuar a rir da sua cara. – Como você sabia disso? Até então não ensinaram nada disso na Academia.
- Aprendi em Suna, eles também têm alguns festivais parecidos. – Falei mais alto para que ele me escutasse conforme a música ficava mais alta. – O Kazekage faz questão de fazer essas festas para o povo de lá.
- Falando no Kazekage, o filho dele é da nossa idade não é? – Perguntou curioso.
- Mais ou menos, ele é alguns meses mais novo que eu. – Respondi comemorando ao lembrar que a alguns dias eu havia feito meu aniversário de dezenove anos.
- Vocês eram o que? – Perguntou enquanto me rodava.
- Como assim? Quer saber se nós éramos namorados? – Questionei e então ri. – Ao contrário de certas pessoas eu não escondo esse tipo de coisa, sabe?
- Isso é um sim ou um não?
- Não Boruto, eu nunca namorei ele. – Respondi e reprimi as lembranças. – Mas admito que a gente ficou algumas vezes.
- Hum...
- E você? Porque resolveu terminar com sua namorada? Todo mundo falava que vocês se davam muito bem. – Perguntei e foi a vez dele de revirar os olhos para mim.
- Eu não gostava dela, pelo menos não na mesma intensidade que ela gostava de mim. – Disse. – Não queria enganá-la então resolvemos terminar e seguir em frente.
Sem saber o que dizer continuamos a dançar e aproveitar o resto do festival. Eu sentia que tudo estava em seu devido lugar, eu estava de volta em minha casa e em minha vila natal, tinha todos meus amigos novamente, um kuchiyose incrível e tinha Boruto novamente. Girei mais uma vez e o abracei apertado, grata por nossa amizade ter voltado a ser como era, verdadeira e sem segredos. Voltei a nos separar e involuntariamente encarei seus olhos azul bebê, mais brilhantes e azuis que do seu pai e estremeci quando o senti me puxar pela cintura e unir nossas bocas. Seus lábios eram macios e acreditei que iria cair quando sua língua deslizou com precisão sobre a minha, meu coração estava batendo mais forte que os tambores atrás de si, minha cabeça girava e eu não sabia distinguir se estaria sonhando ou esta seria uma ilusão, mas de uma coisa eu tinha certeza. Eu queria o Boruto.
Fechei minha mão contra seu tórax apertando com força sua regata entre os dedos e a outra embrenhei em seu cabelo, suas mãos também não estavam diferente ao se fixarem em minha cintura e me puxarem para mais próximo de si. Por um momento de lucidez me lembrei que estávamos no meio de uma rua e com várias pessoas ao nosso redor e então nos separei tempo o suficiente para puxá-lo para o único caminho que tínhamos aprendido e quando percebemos já estávamos dentro da cabana.
- Desculpa, eu não aguentava mais me conter. – Disse baixo respirando com força.
- O que você quis dizer com isso?
- Já faz muito tempo que sonho em beijar você, mas não queria ferrar com a nossa amizade. – Respondeu fechando os olhos e apoiando a cabeça contra a parede. – Eu parei de te escrever porque não queria saber que você estava com outro cara, então fiz de tudo para tentar tirar você da minha cabeça, e arrumei uma namorada, admito que inicialmente estava a usando para te esquecer, depois de algum tempo até que foi real mas eu não poderia me apaixonar por ela. – Confessou tudo em um fôlego antes de voltar a olhar em meus olhos. – Pelo menos não enquanto eu ainda for apaixonado por você.
Com meu coração martelando em meus ouvidos dei um passo involuntário para trás e não consegui encontrar forças para responder ou para simplesmente fechar a boca. Eu queria gritar e falar que ele não era o único, mas meu corpo congelou e meu cérebro travou, imediatamente vi a dor cruzar seus olhos e só então consegui fazer alguma coisa e o beijei com necessidade.
- Você é um idiota. – Disse encontrando minha voz após soca-lo no braço. – Um completo idiota por nunca ter percebido que eu sempre gostei de você ou de nunca ter perguntado o motivo de eu abraça-lo sendo que você mais do que ninguém sabe que eu só abraço meus pais, eu gosto tanto de você que nem por uma hora sequer eu deixei de pensar em você Boruto, no que estaria fazendo e com quem, se estava bem e se estava se alimentando direito, em nenhum momento eu deixei de pensar em você e de principalmente, de estar com você.
Falei e no mesmo instante senti o alivio de finalmente tirar esse peso das costas. Naturalmente Boruto voltou a me dar o sorriso que eu tanto amava e voltou a me beijar com intensidade, seu corpo era quente, como se ele estivesse febril e eu não tinha certeza do que estava fazendo ao colocar minhas mão dentro da sua regata e acariciar os músculos do seu abdômen fazendo-o suspirar contra minha bochecha, automaticamente suas mãos deslizaram pela pele das minhas costas me causando um formigamento gostoso no local. Seguindo meus próprios instintos levantei meus braços e o deixei com que guiasse minha camiseta para fora do meu tronco e só então percebi que eu estava nua da cintura para cima.
- Você é linda. – Disse deslizando seu indicador pela minha clavícula e afastando meus cabelos para o lado antes de retirar sua regata também, o que me fez engolir em seco ao ver seu corpo ter mais músculos do que eu teria imaginado ao se tratar da mesma criança que chorou na saia da mãe quando ralou o joelho a tantos anos atrás. Seus lábios vieram de encontro com meu pescoço me arrepiando de cima a baixo quando nossos corpos encontraram um ao outro. Fechei os olhos quando senti o colchão macio contra minhas costas enquanto meu shorts estava sendo retirado. Apenas de calcinha, continuei o observando fazer a mesma coisa ao retirar sua calça e ficar de cueca, e só então eu notei o grande volume que estava guardado lá dentro, o que inexplicavelmente fez minhas pernas roçarem uma na outra e um nervosismo começar a tomar conta de mim.
- Boruto, e-eu nunca fiz isso. – Admiti enquanto piscava os olhos uma meia dúzia de vez e tentava controlar meu nervosismo.
- Sério? Que bom, achei que fosse o único. – Respondeu e então sorriu alegre, o que me fez voltar a piscar meia dúzia de vezes novamente só que em confusão. – O que foi? Eu também estava esperando que isso acontecesse com a pessoa que eu gosto de verdade.
Sem palavras voltei a puxá-lo e colei nossos corpos sentindo uma extrema necessidade de sentir completamente o corpo do loiro contra o meu. Seus beijos escorregaram contra minha pele, caminhando vagarosamente mais para baixo enquanto eu procurava forças para me ajudar a calar a boca quando sua língua me tocou naquela região, por um momento julguei ser possível entrar em combustão pelo prazer inimaginável que estava experimentando. Sentido que realmente poderia explodir inverti as posições e me sentei contra suas coxas com o seu pau a minha frente apontado em riste em minha direção. Curiosa ousei tocá-lo e imediatamente sua cabeça tombou contra a cama, fechei minha mão ao redor de si gostando da textura macia e firme latejar contra minha palma, movimentei minha mão para cima e para baixo admirando aquela visão, eu já havia visto várias imagens da genitália masculina em livros mas ver um pessoalmente era mil vezes melhor, instintivamente joguei o cabelo para o lado e resolvi experimentar seu gosto. Eu já havia ouvido falar de sexo oral mas ate então nunca tinha recebido um e muito menos feito, mas nesse momento com Boruto eu realmente queria faze-lo, então uni meus lábios contra a cabeça de se membro e o suguei com força fazendo o loiro falar algo inexistente ao agarrar os lençóis com força, inexperiente e um pouco perdida imitei alguns dos movimentos que a instantes atrás ele tinha feito em mim e como aquilo realmente foi gostoso a ponto de me levar as alturas.
- Acho que você vai acabar me matando dessa maneira. - Disse ofegante e só então notei que ele estava respirando com tanta força que os músculos do seu abdômen estavam tensionados, sorri quando ele voltou a me puxar pela cintura e me imprensou contra o colchão, o beijei brevemente e então o olhei profundamente nos olhos assentindo em concordância quando enlacei minhas pernas ao redor da sua cintura e dessa forma Boruto sem desviar a atenção do meu rosto deslizou vagarosamente em minha direção. Doeu. Doeu muito. O suficiente para lágrimas invadirem meus olhos, mas logo depois a dor sumiu quando ele beijou todo meu rosto e voltou a me acalmar com seus toques, e a dor foi embora dando lugar a uma sensação maravilhosa e completamente indescritível, uma sensação que me fez jogar a cabeça para trás e dizer coisas completamente inexistentes da mesma forma que Boruto, e então atingimos o clímax e eu tive certeza que alguém lá fora havia nos escutado. - A gente esta encrencado. – Falou o loiro assim que caiu ao meu lado. – Mas pelo menos dessa vez eu não irei me arrepender de nada. – E ele estava certo, papai teria um treco se descobrir que eu transei com meu melhor amigo, mas dessa vez não me importei com as consequências e aceitei meu destino, porque afinal de contas. Boruto estaria nele.
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