Meus olhos estão confusos
Meus passos ficam mais lentos
Não consigo me acostumar
A não ter suas expectativas
Eu quero que você volte
Mas eu sei que você não está bem
Se for uma lua cheia
Então não espere
Não podemos voltar
Ao passado, oh.
Depois que a chuva dolorosa foi embora
Foi embora
A repetição das memórias
Me trouxe de volta ao bom humor
Uma miragem de amor
Você e eu
Sonhos com você
Se foram esta noite.
Agora eu deveria deixar
Minha dependência em você
O desenrolar do tempo
Me empurra para o próximo futuro
A dor ficará mais leve
Se eu deixar tudo que eu tinha.
Como um sonho, faça uma pausa
E reproduza memórias
Estou pronto para me afastar
E deixar de falar todas as noites
Você não pode voltar ao passado
Mesmo se você me amava
Absolutamente.
É tudo por amor
E eu tentei, sim, eu menti
Minta para si mesmo
Isso é um sonho
Hipnotize-se até que o amor se vá
Deixe o arrependimento voltar no tempo
Tudo por amor
(É tudo por amor).ALL FOR LOVE - WAYV.
......................................
Eu me odeio tanto.
Era isso que eu queria, certo? Todos os passos que gravei para executar sem hesitação tinham essa finalidade e tinha sortidos todos os efeitos que eu queria, então por que eu estou assim? Eu deveria estar feliz que a minha persistência orgulhosa tinha ganhado essa guerra, então por que eu não estava? Por que é tão difícil me encarar agora? Por que é tão difícil parar de sentir como se eu tivesse me afogando em um mar violento? Por que eu não consigo parar de chorar?
É tudo culpa minha, eu causei toda essa dor, mas eu tinha esse direito de estar tão devastado? Eu tinha entrado em uma guerra e tinha ciência que tinha aceitado no momento em que desafiei não só o Finn Jones, como também os meus pais.
Agora eu tenho que sofrer todas as consequências que causei com os meus atos, mesmo querendo com toda a minha alma voltar no tempo e fazer tudo diferente.
Passar o final de semana com a minha irmã foi uma loucura universitária, bem divertida e revigorante.
Quando falam que o dormitório feminino está cheio de frescuras e é limpinho, essas pessoas nem pisaram em uma irmandade feminina de verdade. O dormitório da Lin é um caos e nunca vi tanto conteúdo para se transformar em bons dramas de novelas, como presenciei em dois dias estando lá.
Todavia, o melhor drama que descobri e presenciei foi o da minha própria irmã. Lin sempre teve uma personalidade forte e romântica incorrigível, – o Jungwoo com os seus momentos ATen me lembravam muito ela antes de ir para a Universidade – mesmo sabendo que ela tinha um mau habito de idealizar os seus relacionamentos e esse era um dos motivos fundamentais de quase não vê-la se relacionando com alguém, eu descobrir o motivo de ela ter mudado tanto o seu lado romântico e sempre estar cortando qualquer envolvimento mais profundo, surpreendentemente não era nada relacionado aos nossos pais.
A forma que eu descobri foi tão aleatória quanto descobrir que o Doyoung, antes de ser o melhor amigo da minha irmã, foi um dos namorados dela. Contudo, todos os babados da minha irmã que eu não sabia caíram como luvas no meu colo, quando ela teve a brilhante ideia de passear comigo pelo campus para me animar e tirar toda essa áurea de filho revoltado com as atitudes dos seus genitores.
– Ar puro, natureza, um lanche quase saudável e pessoas caminhando de um lado para outro. – pontua Lin, sorridente e toda good vibes, empurrando as batatinhas na minha direção enquanto o seu amigo repõe os nossos copos com suco de uva – Então, maninho, me diz se toda essa visão não está recarregando as suas vitalidades da alma.
– Na verdade só está me deixando mais ansioso para entrar nessa nova etapa da minha vida. – conto, dando ombros e analisando ao redor, com admiração e empolgação.
– Calma, gafanhoto. – intermedia Kim, com um sorriso fofo e olhar sagaz – Tudo tem o seu momento.
– Exato e o seu momento agora é resolver esse seu impasse com os nossos pais. – continua Lin, pegando a deixa do amigo, com o olhar ansioso e um pouco preocupado – você não falou sério sobre a Avye, certo?
– Não posso dar para trás e nem dar o que eles querem, Lin. – argumento, desviando o olhar para um ponto qualquer com algumas garotas iludidas envolta de um cara charmoso que exalava “Perigo! Eu quebro corações”.
– Odeio com todas as minhas forças essa sua personalidade orgulhosa. – resmunga, antes de recorrer ao amigo – Dodo ajuda.
– Você está certo em não deixá-los ditar as suas escolhas e com quem você se relaciona. – profere Doyoung, em seguida e com suavidade, fazendo-me desviar o meu olhar para ele com esperança de alguém está me entendendo e entendendo os meus sentimentos – porém, acho que não precisa ser tão radical com os seus atos, já que tudo está se encaminhando em direção da garota que você ama.
– Exato! – exclama Lin, erguendo as mãos exasperada e aliviada – junte a situação do planejamento com o agradável de se casar logo com a Avye!
– Você está se escutando, Lin? – resmungo, cruzando os braços e deixando o meu suco de lado.
– Mas eu ainda acho que ele deveria se impor sobre isso, Lin... – murmura Kim, com cautela e suavidade, dando um sorriso fofo para suavizar o semblante de poucos amigos da minha irmã pra ele – só que usando outros métodos e não fazendo exatamente o que foi desafiado.
– Doyoung, não estraga a linha de persuasão aqui. – retruca, semicerrando o olhar para o amigo que ergue os braços em rendição, logo determina com afinco para mim – Ten, você deve contar tudo para a Avye, desde os seus sentimentos por ela até esse planejamento bizarro do Tio Finn com os nossos pais, para que assim vocês encontrarem uma forma de se impor sobre essa situação juntos.
– Eu não posso contar essa situação para ela, Lin-Lin. – argumento, com o coração apertado e ficando agitado com toda essa conversa – ela já perdeu a mãe por conta desses planejamentos, se ela descobrir que o pai está no meio e dando a iniciativa, pode desampará-la. – solto um suspiro, visualizando o mesmo rapaz que estava envolta de várias garotas anteriormente, se aproximar de nós com determinação – o melhor é me afastar dela e focar apenas no meu futuro longe daquela droga de cidade e dos nossos pais.
– Você não pode fugir pra sempre, Tennie. – choraminga, ficando cada vez mais triste com a minha firmeza com os meus próximos passos em relação a nossa vizinha.
– Posso fugir até eles desistirem desse plano idiota. – argumento, dando um ponto final nessa conversa.
– E você perder a Avye de vez. – pontua Kim, pensativo e sereno, encontrando o meu olhar com firmeza – espero que esteja ciente disso.
– Ela nunca foi minha para que eu perdesse. – rebato, sentindo o meu coração falhar as suas funções e os meus olhos arderem, dando ombros e tomando de uma vez o meu suco.
– Lin precisamos conversar. – profere o recém chegado, fazendo a minha irmã revirar os olhos e erguer a sua muralha de indiferença antes de desviar a sua atenção para o rapaz, que nos cumprimenta com leves acenos com a destra e puxa uma cadeira para sentar ao lado da minha irmã.
– Não temos nada para conversar, Jaehyun. – retruca, ficando com a pose toda na defensiva e lançando olhares adversos para ele.
– Ah temos, porque você me deve uma. – rebate, erguendo uma sobrancelha e lançando um sorriso ladino para ela, visualizo Lin ficar toda desarmada e engolir em seco por alguns segundos antes de se estabilizar – podemos ficar quites se você tirar o nome da Abby da lista de pessoas que vão para o retiro universitário na próxima semana.
– Esse ato apenas ela pode fazer, caso ao contrário o nome dela fica. – determina, irredutível e firme, fazendo-o deixar os ombros caírem e pelejar para o seu olhar meigo – está com medo de ela extravasar agora que está solteira?
– Você não entende, Lin. – argumenta, agitado e aflito, umedecendo os lábios para obter um momento para pensar em uma resposta que a faça reconsiderar – nós estamos em um lance perigoso e aquele lugar... – hesita – aquele lugar não é um bom lugar para nós dois estarmos, entende?
– Não, não entendo. – retruca, com um sorriso sínico e amando deixá-lo cada vez mais desesperado – a sua amada Abby vai e você que lute.
– O que eles tem hein? – sussurro, me inclinando na direção do Doyoung que tinha virado outro espectador dos dois sentados à nossa frente.
– Lin era apaixonada pelo Jaehyun, Jaehyun sabia e mesmo assim ficou com ela uma vez, infelizmente, na semana seguinte já estava com outra. – conta, se inclinando na minha direção e dando início ao um momento de segredar para mim – Ela saiu com o coração partido e desacreditada no amor, já o Jae seguiu em frente como sempre. – observo ambos se encarando em uma batalha de olhares faiscantes – Agora ambos não podem estar no mesmo ambiente que se implicam como duas crianças, mas os dois mantêm um carinho especial e que é estranhamente mútuo.
– Isso explica muita coisa. – sussurro, pensativo e tampando muitas lacunas sobre as mudanças amorosas da minha irmã mais velha.
– É, foi o Jaehyun que estragou a sua irmã para qualquer relacionamento futuro. – conclui o meu raciocínio, como se tivesse lido os meus pensamentos.
– Doyoung, olha a sua namorada! – Jaehyun apela ao Kim sentado ao meu lado, nos fazendo prestar mais atenção nos dois.
– Somos só amigos, cara. – pontua Kim, com suavidade e calma, apoiando os cotovelos sobre a mesa.
– Para de cavar coisas antigas, seu idiota. – resmunga Lin, desferindo um tapa no braço do rapaz ao seu lado.
– Tudo é possível já que vocês vivem grudados. – argumenta, massageando o local batido pela minha irmã, o seu olhar cai em mim e me analisa por um tempo antes de comentar – irmãos?
– Lin é a minha irmã mais velha. – conto, dando de ombros.
– Você nem ouse corromper o meu irmão, seu idiota. – alerta Lin, de imediato e em tom de ameaça, semicerrando o olhar para o rapaz com traços marcantes e olhar cheio de ideias com essa informação.
– Falou a que me usou para despistar um cara, Lin, você está no mesmo nível que eu, meu amor. – retruca, olhando-a de relance e soltando uma risada anasalada – o que me faz lembrar que você não está no papel de ficar se opondo aos meus pedidos, já que o seu ato te deixou na minha mão e me devendo um favor.
– A lista está com o Taeyong e a uma hora dessas já deve estar com o nosso reitor. – conta por fim, soltando um suspiro derrotado e dando uma resposta que seja satisfatória ao rapaz – não posso fazer mais nada a respeito desse assunto, mas você pode e é só não ir no retiro.
– Essa solução está fora de cogitação, Abby solteira e no meio de possibilidades... – murmura, fingindo ter calafrios com a ideia – Não pode acontecer.
– A Abby é a sua irmã mais nova? – questiono-o, curioso com tanta proteção com a garota.
– É a garota proibida que ele ama, mas não pode ficar com ela. – responde minha irmã no lugar do rapaz, esbanjando um sorriso debochado e travesso – porque não tem coragem de bater de frente com o irmão mais velho dela, que aliás é o melhor amigo dele.
– Nossa Lin, quer fazer logo uma peça sobre isso e me chamar de Romeu? – resmunga, lançando um olhar semicerrado para minha irmã, que manda um beijo no ar para ele e abre um sorriso cínico para o rapaz.
– Que problemão, cara. – murmuro, dando um sorriso acanhado e lançando um olhar compadecido em sua direção.
– Garotas proibidas e não poder ficar com elas... – pondera Kim, apontando para mim e para o Jaehyun, antes de comentar humorado – vocês até que tem algo em comum, hum?
– Podem até abrir um clube juntos. – ironiza Lin, soltando uma risada e nos fazendo revirar os olhos juntos com os seus comentários desnecessários – clube dos covardões orgulhosos, vai ser sucesso na certa.
– Gosta de alguém que não pode ficar? – questiona Jae, pousando o olhar sob mim e me encarando em cumplicidade, quase um olhar fraterno.
– Eu estou nesse caminho, mas no momento só quero afastá-la e seguir em frente. – conto, dando de ombros e vejo minha irmã solta um suspiro muxoxo com a minha resposta, seu ato parece ser o combustível que Jaehyun precisava para dar mais vontade de me ajudar com o meu propósito.
– O que ela mais gosta em você, no qual ela perceberia uma mudança da sua parte com a mesma de primeira? – questiona, interessado em me ajudar com esse ponto, se debruçando na mesa todo atento a mim.
– O meu cabelo. – respondo, ficando genuinamente interessado no que ele pode me ajudar a respeito desse ponto.
– Vamos no barbeiro então. – propõe, espalmando as mãos na mesa e se levantando cheio de determinação – Eu estou precisando também, assim não procrastino e ainda te ajudo com o novo visual.
– Não, pode parar de apoiar esse comportamento do meu irmão. – intervém a minha irmã, um tanto desesperada e agitada, lançando um olhar de poucos amigos para ele ao se levantar também – ninguém vai cortar o cabelo aqui.
– Ele tem o livre arbítrio dele, então pare você de o sufocar e dizer o que ele deve fazer ou não. – rebate, encontrando o olhar faiscado da minha irmã e se mantendo firme – Se não vai ajudar, não atrapalhe.
– E lá vamos nós de novo... – murmura Doyoung, se ajeitando na cadeira ao meu lado e terminando o seu lanche enquanto acompanha os dois se engalfinhando novamente na nossa frente.
Todavia, mesmo sob vários protestos de Lin, Jaehyun e Doyoung me levaram até o barbeiro mais próximo da universidade. Por todo o caminho, Jaehyun começou a listar várias dicas do que eu poderia fazer para que as minhas atitudes fossem mais do que mil palavras para a Avye enquanto Doyoung intermediava, falando das consequências de cada uma e dando uma via mais amena para que eu colocasse em prática.
Ao cortar os meus cabelos, eu preferi permanecer de olhos fechados o procedimento todo, sentindo uma parte própria sendo deixada naquele chão do salão enquanto sentia um alívio por senti-los mais curtos, porém, também senti o peso do meu ato ao cortá-los e a firmeza que precisava para pôr em prática os meus próximos passos, no qual iria tomar com a minha vizinha.
Avye comentava poucas vezes sobre o seu fascínio com o meu cabelo grande, mas os seus atos sempre deixaram bem claros o quanto ela ama a forma que cresciam, desde as carícias que demoravam nas minhas madeixas até a forma que os seus olhos brilhavam apenas por arrumarem com carinho.
Quando retornei a irmandade da minha irmã mais velha acompanhado pelos dois, Lin estava mais calma, porém, teve que se conformar com a minha mudança enquanto xingava os dois por terem me apoiado – Jaehyun só ria da cara da minha prima enquanto Doyoung acalmava a fera que ela se transformou.
O restante do final de semana foi uma prévia da experiência universitária que me aguarda daqui alguns meses. Fui em uma festa e conheci outros amigos da Lin, como do Jae e do Doyoung; ajudei as garotas do dormitório com alguns serviços de casa e descobrir muito sobre o campus.
Contudo, acima de tudo aproveitei a companhia da minha irmã ao máximo. Curiosamente, em uma das nossas conversas descobrir que essa dívida que ela criou com o Jaehyun foi uma tentativa de despistar o Taeil, que tinha vindo a visitar repentinamente, mesmo com todos os seus sinais de que tinha cortado o laço com ele – e comigo, né? Porque nem estava a atender as minhas ligações.
Não posso negar que fiquei um pouco decepcionado com a atitude precipitada de Lin com o meu melhor amigo, mas não podia julgá-la já que estava me acovardando da mesma forma indireta com a Avye. Era nessas horas que percebia o quanto éramos parecidos em personalidade e nas escolhas das nossas atitudes, chegando à conclusão que éramos um fiasco na zona amorosa.
Todavia, a realidade bateu na porta e nunca fiquei tão cansado apenas observando a porta da minha residência em plena madrugada de segunda-feira, sem um pingo de coragem para entrar. Só de imaginar o clima chato e sufocante da minha própria casa, eu sinto todas as minhas forças restauradas sendo sugadas bruscamente e sem a possibilidade de protestar.
Como eu queria dar meia volta.
Com um rápido preparo mental e físico, adentro a minha residência como se tivesse entrando em uma nova batalha, porém, as minhas defesas caem por terra quando sou cumprimentado com tanta alegria pelo Dez. O seu ato tão carinhoso e espontâneo me passa o vislumbre, de que os dias seguintes poderiam ser suportados até ficarem leves e cotidianos novamente, com um pouco de paciência da minha parte e com a companhia do meu cão ao meu lado.
Com esse pensamento e a estranha paz de espírito que encontro com o meu cachorro, me preparo para o meu primeiro passo com a Avye, no qual teria que juntar toda a minha indiferença e frieza para deixar mais nítido que os meus cabelos cortados a mudança drástica que aconteceria entre nós a partir de hoje.
No entanto, quando o meu olhar se encontrou com o dela, senti as minhas pernas virarem gelatinas e o meu coração falhar. O seu olhar brilhava surpresa e aflição, mas o que destacava mais era o seu amor independentemente da minha clara mudança, – era como se ela já esperasse algo do tipo vindo de mim, mas não estava se deixando se abalar por conta disso – o que me fazia chegar na conclusão de que o primeiro passo não surtiu o efeito esperado nela, mas sim em Jungwoo.
Eu jurava que o Snoopy iria passar o carro sobre mim se eu desse bobeira.
Cada minuto que passava ao lado da Jones parecia uma provação, na qual testava o quanto eu estava decidido em me afastar dela e esquecer qualquer sentimento que tinha por ela. Eu tive que ficar repassando várias e várias vezes a minha discussão com os meus pais, antes de sair de casa rumo a universidade da minha irmã, para não vacilar a cada olhar trocado, a cada toque inocente que trocamos, pois eu sentia que só com esses acasos o meu orgulho e determinação poderiam ser massacrados com um simples sorriso dela.
Eu sabia que estava perdido pela Avye, porém, combater um sentimento tão forte e genuíno que sentia por ela era como tentar empurrar uma parede com apenas o auxílio das mãos, um ato completamente impossível.
No entanto, a minha teimosia conseguia ser bem persistente com os seus propósitos, por isso mudei a performance divertida que faria com a Lisa, na apresentação em parceria com o grupo da terceira idade, por uma que estava trabalhando com a Avye.
A mudança não foi tão drástica, pois Lisa sabia aquela simples coreografia a dois com maestria e adorou a mudança, já que poderia vestir de forma elegante e exalar a sua sensualidade tão cativante e única.
Tinha quase certeza que com essa mudança, a Avye sairia daquele auditório no mínimo me odiando e tendo um pouco de aversão com a minha pessoa por certo tempo, tempo o bastante para que eu me prepare para uma possível conversa, na qual eu sei que uma hora teria com a Jones.
Ela nunca gostou de deixar as situações subentendidas.
A cada passo que eu fazia tendo a Manoban como o meu par da coreografia de valsa, eu sentia o olhar de Jones me queimar enquanto uma parte minha, parecia sumir e o espaço ficar oco, pois cada passo feito aumentava a gravidade do meu ato tão descarado e desleal contra todos os ensaios feitos com a Avye.
A cada segundo eu conseguia odiar cada atitude feita por mim enquanto me odiava cada vez mais.
Ao fim da minha apresentação, permitir que o meu olhar se encontrasse com os de Avye, um soco doeria menos do que ver o seu olhar marejado e magoado para mim, com essa troca de olhares eu cheguei à conclusão de que o segundo passo surtiu o efeito esperado e não podia lamentar com o estrago em potencial que tinha feito. Contudo, não poderia deixar um mínimo de esperança em tentar crescer dentro da minha vizinha em relação a nós, então dei início ao meu próximo passo, sentindo o meu coração pesar.
– Lisa. – chamo-a aos sussurros, encontrando o seu olhar brilhante e vívido todo concentrado em mim – eu sei que pedir desculpas por uma espera de quase dois anos de sua parte paciente comigo não será o suficiente, mas espero conseguir ser um bom namorado para você e te fazer feliz. – vejo-a ficar sem reação e arregalar os olhos ao me escutar atentamente – Lisa Manoban, você quer namorar comigo?
– Sim! – exclama, envolvendo o meu rosto em suas mãos enquanto assente com veemência positivamente – céus, claro que sim!
Logo sinto os seus lábios pressionando os meus em um beijo suave e afeiçoado, como se estivesse selando com esse ato o começo do nosso relacionamento oficial. Aperto-a contra mim enquanto sinto o meu coração falhar, na espera daquela mágica, apaixonante e avassaladora, se apossar sob mim, mas nada acontece.
Nada.
Nada é a palavra que define as reações do meu corpo e coração em relação a Lisa, mas esse fato ainda conseguiu me impressionar e me deixar com o coração que nem um chumbo dentro de mim. Contudo, o estrago estava feito e teria que fazer o meu coração aprender a amar a nova dona dele.
Quando o meu olhar retomou ao público, vi uma mistura de incredulidade e festança se propagar pelo local, uns comemoram a minha iniciativa enquanto os meus amigos estavam estáticos com o ocorrido, porém, não tão surpresos, mas o que fez meu coração falhar foram as cadeiras vazias próximas ao palco no qual Avye e mais alguém estava sentado.
O que está feito, está feito.
Era esse pensamento que ficou se repetindo ao sentir as primeiras consequências dos meus atos.
Mesmo Snoopy não verbalizando a falta da Avye no carro indo para a escola conosco, a sua ausência era sentida de forma tão forte que nem as músicas da minha playlist podiam me distrair durante o caminho.
No segundo dia, nem o Jungwoo aguentou a carona para a escola ao constatar a ausência da Avye, optando em ir com o seu namorado-não-oficial e me deixando lidar com todo esse peso de ir para a nossa instituição sozinho. Contudo, eu deveria começar a me acostumar, pois depois da nossa conversa essa situação solitária viraria definitiva.
A conversa não demorou a acontecer e foi pior do que eu imaginava.
Quando notei a sua silhueta parada na frente da porta da minha sala de ensaio, o meu coração pareceu se transformar em um tambor enquanto o meu corpo reagiu instantaneamente por pura saudade de estar pelo menos no mesmo ambiente que ela, mesmo o lugar sendo um corredor enorme e vazio.
Se aproximar dela silenciosamente só para sentir o seu cheiro de alfazema, foi um ato praticamente involuntário e movido por uma necessidade de estar perto dela, porém, fui despertado do meu torpor quando notei a minha mão ameaçando tocá-la sem a minha permissão, logo soquei todo esse rebuliço por ela dentro de mim e entrei no personagem que acabei criando, por conta de tantos momentos que tive que mentir e ficar indiferente enquanto o meu coração, queria desistir de suas funções e procurar alguém que o escutasse verdadeiramente.
O seu sorriso mesmo nervoso e acanhado aqueceu o meu corpo como um raio solar, suas palavras atrapalhadas me fizeram sentir em casa enquanto trouxe um novo colorido no meio de tanto cinza que estava vivendo nesses dias e quando senti o seu toque sutil, quase imperceptível, eu senti cada parte do meu corpo se desmontar sem aviso nenhum, me deixando sensível e o próprio acúmulo de arrependimento.
Eu só não esperava que tudo desandasse na nossa conversa tão temida por nós. Essa conversa deveria ter tido um final diferente, no qual eu entregaria o meu coração para ela e ficaria mais leve que uma pena, tirasse todo o oxigênio que continha dentro de nós em um beijo avassalador e diferente de todos os outros, pois seria um encontro de almas que se fundiram e ficariam juntos para todo o sempre, pois não veria a minha vida sem ela a partir desse momento e me embebedaria da sensação que todos os meus problemas estavam resolvidos.
Eu só queria dizer que a amava profundamente e sem limite nenhum, mas o que saiu da minha boca, foi a maior mentira de todas, na verdade, de toda a minha vida.
– Eu não gosto do seu cheiro, eu não gosto dos seus carinhos, eu não gosto dos seus toques, eu não gosto dos seus beijos. – pontuo, pausadamente, com o olhar firme aos seus, sentindo cada parte de mim morrer com cada palavra – eu não gosto de você dessa maneira, eu não gosto como a nossa situação está se caminhando, eu não quero continuar com nada que envolva você. – sinto a minha voz se recusar a repercutir mais palavras horríveis e mentirosas, porém, mesmo vacilante eu consegui destruir não só o resto de esperança dentro de mim, como a dela também, pois o seu olhar fica sem vida – Eu... Eu não sinto nada por você e essa é a verdade, Avye.
Todavia, toda a minha sentença tinha uma verdade. Eu não gostava de nada disso, a palavra gostar é apenas um sentimento que é mutável e nada certo, no qual um momento eu estou gostando de uma música e na outra não.
A verdade é que eu amo tudo que envolve Avye Jones, na verdade, eu sempre amei.
Eu amo o cheiro único e inebriante dela, eu amo cada miséria carícia que ela me faz e acaba me deixando mais desarmado do que tudo, eu amo todos os toques feitos por ela desde os mais sutis até os mais propositais, eu amo cada beijo trocado com ela, pois é uma louca sensação de morrer de amores e renascer pelo mesmo amor compartilhado com tanta força e intensidade.
Eu sinto tantas sensações com ela que chega a me assustar e me deixar temeroso que não sinta com mais ninguém, mas se esse for o meu fado por estar machucando os seus sentimentos, como nesse momento, eu aceito de bom grado.
No entanto, eu não estava esperando que as suas palavras em seguida me deixassem sem ar e sem chão, destruindo-me por inteiro.
– Por um momento eu pensei que era você, finalmente você... Mas você tem razão. – murmurou, com uma firmeza e suavidade, que me deixou perdido e atordoado – Você não é a pessoa certa para mim, porque se fosse estaria sendo verdadeiro comigo e estaria lutando, pelos seus sentimentos e por nós de alguma maneira. – então deu o veredito final e finalizou a conversa, com o olhar determinado e firme – Você fez a sua escolha, Tennie.
Observo-a dar meia volta e caminhar para fora da sala, fechando a porta atrás de si e me deixando na sala de ensaio, sozinho. Sentindo um nó enorme me sufocar, permito que as minhas lágrimas se exteriorizem enquanto sinto o meu equilíbrio se perder e ter que me apoiar contra o espelho, fazendo-me encarar a pessoa horrível que estava me transformando a cada ato, os mesmos atos que tinha acabado com algo que deveria ser lindo.
Eu me odeio tanto.
Ouço a porta da sala se abrir e passos descalços caminharem confortavelmente pelo ambiente em minha direção, permaneço de costas e me apoiando no espelho, tentando me recompor o mais rápido possível, porém, sinto o meu corpo ficar adverso com o leve toque no meu ombro e a força exercida para que eu me vire de frente a pessoa.
– Ten está tudo bem? – questiona Yuta, preocupado e aflito, me analisando e apertando as suas mãos nos meus ombros, me impossibilitando de dar as costas para ele de novo – Ten, você está chorando? Tem algo relacionado com a Avye saindo daqui no mesmo estado? O que houve?
– Ela estava chorando? – sussurro, atordoado e sem forças, encontrando o seu olhar preocupado e confuso.
– Muito, ao ponto de não me escutar e nem me ver. – conta, me auxiliando a sentar no chão e ficando sentado na minha frente, sem desgrudar os olhos de mim – Cara, o que aconteceu?
– Nada. – murmuro, envergonhado e sem vontade de relembrar a merda toda que fiz a minutos atrás.
– Tennie… – peleja, fazendo-me fechar por completo e querer ficar sozinho.
– Não aconteceu nada, Yuta. – reafirmo, querendo guardar toda essa situação para mim.
– Ten, você tem uma oportunidade de contar pra mim o que houve e mostrar o seu lado da história. – argumenta Nakamoto, fechando a cara e cruzando os braços, mas o seu balançar de perna entrega o seu nervosismo e medo de descobrir o que houve – antes que eu descubra por terceiros e você fique na berlinda de escutar um discurso ou levar um socão de mim.
– Não devo nenhuma satisfação a você, okay? – retruco, lançando-o um olhar inexpressivo e cansado.
– Então quer ir por esse caminho? – profere, ressentido e cheio de razão, sinto o seu olhar semicerrado me condenar eternamente e o seu lado compreensivo evaporar – Okay, não venha se arrepender depois que levar um socão, pois eu sei que você deu um vacilo daqueles e essa sua cara de arrependimento profundo deixa bem nítido isso.
Solto um resmungo e reviro os olhos deixando esses gestos serem a minha resposta para as ameaças ao vento dele, usando o resto das minhas forças me levanto do chão e ando para próximo do aparelho de som, eu pego as minhas coisas e começo a caminhar em direção a porta, ouvindo o suspirar aprofundado de um Japonês contrariado com todo o meu silêncio, logo o deixo para trás e caminho sem rumo pelos corredores de Cristal High.
***
Os dias seguintes foram monótonos e solitários.
As minhas idas para a escola se transformou em um momento solitário e regado de um repertório musical em baladas tristonhas, as letras nem eram tão triste assim, mas a minha vibe de “é tudo culpa minha essa fossa” deixavam elas absurdamente tristes ao ponto de querer chorar.
Os intervalos eu optei passar com a minha namorada e os seus amigos, ela já conhecia todo mundo na minha mesa enquanto eu nunca dei uma iniciativa de conhecer aquelas pessoas que a apoiavam e tinha um laço de amizade, eu fiz uma promessa a ela de que seria diferente e estava ao poucos cumprindo a minha promessa de alguma forma, o sorriso feliz dela estava valendo a pena o meu esforço de ser um bom namorado.
A parte boa de conhecer os seus amigos foi descobrir muitas coisas novas, tanto de personalidade quanto de vizinhança.
Eu conheci mais do Xiaojun, ele era bem tagarela e engraçado, tinha um abismo por uma garota que ele fazia codinomes por ter “membros novos a turminha”, não levei para o pessoal – a Lisa teve que responder uma charada para ser digna de saber quem era a garota –, mas foi bem bonitinho a forma que ele contava sobre ela, me lembrava eu contando para o Taeil os meus momentos com a Avye.
Descobrir a existência de uma nova vizinha de rua, na qual eu conhecia os pais por sempre estarem nas confraternizações da família Nakamoto, soube que ela tinha retornado ao nosso país esse ano e só tinha referências com a Lisa e o Xiaojun, pois eles eram amigos de longa data.
Aisha Aikyo é uma garota totalmente desconfiada e calada, que prefere observar e interagir quando fosse necessário, mas a sua personalidade se completava com o Dejun e da Lisa, pois ambos ficavam tagarelas e falando tudo ao mesmo tempo nada.
Jooheon era tipo o Taeil no meu grupinho, sabia de tudo e era mega observador, sabia as palavras certas a se falar e os momentos para jogar os seus comentários, está perto dele me deixou com o coração pesado ao se lembrar do meu melhor amigo e a sua situação com a Lin, ele estava meio pra baixo e sumido nesses dias, mas eu sentia que logo, logo ele sairia dessa.
– Você fez alguma coisa? A gente fez alguma coisa? – questiona Hendrey, com os braços abertos e interrompendo a minha passagem para a mesa da Lisa, me parando no meio do fluxo de pessoas no refeitório – está de mal com a gente? – explica, manejando a cabeça na direção da mesa com o pessoal – Não sou como o pessoal que ficar nas suposições, eu gosto de saber logo.
– Não que eu saiba... – respondo, sentindo o meu coração batendo mais rápido e me fazendo espiar o pessoal da nossa mesa nos encarando descaradamente – por que dá pergunta?
– Você simplesmente sumiu e nem lancha com a gente mais. – reclama, gesticulando com as mãos e pegando a minha bandeja das minhas mãos – vamos fazer o seguinte, deixa a sua namorada respirar longe de você hoje e senta com a gente.
– Mas.... – tento argumentar, mas ele começa a caminhar para a mesa com a minha bandeja.
Solto um suspiro frustrado, já tomando ciência que seria bombardeado de perguntas e sendo relacionado com a Avye, as últimas coisas que precisava agora. Fazendo corpo mole, caminho para a mesa com o pessoal e me sento no lugar que era da Avye, ficando entre um Hendrey que não tirava os olhos de mim e um Johnny com um sorriso amigável.
– Hendrey nos fez prometer te paparicar o intervalo todo hoje. – conta Rose, ao reparar a minha estranheza com os dois, se debruçando na mesa e me encarando com doçura – enquanto o Yuta nos deixa de vela e paparica a namorada dele.
– Yuta está achando que eu estou chateada com ele, por não ter aparecido na apresentação dele com a Tzuyu com o pessoal da terceira idade. – conta Sana, com a cabeça encostada no ombro do Japonês, que estava cortando a carne do seu prato – ele não aceita a justificativa que eu só faltei, por conta dos meus pais e uma reunião que precisava da minha presença.
– Eu soube que você ganhou várias ações da Minatozaki Corporation, por conta do novo acordo que aconteceu nesse dia com uma empresa nova e que provavelmente o nome vai ser mudado quando virar um conglomerado. – comenta Hwang, se animando com o assunto enquanto corta a carne do meu prato – eu deixo você me contar quem são os novos sócios.
– Segredo corporativo por enquanto, Hen. – graceja, toda misteriosa, lançando uma piscadela para ele e fazendo todos da mesa o encararem espantados.
– O que está acontecendo aqui? – questiona Moon, franzindo o cenho com a interação anormal dos dois – desde quando você fica por dentro dessas coisas, Hendrey?
– Eu vejo jornal com os meus pais, okay? – rebate, todo pomposo e fingindo estar ofendido, gesticulando com a mão segurando a faca – esse acordo virou foco no meio empresarial e eu soube que era a Sana, porque a feição de anjo dela estava em todos os noticiários. – logo a ponta da faca se destina para Yuta – você deveria saber dessas coisas, Yuta, a sua namorada está no meio e provavelmente você estará quando herdar as coisas dos seus pais.
– Eu prefiro ficar longe até não ter mais saída, obrigado. – retruca Nakamoto, fazendo uma careta desgostosa e terminando de cortar as carnes da Sana e começando a cortar as suas – eles sabem muito bem que não quero me envolver com nada empresarial e sim com a minha dança.
– É Hendrey, eu por outro lado quero essa trajetória como futuro, por isso eu estava no meio e foi importante essa reunião pra mim. – explica Minatozaki, dando apoio na decisão do seu namorado – profissionalismos diferentes e apoio mútuo, Yuta saberá das coisas quando ele quiser e quando for a hora certa.
– Certo, mas vocês devem ver mais os noticiários. – determina Hwang, repreensivo e sério, passando a ponta da faca nas nossas direções pra deixar bem frizado e fazendo Johnny apertar as bochechas dele passando o braço por trás de mim, logo ouço-o reclama enquanto o pessoal rir dos dois – para de quebrar o meu momento adulto, Johnny Boy.
– Eu estou com saudades dos meus furtadores de pratos favoritos. – reclama Taeil, mudando de assunto, olhando para as batatinhas que ele comprou a mais e fazendo Rose concordar, seu olhar busca respostas aos presentes na mesa – vocês sabem por que o pessoal da Jones faltaram hoje? Era um acordo em conjunto ou fomos deixados de fora?
– Lucas só me avisou que não estariam no intervalo. – conta Johnny, dando de ombros e começando a ficar preocupado – será que aconteceu algo?
– É eu estou estranhando também, deve ser algo com a Avye, não vejo ela desde quarta-feira. – comenta Yuta, lançando um olhar significativo para mim antes de desviar para o Seo – O Snoopy e outros também faltaram alguns dias alternados, só vi o Lucas por conta do treino que foi adiado hoje mais cedo, será que rolou algo?
– Ten, você sabe de algo? – questiona Sana, por fim, como se tivesse combinado com o seu namorado me encurralar assim.
– Eu estou no mesmo barco que vocês e ficaria feliz se vocês não olhassem pra mim, como se eu fosse o centro de informações da Jones. – profiro, fechando a cara e querendo mudar de assunto, começando a comer a minha comida antes que eu perca o apetite e o meu mau humor der as caras.
– Que bicho te mordeu, hein? – reclama Moon, desconfiado, encarando-me com os olhos semicerrados.
– Você fez algo. – afirma Nakamoto, com suavidade e certeza, fazendo todos me encararem temerosos.
– Você fala com tanta certeza que poderia até me contar, Yuta. – retruco, encontrando o seu olhar de forma entediada.
– Por que você não conta logo o que aconteceu para a Avye sair daquele estado da sua sala de ensaio? – indaga, com mais informações, arqueando as sobrancelhas ao me deixar sem saída.
– O que aconteceu no último ensaio Ten? – questiona Hwang, com cautela e aflito, virando o corpo na minha direção.
– Você não vai parar de me importunar até descobrir, né? – rebato, encarando o Japonês e ignorando o meu amigo ao meu lado – Bom, eu vou contar.
– Eu sou todo ouvido. – pontua, fazendo uma mesura com as mãos para que eu comece a falar.
– Eu terminei as nossas aulas de dança, como também contei para ela que estou em um relacionamento sério com a Lisa e quero que tudo der certo. – despejo, observando as mudanças do pessoal na mesa com as minhas palavras – que precisava estar cem por cento para a minha namorada e ela poderia causar alguns mal entendidos se continuasse perto de mim.
– Você OQUE?! – exclama o pessoal ao mesmo tempo, totalmente desacreditado e revoltado.
– Como você pode ser tão babaca e frio assim, Chittaphon? – indaga Rose, estupefata e indignada.
– Se eu sou assim é problema exclusivamente meu, Roseanne. – respondo-a, com um sorriso sínico na sua direção e ficando cada vez mais sufocado – Sabe, sobre a minha vida e o que faço com ela, só diz respeito a mim.
– Você não fala assim com a minha namorada, cara! – exclama Hwang, com raiva e magoado, se levantando do seu lugar e se afastando de mim.
– Olha eu cansei, ‘tá bom? Agora eu não posso nem ser sincero com a perfeita e certinha Jones? – profiro, cansado e sem paciência, com a ciência de que não tinha como me defender, mas o estrago estava feito – Façam logo uma roda e despejam o que vocês quiserem em cima de mim. – concluo, jogando os braços no ar e perdendo todo o meu apetite – O estrago já está feito e não pode ser desfeito.
– Que comece a rodada para falar as verdades para o Chittaphon, então. – anuncia Rose, ficando vermelha de raiva e me encarando revoltada – Você é um idiota que no único momento que deveria fazer o certo, caga tudo.
– Você estragou tudo, Ten! – reclama Yuta, possesso e indignado, deixando a sua bandeja de lado – Por que ficou iludindo ela se ia fazer essa merda?
– Eu não iludi ninguém, okay? – resmungo, cruzando os braços e desviando o meu olhar para um ponto qualquer do refeitório – Eu só percebi que não sou o certo para ela e sim para a Lisa, ela merece alguém muito melhor.
– Olha, nem fale comigo nesse momento, porque meu punho está louco para entrar em contato com a sua cara. – profere, enfurecido, ignorando a minha resposta e passando a sua atenção para a sua namorada, que estava atônita demais para falar algo – Agora eu entendo a feição desolada dela quando saiu da sala, eu estou com o coração na mão, Sana.
Observo-a abraçar o seu namorado desamparado e com a feição preocupada enquanto me lança um olhar feio, deixo os meus ombros caírem e desvio a minha atenção para Rose soltando um suspiro tristonho ao analisar a minha resposta para o Yuta.
– Você com esse pensamento com certeza não é o certo para ela, se fosse teria sido sincero com os seus sentimentos e não machucado ela e os sentimentos dela. – profere Rose, me deixando sem ar com as suas palavras tão parecidas com as da Jones pra mim – você deveria ter lutado contra as suas inseguranças e as suas babaquices, mas não você escolheu logo o caminho onde perde tudo e fica teimando em uma ideia que só você acha ser a ideal na situação.
– Eu acreditei em vocês, eu acreditei em você. – pronuncia Seo, pela primeira vez na mesa e fazendo todos calarem, focando a atenção somente nele e nas suas palavras, me deixando agitado e temeroso, com o seu olhar magoado pra mim – Eu abri mão dos meus sentimentos, porque achei que você faria ela muito mais feliz e você conseguiu estraçalhar o pouco de esperança que ela estava tendo com você. – então conta, com o olhar ficando endurecido – Eu via a sintonia e os olhares brilhantes dela, Ten. – conclui, me deixando atordoado e com um nó na garganta – Você viva nos separando e brigando comigo com medo de que eu quebrasse o coração dela, mas quem fez isso foi você.
– Ah, ao contrário de vocês, eu já sabia que ele ia estragar tudo. – pontua Hwang, se sentando ao lado de Moon e da Park, me olhando com decepção – só queria saber quanto tempo isso levaria.
– A Avye é uma garota legal, acho que você não vai encontrar uma garota assim nunca mais, espero que esteja ciente disso. – pronuncia Moon, se esticando na sua cadeira e cruzando os braços ao me encarar já conformado com as minhas atitudes ruins.
– Vacilou feio, TNT. – conclui Hwang, logo o seu olhar se foca em algo atrás de mim e brilha em travessura – Oh ouh, acho que o Snoopy descobriu e está vindo na sua direção. – cantarola Hendrey, com deboche – Ten vai virar purêzinho.
– Ten, eu vou quebrar a sua cara. – anuncia Kim, entredentes e enfurecido.
Suas palavras me fazem virar em sua direção e o observar se caminhar decidido para próximo de mim, com os amigos da Avye em seu encalço e um Lucas desesperado tentando o deter. A cada passo que Snoopy dava, conseguia escapar do Wong, porém, conseguindo se desvencilhar do mesmo com maestria e com sangue nos olhos. A sua entrada no local, faz todos os presentes no refeitório o encararem alarmados.
– Jungwoo, calma. – pede Wong, o segurando pela cintura e o levanta assim que ele fica a alguns metros da mesa que eu estava sentado, deixando ele chutar e socar o ar desejando ser a minha cara.
– Calma? Minha melhor amiga está doente! – esbraveja, possesso e revoltado, se esperneando para cansar Lucas e se soltar – Ela não quer falar com ninguém, ela não consegue falar com ninguém, ela não sai daquele maldito quarto há dias! – questiona, arfante e com a respiração pesada – o que você fez, Chittaphon? Que merda você fez agora?
– Avye está doente? – balbucio, com o coração apertado e ficando pálido, sentindo-me impotente e preocupado.
Jones não é uma pessoa que se adoece tão facilmente, ela sempre é muito neurada e cuidadosa com a sua saúde, pois morria de medo de perder aulas ou qualquer atividade que requeresse a sua presença, como o grêmio ou as aulas de biologias, que eram feitas em par desde o primeiro ano do ensino médio. Ela deve ter se descuidado com a sua imunidade e eu podia tranquilamente colocar mais essa situação na minha conta de “É tudo culpa minha e arque com as consequências desse ocorrido também”.
Céus, como eu me odeio.
– Ah você não vai querer saber, Kim. – profere Nakamoto, com escárnio e aversão, trazendo-me de volta para o presente e me tirando dos meus pensamentos tortuosos, lançando-me um olhar cortante na minha direção – Melhor a Avye ficar bem afastada do Ten por um bom tempo, vai por mim, vai fazer um bem danado pra ela.
– Do que o Yuta está falando, Tennie? – murmura, parando os seus movimentos e me encarando apavorado, Lucas o deixa no chão e Irene com Joy ficam na sua frente criando uma barreira.
– Jungwoo, você está muito exaltado. – comenta Yeosang, começando a puxar ele para fora do local – você precisa se acalmar um pouco antes de conversar com qualquer pessoa nesse momento.
– San, você deveria me entender melhor do que ninguém. – choraminga, deixando as lágrimas escaparem e mostrando a todos a sua vulnerabilidade, pela primeira vez em todos esses anos que convivo com ele – eu estou preocupado com a minha amiga e o Ten foi o último a falar com ela.
– Avye só está doente, Snoopy. – recorda Im, confortando o amigo e me salvando de ser morto por um tornado como o Kim Jungwoo tinha se transformado – você ficar assim ou matar o Ten não vai ajudar ela, ela só precisa de um tempo e carinho.
– A Avye está doente? – Indaga Seo, com preocupação e todo assustado com a notícia, se levantando do seu lugar.
– Vamos visitar ela! – propõe Hendrey, preocupado e todo agitado, se levantando também e fazendo os demais concordarem com ele, ameaçando se levantar também – a minha amiga está dodói, precisamos visitá-la agora.
– Esse combo todo indo visitá-la não é bom. – argumenta Sana, abaixando os ânimos e fazendo o pessoal pensar com calma – melhor só o Johnny ir e mandar as nossas melhoras.
– A Sana está certa. – Irene a apoia, encontrando os olhares do pessoal em consolo – melhor só ir o Johnny e levar algumas coisas pra ela.
– Isso pode animar ela. – murmura Kim, mais calmo e um pouco choroso, abraçando Lucas enquanto ele limpa as lágrimas do seu rosto – ela pode até sair daquele quarto e falar alguma coisa pra você. – então o ouço sussurrar baixinho apenas para si – algo que não seja ficar teimando que está bem mesmo com toda aquela cara de choro.
– Mas eu quero ver a minha Gatinha.... – choraminga Hwang, ficando choroso e recorrendo aos corações moles da mesa – Johnnie, me deixa ir, hum? Eu vou me comportar, só quero ver ela.
– Se o Hendrey for, eu quero ir também! – exclama Yuta, Rose e Moon, revoltados por não poderem ir também.
– Só vai eu. – determina Seo, cortando as exaltações do pessoal da mesa e propondo um meio termo – E eu levo as lembranças de vocês para ela, está bem?
– Você leva chocolate com morango pra ela, por mim? Ela ama tanto esse doce, ela vai gostar de comer um pouco agora. – Pede Hwang, com os olhos de cachorrinho para o grandão, que assente em concordância – posso passar na farmácia com você e comprar os medicamentos que ela pode estar precisando? – seu olhar se desvia para Yeosang e Joy – o que ela tem? O que eu preciso comprar pra ela?
– Tio Finn só disse que ela estava indisposta e com um baita resfriado. – conta Joy, dando ombros e dando um sorriso tranquilizador – mas nada muito grave, podem ficar despreocupados.
– Certo, eu sei quais os medicamentos que ela precisa. – profere Hwang, determinado e pronto pra comprar uma farmácia inteira pra ela, logo vira sua atenção para Johnny – Eu estou com o carro do meu pai, posso te levar lá com toda a segurança do mundo, deixa? Você vai deixar, né? Diz que sim, hum?
– o Hendrey leva o você e fica no carro te esperando do lado de fora. – arquiteta Taeil para o grandão, fazendo Hendrey concordar com veemência e fazer com que Seo ceda aos seus pedidos.
– Vão depois da aula, se não ela vai ficar triste por está atrapalhando os seus estudos. – pede San, parando os dois que já estavam começando a se preparar para sair da instituição – vai por mim, até doente ela deve ficar neurada.
– Certo. – concordam, trocando olhares suspeitos, nos quais me levam a pensar que vão lá assim que o pessoal bobear.
– Eu... Eu posso fazer algo? – questiono, envergonhado e hesitante, chamando a atenção de todos na mesa.
Eu estava preocupado com a Avye e queria fazer algo por ela, mesmo sabendo lá no fundo que tinha uma culpa minha na história e que não era nem digno de visitá-la. Mesmo ela sendo uma pessoa importante pra mim, eu a machuquei e ainda a afastei de mim, realmente eu nem deveria passar perto da casa dela, porém, queria fazer algo, eu necessitava fazer algo.
Contudo, sinto um vazio se apossar em mim enquanto eu sou quebrado com as palavras de Johnny proferidas na minha direção.
– Você já fez demais, Ten. – pronuncia, lançando-me um olhar cortante e chateado, fazendo-me sentir a pessoa mais horrível do mundo e me deixando completamente de mãos atadas – o melhor que você pode fazer é ficar longe dela.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.