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História No teu olhar - O coração de Shaka


Escrita por: clarasol87

Capítulo 5 - O coração de Shaka


Fanfic / Fanfiction No teu olhar - O coração de Shaka

“mere chain-vain sab ujaraa… zaalim nazar hataa le...”

”minha paz espiritual foi destruída... pare de me encarar...”

 

Ana o estava fitando com seus olhos castanhos enquanto dançava interpretando a canção.

Nem em um milhão de anos Shaka imaginou que aquilo seria possível. Que bela figura a se contemplar. Ana possuía um encanto mágico que parecia oriundo de alguma força mística. Só poderia mesmo ter vendido sua alma para alcançar tamanho magnetismo, aquele lugar não deveria ser uma escola e sim um templo demoníaco comprador de almas de jovens ingênuas.

 

Seus olhos delineados com cajal preto eram expressivos e sua mirada era capaz de cavar qualquer alma até o fundo. Sua boca era carnuda e avermelhada, seus cabelos castanhos eram compridos e levemente ondulados. No auge de seus 18 anos, Shaka estava encontrando problemas para lidar com o turbilhão de hormônios em seu corpo. Odiava sentimentos mundanos e naquele momento odiava ainda mais a biologia humana. Não conseguia tirar os olhos de Ana e um misto de culpa e excitação invadia o cavaleiro.

 

A arte era mesmo um dom divino concedido ao ser humano. A dança, o teatro, a música, as artes plásticas... Que vazio seria a vida sem a arte e que bela cultura possuía este país do qual sentia tanta saudade.

 

Ana dançava com graça e sorria enquanto interpretava a música. Era bela, carismática e teatral.

Em determinado momento da apresentação, sentou-se no chão próxima da beirada do palco, junto às outras dançarinas, com as pernas jogadas para o lado e então fitou seu mestre dourado.

 

“maa.nkhe.n bhii kamaal karti hai.n, personal se sawaal kartii hai.n.... palko.n ko uTHaatii bhii nahii.n, parde ka khayaal kartii hai.n”

 “os seus olhos fazem maravilhas, querem saber de questões mais pessoais... eles nem mesmo precisam se abrir, eles falam através da cortina de seus cílios”

 

Shaka ruborizou diante do olhar atrevido de Ana enquanto ela se levantava e se juntava aos outros dançarinos para finalizar sua apresentação.

 

“ho merii a.ngaRaa'ii na TuuTe tuu aajaa... merii a.ngaRaa'ii na TuuTe tuu aajaa...”

“venha para mim enquanto eu estou pronta te esperando... venha para mim enquanto eu estou pronta te esperando...”

 

O coração de Shaka batia descompassado quando Ana deixou o palco sob muitos aplausos. Já havia esquecido o motivo de estar ali, que injustiça seria deixar o belo rosto daquela criatura escondido do mundo.

 

Shaka não era o único enfeitiçado pela jovem. Bruno e Lacaille já há algum tempo experimentavam sentimentos crescentes por sua colega embora não confessassem.

Ao final da noite o clima era de comemoração pois a escola figurava entre as finalistas do concurso. Os cavaleiros aguardavam Ana no lado de fora em silêncio.

Ana não tirou seu figurino para ir embora e Lorraine nem mesmo se importou tamanha era a sua felicidade pela conquista.

 

- Salaam, mestre...

 

Ana estava tremendo e suas mãos estavam geladas quando surgiu por trás de Shaka. Pegou então sua mão direita e se curvou para beijá-la. O semblante do cavaleiro já havia mudado após obrigar-se a se recompor do arrebatamento que havia sofrido. Seus olhos estavam novamente fechados e sua expressão era fria.

 

- Vamos embora.

 

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Ana estava de volta ao seu quarto de hotel deitada em sua cama, com o olhar fixo no teto. Estava frustrada. Nenhuma palavra foi dita por Shaka durante o caminho de volta, Alex foi o único a quebrar o silêncio quando mencionou o horário do treino do dia seguinte.  Ana  estava digerindo aquela noite. Preferia ter sido morta por seu mestre, preferia ter perdido uma batalha ou mesmo ter sido expulsa do treinamento. Qualquer reação teria sido melhor do que ser ignorada daquela forma.

 

- Eu que queria desarmá-lo para não ser morta, acabei sendo aquela que foi desarmada.

 

Começou a se perguntar como fora possível se apaixonar tão repentinamente por Shaka depois de tanto tempo sem vê-lo. Esse sentimento não poderia ter sido plantado em uma fração de segundos, será que já estava lá? Será que ela sempre fora apaixonada por ele, mesmo sem saber? O que diabos estava acontecendo?

 

- Ele me despreza, eu preciso dar um jeito e reverter isso logo. Nunca senti nada assim, eu o quero. Por todos os deuses, eu o quero.

 

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Shaka estava em seu quarto sentado na banheira sentindo a água esfriar um pouco a cada minuto. Se culpava por, mesmo que momentaneamente, ter desejado sua pupila e constatou que não tinha tanto controle sobre si quanto imaginara, e nenhuma constatação poderia ser pior do que essa. Era humano e era jovem. Nunca esteve com uma mulher, sequer havia cogitado essa hipótese embora também não admitisse que já havia pensado sobre o assunto. Como seria tocar o corpo de uma mulher?

Percebeu que sua respiração estava acelerando, sentiu seu corpo lhe trair.

 

- Mas que droga, Shaka.

 

Respirou fundo e tratou de dissipar os pensamentos. Não poderia virar refém dos anseios do seu corpo, e depois do ocorrido naquela noite, precisava resolver essa questão. Se não poderia fugir de sua condição humana, deveria pelo menos ter o mínimo de dignidade para não envolver sua pupila nisso.

O toque das mãos de uma mulher em seu corpo, as unhas em sua pele, o perfume do cabelo, o gosto do batom... Como deve ser...

 

- Chega, isso já foi longe demais.

 

Levantou da banheira, puxou a toalha, escoou a água e foi se deitar.

 

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No dia seguinte todos se dirigiram até as margens do rio Ganges. Shaka já estava lá.

 

- Bom dia, finalmente estão todos aqui.

 

Ana sentiu um arrepio em sua espinha e abaixou sua cabeça. Ninguém disse uma só palavra, o silêncio reinava.

 

- Ana, você desafiou a mim e Alex. Descumpriu as regras do Santuário e isso envergonha e desonra a todos nós. Acha que é diferente de todas as outras amazonas? Acredita que possui a prerrogativa de julgar o que é certo em detrimento das leis?

- Mestre, aceitarei a punição que você decidir ser necessária.

- Pois bem, vai precisar mostrar por que se julga tão diferente das outras amazonas.

 

Shaka levantou-se e se dirigiu para longe, indo até a parte mais isolada das margens do rio que era rodeada por pedras. Foi seguido por Alex e por seus pupilos. Ninguém deveria testemunhar uma batalha entre cavaleiros. Seu cosmo começara a queimar emanando uma luz dourada extremamente forte.

 

- Você deve arcar com as consequências de suas escolhas, Ana. Se deseja deixar de lado parte de sua armadura, pois sim, a máscara também é sua armadura, deverá provar ser forte o suficiente para lutar sem ela.

 

Shaka uniu suas mãos e uma força esmagadora jogou Ana contra um muro de pedras. Atordoada pelo golpe, se levantou cambaleante.

 

- Se você deseja confrontar as regras, deverá provar ser merecedora de ser a exceção.

 

Ana sentiu seu corpo paralisado, era incapar de se mover.

 

- Onde está seu cosmo, Ana? O que você andou fazendo esse tempo todo? Estava brincando de dançar?

 

Shaka, com seus poderes, contorceu o tronco da jovem, cujo os olhos já vertiam lágrimas. Nenhuma dor física superava a dor que sentia ouvindo as palavras do cavaleiro.

 

Lacaille quis interceder por Ana, mas foi segurado por Alex. Ela precisava provar a Shaka o poder que possuía.

 

A jovem sentiu sua visão escurecer e seus ouvidos eram tomados por um zumbido. Ouvia apenas a voz do cavaleiro de virgem.

 

- Ora, Ana. Não imagina o tamanho da minha decepção. Cheguei a acreditar em você, mas não passa de uma menina comum, mimada e frágil. Quanto desperdício de tempo você nos proporcionou... Jamais será uma amazona. Quem sabe se tiver sorte, poderá ter um futuro nos palcos de dança suburbanos. É só o que lhe resta.

 

Ana sentiu a força que a segurava se desprender e desabou no chão.

 

- Não, mestre, você está enganado e eu provarei.

 

Seu corpo começou a emanar uma luz azul que era quente e brilhante. Com alguma dificuldade se ergueu e seus olhos estavam fechados. A força de seu cosmo estava se elevando e Shaka começou a sentir uma leve tontura. A garota estava conectando-se mentalmente a ele e de repente havia centenas de vozes ecoando na cabeça do cavaleiro de forma caótica. Não conseguia distinguir o que diziam pois era muitas. Ainda tentando entender o que era aquele tipo de tormento mental, sentiu a temperatura de seu corpo cair e antes que pudesse dissipar o que agora entendia como um golpe psíquico que estava recebendo de Ana, sentiu seu corpo afundar em um mar gelado revolto.

 

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O gosto salgado da água que invadia suas narinas enquanto afundava lutando contra as ondas furiosas era real e o mar revolto agora dava lugar a calmaria de águas profundas. Não podia respirar e não alcançava a superfície, caindo lentamente em direção à escuridão. Havia alguns feixes de luz, como raios de sol que penetravam as águas e alcançavam o seu entorno. Shaka estava observando tudo, assimilando cada sensação. Sentia frio, muito frio. Não era o Rio Ganges, pois as águas eram salgadas e podia ver o movimento das ondas acima. Não poderia ser o mar pois não havia praia ali onde estavam. Era uma ilusão, cuidadosamente criada e assustadoramente real. Era impressionante o quanto era real. Como era possível? Obviamente poderia sair com facilidade daquela ilusão pois seus poderes eram infinitamente maiores e mais desenvolvidos, mas estava aproveitando cada segundo. A agonia de ser tragado pelo fundo do oceano, cada vez mais gelado, era indescritível. Conforme suas pupilas se dilatavam na escuridão, sua visão ficava mais nítida, e ele nem sequer lembrava de ter aberto seus olhos. Havia um objeto gigantesco preso em algumas rochas. Sem dúvidas aquela era a traseira de um navio naufragado. Observou as hélices antigas enferrujadas e a madeira quebrada. Segurou-se em uma corda que estava presa ao pedaço do navio e adentrou ao local. O que enxergava eram apenas peças desconexas, como um quebra-cabeças desmontado e embaralhado. Ana ainda não conseguira trabalhar o suficiente em seu golpe para que atingisse a perfeição. Precisaria ensiná-la, a ilusão deveria ser perfeita ou seu oponente poderia detectá-la e se desvencilhar dela. Shaka fechou seus olhos e por mais alguns segundos, sentiu seu corpo quase hipotérmico flutuando nas águas mais frias que já conhecera.

Decidiu que era hora de voltar.

 

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Shaka sentiu seus pulmões doerem quando puxou o ar de volta ao seu corpo em um barulho alto como o que faz alguém que se afogou e voltou à vida. Caiu ajoelhado no chão enquanto recuperava o fôlego. Impressionante... Era tudo realmente impressionante.

Ana estava de pé com seus olhos ainda fechados, parecia estar em meditação. Seus braços estavam dobrados posicionados em frente ao seu tronco, as mãos no meio de seu peito posicionadas uma para baixo e uma para cima, seus dedos se tocavam formando uma figura parecida com o yin e yang.

 

Alex, Bruno e Lacaille observavam atentos. Já conheciam a técnica suprema de Ana e confiavam que impressionaria o mestre virginiano.

 

- Vo.. você...

 

Shaka tentava encontrar as palavras certas. Jamais caíra em ilusões como aquela.

 

- Como fez isso?

 

Ana abriu seus olhos em uma expressão serena. Havia conseguido.

 

- Você estava tão confiante acreditando em minha plena derrota que derrubou as defesas de sua mente. Isso foi um erro, cavaleiro.

 

Shaka tremia, seu corpo ainda estava gelado. Havia permanecido tempo demais dentro da ilusão de Ana, mais um pouco teria morrido.

 

- A verdade é que enquanto você acreditava ter passado vários minutos submerso, passaram-se apenas algumas frações de segundo. O tempo de um toque rápido entre minhas mãos. Você me perguntou o que eu havia feito esse tempo todo aqui na Índia, mestre. Espero ter lhe respondido a pergunta.

- Você me respondeu o que precisava saber, Ana. Contudo, existem algumas falhas em sua técnica e precisamos trabalhar nelas. Se deseja enfrentar os guerreiros treinados por Camus, seu trabalho deverá ser impecável.

 

Shaka se levantou limpando com leves batidas de suas mãos a sujeira em sua roupa.

 

- Vamos, preciso tomar um pouco de sol.

 

Os dias se tornaram semanas conforme Alex e Shaka estavam absolutamente dedicados a treinar Bruno, Ana e Lacaille. Todos desenvolveram técnicas próprias e se mostravam dignos das armaduras de Argo Navis.

Ana sentia seu coração pular sempre que via seu mestre dourado, mesmo que não sentisse qualquer retribuição por parte dele. Sentava-se ao seu lado nas margens do rio logo pela manhã enquanto seus colegas de treino não chegavam e meditava sentindo sua alma plena. Estar do lado dele lhe dava forças. Ela o amava.

 

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Em uma noite de sábado, Ana desceu de seu quarto para caminhar nas ruas do centro de Varanasi. Gostava de ver pessoas, sentava-se para tomar um tradicional chai na mesa de rua de um restaurante enquanto observava o movimento perdida em pensamentos. Ao se dirigir de volta ao saguão do hotel, viu entrar uma mulher vestida em um saari vermelho. Ana já havia visto aquela mulher ali algumas vezes e sabia que não era hóspede do hotel. Aparentava ter mais de 30 anos, era muito bonita, tinha longos cabelos negros arrumados em uma perfeita trança, sua pele era morena e suas jóias tilintavam conforme ela andava deixando seu perfume de sândalo no ar.

 

Shaka surgiu no saguão do hotel e caminhou em direção a misteriosa mulher. Beijou-lhe as mãos e ambos entraram no elevador. Ana sentiu seu estômago embrulhar e subiu correndo pelas escadas até o 5º andar onde ficava o quarto de Shaka. Chegou a tempo de vê-los entrando no quarto do cavaleiro e fechando a porta em seguida.

 

Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Deveria ser um pesadelo, não poderia ser real. Sentou-se nos degraus da escada, que ficava no fundo oposto do corredor ao quarto de seu mestre. Aquela mulher... Não foi a toa que sempre lhe chamou a atenção a forma como entrava e saía do hotel sem sequer se hospedar nele. Era a sua intuição que indicava o perigo. Ana ficou sentada se esforçando para colocar a cabeça no lugar, o que foi em vão. Eles não saíam de dentro do quarto e já fazia um bom tempo.

 

A jovem correu para seu quarto e colocou sua roupa preta de treino. Foi para fora do hotel e fez o caminho até a lateral onde se localizava a janela do quarto do cavaleiro. Ana olhou para o alto. Subiu uma grande árvore que ficava na frente da janela de Shaka com a maior discrição que conseguia, não poderia ser vista. Se ajeitou entre os frondosos galhos até chegar no lugar perfeito para enxergar. Bem escondida pelas folhas, sentiu uma forte vertigem quando enxergou Shaka pela janela aberta.

 

O quarto estava iluminado por velas. Shaka estava deitado na cama e a misteriosa mulher estava nua sentada em cima dele. Ela sorria enquanto passava as pontas de seu cabelo pelo peito do rapaz, acariciando-o sutilmente. O jovem tinha seus olhos azuis abertos observando cada movimento da mulher enquanto segurava suas coxas. A mulher se inclinou e deu um demorado beijo em sua boca, ao que Shaka pareceu responder com bastante ímpeto.

As lágrimas vertiam copiosamente nos olhos de Ana.

 

A misteriosa mulher parecia conversar com o rapaz enquanto acariciava todo o seu corpo. Ele, por sua vez, falava apenas eventualmente pois passava a maior parte do tempo com a cabeça inclinada para trás. Se havia uma imagem que definia a palavra prazer naquele momento, era essa imagem de Shaka com os olhos fechados, a cabeça inclinada para trás mordendo os próprios lábios. A misteriosa mulher parecia saber o que estava fazendo.

Ana observava a mulher que estava com o membro de Shaka em sua boca e jurou que conseguia ouvir os gemidos de prazer do cavaleiro. Após um tempo, Shaka se levantou interrompendo o estímulo oral e jogou a mulher na cama, iniciando vigorosamente o coito. Seus cabelos loiros estavam suados e ele não parava. Segurava as pernas abertas da mulher que agarrava os lençóis com o ventre suspenso. Passou um longo tempo até que o cavaleiro desmoronou. Deitou-se na cama com a mulher e por lá ficaram.

 

Ana voltou para seu quarto dilacerada. Tinha perdido o homem que amava para aquela mulher que sequer sabia o nome. Só os deuses sabiam há quanto tempo aquilo estava acontecendo, mas a julgar pelas inúmeras vezes que tinha visto a mulher no hotel já fazia vários meses. Chorou até dormir, exausta com tanta dor.

 

No dia seguinte, Ana não foi meditar antes do treino. Ao chegar junto de seus colegas, seu semblante era frio e distante. Não sabia mais como poderia lutar pelo amor do cavaleiro de virgem.


Notas Finais


Shaka é tão centrado a ponto de lutar contra seus instintos para preservar a pupila dele. É ou não é um lorde?
Finalmente Ana teve a chance de mostrar seu poder e deixou seu mestre muito surpreso, ela treinou por anos para isso. E olha que não é fácil impressionar o virginiano!

A indiana misteriosa chegou para bagunçar a cabeça da nossa protagonista, afinal quem é ela?


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