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História No trem - Parte 1


Escrita por: Aest_

Notas do Autor


Aí gente, essa fic tá parada nos meus rascunhos a muito tempo, eu só dei uma corrigida e tô trazendo ela e acredite se quiser a ideia surgiu de um vídeo do tik tok kkkkkkkk

Pra quem se interessou,
Boa leitura ♥️

Capítulo 1 - Parte 1


Autora Pov

Naruto pegava diariamente o mesmo trem, no mesmo horário, na mesma estação, no mesmo ponto, a rotina não se diferenciava se não pelas refeições da manhã.

Acordar, praguejar por ter que levantar antes do nascer do sol, tomar banho, escovar os dentes, lembrar de que o veria, ganhar animação, engolir a primeira coisa que achasse na geladeira, sair correndo enquanto conferia as horas no celular e pular a catraca da estação sempre quase pontualmente as 7h08.

Talvez não fosse uma manhã tão corrida se Naruto não teimasse desligar os 6 primeiros despertadores, acordando só lá pelo sétimo ou oitavo, quando tinha nada mais nada menos do que 20 minutos para sair.

Em contrapartida Sasuke tinha uma disciplina maior, acordava pontualmente todos os dias as 5h40, levantando ao primeiro toque do celular, ia direto ao banheiro para escovar os dentes e lavar o rosto, logo depois uma sessão de treino na esteira, alternando conforme sua disposição entre uma caminhada continua ou corrida rápida, depois um banho e o café da manhã que seu irmão sempre deixava pronto.

Já que os irmãos moravam juntos e sós mantinham uma rotina adequada onde Sasuke preparava o jantar e Itachi o café, no almoço cada um se virava em seus respectivos trabalhos.

Mas independentemente das rotinas diferentes era certo o fato de Naruto e Sasuke pegarem o mesmo trem todas as manhãs, Sasuke um ponto antes, as 7h05 e Naruto um ponto depois as 7h10, depois disso os dois percorriam os próximos 8 pontos juntos até a estação central onde tomavam o mesmo caminho para o grande prédio em que trabalhavam.

Apesar do que podia parecer — Dois colegas de trabalho tomando o mesmo caminho juntos discutindo um assunto aleatório — a realidade era outra, Naruto sabia bem da existência do moreno, ao acordar era o primeiro rosto em sua mente, entretanto nunca havia tido coragem para puxar um assunto sequer.

O que acontecia era sempre o mesmo, Sasuke se sentava no último assento do lado direito do vagão e seguia por boa parte do caminho, se não por todo ele, cochilando com a cabeça encostada na parede metálica, enquanto Naruto o observava de pé, segurando em uma das alças de apoio, em um ponto estratégico. Quando chegavam a estação Naruto sempre fingia estar entretido no celular enquanto Sasuke se levantava e seguia o caminho com o loiro alguns passos atrás.

No prédio Sasuke subia ao último andar e Naruto parava antes, no quinto, e aguardava a hora da saída para poder vê-lo pela última vez no dia, mesmo que para isso tivesse que sair correndo já que o moreno saía 15 minuto antes, era sempre um milagre quando conseguia voltar no mesmo vagão que ele.

Tudo era sempre o mesmo.

Até que mudou.

Numa quarta-feira como todas as outras Sasuke fez uma coisa diferente, cochilou no vagão com o celular ainda em sua mão, em cima da perna, Naruto observou quando o celular acendeu e apagou, acendeu e apagou, sua curiosidade lhe cutucou dando-lhe coragem e ele acabou seguindo e parando bem no acento ao lado do moreno.

O cheiro de Sasuke era bom, um perfume cítrico que lembrava a frutas, deixava até um sabor nos lábios, não era a primeira vez que o loiro sentia mas era a primeira que podia apreciar sem esconder, graças ao horário o trem sempre estava praticamente vazio então suas ações não eram monitoradas por olhos curiosos.

O celular brilhou de novo chamando a atenção do Uzumaki que lembrou porque havia tido a bravura de se sentar ali, tão próximo a ele.

Quando focalizou as mensagens notou o nome "Itachi" como remetente, seria um amigo? Seu namorado? O conteúdo da mensagem estava bloqueado o que fez Naruto fazer um bico inconsciente.

Pra ser sincero ele nem sabia se Sasuke gostava de homens ou de mulheres, em suas investigações tudo que conseguiu descobrir foi que o Uchiha era conhecido por sua falta de vontade de socialização e por não corresponder a nenhuma investida, masculina ou feminina, isso devia bastar para o Uzumaki dar um jeito de engolir seu interesse e deixar pra lá, mas quando colocava uma coisa na cabeça não havia Cristo que o fazia tirar, e o que mais se passava na sua cabeça era justo o homem mais intocável.

Cortou seus devaneios quando notou que o polegar do moreno estava parado bem no sensor de digital o que significava que o aparelho estava desbloqueado.

Uma ideia perigosa surgiu, o loiro olhou em volta e nenhum dos outros 2 passageiros parecia particularmente interessado em seus movimentos, checou o informativo de localização vendo que ainda faltavam mais 5 estações para chegarem, ainda havia tempo, olhou novamente para o rosto do moreno que parecia pacífico em seu sono.

O plano parecia consistente e o objetivo fácil de ser alcançado, ele só precisava arrastar a tela, abrir o QR code que compartilhava o número de Sasuke e apontar seu próprio celular para ter em mãos o número da sua paixão platônica.

Ter o número não significava que ia ter coragem de mandar uma mensagem mas pelo menos era uma possibilidade de contato, e qualquer passo era um passo em busca de falar com o objeto de seus pensamentos. Quem sabe um contato anônimo onde ele teria uma cobertura para deixar claro seu interesse, ele podia descobrir suas preferências, gostos, sonhos e ambições, poderia se aproximar sem se comprometer, se caso sentisse que daria certo, se apresentar e que Deus o ajudasse poderia chegar a ter um encontro com o Uchiha.

Os lábios presos indicavam em sua cara o medo de ser visto, mas a vontade de atingir o objetivo era maior então se pôs a fazer o que precisava, rápido.

Desbloqueou o próprio celular e abriu o escâner de códigos, tomou cuidado para não tocar Sasuke e acabar o acordando acidentalmente e deslizou a tela para cima, o desbloqueio foi fácil, passou a tela para o lado procurando o que precisava e quando achou abriu o aplicativo que mostrou diretamente o que ele queria.

Faltava pouco agora.

Posicionou seu próprio telefone um pouco acima do código e tentou focalizar.

Estava quase, quase conseguindo, mas o que ele não sabia era que Sasuke já havia acordado e analisava seus movimentos, inicialmente surpreso e logo depois achando graça da tentativa boba do loiro.

É claro que ele conhecia bem aquele que sempre o observava, no começo só pela constante atenção que lhe reservava mas, sem saber quando, acabou adquirindo um certo gosto por observá-lo tanto quanto ele mesmo fazia, claro que com muito mais discrição.

Esperava o dia que Naruto fosse fazer algo mais do que só o olhar, era interessante pensar em como ele faria, se divertia pensado se ele puxaria algum assunto no trem, no caminho até o escritório ou durante a subida do elevador, e qual seria o tópico, algo previsível como o tempo? Era provável que fosse algo relacionado ao trabalho, mas torcia para que fosse algo surpreendente.

Também se perguntava como responderia, por conhecimento geral Sasuke não era um rapaz famoso por corresponder a investidas alheias já que ninguém chamava sua atenção, mas Naruto despertava algo nele, um interesse particular em suas ações.

Naquele momento que viu enquanto o loiro desbloqueava seu celular pensou em não fazer nada, em deixar e fingir que não tinha visto porque talvez assim ele fizesse algum tipo de contato. Mas também, 1 ano naquela estagnação era muito tempo, estava cansado de esperar.

Antes que o loiro percebesse tirou o celular de sua mão e fez o que ele tentava fazer, focou o código e passou seu número a ele voltando a o olhar, incapaz de impedir um meio sorriso quando percebeu que Naruto continuava imóvel, com a mão na mesma posição como se ainda segurasse o aparelho, colocou o celular em suas mãos já prontas pra pegá-lo e sem falar nada esperou que ele se movimentasse.

"Fui pego, merda, fui pego" Era o que se passava na cabeça do loiro, o que ele poderia fazer agora? Falar o que? A vergonha o consumia enquanto seus batimentos descontrolados ecoavam em seus ouvidos.

E então surpreendendo ao moreno que esperava qualquer coisa menos aquilo, Naruto fugiu, levantou rápido como um gato e saiu correndo em direção a passagem entre os vagões.

Sasuke permaneceu rindo incrédulo enquanto via os fios loiros se afastando.

Naruto Pov

Sair correndo parecia a coisa mais idiota e a mais certa naquele momento, eu estava envergonhado demais pra sequer pensar em qualquer desculpa.

Quando cheguei ao próximo vagão tentei retomar o controle do meu coração enquanto esperava as portas se abrirem na estação, precisava sair correndo de novo se não quisesse correr o risco de ter que ver o moreno mais uma vez.

Sasuke não só tinha visto como tinha completado o serviço me passando seu número, o que caralhos isso significava?

Consegui chegar ao prédio antes de Sasuke mas por precaução subi até meu andar de escada e fui direto ao banheiro, a água gelada contra meu rosto quente ajudava um pouco.

Enquanto me olhava no espelho me perguntava se estava mais corado pela vergonha ou pelo esforço físico.

- Meu Deus Naruto, correu alguma maratona antes de vir? - Kiba que se sentava na mesa ao meu lado e era meu melhor amigo perguntou quando eu sentei.

- É, quase isso. - Abri o notebook para começar a trabalhar tentando inutilmente parar de repetir o acontecido na minha cabeça.

O dia passou voando, só porque eu não tinha a necessidade disso, mal vi e o relógio já anunciava ser o horário que eu costumava sair correndo atrás de Sasuke, mas hoje não, hoje eu queria fugir dele então permaneci na minha mesa revisando pela quinta vez o mesmo documento.

- Ainda por aqui Naru? - Ino, a supervisora do meu setor passou pela minha mesa enquanto eu arrumava a mesa pra ir embora. - Faz mais de 1 hora que acabou seu horário.

- Ah é, fiquei preso revisando uns documentos. - Menti. - Mas já estou indo, boa noite. - Me despedi passando por ela.

Verifiquei meu aplicativo vendo que o próximo trem só passariam em 50 minutos, eu chegaria bem tarde em casa e Kurama provavelmente me receberia miando em protesto mas era um pequeno preço a pagar por me livrar da vergonha de vê-lo de novo.

- Acho que vou ter que acordar mais cedo pelos próximos dias. - Pensei em voz alta enquanto passava pela catraca.

Por ter passado do horário de pico a estação estava quase vazia, andei sem pressa para o ponto de sempre mas não estava preparado para o que vi.

Ou melhor.

Para quem vi sentado ali no banco sozinho, como se esperasse pacientemente o trem que ainda demoraria mais 40 minutos para chegar.

Sasuke.

Voltar só era uma opção até que ele virou a cabeça na minha direção me vendo, fugir pela segunda vez no mesmo dia seria humilhante (se é que era possível ser mais ainda) além do que eu não tinha pra onde ir, então engoli em seco e me virei como se vê-lo ali não fizesse diferença na minha vida, me encostei na parede de concreto e fingi estar muito entretido com meu celular.

Pelo canto dos olhos vi bem quando ele se levantou, meu coração aumentou a frequência das batidas e meu cérebro tentou me convencer de que ele não poderia estar vindo em minha direção, era loucura.

Mas era verdade.

Ele estava se aproximando e eu não sabia se continuava mexendo no celular, se virava e seguia em outra direção iniciando uma fuga ou se fingia de morto.

No final antes que eu pudesse colocar qualquer um dos meus péssimos planos em ação ele chegou bem ao meu lado.

Eu olhava pra tela brilhante do celular mas via absolutamente nada.

- Vai fingir que não estou aqui? - Sua voz maravilhosa chegou aos meus ouvidos.

Ele nunca tinha falado diretamente comigo e eu nunca imaginei que a primeira vez seria daquele jeito.

- Hum... Eu... É... Oi. - Me atrapalhei abaixando o celular e encarando seus pés, não tinha a mínima coragem de fitar seus olhos negros.

- Oi? - Ouvi sua risada mas ainda não o olhei.

- Bom... Eu...

- Vem comigo. - Ele cortou qualquer coisa que eu fosse falar e saiu andando de costas em direção a saída da estação.

Que fiquei em choque era o mínimo a se dizer sobre meu estado patético de imobilidade enquanto o via se afastar.

Ele deve ter percebido que eu não me movia e se virou de volta pra mim.

- Não quer vir? - Perguntou com um sorriso torto.

Ele sabia que eu queria.

Voltei ao controle do meu corpo e corri para o alcançar sem responder, ele também não falou mais enquanto seguia o caminho.

Saímos da estação sem conversar, eu segui seus passos me perguntando pra onde íamos.

Quando chegamos a um pequeno Pub Sasuke entrou e eu fui atrás, ele seguiu para uma mesa mais afastada se sentando e eu fiz o mesmo me acomodando na cadeira a sua frente.

Ele me observava, sorrindo de canto enquanto eu ficava cada vez mais sem jeito.

- Aqui. - O ouvi dizer e levantei os olhos curioso. - Vamos querer... - Ele se dirigia a uma garçonete ruiva que se aproximou sorrindo, olhou rapidamente o cardápio na mesa. - Duas cervejas? Pode ser? - Perguntou voltando os olhos a mim.

- Uhum. - Confirmei acenando mesmo que eu odiasse o sabor amargo da bebida e ele voltou seu olhar a garçonete confirmando o pedido.

A ruiva sorriu anotando no seu bloquinho e voltou a ele.

- Vai querer comer algo também? - Não deixei de notar que ela só se dirigiu a ele e que mordia o lábio inferior descaradamente.

- Hmm - Ele olhou pra mim de novo. - Está com fome?

- É... - Hesitei sem saber o que pedir, na real eu devia estar com fome mas ainda estava assustado com aquela situação e não conseguia pensar.

- Por enquanto só as cervejas. - Ele percebeu e dispensou a garçonete sem sorrir nenhuma vez pra ela, o que me agradou

Ficamos em silêncio enquanto eu analisava meticulosamente um ponto fixo na mesa

- Naruto, pode olhar pra mim? - Pediu.

Eu não o fiz, eu amava olhar seu rosto que parecia esculpido mas estava apreensivo.

- Por favor? - Seu tom leve com a voz rouca me tirou dos pensamentos.

- Pedir desse jeito é covardia. - Desisti e fixei meus olhos nos seus.

- Bem melhor assim. - Ele sorriu voltando ao tom de voz normal, meu Deus, como podia ser tão lindo?

- Porque estamos aqui? - Eu estava morrendo de medo de perguntar mas decidi tentar acabar logo com a tensão causada pela minha confusão com sua atitude repentina.

- Bom, primeiro porque quando te dei meu número hoje de manhã. - Fiz uma careta para a memória. - Eu achei que isso significava que você finalmente ia parar de só ficar me observando e tomar algum tipo de iniciativa mas vendo que fugiu de mim o dia todo e pensando que provavelmente continuaria fugindo por Deus sabe quanto tempo, acabei ficando sem paciência. - Terminou sorrindo e eu completamente vermelho.

- Você... Queria que eu entrasse em contato? - Isso foi o que mais me chamou atenção em sua fala.

- Se não quisesse porque te daria meu número? - Ele perguntou verdadeiramente confuso, um vinco aparecendo no meio de suas sobrancelhas.

- Eu não sabia o que pensar. - Tentei explicar.

- Agora sabe. - Só disse isso quando nossas bebidas chegaram.

A garçonete se abaixou muito mais que o necessário para colocar a cerveja de Sasuke na frente dele e me controlei pra não bufar e revirar os olhos.

Ele deu um bom gole no líquido amarelo enquanto tentei provar o meu sem demonstrar o quanto me desagradava.

- Não gosta de cerveja? - Não devo ter tido muito sucesso em tentar esconder.

- Não, eu gosto. - Tentei.

- Mentira. - Ele revirou os olhos pegando meu copo e passando para sua frente. - Escolha outra coisa.

- Não! Não precisa. - Tentei pegar de volta o copo gelado enquanto negava mas ele segurou o topo me impedindo.

- Naruto, escolha outra coisa ou vou continuar pedindo até acertar. - Ele ameaçou e parecia bem sério então voltei meus olhos ao cardápio escolhendo como ele mandou.

Ele chamou novamente uma garçonete e pra minha alegria dessa vez foi outra que não pareceu particularmente atenciosa com o moreno.

- Uma caipirinha de uva por favor. - Pedi e ela se foi rápido.

Sasuke ergueu uma sobrancelha pra mim claramente debochando do meu pedido.

- O que? - Desviei os olhos constrangido. - Eu prefiro coisas doces. - Dei de ombros.

- Tudo bem. - Ele respondeu e eu voltei a o olhar. - Então, me diga, quando ia tomar uma atitude?

Se meu rosto voltasse a cor original durante algum momento dessa noite seria um milagre.

- E-eu... - Engoli em seco me amaldiçoando por gaguejar.

Minha bebida chegou me dando tempo pra pensar e eu bebi um grande gole pra esfriar a cabeça e parar de parecer um idiota.

- Olha, eu nem imaginei que você ao menos sabia meu nome. - Comecei dando a ele a chance de explicar mas ele permaneceu em silêncio esperando então tomei de uma vez o resto da bebida pra continuar. - Eu tinha essa queda por você. - Nesse ponto devia estar tão obvio que não valia a pena o esforço de negar. - Mas não sabia como iniciar qualquer conversa, estava tentando descobrir um jeito de fazer isso...

- Tinha? - Seu sorriso era sarcástico quando me interrompeu.

- Tenho. - Respondi revirando os olhos enquanto colocava uma das uvas do meu copo na boca, triste por não ter mais nada pra beber.

- Bom, agora eu te dei a abertura, o que vai fazer? - Ele parecia curioso.

- Eu... Porque você fez isso? - A bebida já devia estar fazendo efeito porque eu soltei a pergunta sem querer.

- Como eu disse. - Fez uma pausa terminando sua cerveja. - Fiquei impaciente.

Peguei mais uma uva enquanto decidia o que dizer a seguir.

- Sabe, eu imaginei nós dois assim um bom número de vezes mas em nenhuma delas era assim. - Ri pensando em quantas vezes tinha fantasiado um encontro com ele.

- E como era então? - Ele fez sinal para um garçonete pedindo que trouxesse mais da minha bebida já que ele ainda tinha o outro copo de cerveja pra terminar.

- Acho que de uma forma menos constrangedora, certamente eu não agia como um completo idiota em nenhuma delas. - Constatei.

- Porque você está constrangido? - Sua pergunta me fez rir.

- Achei que era bem obvio. - Olhei para seu rosto para confirmar que era uma pergunta retórica mas ele parecia estar esperando uma resposta. - Quer dizer, você é bastante intimidador e depois de ter sido pego hoje de manhã não sei se minha alma já encontrou o caminho de volta pro meu corpo.

Minha fala o fez rir, era um som bonito, gostoso de ouvir e me fez sentir mais a vontade.

- Eu não sou intimidador, só não gosto de ficar de conversinha com todo mundo. - Ele deu de ombros agradecendo quando meu drink chegou.

- Bom, isso é o que chamamos de intimidador. - Provei minha segunda caipirinha que estava igualmente boa como a primeira.

- Tanto faz, e sobre hoje de manhã, vamos supor que você tivesse conseguido pegar meu número sem que eu visse, o que faria depois disso? - Questionou.

- Eu não tinha pensado tanto sobre isso, mas talvez te mandasse uma mensagem qualquer só pra ver se você respondia. - Eu já estava na metade do segundo copo e a vodka já me deixava mais a vontade pra conversar sem ficar desviando os olhos ou gaguejando.

- Tipo o que? - Continuou perguntando, ele parecia estar se divertindo.

- Hmmm. - Desviei minha atenção para o resto do pub enquanto pensava no que eu teria mandado. - Talvez algo como "Hoje está quente né?". - Respondi rindo.

- Conversar sobre o clima? Tão previsível. - Ele bebeu mais sua segunda cerveja que já estava pela metade.

Eu já estava preparado pra sua conclusão.

- Em seguida eu completaria com "Mas não é de hoje que me derreto por você" - Terminei como eu queria e isso o fez quase engasgar rindo.

Estar ali com Sasuke Uchiha já era inesperado, agora vê-lo rindo tão solto era com certeza um milagre, não pude deixar de acompanhar pensando que com certeza eu estava gastando toda a sorte de uma vida nesse dia.

- Tá, por essa eu não esperava. - Respondeu ainda sorriso.

- Claro que eu mandaria de forma anônima. - Confidenciei.

- Já isso. - Ele apontou pra mim com o copo me fazendo sorrir. - Eu esperava.

- De qualquer forma sou bem mais surpreendente do que você deve pensar. - Pisquei pra ele já bem mais solto ao finalizar a segunda bebida.

- Não se ache tanto, ia tentar puxar assunto com uma cantada barata? Eu não ia responder. - Ele falava com bom humor, me testando.

- Tenho muitas outras, mandaria todos os dias até você responder. - Dei de ombros.

Ali na sua frente, aproveitando esse seu lado descontraído, já mais relaxado pela bebida, era fácil dizer essas coisas, mas a verdade é que eu duvidava da minha capacidade de mandar um simples "oi".

- Aham, vou fingir que acredito. - Ele também partilhava da minha dúvida.

- Pode acreditar, descobria tudo que pudesse sobre você, até... Sobre um possível namoro. - Joguei o verde o olhando de relance para tentar descobrir seus envolvimentos.

- Eu não estou com ninguém no momento se é isso o que quer saber. - Ele respondeu sorrindo divertido.

Respirei aliviado e retribui o sorriso.

- Eu também não... - Respondi mesmo que ele não tivesse perguntado e recebi um aceno de volta. - Não sabia que você gostava de socializar em Pubs depois do trabalho. - Mudei o foco da conversa.

- Não gosto, hoje é uma exceção. - O modo como ele disse isso fez algumas borboletas levantarem voo na minha barriga.

- E porque é uma exceção? - Arrisquei perguntar em um tom mais baixo, preso na intensidade de seus olhos.

Ele se inclinou mais sobre a mesa, apoiando o tronco em seus cotovelos. Fiz o mesmo em uma resposta automática, a proximidade fazendo um magnetismo aparecer entre nós, quase me levando a subir naquela mesa para encurtar ainda mais o espaço.

- Até o fim da noite você vai descobrir. - Ele voltou rápido me deixando abalado com a distância e a semi promessa de algo mais.

Minhas borboletas pareciam querer fazer seu caminho pela minha garganta e peguei o copo para beber alguma coisa e me acalmar mas este estava vazio.

Sasuke novamente percebeu e sinalizou outra rodada a alguma garçonete que devia estar passando por ali.

- Então... - Limpei a garganta tentando me recuperar do momento de flerte. - Já me conhecia antes?

- Naruto, trabalhamos no mesmo prédio, pegamos o mesmo trem e tomamos o mesmo caminho todo dia, além do fato de você passar boa parte desses momentos me encarando, é, eu conheço você. - Engasguei com o próprio ar quando ele disse tudo isso.

- Eu não achei que fosse tão obvio. - Ri um pouco nervoso massageando a nuca e agradeci a eficiência da cozinha daquele lugar quando a minha terceira caipirinha chegou a nossa mesa.

- Qual seu setor? - Me pegou de surpresa a mudança de assunto.

- Revisão e edição, e o seu? - Era óbvio que eu já sabia a resposta mas não queria que ele desconfiasse de minhas investigações.

- Contato e patrocínio. - Respondeu.

- Sério? - Eu ri já que desde que soube seu cargo tinha essa dúvida.

- Qual é a graça? - Se recostou mais na cadeira.

- Bom, você não me parece uma pessoa comunicativa pra conseguir patrocínios.

- É, eu não sou, mas sei ser bem persuasivo. - O modo como ele falava, os movimentos da sua boca, as insinuações, tudo sobre ele me deixava febril então puxei o nó da minha gravata pra tentar respirar com mais facilidade.

- Imagino que sim. - Sequei o copo.

- Naruto, pare de lamber a boca desse jeito ou vamos ter problemas. - Seu tom repreensivo me fez tremer.

Eu nem percebia o modo como secava os lábios depois de beber, se estava sendo impróprio não era com intenção.

- Desculpe, eu... Não tinha percebido. - Prendi um lábio no outro tentando não olhar em seus olhos.

- É, tem muita coisa que você parece não perceber... - Fiquei curioso com sua colocação mas ele não me deu chance de perguntar. - Quer comer alguma coisa?

Fiquei imediatamente vermelho com a resposta que me veio a cabeça.

- Não estou com muita fome. - Respondi a verdade, no começo eu até estava, afinal minha última refeição tinha sido na hora do almoço, mas agora com a bebida e as borboletas dividindo espaço em meu estômago acho que não restava lugar pra mais nada.

- Eu estou... - Olhou distraidamente o cardápio. - Mas não é de nada que seja servido aqui. - Ele olhou por cima do papel quando disse a última parte quase me fazendo entrar em combustão.

- Para com isso! Meu Deus. - Voltei meu olhar para o ambiente cheio de amigos e casais conversando animadamente. - Vou no banheiro.

Não esperei uma resposta sua mas eu sabia que estava sorrindo, levantei e fui tentar me acalmar com água gelada pela segunda vez no dia, se aquele cara sabia o que estava fazendo comigo ele era com certeza um sádico.

Onde é que eu estava me metendo?

Um cara estava saindo bem quando entrei no banheiro, agora parecia vazio, era pequeno mas bem cuidado, todo em tons escuros com uma luz amarela preenchendo o ambiente, as pias ficavam do lado da porta e algumas poucas cabines atrás. Joguei uma boa quantidade de água no rosto passando em seguida a mão molhada pela nuca, algumas gotas escorreram por dentro da minha camisa branca mas eu não estava muito preocupado com isso.

O que mais me incomodava era a excitação que eu sentia, até doía, principalmente pensando que eu não tinha garantia nenhuma de como a noite se seguiria, ao mesmo tempo que ele insinuava algumas coisas não era de modo concreto, eu estava no escuro quanto suas intenções, tudo isso somado ao fato de que ele era Sasuke inalcançável Uchiha eu não tinha motivos pra esperar muita coisa, o que eu podia fazer, sugerir abertamente irmos pra minha casa? Kurama não gostava de visitas e eu não estava afim de passar mais vergonha caso estivesse interpretando algo errado.

Minha cabeça já estava pesada, eu nunca fui a pessoa mais forte no quesito resistência a álcool.

Ouvi a porta se abrindo, eu estava secando o rosto e não consegui ver quem era mas quando o próximo barulho que escutei foi de uma tranca tirei o monte de papel do rosto para ver o que estava acontecendo.

- O que...? - Não tive tempo nem de perguntar antes de ter meus lábios cobertos pelos de Sasuke.

Permaneci imóvel só o tempo que demorou pra entender que aquele calor úmido significa que Sasuke Uchiha estava me beijando, quando o senti pedindo passagem eu já era dele.

Aquele beijo era forte, sua língua molhada deslizava entre meus lábios enquanto as mãos prendiam-se em minha cintura e as minhas já se emaranhavam em seu cabelo negro.

Ele avançou alguns passos e eu retrocedi outros, só paramos quando a pia gelada encostou na base das minhas costas e ele me impulsionou me fazendo sentar ali e enroscar minhas pernas em volta dele.

Ele tinha sabor de cerveja, mas eu notei que na boca dele não parecia nenhum pouco amargo.

Sua mão entrou por baixo da minha camisa levando fogo por onde passava, eu também queria tocá-lo mas tinha medo de soltar sua cabeça e ele se afastar acabando com meu sonho, porque aquilo não podia ser real, podia?

Já estava difícil manter o controle mas quando ele mordeu meu lábio me causando uma dor prazerosa eu perdi tudo gemendo e retomando sua língua para junto da minha como se fosse o ar que faltava em meus pulmões.

Ele subiu a mão e com dedos habilidosos pressionou meu mamilo me fazendo revirar os olhos de prazer, eu já nem me importava com o fato de estarmos em um banheiro dentro de um bar, não me importava que alguém escutasse nem com o que pensariam quando saíssemos de lá, tudo que me interessava era beijar aquela boca.

Pressionei minhas unhas em sua nuca o fazendo arfar e continuei a tornar o beijo intenso, pressionando meu corpo contra sua mão que continuava brincando displicentemente com meu mamilo intumescido, hora friccionando hora apertando entre o polegar e o indicador me fazendo gemer.

Eu já sofria com minha ereção dolorida dentro da calça jeans, e pelo que sentia a dele não estava muito diferente, estava louco pra abrir nossos zíperes e aliviar toda aquela excitação mas Sasuke parou o beijo encostando sua testa na minha enquanto arfava em busca de ar.

- Precisamos sair. - Puxou o ar com dificuldade.

- Porque? - Perguntei compartilhando de seu esforço em busca de oxigênio.

- Porque? - Ele sorriu de canto. - Porque se não vou te comer aqui mesmo.

Se restava alguma chance da minha alma voltar ao meu corpo, depois daquela frase eu a tinha perdido porque com certeza minha doce alma já estaria queimando no fogo do inferno depois de todos os pensamentos impuros que se passaram pela minha cabeça naquele momento.


Notas Finais


A próxima parte saí amanhã!!


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