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No Way Out - Capítulo 1


Escrita por: TwinkleZGirl

Notas do Autor


• Essa é a minha primeira fanfic, então se tiver erros relevem please please ♡

• Eu utilizei o mangá e série de 'Alice in Borderland' como fonte de inspiração para essa história, então vão ter coisas parecidas.

• A fanfic se passa no município de Betim, MG, Brasil. Não tem nenhum outro personagem de aib.

Aproveitem muito. Bjs bjs 😘💓💋

Capítulo 1 - Capítulo 1


Fanfic / Fanfiction No Way Out - Capítulo 1

CAPÍTULO 1 (Revisado)


       BETIM, 19 de abril de 2024


  Espresso, da Sabrina Carpenter, tocava alto pela décima vez nos fones de Isis Ribeiro, uma jovem de 17 anos que estava em seu último ano escolar. A garota andava e movia alguns dedos no ritmo contagiante da música.

Aquele era um dia aparentemente normal, misturado ao fato de ser uma sexta-feira, o melhor dia pra se sair andando pelo movimentado centro da cidade.

Enquanto se esbaldava na melodia, Isis para em frente uma loja de eletrodomésticos, e espera por alguém.

Com certeza ela não podia fazer nada daquilo. A sua rotina incluía sair da escola às 12h20, e pegar seu ônibus às 12h30, porém não era o que ela faria hoje. Vivendo sob a rigidez de seus pais, Isis tinha que se manter na linha, caso contrário estava ferrada na mão de seu pai e mãe. Mas nesse dia, especialmente, ela precisava de uma distração, afinal era o seu aniversário, e como todos os outros, seus pais não fariam nada de muito especial.

Ela podia fazer por ela mesma. pensaria nas consequências mais tarde.

Enquanto observava a movimentada cidade, alguém para ao seu lado. Ela retira um dos fones para olhar Diego Almeida, seu amigo.

— Então está mesmo destinada a viver seu último dia de vida fazendo coisa errada? — O garoto mais alto debochou da menina. Ela sorriu ladino e deu de ombros.

— O que eu não faria por uma tarde de liberdade? — Isis perguntou, retórica. — Se meus pais quiserem, depois eles que chamem a polícia. — terminou sua fala.

Diego soltou uma breve risada e fez um aceno para que entrassem dentro da loja.

— Vamos na parte do pagamento, preciso resolver algo para minha mãe. Depois vamos pra . — ele diz e dá ênfase no 'lá'. Se alguém estivesse escutando essa conversa pensaria que os dois estariam indo vender drogas.

Isis começou a seguir seu amigo em silêncio. Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos sobre tudo. Certamente quando seu dia acabasse, seus pais já estariam atrás dela com o exército e a marinha, mas ainda sim ela estava disposta a enfrentar tudo isso. Se eles a matassem... não! Era óbvio que isso não ia acontecer.

Seu coração batia forte e acelerado, enquanto pedia proteção ao seu anjo. Se ao menos algo pudesse impedir seus pais de a crucificarem...

Estando quase absorta novamente na música em seu fone, ela foi colocada de seu estado de alerta quando de repente barulhos de fogos de artifício se fizeram presentes. A Ribeiro e seu amigo se olharam, como quem dividia uma pergunta por telepatia. 'Por que diabos estavam soltando foguetes naquela hora do dia?'

— Que bonitinho, são os seus pais dizendo “parabéns, Isis, querida”. É o especial de aniversário. — Mesmo questionando internamente o porquê dos fogos, Diego fez piada com a garota, que apenas fez um barulho de desgosto. — Eu tô te falando, hoje não é um dia bom pra você.

— Quer me fazer o favor de ficar quieto-

Antes que Isis pudesse terminar sua fala, seus fones de ouvido pararam, as luzes do estabelecimento se apagaram, e instantaneamente um silêncio ensurdecedor se fez presente no local.

Em um piscar de olhos, os dois estavam sozinhos no local.

— Que foi isso? — o garoto perguntou. Isis apenas balançou a cabeça negativamente, e franziu o cenho. — Vamos descer.

Os dois desceram a escada devagar, com certa aflição. Ao voltarem no andar principal, o espanto tomou conta do corpo de ambos. Estava totalmente vazio, sendo que segundos atrás estava cheio e movimentado.

A Ribeiro pega seu celular e tenta ligá-lo, porém o aparelho continuava com a tela escurecida. Diego faz o mesmo que a garota, e também recebe a mesma resposta.

— Eu juro que meu celular estava carregado… isso é um problema enorme. — O mais alto indaga para si mesmo.

— A música parou do nada — Isis comentou, sua voz estava falha. — Vem. Vamos dar uma olhada lá fora.

Assim os dois seguiram para fora do estabelecimento. Estava pacato. Totalmente Vazio. De um momento para o outro todos do centro da cidade desapareceram subitamente.

Era como se todos tivessem sido abduzidos, e só os dois ficaram para trás. Estava mais vazio que a época de ano novo, e eram apenas mais de meio dia de uma sexta-feira. Como todas as pessoas se esconderam do nada?

— Como?! Como isso aconteceu? — Diego estava boquiaberto com a cena.

— Eu não sei, mas uma coisa é certa: estamos completamente sozinhos na cidade…

— Não pode ser… a gente precisa olhar. Precisamos buscar pessoas. Vamos nos separar e procurar.

E assim os dois concordaram com pesar e cada um foi pra um lado.

Era como procurar agulha no palheiro. Não tinha ninguém em canto nenhum.

Aquilo era anormal e terrível. Não tinha Internet nem eletricidade. O mais intrigante de tudo era como todos simplesmente se esconderam igual minhocas em um buraco.


30 Minutos depois


— Achou alguma coisa? — Diego perguntou, ofegante.

— Não mesmo… tá completamente fantasma. — Isis respondeu, também ofegante.

Os dois estavam suados demais, devido a grande ronda que fizeram pelo centro e bairros próximos do lugar. Provavelmente passavam das 13h00, e os dois permaneciam sem respostas concretas. Eles decidem ir para um lugar com sombra para descansar.

— Será que todos foram abduzidos, e só nós dois que não? — a Ribeiro indaga para o garoto, que está com os olhos fechados, mas sem dormir ou cochilar. 

— Eu espero que sim… — Ele diz isso e abre um olho, observando a garota o analisar. — É brincadeira.

A dupla permanece em silêncio. Por mais que os dois se conhecessem há mais de 5 anos, o que eles tinham não era uma amizade em que se falavam todos os dias ou sabiam fatos absurdos da vida um do outro.

Era apenas uma relação que nenhum dos dois se afastavam mesmo sabendo que não eram melhores amigos. Agora, nesse momento, eles estavam apenas sem assunto nenhum, e precisou que todos desaparecessem para que ambos percebesse a falta de conhecimento que um tinha do outro.

Mas ainda sim eles estavam lá, carregando a "amizade" que tinham e ignorando qualquer fato.


18h58


O sol já tinha se posto, e o vazio da cidade ainda era o mesmo. Tudo estava escuro demais sem a iluminação artificial dos postes de luz. Isis e Diego já estavam morrendo de tédio. A garota não sabia mais o que fazer, visto que os dois permaneceram no centro da cidade monótona apenas falando coisas vagas e pensando demais sobre tudo aquilo.

Enquanto Isis tentava ler um livro que estava em sua mochila, uma luz se acendeu em uma pequena loja na frente deles, e na tela tinha uma seta apontando para uma região específica. Os dois se olharam, com o coração acelerado, e se levantaram com suas mochilas em mãos. Finalmente algum sinal.

Na medida em que caminhavam, as setas indicavam para um lugar bem conhecido.

— Prefeitura? — Diego murmurou quando se viu parado em frente a sede da prefeitura da cidade. Ele olhou para Isis, que também estava se perguntando a mesma coisa.

Eles entram no lugar iluminado com certo medo.

Estava vazio. Bem na direção da entrada, uma mesa branca com a base e topo redonda continha diversos celulares no centro dela. A dupla correu para pegar um aparelho, e um pequeno feixe de felicidade se fez presente quando ele ligou e fez um reconhecimento facial. O sentimento foi momentâneo, já que na tela não apareciam aplicativos relevantes, e não tinha sinal de rede.

— Que merda é essa? Como isso é possível? — Isis ficou indignada, mas logo foi surpreendida por vozes se aproximando do local em que estavam.

— Alguém? Não é possível...

Na entrada, três pessoas apareceram e olharam para os dois parados em frente a mesinha. Eram duas mulheres e um homem jovem.

— Vocês sabem para onde foram todas as pessoas? Sabem o que tá acontecendo? — Isis questionou, caminhando lentamente até o trio, mas foi ignorada.

O homem murmurou para as mulheres algo baixo, e logo os três soltaram risadas estridentes, deixando a menina em dúvida.

— Olha aqui, garotinha — a mulher veio em sua direção, e tinha um certo deboche em sua voz — você e seu amigo não podem atrapalhar a gente, então tentem não estragar o momento.

Isis achou aquela mulher uma completa idiota, mas não externalizou isso. Ela voltou para perto de Diego.

— Vamos embora. — o garoto falou para a Ribeiro, mas foi impedido pelo homem.

— Se eu fosse você não faria isso…

Nesse momento o mais velho jogou um cartão que estava em seu bolso na direção da saída e o objeto foi atravessado ao meio por um laser vermelho que caiu do céu.

— Que merda é essa?!

A menina perguntou em espanto. O coração de Diego saltou de tanta aflição.

Nesse momento, mais três pessoas chegaram no local, e pegaram os celulares. Elas também pareciam aflitas. Isis estava apreensiva em relação a tudo isso. Parecia que para sair daquele lugar, eles teriam que fazer alguma coisa que ela não sabia o que.


Os celulares apitaram e uma voz robótica anunciou:

As inscrições estão encerradas. Há 8 participantes no total. O jogo irá começar...

Jogo: Pega Bandeira

Dificuldade: Quatro de espadas


O coração da Ribeiro doeu de ansiedade. Como assim 4 de espadas? O que estava acontecendo?


Se equipem com as pulseiras da mesa mais à frente.



O trio do início se apressou e pegou as pulseiras, que eram grossas e pareciam conter luzes de led dentro.

— o que vocês estão esperando? Venham logo! — uma das mulheres falou alto.

Diego e Isis se apressaram e pegaram uma pulseira. A garota analisou o objeto antes de colocá-lo em seu pulso, e ele o rodeou por completo. Não tinha como tirá-lo.

— Diego…

— não tem como tirar isso.

A dupla se via em um completo quebra-cabeça sem solução.

Quando todos no local estavam equipados com as pulseiras, todas elas acenderam em luzes. Quatro delas eram verdes, e as outras quatro eram azuis. A de Isis era Azul, e a de Diego também.

Objetivo: Roube a bandeira do time oponente.

Regras: Os times Azul e Verde iram se enfrentar, e para isso a prefeitura foi dividida em dois hemisférios, o Sul e o Norte. Em ambos os lados existe uma bandeira escondida, e para zerar o jogo é preciso alguém do time oponente pegá-la e atravessar a linha divisória que separam os hemisférios. Vence o time que roubar e atravessar a linha com a bandeira primeiro. O hemisfério Sul é do lado Azul e o Norte é do Verde.

Tempo: 30 minutos. Após esse tempo ser excedido, o laser será lançado em todos os jogadores.

JOGO INICIADO!


No time azul estavam Isis, Diego, o homem do trio e um garoto mais velho que chegou depois. Era nítido a expressão de amargura no rosto dos que chegaram após os dois. Aparentemente eles teriam que se enfrentar. Para a Ribeiro e seu amigo era uma sorte e tanta estarem no mesmo time.

— A gente se vê por aí… — uma das mulheres falaram para o homem. Elas pareciam se divertir bastante com aquilo.

Elas guiaram o time verde para o hemisfério norte, deixando-os para trás.

Enquanto via as outras pessoas andando para outro espaço, Isis se perguntava mentalmente o que iria acontecer, visto as coisas que acabou de escutar. Aquilo não era uma brincadeira.

— Então — o homem mais velho chamou a atenção de todos. — Temos menos de 30 minutos para roubar a bandeira deles e ganhar esse jogo. Não tem tempo para planos nem para perguntas.

Ele foi direto ao ponto, sem intervenções.

— A gente vai ter que jogar mesmo? — Diego questionou, e recebeu um olhar perfurante do homem.

— Eu me chamo Rodrigo… Só pra caso eu morra e ninguém me conheça. — o jovem disse recebendo a atenção dos três.

— Eu sou a Isis.

— Diego.

— Sou o Hélio, mas agora: quem se dispõe a atravessar a linha e roubar a bandeira? — O homem pergunta rapidamente.

Isis logo põe sua mente pra pensar em algumas soluções. Por mais que parecesse fácil, alguma coisa ruim iria acontecer; Ela estava sentindo em seu âmago.

— Eu posso ir. — Ela diz com certo pesar na voz.

— Tá maluca?! — Diego se desespera. — talvez você morra!

— Eu vou. Na equipe verde tem um homem, talvez eu dê conta de esquivar dele, e outra, precisamos descobrir onde está a nossa bandeira, então sim, precisamos de um plano.

A Ribeiro ignorou o desespero do amigo e argumentou contra Hélio, que apenas a olhou com uma cara feia.

— Então vamos fazer rápido! — Rodrigo exclamou. Diego olhou para Isis, que logo pensou em uma boa estratégia.

— Diego, você fica aqui. — os homens a olharam. — Você saberia defender aqui se precisasse — o garoto queria sair dali, mas não queria que a amiga se colocasse em risco. Ele franziu o cenho. — Por favor… vamos sair daqui juntos.

Com certa apreensão, ele balançou a cabeça e ouviu o que a amiga tinha a dizer.

— Quer me dar ordens, garota? — Hélio perguntou em tom de deboche.

— Você escolhe o que quer. Eu quero zerar o jogo, e se não quiser colaborar eu não posso fazer nada. — Isis respondeu calmamente e prosseguiu com o plano.

Ela tinha a atenção do amigo e Rodrigo.

— Diego e Hélio podem ficar de guarda aqui… se ele quiser cooperar. Eu e Rodrigo vamos procurar a nossa bandeira, e depois de achar vamos para o outro lado.

Por mais que fosse algo simples e objetivo, aquele era o melhor plano e Hélio sabia bem disso. Aquela garota era inteligente, e sabia mostrar isso com poucos segundos.

— Eu tô dentro — Rodrigo declarou aos demais. — Vamos seguir o plano dela e acabar com isso logo.

A morena nunca esteve na prefeitura, mas com o auxílio do mapa disponibilizado em uma mesa de seu hemisfério, seria fácil andar dentro do lugar. Ela estava disposta a acabar rápido com Aquilo.

— Então, Hélio, vai encarar? — Diego questionou o homem.

O mais velho tinha uma expressão de repugnância, como se lutasse contra o plano da menina. Mesmo não gostando de receber ordem de uma garota, ele sabia que o tempo não estava bom pra dar chilique.

— Tá. Eu fico aqui com o moleque. — ele disse por fim, deixando os três aliviados.

— ok. Vamos, Rodrigo. — Isis bateu no ombro do amigo em consolo e correu para uma das escadas da prefeitura, sendo seguida por Rodrigo.


— Eu conheço aqui um pouco. — O garoto falou para a Ribeiro.

— Ótimo, então vai ser de uma ajuda e tanto se falar onde ficam os escritórios.

Ele guia a garota até um espaço específico. O local era grande e espaçoso. Isis pegou seu celular e lá indicava 25 minutos até o final do jogo. Ainda teriam muito tempo.

Entrando em uma das salas e deixando Rodrigo olhar em outras, a morena vasculha todo o lugar. Escrivaninha, gavetas e debaixo do sofá. Não encontrando, ela parte para outra. A procura era intensa e frenética. A sua vida talvez dependesse daquilo.

Em uma parte de alerta máximo, quando seu celular marcou 20 minutos até o fim da partida, ela ouviu sons estranhos. Então eles já vieram para o nosso hemisfério?

— Isis, achei bandeira! — Rodrigo exclamou em êxtase.

— Isso!

O garoto veio com o pequeno objeto em mãos. Tinha uma bandeirola azul e meio pesada.

— esconde isso em um lugar muito seguro. Agora eu vou pro outro lado.

O jovem acenou positivamente e Isis correu para as escadas, mas parou ofegante quando viu um homem da outra equipe tentando passar por Diego e Hélio.

Ele não era tão forte assim, mas ainda tinha um porte físico para bater de frente com os dois. Isis se escondeu atrás de um vaso de planta e segurou a respiração. Ela passou a linha vermelha que separava os lados, e correu em segurança.

Sua garganta estava fechada de tanta ansiedade. Jogar pega bandeira na escola era alegre e divertido. Tinha a competitividade com os colegas, mas ainda assim era normal. Porém naquela hora não tinha nada de bom nisso. Aquilo era um jogo violento que poderia ocasionar mortes.

Estava meio escuro no lado do time verde. A Ribeiro olhava atentamente para os cantos e procurava por uma bandeira verde.

Quase que em uma fração de segundos passos se aproximaram dela. Ela se esconde atrás de uma pilastra. Tinha se esquecido completamente das duas mulheres que estavam com Hélio no início da partida. Elas eram perigosas. Tinham um físico atlético e provavelmente tinham tido um bom plano. A morena ouviu as duas conversarem calmamente enquanto caminhavam como se nada estivesse acontecendo.

— e então, Maria, o que acha que os danados estão aprontando? — a mulher de pele negra perguntou para a outra.

— Ah, quer saber mesmo? — A tal Maria perguntou em um tom de ânimo. — Acho que já mandaram alguém pra cá.

— também acho que temos companhia…

O coração de Isis acelerou de uma forma inexplicável. Era óbvio que as duas tinham visto ela, ou pelo menos uma delas.

— Isso que é um jogo de espadas, independente do número. — Maria falou. — Deixa eu ver… Pode sair do seu esconderijo, garotinha.

Se antes o coração da Ribeiro estava acelerado, agora ele estava prestes a parar completamente. O suor escorria frio das têmporas da garota, que já tinha lágrimas se formando no canto dos olhos.

— Se não sair, nós vamos atrás de você — a outra mulher cantarolou a frase. — e eu te garanto que isso será pior do que se tentar fugir. — ela terminou maleficamente.

As duas soltaram risadas estridentes. Isis estava quase paralisada, mas algo em seu cérebro a fez abaixar e desamarrar os cadarços do all star. Quando já estavam sem os tênis, ela se levantou calmamente e respirou fundo.

Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega… 

Essa era a frase que definia esse momento atípico, e bom, dentre as duas opções ela escolheria correr, mas sem ser pega.

Em um estalar de dedos, Isis se pôs a correr o mais rápido possível, revelando sua antiga posição. As mulheres rapidamente se deram conta e também fizeram o mesmo que a garota.

Ela subiu as escadas o mais depressa possível e pegou o celular em seu bolso para olhar o tempo. Restavam 14 minutos. Ela tinha 14 minutos para achar a bandeira e atravessar a linha em segurança.

As mulheres corriam como leopardos famintos atrás de sua presa. A jovem estava com a adrenalina a mil. Enquanto subia as escadas rapidamente, Maria escalou habilmente a outra parte da escada em frente à Isis. Quando menos esperava, a garota se viu cercada pelas dupla.

— Você está acabada, querida — a mulher morena disse, risonha. — Vamos acabar com ela agora? — perguntou para a amiga, que nada respondeu, apenas sorriu ladino.

A Ribeiro tentava pensar em algo rápido, mas todas as opções eram perigosas. Pular da ponte que ligava as escadas não era bom. Tentar de esquivar quando uma delas viesse pra cima também não parecia ser válido.

— É bom ver como ela parece uma presa fácil e saborosa. — Maria por fim falou. Ela tinha uma expressão medonha.

Isis precisou agir rápido quando de repente as duas correram na direção dela. A sua primeira reação foi pular a barra da ponte, e se pendurar para fora. Por pouco as mulheres quase deram de cara uma com a outra, mas pararam antes.

Ela tentou pesquisar bem o local para depois pular, mas estava com o coração a mil por segundo.

Maria foi rápida em estender o braço para pegar a garota, porém foi em vão a tentativa, já que Isis pulou e caiu desajeitadamente. Ela se levantou e se colocou a correr novamente, tentando ignorar a dor lasciva no seu calcanhar direito.

Restam 11 minutos para o final do jogo.

Aquilo estava se mostrando uma tarefa difícil. Correr daquelas mulheres era doloroso e insuportável, afinal elas não pareciam se importar em dar uma surra em uma adolescente.

Pular da ponte deu um pouco de tempo para Isis fugir das predadoras, mas não o suficiente para se esconder dos olhos famintos de ambas. Quando a Ribeiro subiu uma escada que dava para um escritório,  Maria veio disparada em sua direção.

— Eu vou pegar você, garotinha. — A voz dela era de arrepiar a espinha. 

A morena se deu conta que a outra mulher havia sumido. Ah, não… não, não, não!

Maria deu um salto em direção a ela, que caiu com tudo. Ali se iniciou uma luta desigual, visto que a mais velha tinha muito mais força e músculo. A Ribeiro recebeu um soco não muito forte na bochecha, e logo em seguida teve seu pescoço agarrado. Ela ia matar ela… Isis precisava pensar em algo, mas estava difícil.

Quando a mulher começou a deixá-la sem consciência, ela afrouxou o toque e caiu para o lado com um gemido de dor. Isis olhou para frente e viu Rodrigo com um pedaço de madeira em uma mão. Logo em seguida, quando Maria ia se levantar, ele deu um choque nela com um taser.

A garota tossiu sentindo o ar voltar aos seus pulmões. Era um alívio e tanto.

— Isis! Vamos, temos só 10 minutos para achar a bandeira deles e voltar pro nosso hemisfério.

Ele ajudou - a se levantar, e logo colocou seu braço em volta de seu pescoço.

— Ninguém disse que o taser era proibido. — Rodrigo comentou com um sorriso alegre.

Os dois subiram as escadas, enquanto Isis se separava do toque do garoto e ia para outra sala. A voz robótica anunciava 9 minutos até o fim do jogo.

Assim a garota iniciou uma busca frenética pela bandeira. Ela revirou todas as gavetas e vasos de planta. A Ribeiro pensava em todos os possíveis locais em que o pequeno objeto estaria.

Os segundos se passaram, até que Rodrigo surgiu exultante atrás da garota.

— Eu achei… eu achei!

— Boa! a gente tem que ir, agora!

Os dois desceram eufóricos as escadas. Estavam tão perdidos que, por um minuto, se esqueceram que as mulheres famintas haviam sumido do lugar antes deixadas.

Restam 5 minutos.

— Vocês acham que podem sair assim? — Maria surgiu, de repente, de um canto escuro.

A sua dupla também apareceu, e ela estava mancando. Elas cercaram os dois e ameaçaram avançar caso corressem.

— E agora, Isis? — o mais alto murmurou. Sua voz tinha um notável toque de medo.

— A gente tem que correr… o mais rápido possível.

A garota não queria expor sua ideia verdadeira, que era pedir pra Rodrigo ganhar tempo com as mulheres utilizando seu taser. Elas provavelmente escutariam e fariam algo.

— O tempo está passando, e vocês dois estão iguais passarinhos assustados — a outra mulher zombou com um leve sorriso ladino no rosto. — Provavelmente o nosso parceiro deve estar com a bandeira de vocês a caminho do nosso lado.

As duas riram como se estivessem em um circo. Não tinha tanto tempo, só restavam 4 minutos e era um tempo precioso.

— Rodrigo… Vamos no três — A Ribeiro falou baixo o suficiente para o homem escutar — um… dois… três… agora!

A morena nem olhou para ver se seu parceiro correu de fato, apenas se moveu com todo seu fôlego para longe de suas adversárias.

Isis sentia uma sensação terrível em relação àquele jogo. Será que as pessoas realmente morriam se não completassem o desafio? Por que eles tinham que jogar aquilo? Que mundo era esse? Tudo se embaralha na cabeça da garota, fazendo-a perder a intensidade da corrida.

Maria começou a cercá-la novamente, e ela precisou se movimentar em zigue-zague.

Em um drible da sorte, a garota tomou consciência do momento atual, e foi em direção ao lado de seu time.

Enquanto estava sendo perseguida, ela pode ver Diego e Hélio lutando para segurar um homem que estava com a bandeira azul em mãos. Ele parecia estar vencendo os dois.

Em um momento de puro impulso, o homem lançou o objeto em direção ao lado adversário, e ele caiu próximo do pé da Ribeiro.

A garota sentiu um arrepio na espinha, mas se lembrou das regras, “Vence o time que atravessar a linha com a bandeira.”

Quando percebeu a presença da amiga, Diego gritou para que ela pegasse a bandeira deles.

Foi quase em um piscar de olhos. Isis chutou o objeto para o lado de seu time novamente, e logo em seguida deu um salto arriscado para que caísse no hemisfério seguro.

Assim que abriu os olhos, a morena olhou para trás e pode ver Maria com uma expressão indecifrável no rosto, e ao lado dela Rodrigo em cima da outra mulher. Ele tinha um sorriso enorme, enquanto ela estava visivelmente abatida.

— Isis! — Diego foi ao lado da amiga, ajudando-a se levantar.

Ele a abraçou forte e permaneceu assim por uns segundos antes de soltar.

— Eu te falei que ia dar certo… — Ela disse entre lágrimas. O garoto acenou.

Rodrigo e Hélio se aproximaram dos dois. Eles estavam tão eufóricos, que se esqueceram completamente do time perdedor.

— é, parece que vocês venceram essa… — Maria falou com a voz meio embargada. Era possível sentir o timbre de tristeza em cada palavra. — parabéns.

Hélio se afastou dos companheiros e foi para perto das antigas amigas. Foi uma cena comovente de se ver. Os três se abraçaram e comentaram algo baixo. Logo a outra moça foi para perto de Isis. Ela tinha um sorriso fraco.

— Não acredito que uma pirralha deu tanto trabalho assim.

Isis apenas sorriu sem mostrar os dentes e sem dizer uma única palavra. Após isso, a voz robótica novamente soou.

"Jogo zerado. Parabéns.

O time azul ganhou. Para o time verde é fim de jogo."

Logo em seguida, algo aterrorizante aconteceu. Lasers vermelhos foram lançados em direção a cabeça de cada pessoa do time oponente. Foi uma cena agoniante. Os corpos mortos dos quatro participantes.

— Eles- eles estão… mortos?! — Diego gaguejou. Seu coração estava quase saltando pela garganta.

— Sim. Estão mortos. — Hélio foi em direção ao corpo das amigas e se agachou. — É isso que acontece se não jogar direito. Você morre.

A última frase soou macabra. Era como ser acertado por uma flecha no estômago.

— Bom, eu preciso ir — Rodrigo começou. Ele estava acabado depois do jogo. — Foi bom jogar com vocês. Isis, Diego, muito obrigado.

Ele se afastou e apenas acenou para Hélio, que retribuiu o gesto.

— Vamos — A Ribeiro pegou no pulso do amigo e puxou de leve, chamando sua atenção. — A gente precisa ir embora.

Com certa dificuldade, o garoto saiu ao lado dela. Os dois caminharam para além da porta que entraram há 30 minutos. Na entrada estava uma mesinha redonda branca, e em cima dela continha uma carta 4 de espadas. Isis pegou-a, e pouco tempo depois o celular apitou e mostrou o símbolo de espadas quatro vezes, e uma frase embaixo: “Dias de visto restantes: 4”.

— o que será isso? — a morena perguntou, indignada.

— Vamos ficar com essa carta? — o mais alto questionou.

Isis assentiu, e assim Diego colocou-a no bolso da calça.

A dupla não avistou mais nenhum dos companheiros de equipe, apenas seguiram seu caminho.

Durante alguns minutos depois que a cidade ficou silenciosa e escura novamente, Isis se pôs a pensar sobre tudo o que tinha acontecido. Ela deixou pessoas morrerem, ela assistiu pessoas morrerem sem poder fazer nada. Era culpa dela. Tudo culpa dela…

— Você quer ir pra minha casa? — o garoto perguntou de repente, quebrando completamente o silêncio e os pensamentos da jovem. — Quer dizer, eu sei que é estranho, mas você sabe-

— Tudo bem. Vamos pra lá então,  se não for muito incômodo.

A Ribeiro respondeu com um sorriso fraco e sem emoção. Diego, sem palavras o suficiente, fez o mesmo e guiou o caminho até o bairro próximo do centro da cidade.






Notas Finais


E assim se inicia a jornada de Isis e Diego em Borderland. Espero que tenham gostado, galera. Até o próximo capítulo 💋🎉💓

Eu criei uma playlist enquanto escrevia a história. O link pra vocês 👇👇👇

https://open.spotify.com/playlist/11kkbL2IpFfsFceSOEaCma?si=d9pF4IdKRVm11rTdH7qk1w&pi=u-A1Q1DdqOSaWg


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