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História Nobody knows - Party


Escrita por: Bjf

Notas do Autor


Gente, indo trabalhar. Sem tempo pra escrever nada aqui!
Só uma coisa: título sugestivo, não?
Não pode faltar uma festa pra fazer todo mundo liberar os hormônios já agitados, kkkkkkkkkkk!!!

Capítulo 11 - Party


            Josh POV

O mundo parecia simplesmente não existir; éramos só eu e a música, na imensidão do vazio que era minha mente. Eu estava deitado no sofá, de shorts, com os olhos fechados, viajando completamente. Até que a bênção do meu colega de quarto entrou com a delicadeza de um elefante epiléptico, quase arrancando a porta, me tirando do meu transe. Nem os fones no máximo foram o suficiente pra me impedir de notar sua chegada.

– Ei, Josh! – Ele gritou. Digo isso porque entendi o que ele falou, antes de eu ter desligado a música, e sem leitura labial. – Adivinha a novidade que eu tenho? Ah, toma aí, você não vai adivinhar mesmo. – Ele jogou um papel na minha direção, que caiu em cima do meu peito.

– O que é isso? – Perguntei enquanto pegava e desamassava o papel, tentando lê-lo; parecia um endereço.

– Uma retribuição. Sábado passado você me tirou daqui e nos arranjou uma festa, certo? Agora é minha vez. – Ele falou, em tom orgulhoso.

– Uma festa?! – Eu disse, num tom que soou entre uma pergunta interessada e uma afirmação contente. – Quem te falou sobre isso? E como eu não estou sabendo?

– Eu tenho meus contatos, Devine. – Ele sorriu, fazendo suspense, provavelmente me esperando perguntar de novo. – Ok, foi uma garota que quer um pedaço do Styles aqui. Na verdade eu já tinha ouvido falar dessa festa ao longo da semana, mas foi ela quem me passou o endereço, o que claramente significa que ela me quer.

– Ou ela simplesmente estava sendo legal. Talvez ela tenha imaginado que você pudesse ter amigos mais interessantes que você. – Falei, em tom debochado, recebendo um olhar mortal e uma almofadada em resposta.

– Até parece! Os esteróides estão fazendo mal pra sua cabeça, Josh; te aconselho a parar. – Ele começou a rir, e quase não conseguiu se defender da almofada que eu acidentalmente arremessei de volta em sua cara.

– Cai na real, Harry. Só porque você é praticamente um grilo isso não quer dizer que eu uso essas coisas. – Comecei a rir ao ver a cara que ele fez, e em seguida a almofada estava voando de novo. – É sério, cara – comecei a falar num tom de conselho – se não fossem esses olhinhos verdes eu duvido que você conseguia muita coisa.

– Vai se fuder, Josh! Levanta essa bunda daí e vai se arrumar, porque eu tenho gente me esperando, e gosto de chegar cedo nas festas, pra conhecer o terreno antes da caça. Ao menos que as agulhadas ainda estejam doendo muito e você não consiga se levantar.

– Cala essa boca! – Eu respondi, mas ele já tinha corrido para o quarto, antes que eu me levantasse mesmo, de forma que nem deve ter escutado.

Peguei o papel com o endereço e o li novamente; eu acho que conhecia o lugar. Era melhor irmos mais cedo mesmo, porque eu não ia de carro. Nem era minha intenção sair essa sexta, mas as coisas não surgem assim por acaso; só sei que eu tinha a intenção de beber todas nessa festa.

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Zayn POV

Abri a porta calmamente e entrei a passos cuidadosos, sem tirar a mão da maçaneta, evitando o barulho. Olhei para os lados rapidamente, e não vendo ninguém, me dei ao luxo de relaxar um pouco. De repente escutei um grito agudo de animação, e no instante seguinte duas criaturinhas corriam ao meu encontro, se jogando sobre mim.

– Hey! – Eu protestei, caindo no chão, com elas por cima. – Me pegaram de guarda baixa, suas pestinhas. Encarei-as, sorrindo. Elas riam abertamente, como se tivessem guardado fôlego durante a semana toda.

– Z, o que vamos fazer hoje, hein, hein? – Safaa, a mais nova, perguntava animada. Era meu dia de folga, e eu tinha de passar algum tempo com elas, já que, no geral, quando elas chegavam da escola, eu estava quase voltando pra universidade, e quando eu chegava do restaurante elas já estavam dormindo.

– Não sei, maninha, mas tenho certeza de que você já pensou nisso, não é? – Ela acenou positivamente, ao que eu ri.

– Ela disse que vamos tomar sorvete! – Whaliyha disse, e voltei minha atenção pra ela.

– Hum, sorvete... – Falei, olhando para a menor. – Ótima ideia.

– Ei, Z... – Waliyha falou novamente, com tom de quem muda de assunto. – Eu vi seus últimos desenhos. – Ergui as sobrancelhas, inquiridor; quer dizer que ela tinha mexido nas minhas coisas, de novo. – Eu sei que você não gosta que eu fuce nas suas coisas – ela se justificou, gaguejando – mas eu estava curiosa. Ainda não tinha visto nenhum desde a semana retrasada.

– Tudo bem, Waliyha. – Falei, passando a mão em sua cabeça e despenteando seus cabelos ondulados. Minha irmã era minha maior e talvez única fã quando se tratava dos meus desenhos, então eu não podia ficar bravo com ela. – E então, o que achou?

– Estão lindos, como sempre! – Ela exclamou, como se não importasse o fato de ela ter mexido nas minhas coisas, de novo, sem permissão. – Quando você vai ficar famoso por causa deles?

– Eu não sei, maninha... – Respondi, pensativo, forçando um sorriso. – Eu realmente gostaria, mas não sei. – Uma certa melancolia quis se instalar, mas a expulsei, enquanto era capaz.

– Pare com isso, Waliyha. Esqueceu do que Donyia disse? – Saffa a censurou; Waliyha a fuzilou com os olhos, e pude ouvir um “ops” enquanto a pequena tapava a boca, como se lembrando que eu não devia ouvir aquilo.

– O que foi que Donyia disse? – Eu perguntei, olhando-as com seriedade.

– Ela só disse que não devemos ficar falando sobre isso – foi Waliyha quem resolveu confessar –, porque é um assunto... delicado! Foi essa a palavra que ela usou. E que você pode se tornar um artista, mas primeiro vai ser um grande arquiteto. – Safaa balançava veementemente a cabeça, dando ênfase ao que a irmã dizia.

– Sei... – Eu entendia Donyia, e sabia que ela não falara aquilo por mal. Diferente das mais novas, ela sabia do meu dilema: o desejo de ser um artista e o de ganhar dinheiro, e a aparente contradição entre os dois. Era algo com o qual eu já estava conformado, mas que ainda doía um pouco, por isso ela não queria as garotas me lembrando daquilo o tempo todo. Por outro lado, soava como se ela não acreditasse que eu pudesse ganhar a vida com arte. De qualquer modo, eu não a julgava; nós dois éramos o alicerce daquela casa, e talvez ela temesse que eu fosse tomado por minhas ilusões infantis e ela tivesse de arcar com tudo sozinha. – É só que ser um grande artista não é lá uma coisa muito fácil...

– Mas você consegue, Z, eu sei que sim!

– Talvez, Safaa, talvez. – Desviei o olhar, tentando clarear os pensamentos. Só então percebi um elemento faltante naquele cenário. – Onde está a mamãe?

Ao processarem a pergunta, o semblante das duas se apagou, e soube que aquilo não era um bom sinal. Esperei por uma resposta, que veio na forma de um olhar triste de Waliyha, mais claro do que qualquer manifestação verbal. Ela indicou as escadas com os olhos; me levantei, sustentando seu olhar por alguns instantes, e sei que ela entendeu que era para esperar ali.

Subir aqueles degraus foi um martírio. Meus pés pareciam ter meia tonelada e era como se eu pisasse em piche. Sabia o que ia ver ao chegar lá em cima, independente do quanto eu enrolasse ou torcesse pra estar errado. Ao chegar ao primeiro andar, pude ver a porta do quarto dela entreaberta; me aproximei e empurrei a porta com calma, que rangeu suavemente. Dali mesmo pude vê-la esparramada sobre a cama, os lençóis bagunçados, o braço esquerdo e a perna direita pendendo. Um dos pés ainda estava com a rasteirinha, e na mão ela ainda tinha uma garrafa, que não soltara mesmo ao adormecer. O cheiro de álcool era evidente. Ela estava bêbada, mais uma vez.

Raiva, tristeza, angústia,... Um turbilhão de emoções passava por minha cabeça. Senti meus olhos marejarem, mas aprisionei todas as lágrimas antes que pudessem fugir. Fui até a cama e me sentei ao lado dela. Passei a mão suavemente por seu rosto moreno, ajeitando o cabelo; peguei a garrafa de sua mão, tirei seu sapato e deitei-a corretamente na cama, arrumando o travesseiro sob sua cabeça e puxando a colcha até a altura do peito. Era em horas como essas que parecia que tudo ia desabar, e era quando eu precisava ser mais forte. Notei que uma lágrima conseguiu fugir, correndo por meu rosto, e a enxuguei logo, antes que outras a acompanhassem. Sai do quarto, me recompus o quanto pude, ensaiei um sorriso e desci. Pensaria naquilo depois; agora eu ia levar as meninas ao parque e me concentrar em alegrá-las.

[...]

Eram por volta de oito e meia da noite quando Donyia chegou, e quase nove quando recebi o recado de Niall. Estávamos eu e minha irmã mais velha na cozinha, conversando sobre o estado de nossa mãe, pensando no que fazer, quando o toque do celular abalou o clima pesado que nos envolvia.

Num primeiro momento simplesmente ignorei o aparelho, mas ele tornou a vibrar, audivelmente, e Donyia fez sinal para que eu olhasse o que era. Não havia mais o que se dizer quanto ao estado de nossa mãe, que ainda dormia. Peguei o celular e li: era uma mensagem de Niall, dizendo simplesmente que era pra eu me arrumar que iríamos sair mais tarde, sem explicações sobre onde e como.

– O que foi? – Donyia questionou, curiosa. – É do trabalho?

– Mais ou menos. Quer dizer, é um amigo, que conheci no restaurante, mas não é sobre trabalho.

– Sobre o que é então?

– Ele está dizendo pra eu me arrumar pra sairmos; provavelmente soube de alguma festa. – Falei, simplesmente, como que dando o assunto por encerrado.

– E tá fazendo o que aqui, não vai se arrumar?

– Não; eu não vou.

– Por que não? – Ela perguntou, surpresa, como se eu tivesse dito algo absurdo. – Vai ficar fazendo o que aqui? As meninas estão dormindo, nossa mãe também. Eu não vou sair, e você não tem aula amanhã, tem?

– Não.

– Então não tem porque você ficar aqui, pensando bobeiras. Vá se divertir, Zayn. – A última frase foi dita diferente, como um conselho que ela realmente quisesse que eu seguisse. – Você precisa esfriar a cabeça. Ver gente e ir a um lugar animado pode ser uma boa distração.

– Ok, mana. – Falei simplesmente, digerindo o que ela disse; não estava com cabeça pra discordar. Além do mais, ela estava certa. E embora eu não achasse que fosse me distrair indo a uma festa, não custava nada tentar. – Farei o possível. – Falei, em voz baixa, mais pra mim do que pra ela.

Ela sorriu pra mim, com alegria melancólica, e foi para a sala. Nossa conversa estava encerrada, por enquanto. Subi as escadas e fui tomar um banho; Niall não disse a que horas chegaria, mas eu esperava que ele não fosse muito rápido.

Enquanto me arrumava me peguei pensando: eu nem sabia dizer como nossa relação tinha se estreitado àquele ponto. A verdade é que Niall era alguém muito fácil de lidar, e muito difícil de ignorar; e ele parecia fazer questão de se aproximar, de passar do mero coleguismo. Eu não me esforçava muito no mesmo sentido, mas o irlandês era insistente o bastante pra conseguir isso sozinho; ele até sabia onde eu morava, e nem me lembro de ter-lhe dito. Aos poucos comecei a me acostumar com a presença alegre e ligeiramente infantil dele, e sentia que começava a gostar mesmo do garoto. Eu não me lembro de alguma vez ter tido um amigo de verdade, mas Niall começava a se mostrar um bom candidato.

Eu estava terminando de arrumar o cabelo quando o celular vibrou. “Estou aqui fora”, dizia a mensagem. Desci as escadas, dei um beijo em Donya e sai, ouvindo um “divirta-se”. Assim que passei pelo portão o avistei, escorado num carro que não era dele, me aguardando. Trajava uma camiseta cinza-escura de mangas compridas, de um tecido leve que evidenciava alguns traços, e uma calça mais clara um pouco justa; ele também tinha cortado o cabelo – ou mudado o penteado –, porque a bagunça de fios arrepiados estava um pouco mais discreta. Ele estava muito bem, na verdade.

– Nada mal, leprechaum! – Brinquei, piscando pra ele e olhando-o dos pés à cabeça, e notei-o corar.

Niall corava em quase qualquer situação, mas eu já estava aprendendo a identificar quando era de alegria, irritação ou vergonha; também tinha notado que algumas brincadeiras em especial, quando vindas de mim, faziam-no corar mais do que o normal. O motivo eu já sabia, embora nada a respeito tivesse sido dito expressamente: Niall era gay, e eu acho que mexia com ele de algum modo. Eu não tinha nenhum preconceito quanto a isso, e já tinha percebido que ele prezava por nossa amizade, porque não tinha tentado nada, nem mesmo a mais sutil das indiretas; inclusive, eu acho que por isso ele nunca mencionou nada, por medo de eu me afastar. Ele quis mostrar quem é antes que qualquer preconceito cego pudesse me impedir de enxergá-lo por quem ele é.

– Idiota! – Ele exclamou. Depois me olhou também de cima a baixo, mas com um olhar contemplativo, diferente do que eu lhe lancei ao fazer a brincadeira. – Você também até que dá pro gasto. Digo, se tirar essa cara de velório.

– Hum? – Me fiz de desentendido. Estava assim tão evidente?

– Zayn, eu já te conheço o suficiente pra saber que esse sorrisinho discreto de lado é disfarce. – Eu o encarei curioso, com um olhar que dizia algo como “É mesmo?”. – Afinal, você não é muito de falar, então isso me obriga a prestar mais atenção à sua linguagem corporal. – Ele logo se justificou.

– Sei... Vou tentar me animar, ok?

– Certo. Mas o que foi, aconteceu alguma coisa? – Notei a preocupação em sua pergunta.

– Não importa, não vamos estragar a noite. A gente conversa sobre isso outra hora, quem sabe. – Ele se manteve parado, avaliando minha resposta; não parecia muito convencido. – Vai entrar no carro ou não? – Eu disse, já abrindo a porta traseira e cumprimentando Greg, que pelo jeito era nosso motorista da noite, desviando do assunto.

Niall entrou também, e fechou a porta, em silêncio; então olhou pra mim, ainda desconfiado, e só então começou a falar com Greg e a mexer no celular, descrevendo o caminho, como se tivesse decidido deixar o interrogatório pra lá. Agradeci, em silêncio, enquanto o carro avançava, nos levando sabe Deus pra onde.



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