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História Nobody knows - Explosive confirmations


Escrita por: Bjf

Notas do Autor


Parafraseando uma personagem que eu adorava: "Prefiro não comentar".
Go read!

Capítulo 52 - Explosive confirmations


Zayn POV:

Olhei para os lados, talvez pela décima vez no último minuto, verificando os rostos das pessoas que passavam pela praça. Ainda ninguém conhecido. Peguei então meu celular, sem clicar em nenhum botão, usando a tela apagada como espelho improvisado, checando mais uma vez meu visual. O cabelo parecia ok, mas e quanto ao resto?

Eu não fazia ideia do que deveria vestir, se devia me arrumar como se fosse a um evento importante ou de modo descontraído. Era certamente algo importante, mas me vestir formalmente não pareceu certo: eu não queria que fosse algo formal, e sim pessoal. Mas fiquei em dúvida quanto ao parecer muito casual também.

O resultado é que eu acabei optando por algo meio termo: camisa jeans com as mangas dobradas e calça de sarja, com um cachecol propositalmente enrolado de modo descuidado. E o relógio, obviamente, que nesse caso era o único acessório, já que estava frio e o cachecol era praticamente essencial.

Eu tentava trazer as palavras de Niall à tona, esperando que elas me infundissem confiança, mas não estava adiantando muita coisa. Eu não sabia o que diria exatamente e isso me deixava louco. Afinal de contas, como se diz a uma pessoa que você gosta dela de verdade sem parecer idiota ou desesperado?

Perdido em divagações, não notei que ainda segurava o celular em frente ao rosto, nem que alguém acabava de parar ao meu lado.

– Parece que dessa vez você foi bem pontual. – Liam brincou, surpreendendo-me. Virei em sua direção, meus olhos absorvendo, momentânea e dedicadamente, cada detalhe do que via: ele parecia elegante com o sobretudo por cima de uma camiseta azul e do jeans preto, mas Liam parecia natural com coisas elegantes, de modo que era ao mesmo tempo “casual”.

– Hey. – Levantei-me para cumprimentá-lo, e nos demos um abraço rápido. Por sorte sua iniciativa foi clara, porque até quanto a isso eu estivera incerto. – Então... – lembrei-me do comentário dele –, o relógio serviu, afinal.

– Pois é. Não que fosse o principal objetivo dele. – Ele disse, sentando-se ao meu lado no banco. Eu tinha marcado na mesma praça onde ele havia conhecido minhas irmãs, comprando a simpatia delas com sorvete.

– Não? – Fiz-me de inocente, embora realmente curioso. – E qual era?

– Bem, o que você acha? – Ele ergueu a sobrancelha, com ar de divertimento.

– Não sei... Mas sei qual se tornou o principal objetivo pra mim. – Consegui lançar-lhe um meio sorriso.

Estranhamente o nervosismo diminuíra na presença dele. Estava claro o jogo de palavras, levemente provocativo, mas isso não me deixava nervoso, talvez porque confirmava que ambos pensávamos no mesmo. O fato de Liam tomar a dianteira era uma novidade bem-vinda.

– E qual foi? – Ele questionou.

– Ele me recorda você. – Respondi depois de um tempo. – Não que – consegui acrescentar – eu realmente precise.

Parecendo surpreso, ele demorou um pouco antes de falar. Quando o fez, sua voz estava sem o toque de malícia de antes.

– E isso significa? – Ele agora perguntava com uma curiosidade esperançosa, crua.

Por isso respondi do mesmo modo; sem rodeios.

– Que você não sai da minha cabeça. – Confessei. Agora sentia o nervosismo voltar aos poucos, como tentáculos gelados me envolvendo devagar.

– Desde ontem? – Ele quis saber. Parecia querer uma confirmação sem ressalvas, a confiança até então esboçada dissolvida.

– Não. Não sei dizer desde quando, num momento você era só mais alguém que eu conhecia superficialmente, e no outro... – nos encaramos, buscando extrair a verdade por olhares, eu querendo saber se devia mesmo me expor tanto, ele parecendo ansiar pelas palavras ainda presas na minha garganta.

Por fim, foi ele quem falou.

– E no outro parecia que eu era a pessoa por quem você vinha esperando há muito tempo, mesmo que só agora se desse conta dessa espera, e do quanto ansiava pela chegada? – Ele esboçou um pequeno sorriso, desarmado. Meneei a cabeça, numa confirmação muda; era exatamente aquela a sensação.

– Ao menos é como me sinto. – Ele concluiu.

Arregalei os olhos. Ouvir o que eu tanto queria ouvir foi um pequeno choque. Então sorri; não havia outra reação possível.

Ele sorriu de volta, e vi toda a tensão abandonar sua postura e sua expressão. Ele sabia que eu gostava dele; eu sabia que era recíproco.

Como eu dissera para mim mesmo, não era platônico.

E, no fim das contas, foi muito mais fácil externar isso do que eu tinha imaginado.

Olhei ao redor; havia pouquíssimas pessoas na praça, cada uma focada em suas próprias intenções.

Encarei-o com um sorriso matreiro.

– Algum problema com público? – Questionei.

– Como assim? – Ele pareceu meio confuso.

– Espero que não. – Dei de ombros.

Antes que ele pudesse entender, venci a pequena distância entre nós, envolvendo sua nuca com a mão e trazendo-o para mim, enquanto ia em sua direção, conectando nossos lábios. Ele pareceu tenso no início, mas logo se rendeu. As sensações da noite anterior se repetiam e eu imergia completamente, energia fluindo entre nós. Sem a urgência do beijo anterior, quando não suportávamos mais tanta expectativa, dessa vez eu conseguia desfrutar ainda mais dos efeitos causados em mim. Era indefinível, e eu não queria parar.

Separamo-nos, nos entreolhando, só agora satisfeitos.

– Agora entendi a pergunta.

– Se você se importava, não demonstrou. – Pisquei.

– Geralmente eu me importo, mas... Sabe que nem percebi que havia gente por perto?

– Não há. – Falei. – Estão ali, mas é como se não existissem. Não com você tomando toda a atenção.

Diante daquilo, ele ficou em silêncio, contemplativo. Olhava tão diretamente nos meus olhos que parecia enxergar tudo, todas as minhas camadas. Senti sua mão envolvendo a minha, então ele me puxou para si, me beijando de novo, um beijo rápido dessa vez. Ao se afastar, sorria.

Ele se levantou, me puxando junto, já que ainda segurava minha mão.

– Tem um café ótimo ali. Que tal irmos até lá?

– Mais reservado?

– Também não me importo com isso, eu acho. – Ele deu de ombros. – Não mais. Mas é mais confortável, e está ficando realmente frio aqui.

– Quer que eu te esquente? – Insinuei, começando a abraçá-lo.

– Essa proposta é tentadora. – Ele passou a mão pelas minhas costas. – Mas vamos ficar com o café por enquanto.

Ele se afastou, separando-se do abraço, e fomos. Mas nossas mãos permaneceram juntas, e por ora aquele singelo contato era mais que o suficiente.

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Harry POV:

Alguma coisa naquele lugar me desagradava. Eu tinha concordado em encontrar Louis ali, sem questionar, porque ele parecia transtornado e eu não queria contrariá-lo, mas agora meio que me arrependia. Estava um pouco frio para um passeio na praça.

Ao menos não tive de esperar. Ele já estava lá quando cheguei, sentado num banco, inquieto, esfregando as palmas das mãos e batendo os pés. Vestia um casaco de marca de aparência cara e provavelmente bastante quente, de modo que a agitação não devia ser por conta da temperatura.

– Oi, Lou. – Cumprimentei, e ia dizer algo para descontrair, mas algo em seu olhar me disse que seria inadequado. – O que foi?

– Oi, Hazz. – Ele suspirou. – Eu estou ferrado.

Esperei que ele explicasse, mas ele ficou quieto.

– O que aconteceu? – Perguntei incisivamente, agora bastante curioso. Era algo sério mesmo, pelo jeito.

– Fomos descobertos, Styles. Foi isso que aconteceu.

– O quê?! Como? Quero dizer, nós não demos bandeira hora nenhuma, não é? – Comecei de repente a procurar mentalmente algum descuido que pudéssemos ter cometido, sem sucesso.

– Não faço ideia! – Ele respondeu, um tanto brusco, mas não liguei. Provavelmente já havia se feito essa pergunta mais de uma vez.

– Só nos encontramos às escondidas e longe de todo mundo, em locais que ninguém poderia nos ver. A única vez que a gente se arriscou foi aquele dia na casa dos Horan, mas só estavam Niall e Josh, e nenhum dos dois entrou na casa enquanto estávamos dentro.

– Como sabe?

– Eu sondei Josh no dia seguinte; não sou tão bobo quanto parece.

– Será que não foi o Josh que descobriu primeiro? Digo, várias vezes nos encontramos no dormitório na universidade.

– Pode ser, mas... Ele teria falado comigo antes. Não ia me dedurar pelas costas. E por que ele me prejudicaria pra revelar algo ao Niall? Eles não são tão amigos.

– Não para o Niall. Para o Zayn. Foi ele que descobriu.

– Ele falou algo pra você? – Zayn. Não bastava ter ficado no meu caminho quanto a Liam, agora se intrometia de novo no meu caso com Louis. Eu estava começando a tomar raiva desse cara.

– Disse. Na festa ontem. Você devia ter visto o modo como ele falou; fez eu me sentir péssimo. – Ele baixou o olhar. Pela primeira vez parecia se considerar culpado pela nossa relação.

– O que ele falou?

– Pediu pra eu ter a decência de parar de me exibir pra você na frente de todos. Nem pude argumentar: fiquei sem fala com a atitude dele, assim de surpresa.

– Não acredito que ele fez isso! – Agora eu estava mesmo com raiva.

– O pior é que a culpa foi minha. – Não entendi, e ele, percebendo, explicou. – Acho que ele descobriu há algum tempo, e estava esperando pra falar comigo, me dar uma chance primeiro, mas perdeu a paciência ao nos ver trocando provocações.

– Não estávamos nos provocando! – Falei indignado, como se aquilo fosse um ultraje.

– Harry! – Ele lançou um olhar reprovador, como que dizendo “claro que estávamos”. Dei de ombros.

– Mesmo assim, ele não tinha nada que se intrometer.

– Niall é o melhor amigo dele. Claro que ele ia se meter.

– Não entendo como ele pode ter descoberto. – Resmunguei.

Aquilo irritou Louis.

– Não interessa como ele descobriu, Harry! Pare de remoer isso. Você não percebe que temos de pensar no que fazer agora, em vez de pensar no que já foi?

– Ok, ok. Desculpa.

Ele bufou.

– Já pensou em algo? – Perguntei.

Ele balançou a cabeça positivamente.

– Já pensei em tudo. Não existe solução. – Ele suspirou. – Preciso contar a verdade ao Niall.

– Tem certeza? Digo, talvez se não nos vermos, por um tempo, você possa convencer Zayn de que não temos mais nada e que é melhor deixar isso tudo de lado.

– Você não conhece Zayn direito. Ele não vai dar trégua. Nem sei como ainda não disse nada.

– Talvez ele não diga.

Ele sacudiu a cabeça, negando.

– Ele vai, se eu não disser. Não está me dando uma chance de verdade. Só procurando o meio menos doloroso para o amigo.

Ficamos em silêncio. Meus pensamentos fluíam a mil. Se ele contasse a verdade, o que seria de nós? Ele ia tentar reconquistar Niall ou ia deixá-lo por minha causa? Será que ainda ia querer algo comigo? Talvez se desse conta de que eu era só uma diversão, ou me deixasse em segundo plano, um prêmio de consolação se o irlandês não o perdoasse.

Quanto mais essas dúvidas me assolavam, mais uma certeza brotava. Eu queria que ele escolhesse ficar comigo. Estava cansado de ser a segunda opção, um joguete. Mas essa vontade de ser escolhido era apenas pra negar que eu era só uma fonte de prazer ou porque eu queria mesmo Louis? Era minha dignidade ferida ou algum sentimento verdadeiro que pedia por Tomlinson?

– O que você vai dizer a Niall? – Consegui perguntar, receoso.

Ele me fitou, os olhos azuis refletindo dúvida e um sentimento mais tempestuoso, a aflição de quem se vê encurralado. Ele tinha duas opções, mas parecia não haver nenhuma.

– Eu não sei. Estava tudo indo tão bem. – Lamentou.

Aquilo me atingiu como um golpe. Pelo jeito, ele me via apenas como um amante mesmo. Eu não queria pedir que ele escolhesse, porque com Liam as coisas desandaram a partir do momento em que o coloquei diante de uma escolha. E agora, com esse comentário, estava claro que eu não era uma opção válida.

– Eu... – ele tornou a falar. – Eu não queria perder Niall.

Pronto. Ele tinha dito; não havia mais dúvida.

– Mas não quero te deixar também. – Completou, me confundindo totalmente. Eu estava dividido entre a alegria de ele dizer que eu não era descartável e a raiva por ele admitir que queria ambos.

– Você não pode ficar com nós dois. – Protestei.

– Talvez... Talvez se eu explicar as coisas ao Niall... Ele poderia entender, não? – Ele tinha um ar distante, parecendo divagar. – Ele poderia aceitar. Como você. – Concluiu, esperançoso.

Ele não sabia que eu aceitava apenas por julgar que não seria uma primeira opção.

– Você não está fazendo sentido, Louis. Eu aceitei porque sabia das circunstâncias desde o começo. É muito diferente. E Niall é bem diferente de mim também: romântico, idealista.

Ele meneou a cabeça, derrotado. Sabia que aquilo não era uma hipótese real.

Mais um longo suspiro, a cabeça ainda abaixada.

– Você acha que é possível se apaixonar por mais de uma pessoa ao mesmo tempo?

Pesei bem aquelas palavras. Ele realmente considerava tão difícil abrir mão de qualquer um de nós dois? Estava equiparando Niall e eu? E... paixão?

– Não sei. Não sou um grande expert, sabe? Esse é o tipo de coisa que você devia perguntar a Liam. – Brinquei, embora houvesse um quê de verdade ali; se alguém que eu conhecia já se deparara com todo tipo de sentimento conflitante, esse alguém era ele. – Acho que sim. Digo, paixão é diferente de amor. Vem de uma vez, com intensidade, te pega desprevenido. Como uma faísca no meio de um vazamento de gás: um pequeno ato, e “buum”, explode. – Ponderei; comecei falando por falar, mas até que a comparação fazia sentido, e o raciocínio pareceu florescer sozinho daí em diante.

– Amor é algo mais forte, talvez não tao intenso, mas duradouro; não vem nem desaparece do nada. Não acho que dá pra amar duas pessoas do mesmo modo, simultaneamente. Mas paixão: duas explosões vindas de duas faíscas diferentes.

Ele concordava com a cabeça, imerso no que eu dizia.

– Mas tem uma coisa – continuei. – Se uma nova faísca causa uma nova explosão que mexe com você, significa que o fogo da primeira esta se extinguindo. O combustível que estava sendo consumido pela primeira está agora queimando com a segunda. Entende? Meio confuso, eu sei, mas foi o melhor jeito que achei pra explicar. – Sorri meio sem graça; não combinava comigo esses pensamentos complicados e assuntos “profundos”.

– Aham. Entendo. – Ele disse, contemplativo. Encarou-me e sorriu, finalmente um sorriso de verdade, ainda que não completamente alegre.

– Você não se importa com tudo isso? – Ele perguntou, repentinamente. – Com o fato de eu ser tão complicado, de fazer tudo errado...

– Não vou dizer que não ligo, Lou... É claro que me afeta também. Mas estou aqui pra você. Isso é o que mais importa.

Toquei seu rosto com a mão, um gesto instintivo de carinho que o fez fechar os olhos e pousar a própria mão sobre a minha, me impedindo de interromper o toque. Quando abriu os olhos, vi o desejo ali presente, mas não só: havia algo mais que a mera vontade de provocar sensações físicas.

Ele me beijou, e eu pude sentir uma coisa nova ali, uma conexão diferente de todos os beijos sedentos das outras vezes. Parecia que eu estava beijando alguém diferente.

Mas não era outra pessoa. Até então eu beijara apenas uma parte de Louis, uma de suas facetas, a parte superficial que queria prazer puro. Agora, pela primeira vez, era o Louis completo que eu beijava, um Louis entregue e sem reservas.

Eu sabia que ele sentia o mesmo quanto a mim.

E então uma voz conhecida com sotaque irlandês exclamou:

– Louis!



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