História Nobody sees - Clace (HIATUS) - Eu quero que você ande comigo

Jace estava tomando uma chuveirada depois do treino, e então congelou ao ouvir a porta do vestiário batendo. E uma voz gritando. E não qualquer voz.

-- Saiam agora!

Era... Izzy?

-- Andem seus merdas, minha amiga tem uma coisa importante para falar com o namorado dela!

-- Ele não é meu...

-- SAIAM AGORA!

Então um segundo, todos os garotos - com um murmurinho baixo - começaram a se retirar do vestiário, pegando suas toalhas, e indo para a parte onde se vestiam, perto dos armários. Jace nem se mexeu. Sabia que era com com ele o assunto, só podia ser. E sabia o que era.

-- Não faz mais isso! - Clary apareceu atrás dele, batendo o pé.

-- Clary?! - Jace se virou, assustado. - O que você...

-- Não é justo, Jace! - Ela cruzou os braços. - O cigarro mata também! E por dentro! - Ela tentou controlar a voz. - Mentir foi muito baixo. Muito.

Ele desligou o chuveiro, enrolando uma toalha na cintura e abaixou a cabeça, vendo a ruiva com as bochechas rosas de raiva.

-- Eu... Eu...

-- Não! Você vai me ouvir! - Ela o interrompeu. - Foi imoral da sua parte... e....

-- Me desculpa de verdade. - Ele pediu. - Não vou mais esconder nada. Me desculpa.

-- E... - Ela pigarreou. - Tá. Sim, claro que eu te perdoo mas eu tô muito chateada e brava com você ainda.

-- Eu percebi. - Ele deu um sorrisinho. - Expulsar os meninos daqui foi sério.

Os olhos de Clary se desviaram de Jace e suas bochechas ficaram ainda mais rubras. Meu Deus ela era tão linda.

-- É sério. Isso é sério. Eu me importo de verdade com você. - Disse baixinho sem olhar para ele.

-- Eu também me importo de verdade com você. - Jace tocou o queixo dela, fazendo-a olhar para cima. - E muito.

-- Eu também. - Ela deu um sorrisinho.

-- Estamos bem? - Perguntou ele.

-- É. - Ela assentiu. - Acho que sim.

Ele engoliu em seco e suspirou. Sabia que tinha errado muito, e feio. Jace tinha noção, odiava deixar Clary magoada. Ele se afastou.

-- Entendo se quiser me ignorar ou não acreditar mais em mim...

-- Jace, ei. - Ela que avançou no momento, colocando uma das mãos no peitoral úmido e a outra na bochecha dele. - Eu não vou fazer isso. Juntos, lembra? É tropeçando e caindo que a gente aprende a andar. E eu quero que você ande comigo. O seu apoio na minha queda foi muito importante.

Os olhos dele brilhavam com o amor que sentia por aquela menina. Céus ela era tão preciosa. Ele a amava tanto.

-- Certo? - Perguntou ela.

-- Ainda me sinto mal. - Disse. E foi sincero, de verdade. Odiava mentir, principalmente para Clary.

-- Não, não... - Ela balançou a cabeça e beijou o queixo dele. - Fica feliz. Por favor. - O beijou perto da boca. - Não fica triste comigo.

-- Não é com você. - Disse ele. - É comigo.

-- Não... - Ela fez careta e o abraçou, nem se importou se iria se molhar. - O que importa é que você vai continuar tentando. E vai me contar quando algo acontecer, né?

Os olhos verdes de Clary estavam inquisidores para Jace. O loiro assentiu e a abraçou de volta.

Eles ficaram abraçados por algum tempo.

-- Clary... - Ele sussurrou.

-- O quê?

-- Pode me soltar só um pouquinho, por favor?

-- Posso... - A ruiva ia se desvencilhar mas foi puxada de volta.

-- Espera!

-- O quê?

-- Minha toalha estava prestes a cair. - Confidenciou.

Clary corou mil vezes mais.

-- Ah, meu Deus! É melhor eu sair! - Ela olhou para os lados, procurando da onde veio.

-- Infelizmente é sim. Mais seguro. - Jace segurou o queixo da ruiva e a deu um selinho antes de mostrar a direção certa.

E então, sorridente e corada a ruiva deixou o vestiário.

📰💸📰

Isabelle quase cochilava enquanto assistia a aula de geografia. Bocejou e se esticou, então tentou focar no quadro, já que tinha chego atrasada e teve que sentar na primeira bancada. Junto com Julie.

A mesma estendeu um chocolate por debaixo da mesa, e começou a comer alguns pedacinhos. Quando Julie notou Izzy olhando, ofereceu um pedaço.

Isabelle negou rapidamente e sentiu o estômago roncar.

Deus. Ela queria o chocolate. Queria muito. Mas não podia, de jeito nenhum.

Sua mente viajou para dois anos atrás, quando tudo aquilo havia começado. Isabelle nunca se importou com seu peso até os quatorze anos de idade. Era tão fácil. Ela comia o que queria, e estava nos padrões, era simples.

A vida toda ela tinha ouvido elogios sobre o corpo, e que bom que ela era magra, pois se não, comendo tanta besteira, poderia ter virado uma bola e isso era terrível.

Até que ela começou a notar as primeiras estrias entre as pernas, e suas calças começarem a se apertar. A barriga estava mais inchada, e mais estrias apareceram entre os seios - por mais que fossem pequenos -, e nos quadris. Tudo estava mudando. Seu corpo estava mudando drasticamente. E ainda por cima seu rosto ficou pintado de espinhas.

A dermatologista que ela viu disse que isso era completamente normal. Mas como seria? Isabelle via filmes de adolecentes (até demais) e as atrizes sempre estavam com a pele lisinha, não tinham estrias, e não engordavam. Isso não era justo.

A realidade que lhe era mostrada não fazia jus a sua realidade.

Às vezes Izzy pensava que não pertencia a nenhuma realidade. E que ela jamais faria parte de nada. Parecia que só ela passava por alguns problemas, e ninguém, absolutamente ninguém falava deles. E nada era conversado. Isabelle aprendeu a maioria das coisas pela internet.

Assim como sua nova dieta. Ela estava em um grupo de meninas que também queriam emagrecer, e existiam suas tutoras. A tutora de Izzy a instruiu a ficar dois dias sem comer, e se sentisse fome tomaria água e um pouco de limão.

O estômago de Izzy roncava e pedia por comida. Mas ela recusava.

Tudo começou com uma pequena dieta para emagrecer, e então ela começou a ver a caloria das coisas que comia. Quando isso não adiantou, começou a vomitar depois que comia qualquer coisa. E então decidiu fazer o máximo de jejum intermitente que conseguisse.

Isabelle apenas respirou fundo e continuou a prestar atenção na aula.

📰💄📰

Jace voltou para casa totalmente acabado. O treino tinha moído todas suas forças, os jogos seriam antes do feriado do Natal. E depois teve que ir para um trabalho no turno da noite.

Enquanto andava pela rua notou o quanto queria um cigarro, e o quanto estava irritado com tudo e todos.

Ele rapidamente trocou seu adesivo de nicotina, e viu mensagens não lidas. Um grupo havia sido criado por Magnus.

Squad 💗🤪

Magnus: Criei esse excelentíssimo grupo pra avisar pra vcs q meus pais LIBERARAM A CASA NO CAMPOOOO 🥳🥳🥳

Izzy: IRRAAAAAA

Alec: Pro Natal?

Magnus: Isso aí

Jace: Eu vou ver com meu pai se consigo ir

Simon: Talvez eu consiga escapar... vou fazer chantagem com a minha mãe e respondo

Izzy: Minha mãe já me liberou

Alec: Nós dois?

Izzy: Acho q sim

Alec: Ok

Magnus: E a Clary??? @Clary!!!!!!!! Aparece

E então uma mensagem no privado de Jace.

Clary: Tem certeza que eu deveria ir?

Jace: Eu adoraria te ter lá, é um lugar mt legal, e a gente vai se divertir muito

Jace: Mas você vai se quiser, lgc

Clary: Ok... obg ❤

Jace: ❤

A notificação da mensagem de Clary dizendo que falaria com a mãe chegou no grupo. Então Jace desligou e guardou o celular, indo para casa jantar o que estivesse na geladeira, tomar banho e cair na cama.

📰💸📰

Clary pediu a mãe por mensagem, no outro dia, à caminho da escola. Gelou ao ouvir uma buzinada, e se odiou ainda mais quando correu em direção a escola.

A mensagem de sua mãe perguntando sobre Magnus, e os pais, e onde era a casa chegou. Clary passou as informações, e no fim, quando a ruiva citou o pai, Jocelyn deixou sem hesitar.

Clary se odiava por usar isso para conseguir as coisas às vezes. Sua mãe com certeza não queria que ela passasse por aquilo, e se sentia culpada de alguma forma. Então sempre que Clary pedia algo, e falava sobre o pai... a mãe raramente negava.

A ruiva estava se sentindo um lixo por ter usado isso novamente.

Chegou na escola e tentou sorrir quando os amigos a cumprimentaram.

Amigos... isso soava até estranho, ela tinha apenas Simon no começo do ano letivo, e agora... Isso era bom, mas ela não estava se sentindo bem aquele dia. E sentia que iria explodir em segundos. Em sua cabeça apenas girava o quanto ela queria a lâmina, e se cortar...

Clary mordeu o lábio com força.

-- Tá tudo bem? - Jace cochichou para ela.

-- Uhum.

Jace apenas sorriu para os amigos e levou Clary para a parte traseira do campus.

-- O que aconteceu?

-- Nada. - Ela sorriu fracamente.

-- Clary...

-- É sério. Nada aconteceu. Eu só... só não tô muito bem hoje. Na verdade eu não tô bem nunca, mas hoje não tem um motivo específico.

O loiro apenas a abraçou. Clary suspirou e o abraçou de volta, adorava sentir o corpo de Jace desse jeito contra o dela. Ele era tão carinhoso... Ela claramente não o merecia.

A ruiva, com um aperto no peito, e as bochechas rubras, se esgueirou até a orelha de Jace.

-- Me distrai e faz eu me sentir melhor? Só um pouquinho...

O loiro inspirou e mordeu a boca, então seus olhos encontraram os dela.

-- Como?

-- Você sabe... - Ela desviou o olhar.

Jace apenas ergueu uma sobrancelha.

-- Aqui? Você tá de calça, isso torna tudo muito mais dif...

-- Não isso. - Clary corou ainda mais e tapou a boca dele. - Só me beijar. Idiota.

-- Você poderia me beijar.

-- Eu gosto quando você me beija.

O loiro apenas sorriu maliciosamente e tomou a boca suculenta dela em um beijo apaixonado e quente.

E eles se beijaram até o sinal bater. E mesmo com um pouco vergonha e hesitação, Clary deixou Jace tomar a mão dela, e então eles foram para dentro da escola, para suas respectivas aulas.