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História Nocaute - 12. Please


Escrita por: mackenzie-

Capítulo 13 - 12. Please


Duas semanas depois

— Os lanches da cantina são um horror! — comentei com o pessoal, eles soltam um ‘uhum’ em uníssono.

— É a única porcaria que essa escola oferece para nós. — replicou Teresa, abrindo cautelosamente seu lanche de presunto e queijo.

— Juro por Deus, que se eu continuar a comer a comida daqui, irei acabar morrendo por intoxicação — Matthew exagerou, como de costume.

— Prometo jogar cheeseburgers no seu caixão — pisquei para ele, que coloca a mão no peito como se estivesse grato, ao mesmo tempo, emocionado.

Caminhavamos calmamente pelo campus da escola, onde todos os alunos se reuniam após as aulas. Brincávamos um com o outro, como de costume. Fazia um bom tempo que eu não me distraia assim com eles. Depois de toda essa confusão com Justin, e a noite no iate, preferi não manter contato tão próximo. Cancelo quase todo compromisso que tenho com ele, com a mesma desculpa de sempre: estudos. Não digo que estou mentindo, pois estudo realmente.

O vejo apenas em ocasiões específicas, como nossas aulas particulares. Mas Justin já notou a indiferença que estou lhe tratando, e ele nem precisa se esforçar para agir da mesma forma. Então mantemos a relação assim, trocando olhares de longe. Por vezes, esbarramos no corredor, mas nem sequer nos olhamos nos olhos.

Sei que foi uma atitude muito precipitada, e que eu não deveria criar sentimentos por ele, Justin deixou mais do que claro isso. Tinha que aceitar, mesmo sem entender o motivo da sua mudança comigo. Ele não parecia se importar nem um pouco com o distanciamento; e se tem uma coisa que não aceito é falta de reciprocidade em determinados assuntos. Portanto, se Bieber quer agir como se fosse nada, irei agir da mesma maneira, oras!  

Uma coisa era certa: não podia fugir dele para sempre. Temos um acordo, e eu tenho que exercer como planejamos. A prova do meu vestido ficou adiada sem data prevista para o encontro. Porém recebi  uma mensagem mais cedo, dizia que teríamos de ir hoje sem falta para ver as medidas, sem escapatória. Aceitei. Teria de encarar isso uma hora ou outra.

— Vamos lá, Bliss — insistiu Teresa — Vamos sair hoje à noite… — olhou-me, senti piedade.

— Eu estava pensando em estudar… As provas para Seattle é semana que vem, logo em seguida as férias… — começamos a desacelerar os passos.

— Bliss, pelo amor de Deus, hoje é sexta! — segurou em meus braços, chacoalhando-me — Sexta-feira, amiga! — soltou-me com força, fazendo-me sentir enjoada — Precisamos sair, curtir a vida… — disse esperançosa.

Observei uma Lamborghini Poison se aproximar. Apressei os passos, deixando todo o grupo para trás.

— Podemos sair hoje a noite! — gritei para Teresa — Eu passo para te buscar.

Pude ouvi-la soltar um gritinho de alegria antes de entrar no carro.

De impacto, o ar condicionado ligado ao máximo me fez bater os dentes freneticamente. Mal coloquei o cinto, Justin já saiu disparada, fazendo um rugido com os motores, resmunguei para mim mesma alguns palavrões.

— Vai demorar muito? — perguntei, sem filtros, enquanto desembrulhava meu lanche de peito de peru.  

Ele fica em silêncio por um tempo, até parar no semáforo, virando finalmente para me observar. Justin olha para o lanche, em seguida para mim.

— Pensei que iamos almoçar na minha casa… — disse, simplesmente ignorando minha pergunta.

— Você não me disse que iriamos almoçar lá. — dei de ombros, evitando contato visual.

— Levando em conta que são meio dia e meio, é fácil presumir que iriamos almoçar… — falou como se fosse obvio; seus olhos voltaram a pista quando o semáforo ficou verde novamente.

— De qualquer modo, não precisa. Pretendo ser breve. — falo.

Silêncio novamente. Eu estava com tanta fome que comi meu lanche em alguns mordidas, e, ao finalizar, começo a juntar o farelo no colo, para não sujar seu carro. Desbloqueio meu celular, resolvendo dar uma passadinha nas minhas redes sociais para passar o tempo, e, principalmente, esquivar-me do clima tenso que se formou.

— Você vem… no domingo? — indagou, firmemente.

— No almoço na sua casa? — retruquei com uma pergunta também.

Ele apenas assente.

— Sim. — respondo — Por quê?

Mal me dei conta, já estávamos na frente do portão de sua casa. Justin faz um sinal para um dos seguranças, e, de repente, o enorme portão se abre, dando a vista para a mansão de seus pais. Tinha me esquecido de como era grande, afinal, vim aqui apenas uma vez.

— Minha mãe não parou de falar com você — esclareceu, enquanto manobrava o carro — Ela vai te ajudar a escolher os vestidos hoje.

Soltei um ‘hum’ nasal, me preparando para sair do carro. Não queria estender a conversa, provavelmente no final acabaria comigo dizendo que tenho um certa queda por ele, e não é das pequenas.

Já sabendo o caminho, andei a sua frente pelo enorme jardim. O clima agradável fez meu corpo relaxar, e, olhar a paisagem daqui é realmente pacificador. A casa dos Biebers é realmente bonita e cheia de requintes. Podia ver ao longe o que seria a plantação de flores da Pattie, um homem regava toda a terra com uma mangueira. Ao mesmo tempo a piscina estava sendo limpa por uma mulher de cabelos claros, e tudo isso ocorria enquanto os seguranças rondavam todo o lugar.

Parei na frente da porta de entrada, aguardando Justin me alcançar. Bati duas vezes, esperando pacientemente alguém atender. Ao sentir o braço de Justin enlaçar em meu pescoço, e o seu corpo tão próximo do meu, todos meus pelos se arrepiaram. Funguei seu perfume, relembrando de como era delicioso seus movimentos entre minhas pernas.

Despistei os pensamentos safados quando uma mulher de cabelos ruivos atendeu a porta. Ela parecia perdida com tanta falação vinda da sala de estar, segurava alguns alfinetes na boca e ocupava as mãos um um rolo de linha. Quando me viu, ela sorri de ponta a ponta.

— Você deve ser a Bliss — ela é baixinha, gordinha e parece ser adorável. Fiz que sim com a cabeça. — Entrem, entrem! — nos deu espaço.

Pelo visto a casa estava sendo arrumada. Várias empregadas passavam de um lado para o outro com espanadores e panos. Todas elas pareciam se divertir no emprego, pois ouvia risos e piadas vindas da cozinha.

— Está uma confusão hoje! — deu uma risadinha — Os meninos vieram para cá, a casa está sendo organizada, e a sala está uma bagunça. Espero que não se importe, querida — notei que ela chamou os amigos do Justin de ‘’meninos’’, dando a entender que ela já os conhece — A proposito, sou Susan, a estilista particular da Pattie. — lançou um olhar.

— Bliss… — me sinto por instante uma idiota. Ela já sabia meu nome, disse quando abriu a porta — Porém creio que você já sabia… — consertei, mas parece que ficou pior. Ela ri.

— Finalmente! — inaudiu Pattie, se levantando do enorme sofá.

Caminha até mim com um sorriso enorme no rosto, e de braços abertos, ela os encaixa na lateral do meu corpo, dando-me um abraço forte. Retribuo. É bom saber que Pattie realmente simpatizou comigo.

Com seu vestido colado, ela segura uma taça de champanhe rosa e borbulhante. Os meninos estavam distribuídos pelo local. Chaz e Ryan sentados no sofá, enquanto Chris estava parado, com um pote de amendoins, comendo.

— Vou deixá-las sozinhas. — anunciou Justin — Ryan, Chris, Chaz… — apontou para as escadas. Eles não discutiram, apenas fizeram o que foi ordenado — Depois eu passo aqui para te levar para casa, baby. — se aproximou, beijando minha testa.

Não pude evitar de olhar em seus olhos, ele fez questão de me fitar de volta. Meu maldito coração palpitou mais fortes, e as emoções se atropelam todas de uma vez. Ouvi-lo dizer ‘’baby’’ me deixa excitada e alegre ao mesmo tempo.

Pattie aprecia silenciosamente o filho subir, sem mover uma palha. Quando o último garoto sumiu pela escuridão do andar de cima, ela solta um muxoxo, voltando a olhar para mim.

— Bem… — respirou fundo — Isso levará algumas horas. Saiba que poderá escolher qualquer vestido, é por conta nossa — piscou, se jogando na poltrona giratoria — Joshua, traga uma champagne para Bliss — estalou os dedos, porém sutileza me suas palavras amoleceu meu coração.

Começamos pelo básico, alguns vestidos colados, tubinho. Contudo nós duas concordamos que deste tipo não se encaixaria. Teria de ser algo mais descolado, atual. A simplicidade com um toque de charme. Susan não titubeou para ir até seu carro e pegar mais vestidos.

A mulher é um doce de pessoa. Baixinha, gordinha, um óculos pendendo em seu nariz e um sorriso encantador. Pattie parece ser bem chegada a Susan, pois o assunto flui normalmente sobre sua vida pessoal. Comentou até mesmo sobre a vida sexual com Jeremy. Admito que me senti um pouco constrangida, mas logo fui induzida a leveza de suas palavras.

Ryan desceu uns vinte minutos depois, dizendo que deu uma desculpa a Justin; falou que pegaria um copo de água, mas na verdade só queria fugir daquela reunião. Disse que Bieber está insuportável, e discutindo com todos na sala. Ryan, simplesmente, se juntou a nós, até nos ajudava a dizer qual combinava comigo, e qual não.

— Seus pais virão no domingo, certo? — Pattie mudou totalmente de assunto — Estou pensando em fazer um churrasco. Hamburgueres… — ela apoia a cabeça na mão, deixando seu corpo de lado.

— Minha mãe adora fazer hambúrgueres artesanais — comentei, enquanto me admirava no espelho enorme da sala.

— Caramba! Esse ficou ótimo em você! — disse.

— Eu também gostei bastante. — concordo, virando de costas e observando a abertura que ele faz.

— Destacou suas curvas — Ryan me olha de cima a baixo, recebendo uma cotovelada de Pattie.

— Será este então. Coloque o outro — apontou, Susan correu para me ajudar a tirá-lo.

Este, por sua vez, era curto e branco. Mesmo não sendo o tipo de de vestido que pedimos, Susan afirmou que ficaria ótimo em mim.

— Está tudo bem entre você e o Justin? — indagou, de repente.

Fico sem saber o que responder, até mesmo Ryan parece ter afundado um pouco mais no sofá. Olho para os lados, pensando em uma boa desculpa. Nós não namorávamos, e, depois do que aconteceu no iate, eu realmente espero sumir da vida dele.

— Ele parecia bem animado em ir no iate com você… Bem, ele até comprou aquele colar… — começou, parecendo perdida — Mas quando chegou em casa, Justin parecia bem perdido e irritado. Disse que não queria conversar, então entrou em seu quarto. Decidi deixá-lo sozinho. Tempos mais tarde, saiu de repente, achei que tinha ido te ver novamente.

— Colar? — perguntei, jogando meus cabelos apenas para um ombro, para que Susan pudesse fechar o vestido.

— Sim, querida. Ele não te deu? Custou uma fortuna. Justin saiu do escritório, no meio de uma reunião, e voltou com uma caixinha linda. — deu uma pausa para beber sua champagne — Perguntou o que eu achava, e olha… É belíssimo. — faz um movimento com as mãos — Um pingente de coração, ouro puro. Justin encomendou e pagou mais caro pois queria pegar no mesmo dia para te dar no iate. — seus olhos pareciam perdidos, como se estivesse relembrando detalhe por detalhe — Perguntei a ele: Nossa, mas você saiu no meio da reunião com os meninos para pegar um colar? então ele respondeu: Achei que combinava com a Bliss. Delicado como ela. Creio que irá gostar…

Ryan pigarreou.

— Realmente. Ele anda muito irritado depois daquela noite. Evita conversas longas, voltou a mandar em todos, e odeia quando resolvemos entrar em sua sala.

As palavras estavam presas em minha boca. Não sei se era por conta da revelação que acabei de escutar, ou porque o vestido era lindo. Levei em consideração as duas coisas que acabei de presenciar.

— Ele ficou estranho a noite inteira, após eu dizer que pretendia ir para Seattle, fazer faculdade de medicina… — passei as mãos na barriga, apalpando o tecido — Ficou seco, não queria mais ficar por perto, mal me tocava. Então mais tarde me levou para casa, se despediu como se estivesse fazendo um favor. Comecei a dar um gelo nele para ver que não gostei da atitude.

— Vá hoje a noite na luta que vai ter… — convidou-me Ryan — Justin vai lutar, e eu posso conseguir para você lugares na frente.

— Quem sabe vocês não possam se resolver no final da luta? — sugeriu Pattie.

— É uma boa ideia — suspirei, indo até a sala.

— Cacete. — Ryan olhou-me de cima a baixo.

— É. Parece que encontramos os vestidos perfeitos.

[...]

— Bliss, quem é ele? — Teresa perguntou em um tom baixo, segurando em meu braço para andar pelo corredor escuro que Ryan nos guiava.

— Um amigo meu… — murmurei de volta — Ele que conseguiu lugares perto dos lutadores — expliquei.

— Ai, sempre quis vir nessa lutas — riu — Mas achava que você não viria junto comigo… — comentou.

— Por quê?

— Ah… Você sempre foi muito certinha. Lutas ilegais não parece ser forte. — deu de ombros.

Me senti ofendida. Admito que nunca fui de fazer coisas erradas, ou até mesmo mentir. Prefiro optar pelo certo, há menos chances de dar errado, levando em conta que sua consciência estará limpa. Pareço patética falando isso, eu sei. Estou começando a me envolver em coisas ilegais e a participar de planos mafiosos, dizer que acredita na verdade acima de tudo é realmente idiota.

Liguei para Teresa a noite, dizendo que sairíamos. Ela, imediatamente, ligou para Christian e Matthew, que toparam. Tessa veio para minha casa, e nos arrumamos juntas, esperando Matthew chegar com o carro de seu pai. Passamos num bar para beber enquanto me comunicava com Ryan pelo telefone. Odeio bebida alcoolica, de verdade. Não por ser ruim, e sim pelo fato de eu ficar bêbada com facilidade.

Neste corredor escuro caminho com dificuldade, pois minha sanidade mental não está lá essas coisas. Não tenho controle sob meus pés, e por vezes falo embolado. Isso me deixa irritada, por eu querer estar sóbrio para falar com Justin após a luta.

— Aqui. — Ryan parou, olhando para mim e para Teresa.

O ginásio escolar é realmente grande. Na ultima luta que fui, era bem menor, mas este com toda certeza supera. Há pessoas por todos os lados; adolescentes, mais especificamente. Todos com um copo colorido, ou uma latinha de cerveja barata. A falação alta se tornou extremamente irritante, e o calor um tanto insuportável. Mesmo com meu cropped sem mangas, consigo sentir o suor acumular debaixo de minha nuca. Respirar é um desafio; o lugar que estamos é realmente bom, conseguimos ver o palco e quase tocamos a faixa que limita o espaço dos lutadores e da plateia, porém ainda sim, a quentura é realmente sufocadora. O que nos salva são dois ventiladores imprestáveis posicionados nas duas paredes atrás de nós.

— Vou pegar algumas bebidas, vocês querem? — Matthew pergunta próximo de nossos ouvidos.

— Eu quero — fui a primeira a dizer. Teresa apenas assente.

Christian resolveu ficar, para evitar que meninos babacas se aproximassem e mexesse conosco. Sem contar que Chris é extremamente apaixonado pela Teresa, desde pequeno, já Teresa o enrola até não poder mais. Os garotos estavam melhores que eu e Teresa; conversamos alto e rimos de piadas idiotas. Assim como eu, Teresa também está mal com tudo o que bebemos mais cedo, mas parece que estou pior. Ela consegue conter o que irá dizer, diferente de mim.

— Bliss? — uma voz reconhecível soa atrás de mim.

— Tá brincando… — a voz de Teresa se arrasta.

— Thomas. — me senti um tanto desconfortável.

— O que faz aqui? — pergunta, colocando os dedos dentro do bolso da sua jeans.

Fazia um bom tempo que eu não o via. O cabelo loiro arrumado para o lado, os olhos castanhos e um sorriso lindo nos lábios. Esse cara me fez sofrer por meses, e eu jurei há alguns dias que voltaria ao namoro, perdoando todos seus erros passados. Mas, agora, de frente para ele, sinto puro ódio.

— O que você acha, babaca? Ela veio pescar, não está vendo? — Tess ironizou, revirando os olhos.

— Bliss, nós podíamos, hum… — pigarreou, olhou no fundo de seu copo, então voltou a me encarar — ...conversar depois que a luta acabar?

Minha cabeça começou a doer fortemente, meus lábios estavam secos e minhas mãos trêmulas. Não queria dizer sim, porém queria ouvir o que ele iria me dizer. Foram tantos meses de decepção que voltar a ouvi-lo talvez me fizesse lembrar tudo o que sentia.

— Baby…? — uma ruiva de vestido curto se aproximou, tocando em seu ombro, porém Thomas não lhe deu atenção, apenas se focava em mim.

— Agora não, Anne. — negou com a cabeça.

— Anne? — falei, tentando retomar na memória, esse nome me era comum — Anne… Você me traiu com ela — quando me dei por percebida, já tinha falado. A bile subiu em minha garganta, me fazendo sentir um revertério.

— Sai daqui, caralho. — Christian bateu no peito de Thomas com força, que não revida. Ele sabe que está errado em toda a estória.

— Espero que um dia você me ouça… — ele grita ao ser empurrado pelo Chris.

— Teresa… — chamei-a, ainda olhando para a multidão.

— Sim? — ela fazia o mesmo.

— Me dê seu copo.

Tessa apenas me entrega; viro a vodca. Sinto minha boca formigar quando toda as palavras presas finalmente foram digeridas. Solto um ar pela boca, como se estivesse extravasando todas minhas emoções, quando, na verdade, estava prestes a chorar.

— Ele é um babaca. — senti a amargura na voz de Tess.

Concordei com a cabeça, virando-me quando ouvi o barulho do microfone sendo pego no palco. O mesmo homem da primeira vez está chamando a atenção de todos; sua voz abafada diz algumas coisas, até finalmente ficar claro o que ele estava tentando dizer: a luta começaria agora.

Parece que a concentração de todos no ginásio se resumiram a Scooter, que se locomovia de um lado para o outro, com seu microfone. Adolescentes erguiam notas para o alto, gritando em uníssono: Wolf Eyes. Todos bebados e ansiosos para ver sangue. Quando Scott anunciou ‘’Shark’’ várias pessoas vaiaram o cara, e eu me senti um pouco desapontada por não ser Justin entrando no palco, porém isso também me deixou tensa, por pensar que o próximo seria ele.

— Façam as suas apostas… — sua voz grave fez meu coração palpitar — Porque aí vem… — o grito do pessoal parece ter dobrado de altura — Wolf Eyes!

Tudo ficou lento. Meus olhos não desgrudaram do palco quando Justin entrou triunfante. Ele nos mostrava suas várias tatuagens no peito e nos braços. Olhar confiante e mortal, o típico maxilar travado e os punhos cerrados. Senti a eletricidade correr pelas minhas veias e uma chama arder em meu rosto.

Justin se posicionou, parecia não se assustar com a aparência grotesca de seu oponente, apenas o estudava cautelosamente com os olhos, assim como fazia comigo toda vez que estavamos juntos. Seus músculos do braço contraíram, ele passa levemente a língua nos lábios e lança um sorriso para as garotas que praticamente imploravam sua atenção. Entretanto, quando seu olhar caiu sobre mim, toda sua armadura de durão se desmanchou. Ele ficou ereto, observando-me. Os holofotes passavam em sua face, e toda vez que isso acontecia, seus olhos brilhavam.

O sino tocou, e isso me fez cair na realidade. Todos os gritos voltaram, todas as pessoas pulavam e tentavam alcançar o palco, fazendo eu e Tessa sermos empurradas de um lado para o outro.

Teresa parecia ser divertindo. Um sorriso se formava em seus lábios cada vez que gritava para que começasse.

— Eu acho que conheço esse Wolf Eyes… — ela se aproximou bem perto do meu ouvido.

— Conhece? — engoli em seco. As luzes no rosto de Bieber o tornava praticamente irreconhecível.

Tessa me respondeu, porém não dei ouvidos. Queria ver o que aconteceria.

Justin estava focado, já o seu adversário parecia meio perdido. Ele corria de um lado para o outro em pulinhos quando Bieber tentava se aproximar, mas, em um desses saltos, um soco certeiro atingiu sua boca, fazendo-o cambalear alguns passos para trás. Wolf Eyes usou esta oportunidade para avançar sob Shark, que perdeu o controle de seus atos. Cada movimento que fazia parecia ser calculado; cada soco me fazia retorcer-me.

Mas, de repente, Justin se afastou, esperando Shark se recuperar. A fúria tomou conta dele, que correu até Bieber dando-lhe um murro bem no nariz.

— Vai, Wolf! — gritei o mais alto que podia, eu simplesmente não aceitava ver Justin na desvantagem — Acaba com ele, merda!

Não demorou para Bieber estar novamente no controle da situação. Com uma joelhada no meio das pernas de Shark e um soco no queixo fez com que seu enorme corpo caísse no chão como um saco de batatas. Justin subiu nele, acertando vários socos em toda sua face. O sangue jorrava no chão e em seu rosto. Scoot se aproximou para tirá-lo de cima de Shark e nomeá-lo, novamente, campeão.

Gritei o mais alto que pude. Justin exibiu seu sorriso mais belo para o público que delirava. Alguns meninas tentavam pular para agarrá-lo, mas ele não parecia interessado. Senti um pouquinho de ciúmes, admito.

Teresa agarrou minha mão, puxando-me por entre a multidão. Ela estava indo para a saída, e isso para mim, de certo modo, era um alívio. O calor estava me matando. Mesmo querendo ver o que viria a seguir, sair daquele local realmente me parecia mais agradável.

Os adolescentes se acumulavam no gramado, bebendo e rindo alto. Todos com um sorriso no rosto, meninas ao lado e música alta. Os carros posicionados no estacionamento com o porta malas abertos, alguns vendiam drogas, outros bebidas alcoólicas, tinha alguns que até vendia comidas. O cheiro mesclado de maconha e vômito era o aroma principal do campus. Sentia pena cada vez que via alguém sentado, envolto pelo seu golfo, prestes a entrar em um coma alcoólico.

Creio que a bebida fez meu corpo aquecer, ou o clima estava realmente quente, pois a diferença de temperatura dentro do ginásio estava a mesma coisa que aqui fora. Me sentia desnorteada enquanto o pessoal conversava, a bebida ainda corria em minhas veias e meu cérebro não assimilava direito o que estava acontecendo.

Matthew, Christian e Teresa falavam demais, fazendo-me calar um pouco. Eu mal me aguentava em pé. Queria sentar e esperar o efeito passar. Mas eles não faria isso, não agora. Pelo o pouco que entendi, eles queriam ir para uma boate.

— Bliss? — Chaz tocou meu ombro — O Justin está te procurando. — disse baixo em meu ouvido.

— Preciso ir. — digon embolado, sentindo meu estômago reclamar de toda a bebida ingerida.

— Para onde você vai? — Teresa indagou, notando a presença de Chaz atrás de mim.

— Ligo para vocês mais tarde. — começo a andar — Vou ficar bem. Apenas se divirtam. — girei os calcanhares, acompanhando Chaz.

— Você está bem? — perguntou.

— Por que não estaria? — repliquei com uma pergunta.

— Bliss, você está bêbada. — riu, segurando minha mão quando quase cai no gramado.

— São seus olhos, meu anjo — soltei uma risadinha.

— Cuida bem dele. — Chaz diz, do nada.

— Do Justin?

— Sim. Ele gosta de você. — deu de ombros, apertando minha mão com precisão.

— Bieber disse para eu fingir que estava apaixonada por ele, na noite do iate — engoli o vômito que subiu a minha garganta — Mas eu não estou fingindo, Chaz. — minha visão estava embaçada.

— As vezes Justin age como um babaca — ele ri — Tenha paciência.

— Por favor, não conte para ele. — digo, Chaz assente.

— Entregue — paramos de andar, foi aí que notei que estamos no estacionamento.

— Jesus. Andamos até aqui? — olhei em volta — Não estávamos no gramado até agora? Que loucura.  

— Entre no carro. — Justin apontou.

— Por que eu entraria? — cruzei os braços — Chaz, fale para ele que não irei entrar.

— Ela é um charme. Se você não estivesse gostando tanto dela, eu com certeza daria em cima. — Chaz ri, joga as chaves para Justin que recebe sem fazer esforço, então, sai andando em direção ao ginásio.

— Tchau, Chaz! — acenei, sorrindo. Ele anda de costas, mandando um beijo no ar.

— Entra no carro. — repetiu, o encarei com desdém.

— Irei entrar porque quero, e não porque mandou. — mostrei a língua, abrindo a porta.

Joguei-me no banco do passageiro, passando o cinto em meu peito. Apoiei a cabeça no assento, fechando os olhos com força. O que diabos estou fazendo? Por que inventei de beber tanto? Agora veja só a situação que me coloquei.

Não demorou muito para estarmos longe daquele lugar. Resolvi ficar calada para evitar dizer coisas que me arrependeria futuramente. Sei que estou pra lá de bêbada e que poderia falar coisas demais. Olhei para minhas mãos, minha visão estava dobrada, meu corpo doía, e meu joelho, por algum motivo, estava ralado.

— Por que foi a luta? — interrogou.

— Porque eu quis — respondi sem titubear.

— Lá não é lugar para você estar. — suspirou, insatisfeito com minha resposta.

— Você não manda em mim. — revirei os olhos, olhando pela janela — Eu estava com meus amigos, segura.

A cidade passava pelos meus olhos. Sexta-feira é o dia que todas as baladas do centro estão abertas, e a todo vapor. Pessoas movimentam a cidade de Atlanta, andando de um lado para o outro. As placas brilhantes são apenas um convite para a cidade do pecado, que acumula filas imensas para passar algumas horas dentro de suas boates.

Uma parte de mim queria estar com Justin, mas a outra se arrependia de não estar com meus amigos agora mesmo. A noite era para ser minha e deles, e não com Bieber, mesmo ele sendo o motivo pela qual fui até a luta.

As estradas se tornaram mais fechadas, e as árvores maiores, tão grandes que tapava a visão da lua que iluminava a rua, juntamente com os faróis potentes de seu carro. O silêncio entre nós é realmente desconfortável, o som das corujas no lado de fora era a única coisa que quebrava isso.

Em minhas memorias, eu tentava relembrar-me onde estavamos. Reconheço este lugar, mas por estar tão confusa com tantos pensamentos, não consigo localizar-me. Busco incisivamente, acabo ficando com dor de cabeça. Ao ouvir o barulho do mar, e o porto logo a frente, consigo recordar: é a mesma praia do dia do iate. Invés de parar o carro, Justin prossegue, entrando numa passagem apertada de terra.

Avistei uma enorme casa. A maior parte dela é vidro, com janelas enormes, de frente para a praia. Nunca na minha vida presenciei uma casa tão linda como esta.

Quando finalmente o automóvel parou, abri a porta com raiva, descendo do mesmo e andando em direção a praia.

— Para onde está indo? — gritou.

Ignorei. Estava há alguns passos de alcançar a areia. Podia sentir o cheiro do mar salgado, e o som relaxante das ondas se chocando. A lua deixava a paisagem maravilhosa; fazia tempo que eu não ia a praia.

Tudo mexia, não conseguia ter controle das minhas pernas, e minha vista ainda estava bagunçada. O frescor da maré bateu em meu rosto, fazendo-me sorrir. Eu queria tocar a água, queria mergulhar em suas águas. Fiz questão de parar centímetros do oceano para tirar meus sapatos e jogar na areia. Sentir o saibro nos meus dedos é delicioso.

— Bliss! — Justin me puxou para trás.

— Mas que merda! Me deixa em paz! — praticamente berrei, fazendo-me soltar — O que você quer de mim?

— Você não deveria estar lá, para começo de conversa. — retrucou, no mesmo tom.

— Esse é o real motivo, Justin? — me aproximei dele, gritando — Ou você simplesmente não consegue lidar com seus proprios sentimentos e desconta em mim?

— Lidar com os próprios sentimentos? — brandou — Quem é você para dizer isso? Você foi quem sumiu sem dar noticias. Se afastou por motivos indefinidos e presumiu algo.

— Não sou eu que digo para fingir sentir algo, e no dia seguinte envia flores. Não sou eu que pareço me importar, e de repente sou fria. Não sou eu que demonstro quem sou, e outrora ajo diferentemente! — apontei.

— Isso tudo faz parte do plano! — ele ia continuar, porém interrompi:

— Vai se foder! — gritei — Tudo para você se resume nessa merda de plano, mas você simplesmente ignora as pessoas que fazem parte, ignora os sentimentos delas, e não se importa com o que dirá, e se irá machucar alguém.

Ele se cala, me encarando com desdém. Respiro ofegante,  meus olhos marejaram e o mar se quebrava atrás de mim. Notei que gritar com ele não adiantava, Justin continuava a sair por cima. Olhei para o céu, minhas lágrimas embaçaram minha visão. Suas mãos estavam jogadas na lateral do corpo, a feição completamente furiosa, e os olhos focados em mim.

Me sentia uma idiota. Estou apaixonada por ele, é isso. Estou completamente apaixonada e não sei como lidar com isso, pois não faço ideia se é recíproco. Quero estar com ele a todo momento, cuidando e conhecendo a pessoa que realmente é, e não aquele que mostra ao público. O que mais me doí é saber que estar ao seu lado é uma tarefa quase impossível, pelo simples fatos de que temos planejamentos diferentes, mundos diferentes. 

Justin administra uma máfia enorme, corre risco de morte e é investigado pela polícia federal, assim como toda sua família, e eu sou uma simples estudante que visa ser médica. Somos o oposto em praticamente em tudo, vivemos em realidades diferentes.

Bieber usa sempre a mesma desculpa para não se expressar: o plano. Sei que isso lhe fará ser reconhecido mundialmente, mas o que afeta em ser verdadeiro comigo pelo menos uma vez? Dizer o que sente, abrir o jogo? Em tão pouco tempo fui envolvida em sua vida, sei dos mínimos detalhes de tudo, ele não pode mostrar ser uma pessoa ideal para mim e noutro dia agir diferente. Não aceito isso, de modo algum.  

— Vai se foder. — repito, andando com dificuldade para longe da água, tendo como objetivo não cair. Passo o dorso da mão em minha bochecha, limpando as gotas.

Ao passar perto dele, Justin me segurou pela cintura, puxando-me para perto. Nossos corpos se chocaram, as bocas quase se encontraram; senti meu corpo todo queimar, implorando para que ele me beijasse.

— O que está acontecendo com você? — interpelei, olhando fundo em seus olhos.

— Bliss. — abaixou a cabeça, ainda segurando meu braço. Sua respiração batia em minha testa.

— Me solta. — digo firmemente.

— Não vai. — gemeu — Por… favor.

— O quê?

— Eu perdi muitas coisas ao decorrer da minha vida. Só quero… cuidar de você — finalmente ergueu o rosto, Justin parecia estar se esforçando para dizer essas coisas, como se as palavras estivessem presas — Não quero perder você. Não quero que vá para Seattle. Por alguma razão, quando fico por muito tempo longe de você, acabo ficando louco.

— Justin… Eu…

— Não me deixa, Bliss.   


Notas Finais


O que estão achando? O capítulo ficou enorme hahaha, preferem os menores ou os com mais de duas mil palavras? Me digam a preferencia de vocês!
Até o próximo capítulo!


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