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História Nocturn Sky and Moon - Luz Lunar e Viciante


Escrita por: Mutsumi_Mei

Notas do Autor


Saudações ♡ Acharam que eu não ia mais postar? Haha, mas eu vou continuar esta história até o final ^^

Notem que eu mudei a capa e o título da história, já que não estava muito satisfeita com os originais. Foi a primeira vez que usei os efeitos do Photoshop assim, mas espero que esteja satisfatório :3

Finalmente, no capítulo de hoje, vamos falar sobre o garoto que prefere a luz.

Boa leitura (/・ω・)/

Capítulo 2 - Luz Lunar e Viciante


    ✎﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏

Antes disso, do outro da moeda, a solitária noite de lua crescente obteve um vislumbre assustado de outro jovem que tremia de frio em seu leito. O ambiente era suavemente iluminado pela luz artificial de um simples abajur, este que auxiliava a leitura noturna de alguém que se recusava a sequer fechar os olhos para descansar as vistas visivelmente cansadas de tanto devorar as páginas de diversos livros de ficção. Seu nível de concentração, no entanto, não concordava com seu desejo de continuar a vaguear os olhos por aquelas simples linhas cheias de palavras cativantes; o frio lhe atrapalhava e o cansaço não o deixava se entusiasmar com as cenas de ação. Seus olhos custavam abrir sempre que piscava, suas pálpebras doíam e uma dor de cabeça já bem conhecida apossou-se de sua mente, que latejava. Perguntava-se se tal cansaço se esvairia caso fosse uma manhã ensolarada ao invés de uma madrugada fria; a luz era algo revigorante que dava às pessoas as condições necessárias para continuar o dia, afinal. Mas ali, naquele cenário sombrio, foi necessário desligar o abajur e guardar seu livro, levando junto sua resistência quanto a ficar de olhos abertos.

    Apesar do frio, o jovem de cabelos escuros decidiu abrir a janela para que a suave luz da lua pudesse iluminar o cenário sonolento que o cercava. No final das contas, tentar dormir era algo muito assustador; ele não possuía consciência das coisas ao seu redor, não podia captar com seus olhos escuros um único vislumbre daquele mundo que tanto amava. Por isso, ao menos o luar incomodando seus olhos lhe servia de consolo para confirmar que seu lindo universo imaginário e real ainda estava ali, esperando que suas pálpebras se levantassem egoisticamente preguiçosas no dia seguinte. Porém, mesmo que tivesse tal luz lhe adentrando as orbes enquanto dormia, a escuridão era assustadora demais para se encarar, ainda que isso o levasse aos sonhos e às fantasias mais iluminadas possíveis. Então, se recusar a fechar os olhos era o mais produtivo a se fazer, embora isso o desgastasse; sem medos, sem ansiedades... sem sequer ficar desprovido de informações por um longo período, imerso na luminosidade que o cegava. E, com tais pensamentos em mente, ele levantou-se após apenas um cochilo de exatos 7 minutos, indo em direção a um cenário congelado fora de casa e longe do conforto de seus cobertores grossos.

    Foi muito repentino; em menos de um minuto, seus pés já pisavam na neve fria que havia pelo caminho. Não se agasalhara corretamente, não pôs luvas e sequer havia pego sua chave, acabando por deixar a porta aberta ao sair numa caminhada sem um objetivo específico. E o fato é que aquilo tudo não possuía de fato um motivo; no fim das contas, era só uma parte de sua rotina sonolenta e sem sentido.

    E, então, a solitária noite de lua crescente obteve um vislumbre nublado de um rapaz que caminhava sob aquela luz prateada. Tremia por conta da temperatura desfavorável que sentia naquelas roupas finas e suas botas pouco lhe esquentavam os pés durante o clima inconveniente, mas havia um sorriso suave em seu rosto corado pelo frio e seu caminhar era calmo. Achava agradável andar à noite, bem melhor do que dormir. O cheiro congelante da neve, o vislumbre das árvores retorcidas e dos pinheiros cobertos pelo branco, o canto das corujas e até a paisagem das montanhas que se projetavam ao longe, tudo era incrível quando iluminado pela majestosa luz do luar, e por isso não era conveniente ficar em casa e dormir, sendo envolto por uma escuridão sem estrelas que lhe encaminhava até seus sonhos noturnos de descanso.

    Pensando nisso, a luz do luar parecia mais melancólica naquele momento; seus raios prateados estavam fracos e distantes, sendo quase completamente cobertos pelas malditas nuvens escuras que indicavam um possível cair da neve. Era deprimente; com aquele brilho fraco, pareceu que até mesmo aquela grande luminosidade prateada e admirável possuía vontade de dormir. Mas fechar os olhos era como sucumbir à morte temporariamente ou, pior, desligar a consciência e privar-se do ambiente ao redor e isso o amedrontava muito, embora a lua que tanto amava não parecesse se importar com isso. Por que? Por que tentava desaparecer em meio à escuridão, que era tão assustadora? Não havia motivo para tal, ele achava. Dormir era tão incômodo, aterrorizante... vazio. Além do risco de ter pesadelos, havia também algo ainda pior: não ter sonho nenhum. Sim, porque aquilo era um nada, e tinha que ser alguma coisa. Precisava ser ao menos algo para que pudesse ser entendido. E, por causa disso, o "nada" era agonizante, tão desnecessário e insignificante... confuso demais.

    É que simplesmente saber é muito confortável.

    Um bocejo escapou-lhe os lábios repentinamente, fazendo com que seus olhos lacrimejassem um pouco. Estava exausto, isso era um fato, mas recusava-se a voltar para casa e descansar em meio a uma noite tão bela, mesmo que o céu estivesse um pouco nublado. Isso seria egoísmo de sua parte quando a lua, mesmo que pouco brilhante, iluminava seu caminho, como se incentivando-o a continuar observando aquele cenário natural e maravilhosamente perigoso. Esse era um dos motivos que o faziam amar a luz; o que mais o deixaria enxergar o mundo que tanto amava senão a luminosidade? Não havia nada mais gentil e belo do que o brilho do hoje e do amanhã, ao seu ver, e era por isso que odiava fechar as pálpebras, embora tivesse, cravado em seus olhos e em sua mente, o cansaço acumulado de várias noites sem um único sonho em meio ao sono mal dormido.

    É que observar o mundo é muito viciante.

    Antes que percebesse, seus sentidos pareceram pregar-lhe uma peça ao fazê-lo escutar um choro masculino não tão distante, apesar do barulho do vento em seus ouvidos. Era um choro áspero, arranhado, rouco, sofrido... desesperado, talvez até desamparado. Um choro que fazia o coração doer só de ouvir, o tipo de pranto angustiado que o fez perder o sorriso costumeiro. Não por ser o tipo de pessoa que não aguenta saber que alguém está sofrendo, pois nunca o fora realmente; sua única razão para deixar de sorrir era o fato de reconhecer aquela voz, esta que costumava ser baixa e calma, mas que agora soava alta, rouca e falhada. Apesar disso, não haviam dúvidas; era mesmo a voz daquele rapaz.

    Vencido momentaneamente pela curiosidade, o dono dos fios escuros dirigiu-se ao local de onde provavelmente o choro vinha e espiou por entre as árvores. Ali, em frente a um penhasco onde a paisagem desvanecia em meio às pedras e riachos lá embaixo, estava um garoto de cabelos loiros suaves e olhos azuis claros, estes que não demonstravam nada além de puro desamparo e até... apatia, talvez? De onde estava olhando, isso não parecia claro. O fato era que a visão justamente daquele garoto em lágrimas lhe tirou o ar.

    Antes que percebesse, seus pés pareciam ter tomado a decisão de moverem-se sozinhos na direção do outro rapaz. Sua mente, porém, hesitou; não por falta de vontade de ajudar ou mesmo falta de curiosidade, mas porque não sabia se tinha o direito de se intrometer. Os dois não eram próximos, afinal; não passavam de meros colegas de classe que se falavam com um pouco de frequência. Embora soubesse perfeitamente o motivo do garoto estar assim graças aos boatos que corriam pela vila, sentia-se mal por interferir. Tinha medo de piorar a situação, de magoá-lo egoisticamente. Definitivamente não tinha o direito de tentar “iluminar” o caminho de alguém que despreza a luz... Seria egoísta de sua parte. Odiava ser egoísta. Mas, mais do que tudo, também odiava ser ignorante. E isso o fez demorar até proferir alguma coisa em meio ao silêncio choroso do ambiente.

    – Seja forte. – disse, quase em um sussurro.

    Sua fala fez o outro rapaz tremer, arregalando os olhos e virando quase que imediatamente em sua direção. Aquela expressão era tão apática, tão desamparada e desesperada, como se pedisse ajuda ao mesmo tempo em que tinha vergonha de o fazer, que fez com que o dono dos cabelos escuros forçasse um sorriso acalentador. Era como se dissesse “está tudo bem” sem a necessidade de palavras. E, sem dúvida, o vislumbre daquele rosto maculado pelo cansaço deplorável abrindo um sorriso como aquele fez com que algumas outras lágrimas caíssem dos olhos do loiro desamparado caído de joelhos à sua frente.

    As írises claras e as escuras encararam-se por um momento. E o que foi dito naquele olhar... creio que apenas os dois sabem ao certo. Havia um pouco de dor e um quê de coragem. Havia ansiedade, apatia, tristeza e consolo. Mas não parecia ser suficiente... Algo mais precisava ser dito.

    – Acredito em você. – sussurrou o moreno, antes de virar-se e sair dali, numa caminhada sem rumo que mais parecia uma fuga.

    Em determinado momento, já um pouco longe do penhasco, suas pernas pararam. Não pelo cansaço ou por estar satisfeito com seu trajeto, mas porque sua mente simplesmente não podia controlar seus pensamentos e movimentos ao mesmo tempo. E, sem saber ao certo o motivo, seu corpo caiu para trás, deitando no chão frio coberto de neve.

    Que patético. Não conseguia sequer ajudar um único colega direito... Deveria ter ido até ele, o abraçado, dito que ficaria tudo bem, mesmo que fosse afastado de maneira brusca. Maldita insegurança, maldito medo. Por um momento, a luz do luar pareceu apenas observá-lo, sem tentar ajudar; zombando de si, sem dúvida. E, naquele instante, “sem dúvida” pareceu-lhe tão doloroso... Tão falso quanto o brilho do luar. Tão falso quanto seu sorriso, que precisava de algum sol para se manifestar corretamente; o mesmo sorriso que não aparecia se não houvesse a escuridão à sua volta, pois podia ser ofuscado pela mais fraca luz de tão patético. E seu coração forçadamente iluminado desprezava, negava este fato a todo custo, simplesmente por não o suportar, assim como não aguentava não saber das coisas. E ele, ironicamente, desejou não ter consciência disso, querendo abraçar o desconhecimento e a falta de visão que tanto repudiava.

    Colocou seu braço por cima de seus olhos por um momento, tentando organizar os pensamentos em vão. A verdade é que tinha inveja daquele garoto loiro que gostava tanto da escuridão; ele não se sentia mal quando tentava ignorar algo, dissera-lhe uma vez. Não era curioso, não fazia questão de saber das coisas e gostava de continuar no escuro. A cena que vira era uma prova desse fato. Tinha inveja disso nele e odiava saber que o tinha, ao mesmo tempo em que gostava. Justamente por saber, poderia melhorar, porém possuía vontade de ignorar essa sua parte ruim também. Não gostava desse lado e queria que ele não existisse; queria ser ignorante, coisa que odiava. Quis não saber daquilo, mas quis melhorar, e isso o confundiu tanto que, pela primeira vez em algum tempo, ele realmente quis dormir. E isso foi mais confuso ainda. De uma hora para a outra, um pensamento simples passou a levar a outro completamente contrário e desconexo, fazendo-o se sentir horrível. Era como se sua mente explodisse com tantas contradições impossíveis de acompanhar...

    Quando percebeu, estava chorando ao mesmo tempo em que tremia de frio, assim como o garoto que vira minutos atrás. E isso o fez se sentir pior; como teve coragem de invejar alguém que estava se sentindo tão mal, alguém que ele mesmo sequer havia tido coragem de ajudar apropriadamente? Por um instante, a luz do luar, que tanto admirava, pareceu lhe cegar tanto quanto seus defeitos e a maldita ansiedade que lhe limitava mais do que tudo. Não queria ver aquilo...

    E, mesmo com aquele conflito interno quanto à sua visão de mundo e a evidente crise existencial que o preenchia, ele se recusou a mudar de opinião quanto à escuridão. Seu medo não o permitia fazer isso... Era algo tão assustador e irracional que foi preciso descobrir aqueles olhos que escondia com o braço, na tentativa de agarrar um único filete de esperança ao olhar para a lua em meio àquele cenário envolto pela escuridão pálida e fria. Porém, não havia nada naquele céu além das malditas nuvens escuras que lhe tiravam tudo o que era mais precioso. E saber disso... doeu muito. Ainda assim, ele queria enxergar a dor para que pudesse consertá-la, mesmo que doesse e parecesse inútil. Precisava enxergar, porque se não o fizesse, aquilo se tornaria um nada...

A dor não podia ser um nada, porque o nada não é algo que possa ser visto e remediado. Não é sequer uma coisa para se ter conhecimento, e isso era assustador demais; imerso na escuridão, impossível de se ver... impossível de se combater para alguém que insistia em confiar apenas na visão, ignorando os outros sentidos.

Que ironia, não? Justo um rapaz que odiava a ignorância mais do que tudo no mundo.

    É que a necessidade de ver o cenário é muito viciante.

  ✎﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏


Notas Finais


E é isso :3 Foi meio complicado escrever este capítulo. Eu queria transmitir nele o conflito de alguém que insiste em ter consciência demais das coisas ao seu redor e que, com isso, acaba se machucando justamente por saber que é impossível ter conhecimento de tudo, sem desconsiderar nada. Eu queria descrever uma pessoa confusa com seu próprio modo de enxergar as coisas, diferente do garoto do capítulo anterior, que estava certo de sua perspectiva de vida. O problema é que representar isto no enredo foi difícil e ainda não ficou do jeito que eu queria... Mas, bem, espero que ao menos esteja decente ^^"

No próximo capítulo, vou revelar o nome dos personagens :3 Mas provavelmente vai demorar bastante para que eu poste de novo (não tanto quanto demorei pra escrever este capítulo, eu espero).

Enfim, provavelmente tem muitos erros, já que eu postei com um pouco de pressa, mas depois vou corrigir tudo ^^


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