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História Noir - Imagine Yuta - XXII - a voz da razão e da intuição


Escrita por: SadisticSade

Capítulo 22 - XXII - a voz da razão e da intuição


Dois funerais em uma única semana eram uma tragédia inesperada para a máfia. O saldo de toda a situação também não era nada positivo: dos doze membros do conselho, restavam dez, e um desaparecido também, porque até o momento, Sicheng não havia sido localizado. As ligações trocadas entre Johnny e o suposto subordinado de Winwin de fato vinham da China, mas até agora, ninguém foi capaz de localizá-los na cidade, o que tornava toda a questão ainda mais misteriosa.

Nevava bastante naquela manhã de sábado, e o cemitério estava vazio. Um grande grupo de pessoas acompanhava o cortejo, entre os membros do conselho e subordinados tanto de Ten quanto de Haechan, em um silêncio respeitoso. Ninguém chorava, como esperado, porque no fundo, todos sabiam que essa era a maneira que a maioria dos mafiosos acabava, e que talvez esse fosse o destino que os aguardava em breve. Quem estava ali, fez a escolha de não ter jamais uma vida tranquila.

Não houveram discursos, homenagens ou cerimônias nessa despedida. Ambos os caixões foram descidos ao mesmo tempo, e o cortejo fúnebre se encerrou quando a última pá de terra foi jogada sobre eles, enterrando para sempre aquele capítulo nefasto da vida dos envolvidos, ao menos temporariamente.

(...)

Yuta acordou suando frio do pesadelo que tivera, as imagens pouco a pouco se esvaindo de sua mente até nem mesmo conseguir se lembrar de com quê sonhara. Doyoung estava acordado também, observando a janela, parecendo cansado e desanimado; de repente, parecia que ele tinha envelhecido dez anos, de tanta preocupação com o que acontecia. Aliás, era anormal que ele estivesse acordado a essa hora, o japonês pensou, porque Kim Doyoung era o tipo de pessoa que quando precisava dormir, tinha a disciplina de guardar para amanhã as preocupações que o atormentavam.

— Noite difícil? — o advogado indagou, tirando o outro de seus pensamentos.

— É. Fazia tempo que eu não tinha pesadelos, mas essa coisa toda… E você acordado aí, também não é bom sinal. — Yuta falou, desconfiado.

Doyoung sentou-se na cama novamente, de frente ao amigo. Ele parecia ainda mais sério do que de costume, como se fosse possível. — Johnny-hyung me encarregou de encontrar o Sicheng, lembra?

— Lembro. Conseguiu encontrá-lo?

— Não. Conseguimos rastrear o lugar onde ele estava através de câmeras de segurança e registros do cartão de crédito, um hotel-cassino em Macau, aparentemente ele se registrou lá com alguns subordinados no dia do atentado ao Taeil, mas não apareceu mais lá desde a primeira noite.

Yuta estranhou aquilo. — Ele se registrou no hotel e foi embora?

O outro balançou a cabeça, negativamente. — Não, as malas ainda estão lá, do jeitinho que deixaram. O hotel não reclamou porque afinal, cartão sem limites e com pagamento em débito automático, não faz diferença se os hóspedes estão ali ou não, contanto que o dinheiro caia na conta. Eu fiquei desconfiado, e mandei que entrassem na suíte do Sicheng e investigassem. Você… Já teve algum tipo de intuição assim, hyung? De pensar “alguma coisa está errada nisso” e querer investigar alguma coisa que não parecia ser nada demais?

Ele com certeza conhecia a sensação. Essa intuição era o que muitas vezes poderia ser a diferença entre vida e morte numa luta, ou mesmo em uma disputa de interesses mais “diplomática”, no papel. — Entendi. E você investigou, é claro.

— Pedi que trouxessem a luz negra e olhassem o quarto todo. Acharam vestígios de sangue no banheiro, perto dos armários da pia e na banheira também.

Um nó no estômago de Yuta se formou. — Sangue do Sicheng?

— Ainda não sei. Foi mandado para análise de DNA, mas o resultado ainda não saiu… Por enquanto, eu fico aqui, na espera. Se der positivo, não sei o que fazer depois.

— Johnny provavelmente vai te mandar até esse lugar, e eu não quero que você vá, porque é uma sentença de morte. — o japonês falou, calando-se por um instante — Se eu pudesse, fugiríamos nós todos para algum lugar bem longe daqui, bem longe desse caos… Seríamos, sei lá, estrangeiros perdidos no Rio de Janeiro. A Soojung seria a única a conseguir se virar, porque ela provavelmente aprenderia a língua em dois tempos, o resto de nós viveríamos de pegar praia e só saberíamos como pedir vodka.

Doyoung sorriu, imaginando aquela realidade paralela, pensando em como seria muito mais divertida do que o caos em que viviam, mas sabendo que estava tão distante de seu alcance quanto as estrelas. — O hyung não vai me mandar para lá, porque ele me quer aqui, de olho em vocês dois.

O japonês riu. — De olho em nós dois? Parece que as coisas não mudaram e que ainda somos moleques que precisam ser vigiados para não arrumarmos confusão no colégio…

— Você sabe que não estou falando nesse sentido.

Yuta endireitou-se na cama, sentindo-se subitamente desconfortável. É claro que ele havia captado a mensagem. — Não sei do que você ‘tá falando.

— Sabe, e eu sei que sabe. Todo mundo sabe. A única pessoa que não sabe, é porque só perceberia se você jogasse um tijolo com uma carta na cabeça dela, e olhe lá… Eu conheço a Soojung há mais tempo que você, e sei bem que a sutileza não vai funcionar: o Johnny herdou o carisma e o tato, ela herdou a inteligência e a percepção para qualquer coisa que não seja relações humanas. Sempre foi assim, ela nunca vai notar nada… E vai chegar uma hora em que essa situação vai se tornar insustentável, e você vai ter que dizer alguma coisa.

— Nós estamos bem desse jeito.

Doyoung arqueou as sobrancelhas. — Estão mesmo? Apesar das nossas diferenças, eu te conheço como ninguém, e sei que esconder isso está te matando por dentro… Você não é como alguns de nós, que tiveram essa vida traçada desde que nasceram… Você escolheu estar aqui, por ela, hyung, então seria inútil dizer para deixar para lá e ir atrás de outra pessoa, você nunca iria desistir. Você tem que fazer alguma coisa antes que seja tarde demais.

O japonês sorriu, um sorriso que tinha um quê de tristeza e derrota. — Sabe, eu detesto como você é sempre a voz da razão entre nós… Johnny tinha toda razão em te escolher como braço direito.


Notas Finais


Sangue do Winwin? Sangue de outra pessoa? De qualquer jeito, é mau sinal...

Aliás, só queria dizer que eu vacinei contra covid segunda-feira 😭😭😭 finalmente chegou a minha idade no grupo dos trabalhadores e estagiários da saúde, e juro que depois que vacinei, entrei no carro e liguei o rádio e começou a tocar Garota Nacional do Skank, quase não acreditei na coincidência, foi predestinado kkkkkkk

(Tudo bem que eu passei a terça inteira atendendo pacientes delirando de febre, mas é detalhe)


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