Um email foi recebido por Doyoung naquele momento, do banco, o toque do celular o assustando pelo momento tenso. Eles estavam fazendo o melhor para encontrarem o dono da conta e, com algumas ligações, detalhando o porquê desse pedido (não entrando em detalhes, mas mencionando a possibilidade de um desfalque na empresa), ele conseguiu o que tanto queria. — Hyung, eles me mandaram os dados. A conta pertence a…
Ambos leram os dados mostrados na tela do celular, exclamando ao mesmo tempo: — Lee Taeyong…
— Tem certeza de que isso não está errado? Que não foi engano deles? — Johnny ainda insistiu, surpreso.
— Não tem como ser engano, hyung.
De todas as pessoas do conselho, Taeyong era uma das únicas de quem Johnny jamais suspeitaria de uma traição: os dois se conheciam há anos, sempre bons amigos, sempre fiéis um ao outro… Mas parece que essa lealdade era mais unilateral do que ele imaginara. — Talvez… Talvez isso não signifique nada além disso, um desfalque só. Vai ver ele precisava do dinheiro.
— Talvez. — Doyoung concordou, oferecendo ainda uma terceira possibilidade que lhe havia ocorrido — Ou talvez alguém criou essa conta em nome dele para culpá-lo, e ele não sabe de nada.
Essa teoria o agradava muito mais, tinha que admitir… Era difícil imaginar que havia um traidor dentre eles, mas com três pessoas mortas e uma ainda desaparecida, confiar era um luxo ao qual não podiam se dar. Nesse momento, o telefone do líder tocou, e pelo número no identificador de chamadas, percebeu que era uma ligação bastante antecipada. — Alô, Jaemin?
— Nós… Achamos o Sicheng-hyung, senhor. — ouviu a voz de Jaemin dizer, tremendo, do outro lado da linha; ele parecia estar sussurrando, e havia um som indistinto ao fundo, de conversação, o que o deixou mais alerta e o fez se ajeitar na cadeira para prestar atenção no que ele tinha a dizer.
O advogado também prestava atenção na conversa, enquanto o líder colocava o telefone no viva-voz e fazia as perguntas. — Acharam o Sicheng? Onde?
— Bem, eu… Acho que é ele. Ainda falta a cabeça.
(...)
Era fim de tarde em Macau, e Jeno e Jaemin bebiam em um bar vagabundo não muito longe do hotel que investigavam. A missão de procurar Winwin persistia, e por enquanto não tinham nem ideia de por onde tentar encontrar uma única pessoa em uma cidade de milhões de habitantes: era quase como procurar uma agulha num palheiro, talvez até mesmo mais difícil…
Mas parece que a sorte finalmente havia sorrido para eles.
— Ei, ei, Jaemin, olha aquele cara ali… — Jeno disse, discretamente se referindo a um rapaz jovem, conversando em mandarim com o bartender — Aquela jaqueta não é igualzinha do Renjun?
Tentando focar no jovem, o outro se endireitou e percebeu que sim, ele tinha toda razão. — É verdade… E aquela jaqueta foi presente do Haechan-hyung, não foi? Encomendada até… Difícil achar outra igual. Vamos seguir esse cara.
Disfarçadamente, os dois pagaram a conta e continuaram a observar o rapaz, que após duas cervejas, levantou-se e foi embora do bar, olhando para o relógio de pulso com certa pressa. Seguindo-o um pouco de longe, Jeno e Jaemin percebiam que estavam cada vez mais longe das ruas largas e bem iluminadas da cidade, se embrenhando cada vez mais em vielas estreitas e escuras, com pessoas mal encaradas que os observavam de cima a baixo…
Em dado momento, o rapaz entrou em um galpão, fechando uma grande porta metálica atrás de si: era preciso improvisar um novo plano, e com isso, os dois mafiosos cobriram o perímetro atrás de uma janela. Mesmo através do vidro sujo e arranhado, era possível ver do lado de dentro que havia uma pilha de corpos em variados estágios de decomposição, de cadáveres frescos a puramente ossos, e tudo mais entre as duas fases. Mas um corpo em especial se destacava, porque reconheciam as roupas que ele usava, pelo menos: apesar de não ter a cabeça, aquelas eram as roupas que Winwin usava quando foi visto pela última vez, nas filmagens das câmeras de segurança do hotel. O terno bem cortado e a gravata de seda vermelha, com um grande dragão dourado bordado, era distinta demais para ser confundida.
— Puta merda, cara, será que é ele? — Jeno falou, num sussurro quase, tirando fotos do corpo e do local, e mandando a localização por mensagem para Johnny.
— São as roupas dele, então… Difícil não ser. Vou ligar para o líder. — foi o que Jaemin disse, escondendo-se ao se abaixar. A noite caía rapidamente, e a penumbra os protegia de serem vistos, em troca da visibilidade reduzida também… Estavam vulneráveis ali, em um país estrangeiro cuja língua não falavam fluentemente, e cercados de inimigos: baixar a guarda não era uma opção. Do lado de dentro, o rapaz de antes e um grupo de outras pessoas conversavam, e ele parecia ser um subordinado de um dos homens, pela maneira respeitosa a qual se dirigia a ele: não conseguiam entender nada além do murmúrio da conversa, mas perceberam que aquelas pessoas planejavam se livrarem dos corpos que estavam dentro do galpão, pois estavam começando a colocá-los em grandes caixotes de madeira…
Trocando um olhar de cumplicidade, Jeno entendeu que precisava interceptar a caixa com o corpo de Sicheng a qualquer custo, e ficou de tocaia esperando que o homem certo, com a caixa certa, passasse por ele: derrubando-o no chão e nocauteando-o com um soco certeiro na cabeça, ele arrastou o capanga para a lateral do galpão e pegou a caixa também, que era bem mais pesada do que imaginava, e que foi verdadeiramente difícil de carregar. A essa altura, Jaemin já havia encerrado a ligação: — Conseguiu a caixa?
— Me ajuda a carregar essa droga, vai. — foi o que o outro respondeu, enquanto se afastavam dali, e pensavam no que fazer a seguir com um cadáver em decomposição que precisava ser mandado para a Coreia para no mínimo um exame de DNA e uma autópsia, mas que definitivamente não poderia ir por correios ou qualquer outro meio legal...
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