Johnny corria a toda velocidade, às cegas pelo cemitério. Seu único objetivo era conseguir pegar a pessoa responsável por isso, o que se provava uma tarefa cada vez mais difícil, considerando que não enxergava mais que sombras, movimentando-se na periferia de sua visão.
Em um determinado momento, ele conseguiu ouvir o som das sirenes dos carros da polícia e da ambulância se aproximando dali, mas os reforços não chegaram a tempo: subitamente chegou a um beco sem saída, e iluminando tudo com a lanterna do celular, percebeu que estava correndo entre túmulos e diante do muro, mas sem sinal de viva alma por ali.
— Filho da puta, escapou…! — o líder murmurou para si mesmo, olhando ao seu redor.
Derrotado, ele correu de volta para onde os outros estavam, a tempo de ver Doyoung ser levado de maca para a ambulância: ele sangrava abundantemente, ainda inconsciente, com Soojung chorando ao seu lado e Tira acompanhando-os como uma sombra pálida e ansiosa. Sem esperarem por ele, os três embarcaram na ambulância, com os paramédicos, partindo dali sem se importar com mais nada.
A essa altura, outros mafiosos começavam a chegar, incluindo os membros remanescentes do conselho. Jaehyun, no comando da polícia, foi o primeiro a chegar e a falar com Johnny: — Meu Deus, o que aconteceu?
— Sequestraram o Doyoung. É aquele cara… Estava aqui e atirou em nós, quase acertou a Soojung, Jae, dá para acreditar? E ele fugiu. Evaporou como se fosse um fantasma. — o líder confessou, sentindo o amargo gosto do fracasso na boca. Não conseguiu proteger Tem, Haechan, Mark, e agora quase deixara Doyoung e sua própria irmã escaparem por entre suas mãos; se isso não aconteceu foi por mero acaso, ou quem sabe até intervenção milagrosa do destino ou forças superiores.
— Não se preocupe, eu tenho homens cercando todo o perímetro do distrito de Dongjak, ninguém entra, ninguém sai: se estiver qualquer pessoa suspeita aqui, encontraremos quem é. — Jaehyun tentou tranquilizá-lo, com seu jeito sempre calmo e calculado.
Esse é o problema, Johnny pensou, porque o responsável não é um estranho, alguém que consideraríamos suspeito à primeira vista: é um de nós.
(...)
Soojung andava de um lado para o outro na sala de espera, esperando notícias da sala de operações. Isso deixava Yuta, já ansioso por notícias, cada vez mais inquieto e nervoso, e agora preocupado com ela também: — Você vai fazer um buraco no chão se não sentar. — falou.
— Desculpa, eu só estou preocupada… — a jovem disse, sentando-se. Ele perdeu muito sangue, e isso definitivamente não é bom… Tanto ela quanto o japonês estavam sujos de sangue, desgrenhados, com um aspecto nada bom, mas sequer haviam notado ou se preocupado com algo do tipo.
Um pesado silêncio abateu-os, enquanto sentavam lado a lado. Isso os lembrava dos velhos tempos, mas não de uma boa maneira: as noites em que passaram no hospital, com o pai de Soojung e Johnny à beira da morte depois do acidente vascular cerebral, lutando pela própria vida com todas as forças até não poder mais fazê-lo e finalmente jogar a toalha. Mas, nessas horas, Doyoung também estava ali.
Yuta segurou a mão fria e de dedos compridos de Seo Soojung, apertando-a suavemente. — Vai ficar tudo bem, prometo. — era uma promessa que não sabia se podia cumprir, mas era o que ela queria e precisava ouvir. Se o mundo disse justo, se concretizaria.
Nesse momento, um médico saiu do centro de operações, e ambos se levantaram instintivamente. — Nós conseguimos estancar a hemorragia, foram muitos ferimentos, mas felizmente nenhum pegou algum órgão vital. Com algumas bolsas de sangue e um pouco de repouso, ele vai ficar bem.
Essa era a notícia que queriam ouvir, e Soojung não conseguiu segurar as lágrimas de alegria enquanto abraçava Yuta. Os dois ficaram assim por algum tempo, mesmo depois de o médico ter saído e deixado-os sozinhos na sala fria e insípida do hospital.
Algum tempo depois, Johnny entrou na sala. Com o cabelo bagunçado, o terno sujo de terra e neve, e parecendo ter saído da guerra, os três em muito destoavam do ambiente limpo e minimalista do hospital. — Como ele está?
O japonês ofereceu um sorriso miúdo e confiante. — Ele vai ficar bem.
O líder quase desabou, deixando-se cair sobre uma cadeira ao sentir suas pernas amolecerem. — Graças a Deus…!
O sossego não durou muito. O próximo a entrar na sala foi Xiaojun, mas dessa vez, o assunto não tinha nada a ver com o advogado da companhia — enquanto médico, ele tinha informações em primeira mão e sabia que Doyoung estava bem e fora de perigo —, embora ainda sim tivesse algo a ver com toda aquela confusão. — Hyung, posso falar com você um segundo? — perguntou, dirigindo-se a Johnny.
— Claro, claro… — o outro murmurou, tentando recuperar a compostura, enquanto caminhavam para o corredor, perto de uma máquina que vendia café. Sob dois cafés expressos o assunto se desenrolou mais facilmente, com a clareza trazida pela cafeína — Então, você queria falar comigo?
— Sim, é sobre o corpo que você mandou para eu descobrir quem era, o que estava decapitado… A amostra de DNA que você mandou não era compatível. Ainda não tenho ideia de quem possa ser. — o jovem médico explicou.
— Não era compatível? Mas aquele não era…
— Dong Sicheng? Não. Nem o DNA nem as digitais batem. — Dejun completou — Os dois garotos me explicaram quando eu pressionei, não brigue com eles por causa disso, mas eu precisava de mais informações: DNA pode ser inconclusivo depois de um certo tempo post mortem, e características identificáveis como tatuagens e manchas poderiam ajudar. Enfim, não é ele, isso sabemos com certeza. Acharam que devia ser porque estava vestindo as roupas do Sicheng e, bem, todos os corpos se parecem um pouco quando não têm cabeça…
— Mas se não é ele, então quem é? — e se não é ele, então onde está o verdadeiro Winwin? Por que o cadáver desse estranho estava vestindo suas roupas? Quanto mais pensava nisso, mais bizarra ficava essa situação, e o elo que parecia unir duas pontas subitamente deu origem a um beco sem saída, complicando ainda mais o mistério.
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