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História Noir - Imagine Yuta - XXXV - um jogo perigoso


Escrita por: SadisticSade

Capítulo 35 - XXXV - um jogo perigoso


Tinha sido uma longa noite para Jaehyun: após pegar a viatura, que dirigia sozinho pela noite solitária de Seul, ele sentia seu corpo pesar ao segurar o volante, ficando cada vez mais difícil se concentrar em guiar o veículo quando tudo que seus olhos queriam eram fechar e descansar, pesados e sonolentos, abatidos por um cansaço leitoso. O policial lutava para manter-se acordado, depois de um plantão extremamente longo como aquele: o sol parecia querer nascer a qualquer momento já, e estava em hora extra há pelo menos três horas, como calculava… 

Devia estar em casa dormindo, isso sim, foi o que pensou, ao parar em um semáforo em uma rua deserta.

Então, quebrando a quietude pacífica daquele fim de noite, início de manhã, um telefone tocou. Ele tateou o porta-luvas, pensando se tratar do telefone “oficial” que usava enquanto delegado Jung Yoon-oh, mas rapidamente percebeu pela diferença no toque que era seu telefone pessoal, enquanto mafioso Jaehyun, membro do conselho e chefe do departamento de espionagem. Pensando se tratar de notícias de Doyoung — que, fora informado mais cedo, entrou no centro cirúrgico e precisaria de algumas transfusões de sangue —, ele não hesitou em atender: — Alô?

— Delegado Jung? Por favor, eu preciso de ajuda! Estão atrás de mim! — era a voz de uma mulher, mas não conseguia reconhecer de quem, exatamente, e havia algo de errado em toda essa situação: não sabia explicar por que, mas seus instintos lhe diziam para não confiar naquela voz.

— Quem está falando? — Jaehyun perguntou, confuso.

— Diana. — com uma risada mecânica, a voz foi pouco a pouco se transformando em alguma coisa robótica irreconhecível, mas que era capaz de lhe inspirar o medo mais profundo e instintivo que já sentira em toda a sua vida — Jung Jaehyun, você se preocupa com seus amigos? 

Ele se recusou a ceder: o semáforo saiu do vermelho para o verde, mas ele continuava parado, o único carro na rua larga e vazia, temendo que sair dali fosse uma armadilha; pelo menos parado, podia saber se alguém se aproximava, e estar mais atento aos arredores. — Eu perguntei quem está falando.

— Se você quer tanto assim saber quem está falando, vai se encontrar comigo pessoalmente no Inferno. — a voz do outro lado da linha disse. A ameaça não passou despercebida, e então o delegado notou que havia um carro do outro lado da avenida, na pista oposta, também parado como ele.

Preocupado em ficar ali parado, Jaehyun começou a acelerar pela avenida, indo cada vez mais rápido… Foi pouco tempo depois que percebeu que havia alguém atrás de si, aquele mesmo carro que subitamente entrou na pista contrária depois de fazer uma conversão proibida: ele estava sendo seguido há algum tempo, provavelmente, mas não havia notado antes por ter deixado sua guarda baixar com o cansaço. Acelerando ainda mais, o veículo atrás de si começou a correr também, se aproximando perigosamente da traseira da viatura.

Essa aproximação não era por acaso, e o delegado percebeu a estratégia ardilosa do perseguidor: estava tentando bater na traseira para subitamente desacelerá-lo e tirá-lo da pista, iria capotar, com certeza, considerando a velocidade em que ambos estavam, passando dos cento e vinte quilômetros por hora facilmente. Acontecesse o que acontecesse, não podia deixar esse plano se concretizar.

Porém, Jaehyun fez uma previsão errada sobre o seu oponente: bater na traseira de alguém em alta velocidade é uma alternativa fácil para interceptá-lo, mas para fazê-lo capotar, é ainda mais eficiente bater na lateral e empurrá-lo para fora da pista… E foi exatamente isso que o outro carro, um hatch preto, fez, ao ultrapassá-lo pela esquerda e emparelhar, jogando todo o veículo para a direita de uma vez só: faíscas voaram pelos ares por conta do atrito do metal, levando embora a pintura de ambos os carros, e Jae perdeu o controle do veículo de vez, desbarrancando rumo ao rio Han.

Os próximos segundos pareceram se desenrolar em câmera lenta para ele, a adrenalina que corria por suas veias deixando-o extremamente calmo, mais do que em qualquer outra situação de risco pela qual já passara; enquanto policial, estava acostumado a operações arriscadas, criminosos violentos e tiroteios, mas essa era a primeira vez que teve a absoluta certeza de que iria morrer, e para falar a verdade, achou que fosse ser uma experiência muito pior. Enquanto o carro capotava e girava pela encosta, ele pensava em como isso não era tão ruim assim… Os vidros estilhaçaram e os cacos arranhavam seu rosto, as pancadas violentas sacudindo-o para lá e para cá, mesmo que estivesse preso pelo cinto de segurança.

Até que o carro finalmente caiu no rio, e a água começou a entrar pelos buracos deixados pelas janelas e para-brisa.

O primeiro segundo, quando a água começou a invadir, foi como se lembrava do que era pular e mergulhar de cabeça numa piscina, na época em que era criança: o splash violento da água, e o súbito abafamento de todos os sons, um silêncio quase ensurdecedor e ao mesmo tempo delicioso, que o engolia como se estivesse entrando dentro do estômago de uma baleia. A água rapidamente preenchia o carro enquanto ele afundava e, movido pela clareza mental da adrenalina, Jaehyun conseguiu soltar o cinto de segurança e sair do veículo através da janela do passageiro, nadando até a superfície, desesperado por ar, e em seguida conseguindo nadar até a costa com uma força e determinação ímpares, que só existem em uma situação verdadeiramente perigosa e extrema.

Foi somente quando ele se deitou sobre a terra, exausto, que todo o cansaço da situação lhe abateu, e percebeu que estava um verdadeiro caco: o corpo e as roupas ensopadas daquela água fria de inverno fazia com que tremesse de frio, os cortes pelos cacos de vidro começavam a arder como se sua pele estivesse em chamas e tentassem apagar com querosene, os braços doloridos de fazer força ao tentar segurar o volante… Ambos os seus telefones estavam arruinados pela água, e dentro do carro, para piorar, então sequer sabia como pedir ajuda se nem conseguia se levantar dali. 

E, o mais importante, estava vivo, por mais que isso contrariasse todas as chances.


Notas Finais


E o Jae quase foi com Deus depois dessa...


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