A cada reunião que se passava, tinham cada vez menos membros no conselho. Doze viraram onze, que viraram dez, que agora eram… Cinco?
— Está faltando alguém, não está? — Xiaojun perguntou discretamente ao líder, ao contar a quantidade de cabeças na mesa.
— Bem, Sicheng ainda está sumido, Doyoung está no hospital, Jae também, e… — realmente, faltava alguém, Johnny percebeu, ao olhar ao seu redor, e recapitulando cada nome de cada um dos membros, logo encontrou a peça faltando: — Cadê o Taeil?
Os outros presentes olharam ao redor, como se fosse possível encontrá-lo dessa maneira, e ele fosse simplesmente sair de detrás de um vaso de plantas ou de debaixo da mesa e anunciar que tudo não passava de uma pegadinha de muito mau gosto… Infelizmente, não foi isso que aconteceu. O estômago de Soojung se contorcia em nós ao pensar no que podia ter acontecido, porque a essa altura, ninguém esperava nada de bom; Johnny também notou que a irmã não tivera a melhor noite de sono de todas, os olhos fundos e ligeiramente avermelhados pela ausência de sono… Na verdade, todos eles já tinham visto dias melhores, não era de se surpreender que a essa altura, estivessem simplesmente cansados. Cansados daquela situação exaustiva, cansados de tanta morte, de tanta desgraça...
— Eu vou ligar para ele, ele deve estar dormindo até tarde, conheço bem o tipo… — Taeyong murmurou, tentando manter-se otimista. Pegando seu próprio celular, ele discou o número de Taeil, que chamava e chamava… — Então, o que você estava falando do Jaehyun, Johnny?
Sentando-se calmamente antes de dar essa notícia, o líder serviu a si mesmo um pouco de chá preto, antes de continuar, porque se estivesse servindo whisky, os olhos atentos da irmã provavelmente interceptariam a bebida antes mesmo que chegasse aos seus lábios, era simplesmente para poupar o desprazer. Lá fora, a neve começava a cair, insistente, porque a natureza não se importa com nada nem ninguém, nem mesmo os desejos humanos. — Noite passada, ele sofreu um acidente. Alguém tentou tirá-lo na pista enquanto ele voltava para a delegacia, ele acabou caindo de um barranco dentro do rio Han.
— Mas ele está bem, não está? — Soojung perguntou, preocupada.
— Sim, ele está no hospital, fazendo alguns exames… O Jae é duro na queda, Dawn. Ele sabe se virar, e conseguiu escapar desse maluco, provavelmente o cara achou que ele estava morto, porque foi uma batida feia, a viatura ficou acabada. — Johnny explicou, enquanto bebia seu chá. Dessa vez, Soojung não se importou em corrigi-lo sobre o nome, com tanta coisa mais urgente acontecendo.
Taeyong ainda insistiu na ligação, até dar-se por vencido, com um suspiro pesado de irritação e insatisfação. — Ninguém atende. Será que não é melhor ligarmos para o Jungwoo, e...
Yuta discordava dessa ideia, porque sentia que era uma covardia sem tamanho esconder atrás de um subordinado, e na verdade, não fazia a mínima questão de estar ali: era deprimente pensar em como estavam perdendo tantos dos seus em tão pouco tempo, sem poderem fazer nada. Pelo menos, queria poder fazer alguma coisa, algo que fosse concreto e tangível, e não só desembolar teorias que no fim das contas levavam somente a becos sem saída. Ele era um homem prático, afinal. — Eu vou atrás dele.
— Eu vou com você. — a jovem disse, levantando-se de imediato, e já colocando o casaco por cima do vestido. Ninguém tentou impedi-los, e na verdade, houve apenas um minuto de longo silêncio após a saída dos dois. Johnny sentia-se cada vez mais impotente, e pouco a pouco começava a desconfiar como uma daquelas pessoas ali era culpada de ter matado os membros do conselho… E Winwin permanecia desaparecido, o que era a parte mais intrigante de tudo.
(...)
Yuta dirigia no seu usual ritmo frenético e descuidado de sempre: tinha acabado de levar uma fechada de um carro grande, estilo SUV, que quase o tirou da pista, e teve que se controlar para não arrumar confusão ali e agora, porque tinha um assunto muito mais urgente para resolver. A casa de Taeil, cujo endereço conhecia, não era tão distante assim de onde estavam, e cada vez mais se aproximava…
— Yuta. — Soojung o chamou, despertando-o do piloto automático das ideias, fazendo-o subitamente estar mais presente do que nunca na situação, observando cada detalhe da rua e da vida como se fosse a primeira vez: as mãos frias dela o segurando, a textura do guidão da moto, a neve que caía sobre eles em flocos finos e delicados, o vento cortante e gélido… — Ele vai tentar culpar o Sicheng.
— Ele quem? Do que você está falando? — o japonês indagou, surpreso.
— O assassino, é claro. — o mesmo tom de voz com aquela condescendência que seria irritante se viesse de qualquer outra pessoa, mas que vindo dela, era terrivelmente encantador — Você tinha razão quando disse que eu precisava dormir e as coisas ficariam mais claras para mim… Até agora não tinha me ocorrido isso, mas vão tentar culpar o Sicheng por tudo isso, e no momento certo, ele vai aparecer morto para dar a história por encerrada: é conveniente porque esse tempo todo ele esteve sumido, e vão inventar um motivo, eu sei, provavelmente algo a ver com as negociações suspeitas nas quais ele estava envolvido, e quem está morto não pode se defender. Esse devia ser o plano desde o começo, não tenho dúvidas... — a diferença é que o assassino não contava com alguns contratempos, como nosso desafio ao seu reino de terror, nem que o próprio Plutão gostaria tanto de matar que precisaria de cada vez mais estímulo, cada vez mais crueldade, para que se sentisse satisfeito, ela pensou, sem dizer. A primeira morte, de Ten, foi rápida e indolor, muito provavelmente não por acaso: ele devia ser um amigo próximo de Plutão, e foi oferecida a ele a chance de morrer dignamente. As tentativas de envenenamento também eram mortes mais "nobres", embora ainda houvesse um lado mais sombrio do oponente... A tortura, reservada àqueles que seriam desafetos, possivelmente. Mesmo agora, Jaehyun havia quase sido morto de uma maneira quase limpa, e Doyoung esfaqueado e deixado para sangrar até morrer, a dicotomia não podia ser maior, mas por quê? Quanto mais pensava, mais certeza tinha que isso era sobre lados e alianças... Quem era mais próximo de Johnny sempre tinha uma morte muito pior.
— Esse cara é um canalha. — foi o que ele murmurou em resposta, estacionando a moto. Os dois desceram, atravessando a portaria e subindo pelas escadas até o andar de Taeil, sem paciência para aguardar o elevador… Tudo estava quieto do outro lado da porta, em uma calmaria impressionante. Se Moon não estivesse dormindo ainda, ou nem mesmo estivesse ali, havia grandes chances de que estivesse… Morto.
Ninguém respondeu à campainha. O telefone de Taeil estava ali dentro, provavelmente na sala ou na cozinha, porque ouviam-no tocar sem que ninguém atendesse… Yuta arrombou a porta com alguns chutes nas dobradiças, sem esperar mais, e logo perceberam que a pior hipótese se concretizou, pela trilha de sangue que havia levando-os da entrada até o centro da sala de estar.
Deitado sob uma poça de sangue e estilhaços de vidro, estava o corpo de Taeil, pálido e frio como a neve que caía lá fora. Seus olhos estavam abertos e seu rosto tranquilo e sorridente estava para sempre preso em uma careta de dor e medo, olhando para o nada como ele olhara pela última vez para seu assassino, os golpes de facada ainda bastante visíveis sob o sangue seco que cobria seu tronco. Atrás dele, na grande janela de vidro com vista para a maior cidade da Coreia do Sul, havia uma carinha feliz desenhada em sangue, o sangue do falecido mafioso.
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