Fora do padrão- capítulo V
Emily chegou em casa depois da escola e se jogou na cama. Ela fechou os olhos e esvaziou a mente por alguns segundos, até que seu Nokia apitou, notificando uma nova mensagem.
“Você tá brava comigo?
- Ali”
A garota pensou um pouco para responder. Brava? Pensou ela. Não. Talvez um pouco... Ahn... O celular apitou outra vez. Outra mensagem.
“Você tá brava comigo.”
“Como você pode saber?”
“Dá pra ver na sua cara.”
Emily olhou pela janela e lá estava ela; uma loura fazendo biquinho, com os olhos azuis brilhando.
“Sua mãe tá em casa?”
“Não.”
“Abre a porta pra mim.”
A morena levantou da cama e abriu a porta, dando de cara com Alison.
- Como você veio tão rápido? – perguntou, sorrindo.
- Era pra ver você. Então, vim rápido. – ela entrou e jogou a mochila nos pés da cama de Emily, deitando na mesma de bruços, balançando os pés.
- O que é isso aí? – disse Em, curiosa.
- Shii, não conta para as outras! Vai ser nosso segredo – Ali abriu a pequena caixinha e tirou de dentro um colar, com um pingente de coração cortado ao meio – Esse é sua metade – ela deu um dos colares à Emily.
- Por que não comprou para as outras? – disse a morena, sorrindo enquanto colocava o colar em Alison.
- Vamos dizer que eu tenho mais consideração por colares. Eles ficam em seu peito – Ali pegou a outra correntinha e pôs em Emily, e esta sorria, com o comentário da amiga. Eles ficam no peito... e o coração fica no peito. Será? Seria tão bom se Alison fosse mais direta... Esse pensamento rondava a mente, ou melhor, o coração de Emily.
- Olhe – Ali conduziu Em ao espelho, parando atrás dela, segurando seus braços e pondo sua cabeça ao lado da de Emily – Todas nós cinco temos pulseiras, mas só nós duas temos colares. Isso quer dizer que há algo mais na nossa amizade.
- Pensei que éramos todas melhores amigas – disse Em, sem conseguir conter o sorriso.
- E somos. – Em virou-se para Ali – Só que você é minha preferida.
Quando Alison disse isso, Emily parou de olhar o pingente e se perdeu nos olhos brilhantes de Ali. Isso quer dizer que há algo mais na nossa amizade, Alison havia dito. Há algo muito mais que amizade, pensou Emily.
...
À noite, enquanto a mãe de Emily estava fazendo o jantar, a morena desenterrou seu diário novamente.
Rosewood, 1 de setembro
Eu queria pegá-la pelo braço e levá-la para bem longe. Bem longe dessa cidade, bem longe desse país, para bem longe desse mundo. Eu queria, mas tinha medo de encostar os lábios dela nos meus; tudo e todos são contra isso. É errado, eu sei. Mas eu amava contra a razão, contra a promessa, contra a paz, contra a esperança, contra a felicidade, contra todo o desânimo que poderia ser... Eu apenas a amo. E ninguém iria entender.
Ela guardou o diário debaixo do colchão, agarrou seu travesseiro e começou a chorar baixinho. Ninguém iria entender, repetiu Emily.
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