04 de Novembro de 2019, Segunda-feira
07:22 AM
Em algum apartamento luxuoso de Seul.
A mulher entrou de uma vez no AP, carregando consigo duas malas de tamanho médio mas um tanto pesadas. Ela trancou a porta e correu para a sala, se jogando no sofá, completamente cansada da viagem.
Nayeon estava em Seul, na Coreia. Mesmo depois de ter prometido pra si mesma que jamais pisaria naquele lugar por causa do que tinha acontecido da última vez. (Que foi quando descobriu todos os podres de seu híbrido e namorado, Jungkook.)
— Mas que patética! - Ela se xingou, revoltada consigo mesma por ter se recordado da situação e do que fez depois dela.
Sim, caros leitores, ela "perdoou" o híbrido de tigre. Não completamente, pois ainda consegue ignorá-lo e mantê-lo fora do seu quarto, mas a Bong não conseguiu terminar tudo que tinha com Jungkook.
A verdade é que ela era fraca. Fraca demais para largá-lo. Fraca demais pra não ligar pra tudo que passaram juntos. Fraca demais para ele.
Era até mesmo triste de se ver. Uma mulher bonita, com a carreira e vida feita aos plenos 30 anos e completamente ligada a alguém que não lhe dá o mínimo de valor.
Puff… Patética!
O Celular em seu bolso vibrou lhe tirando de seus devaneios, indicando uma chamada, esta que foi prontamente atendida.
"Senhora Bong?"
-Sim. É ela.
" É o Seung Jhou. Só queria avisar que a sua visita à empresa foi adiada. Apenas uma hora. Agora serão ás 17:30, que é quando todos os funcionários poderão comparecer, exatamente como a senhora pediu. Tudo bem?"
— Tudo ótimo. Obrigada por avisar, querido.
"De nada!"
Ela desligou e respirou fundo, relaxando ainda mais no estofado.
Esse foi o motivo por ter tido que voltar à Seul: A sua filial na Coreia. Esta que está sendo liderada por Seung jhou, seu sobrinho mais velho. A mulher havia recebido várias queixas de funcionários e infelizmente precisava averiguar pessoalmente se tinha realmente algum problema.
Nayeon só queria resolver isso o mais rápido possível e voltar pra Paris para descansar em sua própria casa, mas por um lado, até que foi bom o adiamento da inspecção. Ela não estava se sentindo desde um pouco antes de entrar no avião. No começo tinha pensado que era só um enjôo de ansiedade ou por conta do vôo mas isso nunca tinha acontecido antes e mesmo depois de duas horas fora do avião, esse maldito mau estar ai da não tinha passado. Com o adiamento, teria tempo pra ir ao médico e resolver logo isso, não seria nada grave, certo?
…
Hospital de Seul
09:50 AM
— O QUÊ?!
— Querida, vamos precisar mesmo repetir? - A doutora indagou sorridente. - Você, senhorita Bong Nayeon, está grávida.
— I-Isso… N-não pode ser… C-Como eu… A-Ah meu Deus…
Ela tremia e suava, sentada em uma cadeira em frente a mesa da doutora Jung.
Estava simplesmente perplexa!
Como havia sido descuidada a esse ponto?!
Grávida!
Ainda mais de um cara que se mostrou totalmente cafajeste consigo… O que iria fazer agora?!
— Senhorita Bong? Está tudo bem? - A doutora, percebendo seu estado, perguntou preocupada.
— E-eu… E-eu…
— Precisa se acalmar, e se tiver uma queda de pressão?
— E-eu… e-estou bem…
— Por favor, aceite um chá ou um café, sim? Fique um pouco na sala de espera para se acalmar. Eu insisto.
Ela concordou, ainda um pouco aflita com a notícia e se encaminhou para a sala de espera, acompanhada de uma enfermeira que lhe serviu um café quente e puro.
Depois de um tempo, estava tão aérea a tudo que nem sequer notou o homem que estava em sua frente, lhe encarando com o semblante preocupado.
Quando percebeu que não seria notado, SeokJin resolveu agir.
— Haam… Olá?... Senhorita Bong? - O Kim pôs a mão delicadamente no ombro da mulher e a balançou gentilmente, para não causar alarde.
— Huh? Sim? O quê? - Ela finalmente havia "voltado a si".
— Está tudo bem? Parece pálida e… angustiada…
Ela fitou o doutor a sua frente e logo reconheceu aquele rosto.
Era Kim Seokjin, o irmão de Yunjin. Segundo herdeiro do grupo Kim.
— Ah! Olá, doutor Kim. Eu só estava… pensativa um pouco.
— Você não parece muito bem, Nayeon. - Ele se sentou na cadeira ao lado dela.
— Sabe meu nome?
— Mas é claro. Você é a atual do meu ex-cunhado, o qual eu ainda tenho contato por algumas vezes no ano. - Ele sorriu gentil. — E também é uma CEO muito famosa, é difícil não reconhecer seu rosto, sabe?
— Entendi…
Ela suspirou um pouco cansada, encarando as próprias mãos e isso atraiu ainda mais a atenção de Jin. Ele ficou preocupado.
— Quer conversar? Você realmente não parece bem e… desabafar as vezes ajuda… Né?
Ela lhe encarou nos olhos e percebeu um certo brilho neles. Logo uma certa confiança lhe invadiu e ela só conseguiu sorrir e concordar em contar tudo.
Era esse o efeito que SeokJin tinha nas pessoas. O poder de transmitir confiança e inocência para quem quer que seja. Esse foi um dos motivos pra ter se identificado tanto com medicina.
— O que aconteceu é que… eu estou grávida.
— Ah, meu Deus! Isso é maravilhoso! - Ele exclamou eufórico, mas se arrependeu disso assim que notou o semblante contrário da mulher.
— Bem… Seria… se o pai dele não fosse o tremendo cafajeste do Jungkook.
— Ah…
— Eu não queria isso… Não queria ficar "presa" a ele dessa forma.
— Você não o perdoou pelo que ele fez, né? É compreensível.
— Eu perdoei, na verdade. - Ela disse um tanto envergonhada, deixando-o um pouco surpreso. — Consegui perdoá-lo dessa vez, mas eu sei que ele vai fazer de novo… e sei que também não vou aguentar isso mais uma vez.
— Como pode ter tanta certeza disso? E porque o perdoou se pensa assim? - Ele se conteve um pouco, quando percebeu que havia se exaltado minimamente. — Me desculpe, eu só estou tentando entender.
— Tudo bem… Respondendo suas perguntas; Eu apenas sei, Kim. Perdoei Jungkook porque já estou acostumada a ser deixada de lado ou ser sempre a segunda opção. Eu nasci pra viver só… Mas eu ainda tento, sabe? - Ela respirou fundo, tomando coragem para falar o que já estava entalado há anos dentro de si. E então, apenas saiu: — Meus pais morreram quando eu ainda era muito novinha… fui criada por um tio distante que também me deixou assim que completei maior idade. Passei anos e anos da minha vida tentando achar alguém que realmente gostasse de mim e que ficasse ao meu lado mas ninguém, absolutamente ninguém, me escolhia. E quando… - Ela pausou para conter as lágrimas. — Quando eu achei que finalmente tinha encontrado alguém… O Jungkook… E-ele…
Jin a abraçou de lado, tentando passar algum tipo de conforto, o que a fez chorar ainda mais. Ela precisava disso, de alguém que a escutasse e a abraçasse.
As poucas pessoas que estavam em volta, encaravam a cena, mas nenhum dos dois se importava com aqueles olhares curiosos no momento.
— Eu sinto muito… - Ele sussurrou, em empatia pelo sofrimento dela.
— Você tem idéia do quão difícil é saber que a pessoa que você ama, gosta de alguém e que você nunca vai ser ela? - A voz dela soava muito falhada por conta de todo o choro. Aquilo tinha partido o coração de Jin.
— Ela…?
— Sua irmã, Kim. Eu nunca. Nunca. Serei ela. Nunca! Nem que eu quisesse muito. Eu nunca vou conseguir cativar tanto Jungkook como ela cativou. Nunca vou fazer ele criar a mesma obsessão ridícula que tem por ela, por mim. E nunca vou conseguir ter a coragem que ela teve de rejeitá-lo.
SeokJin respirou fundo e tomou coragem para respondê-la.
— Você não precisa ser ela.
— O quê?
— Você não é e não precisa ser ela, Nayeon. - A Bong agora encarava o Kim como se ele tivesse dito a coisa mais estranha do mundo. — Jungkook nunca amou a minha irmã. Na verdade, acho que ele nunca amou ninguém. Ele só gostava do conforto e da atenção, apenas isso. E você… não precisa mudar para caber no coração de ninguém! Você só precisa de auto-suficiência. Fala sério! Olha pra você! - Ele apontou para ela, fazendo-a corar. — É linda, dona de uma marca mundialmente famosa, não precisa de absolutamente ninguém para nada. Essa criança tem sorte de ter você como mãe! Acorda! - Ele falou, conseguindo assim um sorriso da Bong. — Você já é incrível e especial do jeito que é, e se Jungkook não enxerga isso, então ele que se exploda!
— Obrigada por isso. De verdade. Ninguém nunca me falou essas coisas antes. - Ela respondeu, bastante comovida.
— É que são coisas bem óbvias na verdade. Coisas que ninguém achou que precisavam ser ditas porque já estavam na cara.
— Eu nunca pensei assim. Sempre me senti muito fraca…
— Ora, você conquistou um Império sozinha e é preciso muita força para isso, não acha? - Ele sorriu docemente e Nayeon finalmente entendeu.
Tudo pareceu fazer sentido. Tudo que ela passou, as coisas que enfrentou… outras pessoas teriam desistido, outras pessoas não aguentariam… mas ela ainda estava lá!
Céus, que tola! Foi mesmo preciso que alguém lhe abrisse os olhos pra tudo isso?
— Obrigada. - Ela agradeceu mais uma vez. — Eu acho que só precisava disso. Uma conversa. Eu entendi. Entendi finalmente, SeokJin! Obrigada!
Nayeon abraçou o Kim, que retribuiu o aperto, um tanto surpreso. E em seguida, lhe sorriu gentilmente e saiu às pressas do Hospital, sem nem mesmo se despedir. Ela precisava fazer uma coisa, com uma urgência tremenda.
SeokJin, assim que a mulher saiu, ficou parado tentando absorver tudo que havia acontecido. Quando se deu conta, ele sorriu orgulhoso de si. Afinal de contas, havia ajudado alguém durante seu horário de descanso e aquilo era como ganhar na loteria para si.
— Puxa, a Yunjin-Noona vai ficar tão chocada quando eu contar o que aconteceu…
…
Nayeon respirou fundo mais uma vez, encarando o telefone na mesa como se o aparelho fosse uma bomba prestes a explodir. Porém, do jeito que estava nervosa, era mais fácil que quem explodisse fosse ela.
Precisava fazer isso. Precisava conversar com Jungkook. Ter a palavra, colocar as cartas na mesa. Talvez terminasse com ele, mas ela finalmente não estava ligando pra esse tipo de coisa. Não estava com medo de ficar só.
Fazer isso por telefone era meio inusitado, mas a Bong teria de aproveitar esse momento de empoderamento, não sabia o quanto essa sensação ia durar e não queria esperar pra ver.
Contou até três mentalmente e pegou o celular em mãos, discando o número do híbrida e ouvindo em seguida o aparelho chamar.
Enquanto esperava ser atendida, seu coração batia rapidamente e sua respiração havia ficado ofegante, como se o ar do ambiente estivesse em uma falta terrível.
E então, de repente, ela pôde ouvir a voz dele. A mesma voz que lhe despertava sensações maravilhosas e, ao mesmo tempo, lembranças de traumas irreversíveis.
"Alô? Jagiya?"
Não pôde evitar um suspiro emocionado e o aperto de seu coração. Ela estava com saudades do desgraçado.
— Jungkook… Precisamos conversar.
"Está tudo bem com você? Eu liguei e mandei mensagens mas você me ignorou, Jagiya."
— Sim. Eu sei. Depois, quem sabe falamos disso. Agora, somente escute, está bem?
"Ham...Tudo bem… "
— Jungkook… - Mais um suspiro. — Eu não vou mais admitir que você me trate como um bote salva
-vidas. Como uma segurança. Uma segunda opção. Você não me ama o suficiente. Não tenta o suficiente e já provou isso pra mim várias vezes. Eu estou cansada, Jungkook. Percebi finalmente que eu não preciso e não quero estar passando por esse tipo de situação. Eu sou uma mulher incrível e que merece ser Feliz e respeitada. Então, eu quero um tempo de tudo.
"O-o quê?"
— Vou voltar para Paris daqui há cinco dias. E quando eu chegar, espero que você tenha ido embora e que tenha levado suas coisas consigo.
"M-mas…"
— Sem "Mais", Jungkook.
"Jagiya, eu entendo você. Me desculpe. Confesso mesmo que tenho sido um canalha mas eu posso mudar, por favor. M-me deixa tentar. Esses dias com você me ignorando foram terríveis, eu nunca tinha me sentido tão mal antes. Eu amo você, Nayeon… por favor, me perdoa. Me deixa provar que te amo."
— Respeite o meu tempo, Jungkook.
"Tudo bem Jagiya, eu saio de casa. Vou te deixar em paz, pra você pensar. Mas não vou desistir de você, me ouviu? E-eu não quero nunca mais ficar longe de você, meu coração dói muito."
— Ótimo… Há outra coisa também. Bem mais importante na verdade.
" Pode falar…"
— Eu estou grávida. Tenho um filho seu, Jungkook.
A linha ficou muda por exatamente três minutos, mas foram como horas para a mulher.
— Jungkook… ?
"Jagiya… como você pode me contar isso assim por telefone? Eu estou chorando de tanta felicidade e não tem você pra eu abraçar, que injustiça!"
A mulher deixou um pequeno sorriso escapar de puro alívio.
Ela sabia que Jungkook gostava de crianças e queria ter os próprios filhos, mas ainda assim estava preocupada com a reação dele por causa das brigas recentes.
— Mesmo com a criança comigo, não quero que você se aproxime, JungKook. Eu exijo que me dê um tempo para pensar. E se no final de tudo, eu ainda não quiser ficar com você, espero que respeite isso.
"O que eu faço nesse tempo longe de você e do meu filho, Jagiya?"
— Cresça, Jungkook.
...
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