História Nossa História de Amor - 1 Na Mídia - Capítulo 25

Heitor

— O intestino que fora deixado em sua casa pertencia a vítima encontrada na delegacia. — Um dos legistas diz e respiro aliviado.

Uma vítima a menos.

— Pode ir. — Bartolomeu libera o homem e olha para mim. — O que foi?

— Stephany percebeu que eu estava tenso no almoço. — Respondo. — Não quero deixá-la mais preocupada do que já está. — Passo a mão pelo rosto em seguida pelos cabelos.

— Você deveria tirar umas férias com ela. — Sugere. — Vai 'pra uma praia, relaxe, esse caso e está afetando o relacionamento de vocês além de claro, deixá-la amedrontada. Precisam de um tempo fora dessa bolha de caos.

— Como vou viajar sabendo que tem um serial killer a solta? — Pergunto incrédulo. — Um não... dois. — Corrijo. — Não é um bom momento. — Concluo.

— Heitor, nunca será um bom momento, sempre haverá alguma coisa perdendo você aqui. Você tem que se deixar viver. Ela não escolheu você para que você coloque seu trabalho acima do bem estar não só dela, mas de ambos, porque Heitor... Você não está bem! — Diz apontando o dedo para meu rosto. — Você também está com medo que eu sei, você sente muito, muito medo, mas você prefere esconder esse medo no fundo mais profundo do seu ser e só atende as necessidades da Stephany, só que no momento ela não precisa de alguém somente para ouví-la e atender as necessidades dela! Ela precisa de alguém que queira compartilhar tudo da vida com ela, e se você não pode ser essa pessoa, sugiro que a deixe antes que o estrago se torne maior! — Exclama irritado.

— Como não estar com medo? Aquele assassino chegou muito perto dela, aquele assassino matou a mulher que a criou porra! Ela já passou por muita coisa, não vou ficar colocando mais coisa em cima dela, minhas inseguranças podem esperar...

— Só que não é só suas inseguranças que estão te deixando tenso... Você também não consegue esquecer o que a vadia da Scarlet fez e agora tem medo que esteja amando a Stephany muito mais do que um dia pôde imaginar que seria capaz. Você tem medo que algo aconteça com ela e você sofra mais do que o planejado, você tem medo que ela faça algo e você saia mais ferido do que imagina. Heitor, Você.Tem.Medo.De.Amar! — Diz para por palavra.

— Se eu tivesse medo de amar porque raios eu a estaria namorando?

— E eu vou saber? Por que não pergunta a si mesmo? Está com ela por que realmente a ama, ou começou esse relacionamento esperando que ela fosse uma pessoa horrível e fizesse toda essa paixão ir pelos ares? — Não respondi. — Se foi pela segunda opção você estava errado, sei que ela é uma pessoa incrível mesmo sem conhecê-la, então se permita amar. Tire um tempo com ela e conte sobre seus demônios, tenho certeza que ela irá permanecer ao seu lado, você não tem que ser o único pilar de apoio nesse relacionamento. — Concluiu se afastando e me deixando sozinho.

Ele está certo, por impulso a pedi em namoro e ela aceitou, fiquei esperando sempre o pior dela para que na primeira oportunidade caísse fora desse barco.
Preciso contar a ela minhas inseguranças e meus medos, para o bem do eu relacionamento. Sei que a amo mais do que posso imaginar e até agora... estive com medo de mergulhar de cabeça nisso.

Agora eu estou mais do que disposto a mergulhar de cabeça nisso, mas dessa vez, tem que ser 'pra valer, sem segredos.

Ligo meu computador e começo a procurar alguns lugares para ir.

Algumas praias... lugares frios...

Optei por Cacimba do Padre em Fernando de Noronha, no Brasil.

Falta duas semanas para o mês acabar então escolhi que íriamos no final do mês.

Tudo parecia indo bem demais até que me lembrei de algo importantíssimo... Stephany tem trabalho...

Isso eu posso resolver depois com a Brown...

***

Stephany

Já sei o que quero fazer aqui nessa empresa.

Mas vocês só saberão quando eu contar para a minha chefe.

Estou meio chateada... Meio não. MUITO

Eu liguei essa tarde para o Heitor quando já havia decidido meu futuro dentro dessa empresa.

Contei a ele o que queria fazer, e ele me disse que era perigoso, que não concordava e esse tipo de coisa.

Porra!

Ele disse que sempre me apoiaria. E agora... Cadê ele?

Não terminamos. Apenas brigamos, mas se for para que eu não tenha o apoio dele, então que merda eu estou fazendo nesse relacionamento?

Minha vida 'tá mudando muito rápido e se ele não for me apoiar, acho melhor darmos um tempo para que eu possa organizar minha vida...

No momento estou na sala da Brown a esperando para abrir o teste de gravidez que ela havia feito mais cedo.
Ela ainda está em reunião.

Aproveitei que estava aqui e fui até uma bandeja de doces que havia li e comi alguns.

Voltei a me sentar quando meus olhos passaram de relance na matéria que passava nas televisões que havia na parede atrás da mesa da senhorita Brown.

Mais uma vítima...

Peguei o controle e aumentei o volume.

A vítima fora encontrada dentro de uma caçamba de lixo que havia atrás de um restaurante caseiro...

Porra!

É o mesmo restaurante que eu almocei com o Heitor hoje!

Mostraram um relato do faxineiro que estava indo jogar o lixo quando encontrou o corpo dentro da caçamba. Chamaram a polícia na mesma hora.

Meu estômago até embrulha ao pensar nisso.

Estava concentrada na matéria até que mostram o rosto de Heitor.

Duvidavam da capacidade dele de resolver esse caso... Que filhos da puta...

— Imbecis! Por que não tentam resolver o caso de um serial killer que manda intestinos ensanguentados e mata pessoas próximas a você!? — Pergunto irônica colocando uma das mãos na cintura.

— Eles não tem estômago para isso. — Olho para trás para ver quem disse aquilo e encontro Claire encostada numa parede de vidro. — Já saiu o resultado do meu teste?

— Sim. — Me sento e ela faz o mesmo pegando o teste que estava em cima de uma mesinha que havia ali. — Hora da verdade.

Ela abre, mas não parece ler. — Lê você. — Passa para mim.

— Ook. — Começo a ler e vejo o que tanto esperávamos.

Negativo.

— Deu negativo. — Digo e ela pega o teste de minha mão, ela lê com atenção e solta um longo suspiro aliviado jogando as costas contra o sofá.

— Ufa. — Diz e fecha os olhos sorrindo.

— Um problema a menos. — Digo jogando minhas costas contra o sofá e soltando um longo suspiro.

Ficamos em silêncio por um tempo e eu finalmente decidi que íria falar.

— Já me decidi. — Digo e ela levanta o rosto franzino o cenho. — Sobre minha profissão. — A lembro e ela concorda com a cabeça sorrindo e ficando ereta novamente.

— Então... — Me incentiva a continuar.

— Quero fazer jornalismo. — Respondo com um sorriso e vejo o de Claire se abrir mais ainda.

Ouso dizer que o gato da Alice ficou com inveja.

— EU SABIA! — Praticamente gritou se levantando.

— Como? — Pergunto confusa.

— Você tem cara de jornalista. — Explica simples. — Você tem o dom, você tem... A coisa! — Se aproximou de mim tocou em meus dois ombros. — Você tem tudo para ser jornalista.

Sorri minimamente e continuei a encarando.

— Ok. — Ficou ereta. — Depois de amanhã você começa. Vou organizar tudo.

— Certo... — Disse e a vi se sentar em sua cadeira. — Vou indo. — Digo e saio voltando para minha sala.

Passei por uma pessoa estranha, na verdade, um homem. Não reconheci pois estava de capuz. Acho que já vi ele antes...

Ah mas é claro! O cara que eu esbarrei no dia que a Brown entrevistou o Heitor!

Fui atrás dele.

— Ei, moço! — Ele andou mais apressadamente e se enfiou dentro do elevador que fechou logo em seguida.

Droga!

Nem sei o porquê de eu estar indo atrás dele.

Decidi por fim voltar para a minha sala. Mas quando entrei vi vários cilindros de oxigênio... vazando...

Gritei pela segurança que logo conseguiu impedir o vazamento de oxigênio, mas ainda tem muito a nossa volta.

Para completar o pacote uma moça passa do meu lado e prepara o isqueiro para acender o cigarro.

Aí merda!

— Moça não! — Um dos seguranças grita mas já é tarde demais porque a moça acendeu o isqueiro e provocou uma explosão.

☆