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História Nossa música - Me conta da tua janela


Escrita por: LLAutora e _Emah_

Notas do Autor


Hey, pessoal! E como não bastasse, mais um projetinho para vocês, mas dessa vez ele já está finalizado. É uma shortfic bem fofa, escrita por mim pela @Emah_Warrior para aquecer o coração de vocês e quem sabe te fazer surtar pela fofura. É particularmente um dos meus projetos mais fofos e preferidos, então, espero que gostem. Vão ter músicas em cada capítulo por ser uma SongFic, e vocês podem encontrá-las na playlist do Spotfy (O link está no perfil). Espero que gostem e boa leitura!! (Ai, tô animada kkk)

Capítulo 1 - Me conta da tua janela


Fanfic / Fanfiction Nossa música - Me conta da tua janela

Naruto Uzumaki

Dizem que pensar na morte, das mais lentas as mais rápidas, é algo comum apenas para escritores e poetas, ou pessoas intimamente deprimidas, mas para mim o pensamento de morte é apenas um reflexo extremamente comum para qualquer pessoa que trabalhe. E ele pode se intensificar caso esta pessoa tenha que entregar um projeto atrasado que simplesmente nunca fica pronto. Eu mesmo, estou nesse exato momento olhando para a minha parede azulada, pensando quantas vezes tenho que bater a cabeça contra ela para perder a consciência. Eu julgo essa como sendo uma morte lenta, mas muito — muito mesmo — menos dolorosa do que ter que enfrentar outra reunião com meu chefe só para ouvir o quanto esse projeto é importante e como minha conta bancária ficará minúscula se eu não o entregar a tempo.

Na verdade, eu estava descobrindo que pensamentos mórbidos eram realmente recorrentes para pessoas como eu, que trabalhavam para pessoas indecisas e impacientes. Desde que cheguei em casa ontem, até o momento, já pensei em exatamente dez formas de como poderia assassinar meu indeciso e importante cliente, que gentilmente mandou sua secretária me avisar, trinta minutos antes de eu entregar o projeto, que ele tinha mudado de ideia e gostaria de algo diferente. 

Com o projeto modificado e o prazo mantido, eu tinha tempo para ficar pensando em assassinatos ou em mortes lentas e rápidas? Não, mas isso parecia incrivelmente mais fácil do que fazer o maldito projeto. Já tinha tentado de tudo, todos os passos de marketing para projetos mais elaborados aos mais simples, mas nada tinha funcionado. Tudo parecia simplesmente sem graça.

“— Queremos um projeto mais humano, que una as pessoas.”

Tinha sido o recado que recebi, o que não fazia o menor sentido. Claro, teoricamente uma empresa de comunicação deveria promover a união entre as pessoas, o problema era que não estávamos exatamente em um momento em que poderíamos simplesmente fazer algum evento de divulgação que alcançasse muitas multidões. 

Massageie as têmporas, tentando inútilmente aliviar a pressão que sentia descer sobre mim. Todas as ideias que eu tentava pareciam igualmente bobas e clichês de um jeito realmente ruim. Na verdade, estava pensando seriamente em ficar de cabeça para baixo, para ver se o sangue na cabeça me fazia pensar.

— Vamos, Naruto. — Implorei a mim mesmo.

Assisti entediado minhas anotações feitas de garranchos. Até minha letra parecia mais criativa do que minhas ideias. Cansado de mim mesmo, decidi ir tomar um copo d’água. Não é como se dois minutos fossem fazer alguma diferença para alguém na minha situação, mas ainda assim me obriguei a levar o lápis atrás da orelha e o bloco de notas preso no elástico da samba canção, pro caso de Deus decidir lembrar que eu existo e que preciso desse emprego para pagar minhas contas. 

O último projeto se resumia em mostrar a necessidade de contato com segurança. Claro, eu tinha que concordar que não era meu projeto mais vivido, mas estar enclausurado em meu pequeno apartamento, sozinho com as rápidas exceções das reuniões, estava afetando diretamente em minha criatividade. Por mais que São Paulo fosse uma cidade barulhenta, com pessoas andando em trote pelas ruas — e muitas vezes sendo mal educadas — era inegável a diversidade que encontrávamos aqui. Já tinha morado em vários lugares, mas nunca tinha visto uma cidade em que fechavam toda uma avenida durantes horas apenas para as pessoas dançarem e cantarem nas ruas, sem se importar com suas vidas corridas, ou contas para pagar. Lembro-me que na primeira vez que vi aquilo fiquei tão deslumbrado que por pouco não fui atropelado por um bando de ciclistas, mas quem poderia me culpar? Não era comum ver casais se puxando para o meio da rua, apenas para se mover de um lado para outro. Lembro-me também como aquela cena me pareceu mais brilhante que qualquer luminária estendida pela rua e como foi ali que decidi voltar meus projetos para coisas extravagantes, que passassem a mesma sensação que tinha sentido. Eu queria que todas as outras pessoas que não tiveram a oportunidade de ver o que eu vi, pudessem ao menos sentir esta sensação pelo menos uma vez. 

O problema de voltar seu trabalho para sensações e para como se sente, é que quando tudo está péssimo, meus trabalhos também recaem. A Pandemia já tinha começado a meses e todo o dia parecia que estava pior, que tínhamos apenas descido mais alguns centímetros de um longo poço. Obviamente algumas pessoas tinham encontrado formas de sorrir durante o caos, e a maioria tentava passar isso para os demais através de vídeos e postagens na rede. Eu tinha sido uma dessas pessoas alcançadas, em um simples e bobo vídeo de uma criança brincando com seu pai, tinha encontrado uma pequena luz. Foi rápido, todavia igualmente potente e nesse momento quis retribuir e fazer algo assim, mas foi também nesse momento em que recebi uma proposta estressante e minha criatividade simplesmente decidiu se atirar pela janela. 

Suspirei pesadamente, olhando para minha parede branca, enquanto afogava minha chateação em longos goles. Desde que cheguei nesse apartamento tinha reparado nessa parede. Ela era grande e incrivelmente lisa para o material, além de ser a única coisa branca no apartamento, já que todo o restante era bege, ou tinha tons azul-claro e cores pastéis. Tinha escolhido esse apartamento graças a essa parede, com um desejo infantil de decorá-la do meu jeito, pintar, ou desenhar — mesmo que eu seja péssimo nisso — ou colocar fotografias, mas nunca fiz nada. Engraçado que antes dizia que era por não ter tempo para focar nisso, mas agora que desculpa eu poderia usar? Eu passava o dia em casa. A questão era que a cada dia em que olhava para ela tinha a impressão de que finalmente estava na hora de pensar em algo para decorar, no entanto, acabava adiando para o dia seguinte e depois outro dia e outro.

Talvez seja a hora” compreendi repentinamente inspirado e corri de volta ao meu quarto com o copo em mãos. Quando se mora em uma Cidade grande, coisas como bloqueios são super comuns, pois nossa mente está sempre tão a mil que fica difícil não pensar de forma automática, então também era comum que aprendêssemos várias dicas para resolver essa doença. Às vezes para fazermos algo, temos que desfocar. Fazia horas que estava com o projeto martelando em minha cabeça, forçando as ideais rodarem meu corpo, nem que tivessem que tomar o lugar do oxigênio para isso, ou seja, eu precisava desfocar.

Desbloqueei a tela do meu computador e abri o Spotify, colocando na primeira playlist que apareceu e aumentei o som o máximo que podia. Se isso funcionasse, lidar com os xingamentos dos meus vizinhos era o mínimo. Não conhecia aquela música, tão pouco quem estava cantando, mas suas vozes femininas eram baixas e harmônicas, do tipo que te dá vontade de ficar descalço, apenas se movendo como o vento. E foi exatamente o que eu fiz, fechei os olhos tentando de alguma forma deixar “as energias da criatividade” tomarem meu corpo. 

— Respira fundo. — Instrui a mim mesmo, antes de dar mais um gole do copo. 

Continuei meu estranho exercício mental, que provavelmente parecia mais um bêbado sem equilíbrio, até sentir que conseguia respirar mais calmamente e me sentei mais uma vez de frente para a mesa, analisando meus projetos como se alguma resposta fosse surgir apenas porque eu queria. Respirei fundo mais uma vez, ouvindo o ar saindo dos meus pulmões quando expirei ritmado, como naqueles vídeos de yoga. Fechei os olhos e então os abri lentamente e então algo aconteceu. Um grande e marcante nada. 

— Ser Zen é muito irritante. — Bufei, esfregando o rosto.

E mais uma vez, como isso não era meu projeto, me vi criativamente imaginando um caderno mental, onde eu anotava a pergunta que faria caso algum dia encontrasse alguém Zen, mais exatamente, como perguntaria à ela como conseguia passar horas sentada, respirando fundo e ouvindo o som das “vibrações da terra”. Agarrei o lápis atrás da orelha e meu bloco no quadril e fiquei ali por alguns segundos, vendo meu tempo se esgotar. Se não me trocasse agora, eu provavelmente chegaria vinte minutos atrasado para o serviço, que infelizmente tinha voltado a ser presencial por essas semanas. 

Rabisquei a página, como se em algum momento minha mão fosse tomar vida própria e escrever uma ideia digna de um Nobel, mas claramente isso não aconteceu e no fim eu só tinha um bando de riscos fracos e a letra da música que tinha acabado de ouvir escrita em letras garrafais. 

“Passa aqui depois das seis?

Sei lá, tô’ com saudade de te encontrar

Me conta da tua janela

Me diz que o mundo não vai acabar”

Ergui os olhos para o relógio, que me provocava com seus ponteiros, jogando na minha cara que meu tempo já tinha estourado. 

— Que merda — xinguei arrancando a página do bloco.

Levantei-me em marcha, quase derrubando a cadeira e agarrei qualquer camiseta e calça que parecessem decentes o suficiente, as vestindo de qualquer jeito. Que se dane minha aparência. Agarrei os sapatos, junto com as pastas e me preparei para sair, sendo agraciado com uma rajada de vento que espalhou meus papéis, me obrigando a praticamente mergulhar para pegá-los, derrubando o copo de água. 

— Não! — Implorei agarrando o laptop de mal jeito e derrubando o restante de coisas que tinham na minha mesa.

Chequei rapidamente e embora meio úmido, ele parecia inteiro. Ótimo, além de tudo ainda estou atrasado. Sem muito escolha, saí porta afora brincando de equilibrista com meus sapatos, as pastas, e o laptop debaixo do braço, além das chaves entre os dentes. Agarrei um pedaço de papel toalha, esfregando o aparelho da melhor forma que podia, sem me importar em largar a bagunça para trás.

“Essa semana vai ser maravilhosa.” Revirei os olhos e deixei o apartamento, batendo a porta em minhas costas.

 

***

 

Sakura Haruno

Céus, sinto que minha cabeça irá explodir a qualquer segundo como uma bomba relógio e de certo modo, eu me sinto uma com a minha chefe. Enfio a chave na fechadura da porta marrom e a giro, imediatamente sinto meus ombros se relaxarem, eu estava em casa e infelizmente tinha esquecido as cortinas da varanda abertas. 

Com todo o cuidado tiro minha máscara e a coloco junto com as outras para lavar, tento ter o máximo de cuidado nesse tempo de pandemia, tempo horrível por sinal. Tiro meus sapatos e os deixo ao lado da porta junto com minha bolsa que ficou em cima da mesinha. Meu apartamento não é grande demais e nem pequeno, ele é ideal para duas pessoas viverem tranquilas, mas como eu moro sozinha acabo por me sentir solitária às vezes. 

A sua estrutura é totalmente planejada, por exemplo, assim que se passa pela porta já entra na sala que é dividida com a cozinha e possui uma bela varanda. Também tem três portas, uma para a lavanderia que fica ao lado da cozinha,  outra para o banheiro e  a última para o meu quarto que fica na sala.  Já havia  decorado aquele apartamento inteiro ao meu gosto e já estava considerando decorá-lo novamente, agora que passava o período da manhã em casa e estava ficando enjoada com aquelas mesmas paredes, principalmente as do meu quarto. Talvez eu devesse mudar a cama de casal de lugar e dar mais espaço para a minha escrivaninha que eu usava para o trabalho.

A grande editora na qual trabalho decidiu investir com tudo nos desfrutáveis "e-books" e acertaram. Cada dia milhares de livros são comprados pela Amazon, o que incentiva os amantes da leitura a ficarem em suas casas e acabarem de vez com as aglomerações nas feiras literárias. Eu amava aqueles eventos  e sempre  encontrava diversos livros por dez reais.

— Eu preciso de um banho e depois, algo para comer — digo para mim mesma ao sentir minha pele pegajosa pelo suor daquela tarde. Calmante ou exgotamente vou até meu banheiro, tiro a calça jeans que tanto me apertava, o maldito sutiã que me cutucava e entro embaixo da água gelada.

Enquanto ensaboava meu corpo repasso na  mente todos os acontecimentos daquele dia cansativo. Primeiro, minha querida chefe me ligou dizendo que tínhamos fechado três contratos de fanfics, ou seja, três livros para serem publicados. Ela precisava de uma pessoa de confiança para conversar com cada escritor e orientá-los a como transformarem suas histórias em originais, inicialmente eu iria recusar, afinal, tinha mais duas outras meninas que trabalhavam e que podiam fazer isso, mas ela me pagaria um extra se eu conseguisse ajudar todos os três e como dizem, dinheiro nunca é demais.

Segundo, eu tive vontade de me bater quando apareci para a primeira reunião daquela tarde, com uma cliente ruiva que aparentava possuir mais de quarenta anos. Fiquei surpresa e feliz por ver que não existe idade para se aventurar no universo das fanfics, mas essa felicidade desceu pelo ralo quando comecei a conversar com ela e entender como era a história que seria publicada. A mulher era muito arrogante e estava sempre com o nariz em pé, como se fosse a própria Cecília Meireles e eu tive vontade de jogá-la pela janela da sala de reunião quando a criatura me chamou de inadequada.

Inadequada era o rabo dela e eu quase disse isso, no entanto, a visão de alguns números a mais na minha conta no final do mês me mantiveram firme e forte.

Poderia dizer que as outras duas reuniões aconteceram com leveza e calmaria, mas eu estaria mentindo, se eu achava a mulher ruiva arrogante, os outros dois homens que vieram depois dela foram ainda piores. Ligo o registro e deixo a água levar embora todo o sabão do meu corpo me devolvendo a sensação de limpeza. Desligo o chuveiro e alcanço a toalha no suporte me secando , pego o conjunto que estava em cima do cesto e visto minha confortável roupa de dormir, um blusão das Winx.

Estendo minha toalha em uma das três cadeiras do balcão e decido fazer um chá de camomila. Coloco água na minha xícara dos minions e a levo até o micro-ondas, enquanto espero completar os cinquenta e seis segundos, abro a última gaveta do armário e tiro de lá um pacote com vários sachês de camomila, tiro um e guardo o pacote. Aproveito para fazer um coque em meus longos cabelos róseos, eu tinha retocado a cor deles ontem  e por isso ela estava linda e viva.

Com minha xícara em mãos, vou para o meu quarto, pego meu notebook e sento em minha cama. Entro na pasta das minhas fanfics e procuro por "Encantado", abro o documento para começar a escrever o sexto capítulo, mas nada me vem à mente. Fico alguns segundos encarando a tela branca e luminosa, onde um risco preto piscava para que eu digitasse alguma palavra só que eu não sabia por onde começar. Bebo um pouco do chá amarelo e tento tirar inspiração de algum lugar, mas no fim fecho o notebook desistindo daquilo… De novo.

Meus leitores terão que esperar mais um pouco pelo próximo capítulo. Por mais que eu tenha feito um roteiro todo estruturado, ainda assim, eu não sabia por onde começar e muito menos conseguia imaginar a cena em minha mente. Pego o notebook junto com a xícara e vou para a sala, talvez eu encontre alguma inspiração em meio aos meus livros.

Olho para a minha parede "escrita" que possui uma enorme estante cheia de livros fantásticos que me sugava para seus mundos fantasiosos. Lembro-me que quando cheguei a São Paulo e consegui um contrato com esse apartamento, eu prometi a mim mesma que escreveria um trecho do meu livro preferido em uma parede e assim fiz. Eu fiquei  tão feliz quando terminei de pintar, mas agora, parecia tão banal.

Em um impulso repentino e esquisito saio do sofá e ando pelo cômodo inquieta, até que paro enfrente a varanda e me aproximo para ver a lua. A noite estava fria.

Meu telefone toca dentro da minha bolsa e eu não me movo para pegá-lo, apenas  me mantenho parada, escutando o toque e começo a cantar junto com a letra. Imediatamente as lembranças do meu estado começam a rodar pela minha mente, o Sol quente, as águas da mesma cor do céu, a areia amarelinha fazendo cosquinha na sola dos meus pés. Eu podia sentir o vento salgado fazendo meu nariz coçar, as nuvens tampando o Sol, mudando suas formas e fazendo sombra nos dias extremamente quentes junto com a água limpa e gelada que refrescava meu corpo.

Meu peito se enche, minha respiração fica pesada e os meus olhos começam a se encherem de lágrimas. Estava com saudades de casa, das praias magníficas de Pernambuco, de ver a imensidão do céu e do mar, ver o por do Sol e as estrelas tomando o seu lugar no lençol negro da noite. Um vento atinge meu rosto trazendo o cheiro de poluição, sinto uma lágrima descer por meu rosto ao observar os diversos prédios. São Paulo parecia uma cidade tão tóxica e até hoje não consigo enxergá-la como um lar.

— Assim que essa maldita pandemia acabar, eu vou pegar o primeiro vôo para Pernambuco! — olho para a Lua e faço essa promessa, sei que ela me ajudará a cumpri-la, pois sempre que eu me lembrar de onde vim, será para lá que irei querer voltar.

Limpo minha bochecha que ainda possuía um rastro da lágrima e decido fechar a janela, mas assim que dou um passo para trás piso em algum papel, me abaixo e o pego. Não reconheço aquela folha e muito menos a caligrafia horrorosa, essa pessoa precisa de um curso para melhorar esses garranchos, urgente! Minha  primeira impressão foi tão apressada que nem li o que estava escrito e me recrimino mentalmente por ter sido tão superficial, mas até que esses riscos tortos possuem um certo charme.

O charme de uma pessoa totalmente fodida.

Eram quatro versos, uma simples estrofe de algum poema que eu não conheço. Peguei meu notebook e fui até o quarto, o coloquei em cima da escrivaninha branca e logo me sentei na cadeira estofada da mesma cor. Abri o aparelho e entrei no Google para pesquisar aquele poema, mas vi que era uma música, pois imediatamente se conectou com o Spotify e começou a tocar. Eu conhecia as cantoras, mas não essa música em específico, no entanto, fiquei imersa na letra e a escutei de novo, de novo e de novo.

Encarei o papel lendo as palavras no ritmo da música, mas parei ao escutar meu telefone tocando novamente. Eu deveria ter me levantado e ido pegá-lo, no entanto o que fiz foi pegar uma caneta rosa do meu pote de canetas coloridas e escrevi a parte que eu mais gostava, que justamente era a que me lembrava de casa. O telefone tocou novamente, repetindo aquela letra que era como poesia, assim como a escrita no papel.

"É que eu sou dum lugar

Onde o céu molha o chão

Céu e chão gruda no pé

Amarelo, azul e branco"

Larguei a caneta e li as duas estrofes, elas tinham uma certa coerência que me tocou. Me levantei e voltei para a sala com o papel em mãos, olhei para a varanda e andei até ela. Me encostei no corrimão e observei os blocos de apartamentos vizinhos, passei meus olhos  pelas janelas fechadas e tentei imaginar se aquela folha tinha vindo de alguma delas. Apenas uma estava aberta e ela era de frente para a minha.

Dobrei a folha em um avião e a lancei, ela voou e sumiu na escuridão do quarto vizinho e desconhecido… Só espero ter jogado no quarto certo. Mas não tinha como eu saber se aquela folha realmente saiu dali ou se veio de algum lugar longe.

Eu me importava?

Não!

Eu estava fazendo muitas coisas impensadas ultimamente.

Caso a pessoa que recebesse aquela folha  não gostasse, ela podia amassar e jogar fora.

 Escuto minha barriga roncar, então  me retiro da varanda e fecho as portas de vidro junto com as cortinas. Eu adoraria ser uma mosquinha para saber como seria a reação da pessoa do apartamento, após ver aquele avião, será que é um homem ou uma mulher que mora lá.

Minha barriga roncou novamente e decido que vou  viver com aquela dúvida, abro então os armários da cozinha, procurando algo rápido e fácil para fazer felizmente encontrando um pacote de miojo. Vai ser você mesmo!

— Alguém só pode está morrendo! — digo ao ouvir meu telefone tocando novamente e dessa vez vou até minha bolsa pegá-lo. 

Espero que não seja nada de mais.



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