História Nossa Relação - Sasori, eu...

Respira funda, Sakura. Não é o fim do mundo.

Mas foi impossível não tremer de nervosismo quando vi um sorriso repuxar seus lindos lábios. Não mostrou os dentes, mas mesmo assim era um mini-sorriso arrasador, que fizeram meus próprios lábios se repuxarem também.

Tudo sumiu a minha volta quando o vi se aproximar de mim. Quis fugir, mas obriguei-me a me manter firme. Ele estava tão bonito e elegante enquanto eu devo parecer toda desgrenhada. Era um príncipe, e eu, a gata borralheira.

Seu olhar intenso não se desgrudou de mim enquanto se colocava na minha frente. Ele não era muito mais alto que eu, mesmo assim me sentia intimidada ao levantar a cabeça e fitar seus olhos de tom tão misterioso.

Me obriguei a tomar a palavra primeiro.

— Sasori...— falei em tom baixo e suave. Um sorriso triste tocou meus lábios. — Você já está indo?

Ele olhou para chão e assentiu.

 — Pois é...— levantou seu olhar e me fitou com preocupação. — Mas não pense que eu não queria me despedir de você. Eu...queria te ver antes de ir, mas não deu. — sorriu.— Sorte que está aqui agora.

Meu coração se aqueceu com suas palavras. Esse era Sasori, o rapaz que amolece meus sentimentos apenas com algumas poucas palavras. Depois disso, me senti muito mais motivada. Era hora de arriscar. Sasori é um cara gentil. Se fosse me rejeitar, faria com o máximo de tato possível, o que já me deixa um pouco aliviada.

Então, eu faria. Mas era difícil me concentrar nas palavras quando meu coração batia tão forte, a ponto de eu achar que era possível até ouvi-lo. Conseguem escutar daí? Aposto que sim.

— Err...Não foi bem sorte...— dei sorriso acanhado e fitei meus pés. — Eu...Eu desci aqui para ver se ainda te encontrava.

Concentrei minha atenção em meus sapatos brancos, o bico apontando em direção ao tênis dele. Quando Sasori nada disse, levantei os olhos com cautela. O que vi na sua expressão me deixou intrigada. Seus olhos brilhavam de uma forma que não consegui identificar e um canto dos lábios estava erguido.

— Então, você veio me procurar? — perguntou em tom baixo para que ninguém  pudesse ouvi-lo além de mim.

Meneei a cabeça lentamente. Meu coração falhou duas batidas quando vi seu sorriso aumentar. Tive a impressão que seu rosto se inclinou e ficou mais próximo do meu.

— E, eu posso saber por quê?

Arregalei os olhos. Senti meu rosto corar. Hesitei em responde-lo enquanto me pressionava com seu fixo em mim.

— Me conta...Por favor. — sua voz baixa e sensível eram como caricias em meus ouvidos.

Mudei de ideia sobre Sasori ser completamente gentil. O que ele estava comigo, a forma como está me deixando nervosa, compreendi que o ruivo sabe ser maldoso quando quer.

Me dei por vencida. Não vou perdoa-lo por isso, mas está na hora de confessar. 

— Eu...

De repente um homem agarrou Sasori pelos ombros e disse em alto som:

— E ai, rosinha! Olha se não é a enfermeira mais gracinha que já vi.— Era Deidara. Ele chegou em péssimo momento, pude deduzir pelo olhar raivoso que Sasori lhe lançou. Eu não sabia se estava aliviada por ter me livrado de falar ou irritada pelo jeito que falou de mim. Sem falar que chamou a atenção de todos que transitavam pelo saguão do hospital, que olharam em nossa direção. — Não nos apresentamos direito da última vez. — continuou Deidara com um sorriso sátiro. — Sou Deidara Osama, melhor escultor do país, a seu dispor.— fez uma reverencia esquisita.

— Prazer em conhece-lo...— falei, sorrindo amarelo.— E eu não sou enfermeira ainda.

— O que está fazendo, Deidara?— O Sasori perguntou, um tanto quanto rude.

— Ué, já terminei de fechar a conta do hospital. Podemos ir, agora.

O ruivo revirou os olhos.

— Vai indo na frente. Me espera lá fora.

O loiro franziu a testa. Olhou para mim, depois de volta para Sasori, então sorriu malicioso, fazendo meu rosto esquentar.

— Entendi...Você tá querendo combinar um atendimento privado com a enfermeira gatinha. Será que tem como reservar para mim, também?

Engasguei, chocada. O som não foi nada elegante porém Sasori mal prestou atenção por causa dos absurdos que seu amigo dizia.

— To precisando muito de cuidados médicos, sabe, tenho um ferimento bem aqui. — Deidara levou a mão até abaixo de sua cintura, mas antes que o mesmo pudesse tocar a região que eu desconfiava que tocaria, Sasori o segurou pelo punho com força e lhe lançou um olhar assassino.

— Porra, vai embora logo, antes que eu te espanque aqui mesmo.

O loiro riu, deliberadamente alheio ao meu olhar irritada.

— Só estava brincando. Relaxa. — levantou as mãos em rendição e começou a se afastar. — To indo, gracinha. Não sinta muito minha falta. E, Sasori, vê-se não demora muito. Temos muitas coisas para fazer hoje.

Dito isso, o loiro desagradável abriu uma das portas de vidro e saiu. Olhei para Sasori e vi que o mesmo ainda fuzilava as costas do amigo que acabara de partir.

Seu olhar se suavizou quando pousou de volta em mim.

— Desculpe-me pelas brincadeiras sem graça dele.

Mesmo ainda estando brava, balancei levemente a cabeça. Como uma pessoa tão boa como Sasori podia ter amizade com aquele pervertido?

— Você não tem que se desculpar por ele.

— Mesmo assim, sinto muito. Ele interrompeu o que você ia dizer.— senti seu olhar voltar a ficar intenso sob mim e o nervosismo que esquecera a pouco instantes atrás voltou a me dominar com força total.

Levei a mão à nuca e cocei, olhando em volta. Perdi um pouco o clima, agora estava ciente de todos que estavam ao redor e comecei a pensar que se uma das minhas supervisas me visse ali, conversando com Sasori, não ia pegar bem, mesmo ele sendo ex paciente.

O ruivo pareceu perceber meu desconforto pois olhou ao redor também.

— Se não quiser falar, tudo bem.— disse, porém percebi que seu maxilar estava tenso.

Foi então que entendi o que ele realmente esperava.Acho que minhas desconfianças estavam corretas, Sasori é tímido. Talvez ele queira que eu dê o primeiro passo, mesmo que seja de leve.

Respirei fundo e tomei coragem. Fixei meus olhos no seus com determinação e tentei passar com meu olhar tudo o que estava sentido.

— Sasori, eu gostei muito de conhecer de você. — confessei.

Seu rosto permaneceu sério porém eu pude distinguir um certo brilho em seus olhos.

— Eu também, Sakura. – sussurrou.

Quase explodi internamente. Minha confiança aumentou.

— Eu estou feliz que tenha se recuperado, mas...— comprimi minhas mãos em meu peito e fitei o chão.— Irei sentir falta de te ver todos dias.

Escutei ele arfar mas não tive coragem de olha-lo.

— Também não gosto da ideia de nunca mais ver você. — ele falou. Senti seus dedos tocarem meu queixo e logo me fizeram levantar a cabeça para encara-lo. Ele recolheu a mão rápido, antes que qualquer pessoa presenciasse o contato. Mesmo assim, pude sentir minha pele queimando na pequena região que ele me tocou. — Mas a gente ainda pode se ver.

Meus olhos se arregalaram e tremi de ansiedade.

— Como?

Fiquei na expectativa que ele pediria meu telefone. Ou então, achei que ele me passaria o seu quando, lançando mais um olhar cuidadoso ao nosso redor, ele levou a mão ao bolso da jaqueta.

— Não dá pra combinar muita coisa agora, não quero coloca-la em maus lençóis. — falou, então ele estendeu dois envelopes pequenos que tirou do bolso. Não compreendi o que eram mas admirei a elegância do embrulhe. — Eu queria dar para você dois convites vips para uma exposição na minha galeria. Pedi que Deidara trouxesse justamente para lhe presentear por tudo que fez por mim. Achei que tinha perdido a chance quanto não te vi hoje.

Fiquei surpresa. Em uma de nossas conversas aleatórias, ele havia me contado que era dono de uma galeria de artes, coisa que eu não achei nada modesta. Não imaginei que ele poderia me convidar para ir lá durante uma exposição, uma vez que o ingresso era caro por ser uma galeria muito famosa. Mas aqui está ele, me presenteando com convites VIPs. Não apenas um, mais dois convites.

— É no sábado. Será um evento especial, já que a galeria ficou fechada todo o tempo em que estive internado. Meus colegas de trabalho vão fazer uma comemoração pela minha volta. Queria muito que você fosse.

Seu olhar suplicante me desfaleceu. Tive que me segurar para não pular de alegria.

— São dois convites, para que você possa levar um acompanhante.— completou. Suas sobrancelhas se ergueram levemente. — Pode levar quem quiser.

Assenti e sorri agradecida, pegando os dois envelopes de suas mão. Meu dedos roçando de leve na sua pele, o que enviou choques térmicos por todo meu corpo.

— Eu irei. Muito obrigada.

— Estarei te esperando, então. Poderemos conversar melhor lá. — disse, dando aquele sorriso amável que eu tanto gosto. — Tenho que ir agora.

Um pouco abobalhada, balancei a cabeça devagar.

— Tchau. Sakura.— murmurou passando por mim, seu ombro encostando levemente no meu.

— Tchau.— sussurrei tão baixo que duvidei que ele possa ter escutado.

Não resisti em virar para observa-lo caminhando até a saída. Seus passos eram leves e lentos. Não pude evitar sentir um aperto no coração, mesmo sabendo que ainda teria a possibilidade de encontrá-lo novamente. Tudo ao meu redor pareceu sumir novamente quando o vi abrir a porta de vidro. Quando ele se virou para sair, me flagrou encarando-o. Meu rosto deve ter corado.

Vi seus olhos olharem para os lados, como se estivesse se certificando de que ninguém estaria vendo, depois se fixaram em mim. Então, piscou um olho.

Eu não entendi bem o que aquilo significou, mas quase desmaiei ali mesmo.