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História Nossas Estações - Cigarros


Escrita por: Shampoo04

Notas do Autor


Eu tenho um enorme carinho por este capítulo, ele é o menos até agora e os personagens nem têm nomes, mas antes o principal se chamava Tobias eu acho... Ou esse é o nome de um outro dessa fic? whatever
Não que seja muito relevante pra plot todo
Acho que atualmente ninguém lê Nossas Estações, mas isso não me impede de me divertir aqui um pouco, como os capítulos não tem sequencia mesmo é super descontraído escrever.
Olá, se alguém algum dia ler.
Espero que tenha uma ótima leitura beijooos <3

Capítulo 6 - Cigarros


Era só colocar cigarro na boca, acender o isqueiro e ele logo aparecia brigando comigo.

-Você vai acabar se matando se continuar fumando deste jeito.

É o mesmo discurso de sempre, eu faço isso até conseguir sua atenção para poder enche-lo de beijos. Tem sido assim há tanto tempo que já me acostumei com suas brigas.

Nos conhecemos na faculdade, eu o encontrei na secretaria discutindo com a moça sobre não ter um comprovante de endereço.

-Mas eu vou perder minha matrícula por ISSO?! – ele disse indignado.

-Senhor eu sinto muito, volte com sua documentação em dia.

Ela saiu para evitar discutir ainda mais com ele, inconformado. Batia no vidro chamando ela de volta e gritava. Sabia que a segurança ia chegar a qualquer instante e vendo aquele cara mal vestido, sujo e mal cheiroso fazendo algazarra... Certamente que iriam tirá-lo dali.

-Ei, se acalma – chamei sua atenção e seus olhos castanhos se voltaram para mim, marejados.

Procurei rapidamente em meus bolsos o maldito comprovante de endereço.

-Aqui. Fala que sou seu parente distante, sei lá.

Ele um pouco receoso esticou o braço e pegou aquele papel amassado como se sua vida dependesse daquilo. Me agradeceu com um sorriso sincero que nunca tinha visto antes e eu idiota me encantei.

-Você deveria parar de fumar – e se despediu. Deixando-me só com a lembrança daquele sorriso belíssimo no meio dos trapos que usava.

Eu, estudante de música, precisei eternizar aqueles olhos castanhos em mim. Compus uma música para ele e novamente me apaixonei. Normalmente vendo essas músicas que componho e é assim que me mantenho aqui, mas esta não. Ela eu guardei como meu bem mais precioso.

Vez ou outra tinha o prazer de encontra-lo na biblioteca. Ele sempre concentrado em seus livros imerso no seu próprio mundo. Eu sempre precisava levar para casa o livro que pegava, pois nunca me concentrava quando ele estava por perto.

Notei que ele sempre usava as mesmas roupas, estava sujo, esfarrapado, magro. Quando tive a oportunidade de falar o convidei para tomar um café. Não cheirava bem, não estava belo, sequer tinha materiais decentes, se negou e negou e negou.

-Eu... Posso parar de te incomodar, se quiser – disse. – É que gostaria muito de ter sua companhia, sempre nos divertimos muito conversando aos arredores da biblioteca, mas você sempre nega meu convite.

-Não quero que te vejam comigo.

Tinha entendido com aquele pouco que disse sobre si, que ele não era daquele jeito por falta de higiene ou qualquer coisa assim. Eu chamei então para um picnic, ele receoso aceitou. Escolhi um lugar mais calmo, em que ele pudesse se sentir à vontade e esperei ele se abrir

-Eu fugi de casa. Na verdade fui expulso – ele se pausou, pesando as palavras que usava.

O cigarro que eu fumava ainda estava aceso, respirei forte e então coloquei a fumaça para fora, ouvindo suas palavras.

-Meus pais são extremamente religiosos, íamos ao culto rigorosamente todas as quartas, sábados e passávamos o dia na igreja domingo em projetos de ajuda aos mais carentes. Até que eu gostava disso, a gente podia falar que era feliz, mas teve um dia que eu comecei a gostar de um rapaz da mesma igreja... – ele me olhou, vendo o efeito daquela confissão sobre mim. Eu confesso que me alegrei em saber que ele já tinha gostado de rapazes antes, fumei mais um pouco, ele que sempre me advertia para parar de fumar, hoje sequer notou o cigarro. – Me senti, no início, estranho por isto – ele prosseguiu. – Mas no último mês, tomei coragem de contar aos meus pais e o resultado... Você já deve ter entendido.

-Sinto muito pelos seus pais.

-Todos sentimos.

-Sabe eu também já fui de ir à igreja com meus pais aos domingos – ri um pouco, não faço isto há anos! – Hoje em dia eu não acredito nessas coisas... Com todo respeito.

-Eu não sei se acredito nessa coisa mesmo, a tal família.

Ele se calou. Quieto lanchou. Quieto permaneceu à tarde toda, quando notei que havia cochilado na toalha estendida na grama do campus. Quando ele acordou a primeira coisa que me disse foi.

-Você vai acabar se matando com este cigarro.

E eu sorri um bom dia.

-Você bem que poderia passar uma noite no meu apartamento. Acho que ele é bem mais confortável que esta toalha.

A primeira coisa que ele fez quando chegamos foi tentar se ajeitar. Tomou banho, fez a barba, lavou o cabelo e dei a ele roupas limpas e insisti que queimasse as antigas.

O dia levemente frio indicava que choveria esta noite. Ele com a pele quente do banho e com os cabelos pingando se prostrou à minha frente. O cheiro era do meu mesmo sabonete de lavanda de sempre, mas caia tão bem na pele dele. O shampoo anticaspa e seu cabelo penteado para trás. Minha blusa de linho que ganhei dos meus pais natal passado que nunca tive coragem de usar. Ornavam ele tão perfeitamente que era exatamente como aquela música que compus à ele.

-Deixei as cobertas sobre a cama, se precisar de outras – assoprei a fumaça do cigarro. – Estão no guarda roupas, na porta de espelho.

-Você não vai dormir comigo? – ele me perguntou e não resisti olhá-lo bem, para guardar sua imagem em minhas íris.

-Não se sinta obrigado a dormir comigo. Fico bem só de saber que você está seguro agora.

Ele se enrubesceu. Não sabia que era capaz de ver tal cor em suas bochechas, seus olhos castanhos me encararam firmes e responderam.

-Erro meu – se corrigiu. – Venha dormir comigo então.

Eu de carne e osso, apaguei meu cigarro, as luzes, o dia. O segui. Quietos andamos pelo pequeno corredor até o meu quarto. Tive enorme prazer em tirar a camisa recém vestida, minha e dele. Ele com os olhos um pouco perdidos não sabia bem onde me tocar. Eu que já o aguardei por tanto, não tive pressa em beijá-lo aos poucos centímetro por centímetro, ele com desejo me correspondeu. O lençol branco sob ele se enrugava a cada mísera estocada minha. Eu não sabia como não deixar marcas em seu pescoço moreno e a capa do travesseiro vermelha já não mais continha seus gemidos dengosos chorosos e acalentadores. Dominados pela carne então nos desfizemos de nós um no outro.

Quando dei por mim já eram 10h da manhã, merda perdi a aula. Ele lá não estava mais. A bagunça pelo quarto mostrava quão intensa havia sido a noite. Se ao menos ele estivesse estado aqui.

Acendi o cigarro na sacada da sala e ele abriu a porta com a sacola de pães com sua frase feita.

-Você vai acabar se matando se continuar fumando deste jeito.

 

Enquanto eu o enchia de beijos me relembrei disto tudo que aconteceu, há tanto tempo, mas mesmo hoje eu sinto a mesma coisa por ele como se não tivesse passado nem um segundo desde que o conheci.

-Eu já te disse tantas vezes que você vai morrer de tanto fumar, isso te faz mal – ele disse se recompondo.

-Talvez eu acabe mesmo morrendo, mas não me adianta viver se você não estiver aqui.

-O que você vê de bom neste cigarro? – Eu só fiz rir.

-Você – respondi com uma cara levada, que se não o irritasse... Poderia fazê-lo voltar para os meus braços.


Notas Finais


Não usem drogas!!


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