História Nosso caos - Desejo

Havia anoitecido, minha cabeça estava doendo e eu não havia arrumado nem metade da sala. E olha que eu trabalhei sem parar, quer dizer, eu parei para almoçar mas foi só.

Ainda tinha muitas caixas com aparentemente coisas inúteis. Um computador que me deixou tentada a ir mexer nele, embora eu não levasse muito jeito com Internet.

Na hora do almoço eu havia procurado por Kellan e o encontrado parecendo bem feliz com seu instrutor.

-- Eu consegui o emprego. - eu disse, o abraçando.

-- Parabéns, amor!

-- O senhor Klein é o Adam, o cara que comprou a minha casa.

-- Adam Klein?

-- Pois é, você conhece?

-- Amy, ele tem 23 anos e é só um dos mais jovens campeões do circuito estadual. Eu escutei falar muito dele o dia todo. E ele está morando na sua casa... que tentação, Amy.

-- E como você está indo até agora, Kellan? - desviei o olhar, mudando de assunto.

-- Razoavelmente bem. Vai fazer o quê hoje a noite?

-- Fiquei de sair com Alistair.

***

E agora que estava escuro, eu tinha que correr para me arrumar.

Passei as mãos no cabelo, sabendo que precisava de um banho.

Merda. Eu tinha que usar o banheiro do andar de baixo. O único quarto com banheiro era o do caubói.

De olhos fechados, debaixo do chuveiro, eu não queria pensar em Adam Klein. Mas ele dormiria no quarto ao lado do meu. Quem sabe se eu tiver uma noite de transa louca com Alistair eu esqueça desse fato.

Eu perdi a virgindade com 15 anos, com um cara mais velho que na semana seguinte foi estudar agronomia na cidade grande. Depois saí com mais dois caras antes de começar a namorar com Alistair.

Essa noite vamos ao cinema. Só que Hargrove não tem cinema. Então vamos fazer uma viagem de uma hora e meia até outra cidade. Eu vesti uma calça jeans confortável e uma blusa folgada.

Desci as escadas e paralisei.

-- Puta merda. Você está linda, Amy. Vai sair? - Adam estava avaliando minha aparência. Tive vontade de sorrir

-- Não que seja da sua conta, mas sim. Vou sair com meu namorado. - murmurei e vi seu corpo enrijecer.

-- Você tem namorado?

-- Tenho.

-- Quando você disse que só estava aqui pela a sua avó, eu pensei que não tivesse namorado. - Adam falou casualmente.

-- Porque?

-- Porquê você teria dito, estou aqui pela a minha avó e pelo meu namorado.

-- Isso não é mesmo da sua conta. Não me espere acordado. - eu sussurrei.

Saí de casa antes que decidisse ficar, mas ainda sentia os olhos dele em mim.

Alistair e eu assistimos a um filme que ele queria ver a muito tempo. "Herança de sangue". Até os filmes demoravam a chegar por aqui.

Nos dois dias que se seguiram, eu trabalhei duro e o escritório de Adam Klein ficou organizado. Nesses dois dias eu pouco o vi.

Ele saia de casa antes que eu saísse do quarto e só voltava tarde quando eu já estava deitada. Quando o vi na fazenda ele estava sempre conversando com alguém.

Adam era inteligente, dava para ver isso de longe. As pessoas viam tirar dúvidas com ele.

Naquela manhã, eu estava tomando café na cozinha, e me assustei ao ouvir o piso de madeira ranger.

Adam usava jeans e camiseta, ficava tão bem em seu corpo, que eu perdi um minuto imaginando como ele seria por baixo daquela roupa.

Ah não. Olha para cima, Amy.

Mas seus cabelos negros e olhos castanhos não ajudavam.

-- Vi que terminou de arrumar minha sala, ficou bom. - ele veio até mim, passando as mãos pelo cabelo.

-- Obrigada.

-- Pensei em te dar uma carona. - ele disse sorrindo.

-- Não precisa. Eu gosto de caminhar. - resmunguei, me levantado.

Minhas pernas já estavam bambas com sua proximidade, se ficássemos em um local pequeno e fechado como a sua picape, o que aconteceria?

Comecei a me afastar indo em direção a porta da cozinha.

-- Espera, Amy.

-- O quê?

Ele me encostou na parede, me deixando mais trêmula ainda.

Tive forças de apoiar uma mão em sua barriga, em uma fraca tentativa de mantê-lo a distância, mas foi pior. Sentir os músculos de sua barriga só me fez desejá-lo mais.