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História Nosso Clichê - Dramione - Medo


Escrita por: Smel

Notas do Autor


Oi queridos!!!
Eu estou feliz por conseguir postar cedo. Esse fim de semana vai ser uma loucura, então eu não sei quando vou conseguir voltar para responder os comentários de vocês!
Espero que gostem!

Capítulo 21 - Medo


POV Draco

Desci as escadas internas da arquibancada onde eu estava até eu encontrar uma linda moça com os cabelos armados e encaracolados sentada em um dos degraus. Seus cotovelos estavam apoiados sobre os joelhos e seus olhos estavam fechados enquanto ela respirava profundamente.

Os cantos dos meus lábios estavam erguidos em um pequeno sorriso quando eu caminhei até me sentar ao lado dela.

— Oi, Draco. – Ela disse, tranquilamente, sem nem abrir os olhos e eu franzi o cenho.

— Oi... Como sabe que sou eu?

— Seu perfume. – Ela respondeu, encostando a cabeça em meu ombro e suspirando. – Ele é feito só pra você, não é?

— É. Foi um presente da minha mãe. – Eu fiz uma careta pela sua pergunta, enquanto abraçava seus ombros, esfregando seu braço com a minha mão. – Dei meu sangue por esse perfume.

— Ah, eu imagino… – Ela abriu os olhos, com um sorriso brincalhão e eu não resisti. Segurei seu rosto e toquei nossos lábios gentilmente, seu sorriso se alargou mais e ela deu outro suspiro.

— Sério, eu dei o meu sangue. Literalmente. Três gotas.

— Pra que? – Ela fez uma careta e eu gargalhei.

— Porque é o meu cheiro. Ninguém vai ter um igual.

— Você é um metido, sabia? – Ela murmurou, escondendo o rosto em meu pescoço. Eu sorri com isso e esfreguei minha mão em suas costas.

— Talvez, talvez, mas você gosta de mim ainda assim… – Dei um beijo em sua testa. – Você me parece cansada. Está tudo bem?

— Só preciso de uns minutinhos. Está acontecendo muita coisa ao mesmo tempo, eu sinto que eu preciso de colo, mas vou ficar bem. – Ela sorriu e se afastou um pouco. Senti algo se revirar em meu estômago. Eu odiava vê-la assim por conta do ocorrido com seus pais ou de qualquer outra coisa. Eu queria estar lá para ela. Eu queria fazer por ela o que ela fazia por mim. Queria ser pra ela o que ela era para mim, então pigarreei.

— Eu posso te dar colo… – Sugeri e ela suspirou, negando com a cabeça.

— É fofo da sua parte, mas você não precisa fazer isso.

— Eu quero fazer isso. – Esfreguei meu rosto e bufei, decidindo que aquele era o momento ideal para ser sincero. – Você tem me feito sentir coisas demais, garota.

— É? Coisas boas? – Ela deu um sorrisinho e eu assenti. – E você quer falar sobre isso, garoto?

— Me dê mais uns dias para eu organizar meus pensamentos. – Pedi e ela assentiu, passando os dedos pelo meu cabelo. – É eu sei, meu cabelo está comprido, preciso cortar.

— Está lindo assim. Eu gosto. – Ela sorriu. A Pan teria que me desculpar, mas o carinho da Hermione era o melhor que eu já havia tido na vida, então resolvi fazer o que eu fazia de melhor, deitei minha cabeça em suas pernas, voltando a colocar sua mão em meu cabelo. – Achei que era você quem ia me dar colo…

— Ah, não faça isso comigo, o cafuné está gostoso. – Eu pedi e ela gargalhou. – Temos a tarde livre, podemos revezar…

— Eu não quis atrapalhar seu momento com os amigos, mas eu… – Ela se interrompeu e torceu os lábios.

— Mas você…?

— Mas eu encontrei com a sua irmã e ela pediu para dormir no nosso quarto, quer dizer, salão e ela é tão empolgada e…

— Você sentiu minha falta… – Brinquei e as bochechas dela ficaram imediatamente vermelhas, comprovando o que eu tinha acabado de dizer. – Você sentiu a minha falta mesmo! Sentiu sim!

— Pare de ser um idiota arrogante ou eu paro com o cafuné. – Ela disse, deixando à mostra sua expressão severa e eu precisei segurar o riso.

— Estraga prazeres. – Reclamei e ela bufou. – Você podia ter ido lá pra cima. O Blás não morde e a Pan só morde se você pedir.

— Eu não quero ser a namorada louca que invade o seu espaço pessoal e que escuta suas conversas com os seus amigos… – Ela engoliu a seco. – Não queria atrapalhar vocês…

— Você disse “namorada”? – Eu a encarei e, mais uma vez ela ficou vermelha, me fazendo rir.

— Podemos falar sobre isso quando eu organizar meus pensamentos? – Ela fez uma careta e eu sorri, assentindo.

— Só quero que você se sinta bem-vinda onde quer que eu esteja. Com quem quer que eu esteja, eu acho que nunca serei capaz de reclamar por ter você por perto. – Tirei sua mão do meu cabelo e dei um beijo no dorso. – E eu estou sendo sincero agora.

— É bom saber disso, Draco. – Ela deu um sorriso sem dentes e eu, ao sentir uma brisa fria me atingir, me levantei de seu colo, deixando-a confusa. – Algo errado? – Ela perguntou, a insegurança aparente em sua voz. Em resposta eu apenas neguei com a cabeça e me expliquei.

— Está esfriando, vamos para o salão e ver o que o Banny pode nos fazer para o jantar.

— Eu nem almocei. – Ela suspirou, se colocando de pé e desamassando as vestes.

— Não? – Franzi o cenho, preocupado e ela negou, colocando sua bolsa sobre o ombro esquerdo. – Como não?

— Estava sem fome…

— Hermione! – Eu revirei os olhos e ela suspirou. – Está acontecendo algo que eu deva saber?

— Não entendi…

— O Weasley foi falar com você depois da aula. Ele te chateou?

— Não. – Ela encolheu os ombros. – Acho que fui eu quem o chateou, na verdade…

— E você está se sentindo mal por isso.

— Mais ou menos. É complicado…

— Me explica. – Pedi, me levantando e segurando a sua mão para guiá-la escada acima.

— Outra hora. – Ela disse gentilmente. – Eu preciso colocar meus pensamentos no lugar antes de falar sobre isso também.

— Você que sabe, linda. Sabe que quando quiser falar, estarei aqui. – Acariciei seu rosto e ela assentiu com um sorrisinho. – Vamos buscar a peste e depois eu vou cuidar de vocês duas.

Mione sorriu e assentiu, concordando e segurando minha mão para que subíssemos juntos os degraus de madeira. Quando chegamos no topo da arquibancada eu fiz um sinal para que mérope viesse conosco e ela correu até mim, me abraçando, com a animação de sempre. Depois de me soltar, ela olhou de mim para Hermione e deu um sorriso diabólico.

— A gente vai para o salão agora?

— A gente vai. – Eu respondi, segurando sua mão e caminhando pela escola entre as duas garotas até que chegássemos no quadro. As duas não pararam de conversar sobre runas durante o caminho e eu secretamente me senti confortável com essa interação. Seja lá o que eu tinha com a Hermione, teria que ser do gosto de Mérope, porque eu queria ter uma boa convivência com ambas e não queria que intrigas atrapalhassem isso.

Aparentemente eu não precisava me preocupar com aquelas duas, elas já pareciam grandes amigas sem nenhuma intervenção e eu resolvi levar isso como um sinal de que era a coisa certa a se fazer.

*****

— Ela demora tanto assim no banho? – Minha irmã perguntou, parecendo frustrada e eu gargalhei. Horas tinham se passado e durante o dia todo Mérope tentou me deixar grudado com a Mione, o que era engraçado, porque nós começamos uma brincadeira silenciosa de nos afastarmos só para medir os esforços da pequena peste.

— Ela demora o tempo que precisar. – Respondi, virando uma página do meu livro. Mérope se enfureceu, dando um rosnado e arrancando violentamente a cabeça de seu sapo de chocolate. A verdade é que eu também queria que Hermione viesse logo. Ficar perto dela me fazia esquecer de todo o resto e me deixava seguro, mas eu tinha obrigações de irmão mais velho para cumprir e uma delas era irritar a pirralha.

— Você precisa parar de ser um molenga e pedí-la logo para se casar com você.

— Casar? – Arregalei os olhos, fechando o livro em um rompante. – Mas eu não penso em casar. Não agora! Eu preciso cuidar da mamãe e eu sou muito novo para...

Mérope caiu na gargalhada e eu fiquei sem entender o porquê, então apenas esperei que ela parasse para que pudéssemos voltar a conversar.

— Eu só estava brincando, seu idiota! Você precisava ter visto a sua cara de pânico! – Ela deu mais uma risada, enquanto enxugava as lágrimas que caíam de seus olhos – Ai, meu Deus, essa foi a melhor do dia.

— Peste! – Rosnei e voltei a abrir o livro.

— Mas vocês deviam namorar…

— Eu sei. – Encolhi os ombros.

— Então por quê não namoram?

— Não queremos nos precipitar. Nosso passado é conturbado demais e não queremos machucar um ao outro.

— Vocês complicam demais as coisas. Essa história toda de “passado conturbado, bla bla bla” é só uma desculpa para que vocês não se assumam.

— O amor é complicado, pirralha. – Eu suspirei e ela engatinhou até mim, roubando o livro da minha mão. – Ei!

— Isso quer dizer que você a ama?

— Eu não disse isso. E como eu posso saber? Eu nunca me apaixonei…

— Que triste. – Ela fez uma careta de dor e eu sufoquei uma risada ao mesmo tempo em que Hermione entrava na sala, vestindo o seu pijama, uma calça azul e uma blusa branca com finas listras horizontais da cor da calça. Ela se aproximou e se sentou timidamente em um canto do sofá onde eu estava deitado. Eu adorava quando ela era tímida, ficava todo bobo ao ver suas bochechas vermelhas e seus ombros estreitos encolhidos contrastando com o seu sorriso gentil.

— Quer deitar? – Perguntei, apontando para o sofá e ela negou com a cabeça. – Ainda preocupada com o Weasley?

— Draco, ele é meu amigo. Eu tenho medo de quando ele souber que… – Hermione ia falar, mas parou ao olhar para Mérope, que prestava atenção na conversa como se fosse uma das participantes. Eu assenti, para mostrar que tinha entendido, e ela encolheu os ombros.

— O que pode acontecer? – Estreitei os olhos e ela suspirou, encolhendo as pernas e abraçando os próprios joelhos.

— Ele vai surtar. – Ela engoliu a seco. – E depois vai jogar na minha cara que eu o deixei pra ficar com você e provavelmente não vai querer olhar para mim por um bom tempo, isso se um dia ele voltar a olhar para mim.

— Ele estaria sendo um idiota se fizesse isso, Hermione.

— Draco, ele ainda considera muito tudo o que aconteceu no passado e, bem, vocês dois não têm um bom histórico de convivência. – Percebi a cautela que ela usou para dizer essas palavras em seu tom de voz. Me sentei no sofá imediatamente, engolindo à seco já que a conversa havia atingido um tom mais sério.

— Hermione, eu sei que eu fui um escroto. Eu sei que eu fiz muita coisa errada. Eu humilhei a família dele, eu te humilhei, mas eu mudei. Porra, eu mudei. Eu estou arrependido e eu quero tentar de novo. – Senti algo queimar em meu estômago e a minha garganta se fechar enquanto eu inspirava e expirava com velocidade. Minha voz aumentou de volume enquanto eu me exaltava, furioso. – Por que será que nenhum filho da puta pode me dar a merda de uma chance? Por que todos só levam em conta a droga do meu passado ridículo? Eu já estou de saco cheio de toda essa merda!

— Draco, calma… – Ela pediu, assustada. Seus olhos poderiam saltar de seu rosto a qualquer minuto e notei medo neles. Ela estava com medo de mim, eu podia ver que ela não queria me deixar nervoso com suas palavras porque tinha medo que eu fizesse algo contra a sua integridade física ou moral. Não era só o Weasley que não tinha esquecido o meu passado. Ela também não tinha e isso me destruiu mais do que eu poderia dizer. Ela franziu o cenho e engoliu a seco. – Por que você está me olhando assim?

— Assim como? – Perguntei, em um falso tom informal que não passou despercebido.

— Como se você estivesse com… nojo de mim. – Ela murmurou e depois suspirou, olhando para a minha irmã. – Méro, porque você não vai até o meu quarto e faz um pouco de companhia para Julie?

— Tudo bem… – Ela disse em resposta, percebendo exatamente qual seria o tom da conversa que aconteceria na sala e foi correndo para o quarto.

— Draco, o que está acontecendo? – Hermione perguntou assim que a porta se fechou e eu suspirei, me levantando do sofá e começando a caminhar de um lado para o outro, energicamente.

— Você não é sincera comigo.

— O que? – Ela levantou a voz, o rosto franzido em uma careta. – Como assim “eu não sou sincera”? Do que diabos você está falando agora, Draco?

— Você tem medo de mim. Você não confia em mim. Você acha que eu posso voltar a o cara que te humilhava e te dizia aquelas coisas. Acha que eu vou te agredir a qualquer momento. Eu vejo isso nos seus olhos, Hermione. – Eu dei um soco sobre o granito da lareira e ela se sobressaltou, assustada. – Que droga! Eu fiz tudo. Eu fiz tudo o que eu pude para fazer você confiar em mim… Te levei no mundo trouxa, preparei jantares, te contei coisas sobre mim, você até me viu tendo aqueles malditos terrores noturnos, você tem idéia do quanto isso é humilhante pra mim? Porra! Eu odeio ser vulnerável, mas eu me prestei a esse papel para provar que era digno de sua confiança e nada! Isso é frustrante!

— Draco, eu… – Ela tentou falar, mas sua voz saiu embargada pelo choro, embora as lágrimas ainda estivessem contidas.

— Me diz. – Segurei seus ombros com delicadeza, fazendo com que ela olhasse em meus olhos. – Por que é que eu não posso ter você? Por que você não confia em mim? Por que você não me dá uma chance?

— Mas eu estou te dando uma chance…

— São só palavras, Hermione. Palavras não têm o menor valor para mim. Eu vejo nos seus olhos que você tem medo. Me diz, então, o que mais eu preciso fazer para que você confie em mim? Me diz, que eu faço… Eu só não quero gostar sozinho. E eu não preciso de piedade, Hermione. Mas eu não quero que você sinta medo de mim.

— Draco, eu juro, eu não tenho medo de você. – Ela disse, segurando em meu rosto firmemente. – Eu. Não. Tenho. Medo. De. Você. Me ouviu?

— Então do que você tem medo? Porque é óbvio que você tem medo de algo. Eu vejo isso nos seus olhos. Você está com medo agora. Do que você tem medo? – Perguntei, encarando-a fixamente. Ela engoliu a seco. – Responde, Hermione.  

— Eu… Não sei.

A risada sem nenhum humor escapuliu pela minha boca antes que eu pudesse controlá-la.

— Você não sabe?

— Não sei… Eu só estou confusa…

— Sobre? – Franzi o cenho. Ela podia sentir o sarcasmo em minha voz e parecia estar mais decepcionada a cada segundo, mas eu simplesmente não conseguia parar. Eu não aguentaria ser ferido mais uma vez. Não por ela.

— Sobre tudo…

— Sobre mim.

— Não, Draco…

— Faz o seguinte, Hermione: Me avise quando você finalmente confiar em mim e decidir o que você quer da sua vida. – Eu revirei os olhos e marchei até o meu quarto, que teve a porta batida com força demais.

Eu a ouvi gritar o meu nome e depois ouvi a porta do seu quarto se fechando.

Minha respiração estava entrecortada quando eu fechei os olhos, refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer naquela sala. Eu, mais uma vez, poderia ter estragado tudo. Fui rude e forcei um assunto desnecessário para aquele momento, mas Hermione mexia comigo bem mais do que eu poderia imaginar e isso estava começando a me deixar maluco.

Eu não conseguia entender o porquê de ter perdido o controle, simplesmente foi mais forte que eu e eu não pude evitar. No segundo em que eu me joguei sobre a cama, me senti arrependido por ter pressionado-a daquele jeito. Concordamos em ir devagar, afinal. Então qual era a porra do meu problema?

Eu precisava me desculpar com ela, mas antes de mais nada eu precisava pensar. Eu nunca havia me sentido daquela forma antes em relação a ninguém e eu não fazia idéia de como proceder. Eu precisava refletir sobre o quanto eu estava disposto a me doar e o quanto eu poderia me jogar de cabeça no que tínhamos, porque eu suspeitava que eu jamais conseguiria superar uma decepção amorosa.

Amorosa. Amor. Seria aquilo amor? E se não fosse, o que era? Milhares e milhares de perguntas das quais eu não tinha a menor idéia da resposta rondavam a minha cabeça e eu sentia que aquela era a hora de buscar respostas. Se eu assumisse todo esse ciclone de sentimentos que cresciam diariamente por Hermione, o que poderia acontecer? Nós poderíamos namorar, mas será que ela iria aceitar sair de mãos dadas comigo na frente das outras pessoas? E se não aceitasse, o que eu poderia fazer?

Eu estaria sendo egoísta demais em pensar em namorar com ela, sabendo que provavelmente ela nunca mais iria ter um segundo sequer de paz por conta do que as outras pessoas falariam sobre nós? Ela não merecia passar por isso, mas essa decisão não cabia somente à mim. Se ela quisesse passar por tudo isso ao meu lado, eu jamais negaria, mas eu saberia lidar com a culpa de vê-la sofrer pelo que as outras pessoas iriam fazer?

Desistindo de me torturar com esse tipo de pensamento, eu apenas arranquei a blusa que eu usava, a calça e me deitei sob as cobertas para que o cansaço daquele dia finalmente me fizesse dormir.

 


Notas Finais


Como sempre, uma treta, né?

Comentem!!! <3

Beijinhos e até a próxima!


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