Desde o primeiro surto as aparições de Boogieman na mente de Stanley pareciam ter parado de vez, mas isso não significa que suas palavras também pararam de o assombrar, o garoto continuava tão apavorado quanto no início, estava até precisando tomar remédios pra conseguir dormir sem ter que beber vodka porém isso estava o colocando em um sono tão pesado que ele mal conseguia acordar quando seus filhos choravam e acabava sobrando para o membro da banda que acordasse primeiro acalmar os pequenos, então com os remédios tendo se provado uma péssima ideia várias vezes o garoto passou alguns meses praticamente isolado em seu quarto sem saber o que fazer sempre tendo medo de machucar seus filhos, sempre que eles choravam querendo algo ou quando Frank levantava por conta própria pra procurar pelo pai era como se o moreno tivesse medo de chegar perto, como se apenas seu contato visual pudesse os machucar. E essa era uma dessas vezes, Stanley estava deitado em sua cama com as orbes cheias de lágrimas e seu corpo escondido nos lençóis, sua única vontade no momento era a de ficar lá até entrar em estado de decomposição, ele estava quase adormecendo de tão exausto que estava de chorar e sua dor de cabeça estava mais infernal que nunca, precisava de seus remédios mas estava exausto demais até para levantar, foi então que ele viu uma pequena garotinha de olhos verdes entrar pela porta que estava apenas encostada, ela subiu na cama e ficou encarando seu pai confusa.
—Papai? Você tá bem? —A pequena perguntou preocupada, Stanley se sentou tentando limpar as lágrimas.
—Eu estou sim... —Disse se encolhendo conforme a filha se aproximava só então percebendo o quanto ele parecia ridículo fazendo isso. Frank levantou os braços querendo que o pai a pegasse no colo, o moreno continuava com medo mas pelo menos sabia que era melhor pegar a pequena no colo do que a ignorar, ele a pegou ainda soluçando tentando parar com o choro, a Evans pegou os dedos metálicos do pai e colocou na boca, ele nunca achou que agradeceria por isso mas nessa situação ele era grato por ter próteses no lugar dos dedos ou a pequena os morderia até tirar um pedaço. Ele mesmo tentando não conseguiu evitar começar a chorar novamente olhando pra filha, se lembrando de desde quando ela era só um tufo de cabelos azuis até os dias de hoje que ela e o irmão estavam ficando tão pesados que não dava mais para pegar os dois no colo ao mesmo tempo como fazia quando eram ainda menores. —Frank... —Ele começou a falar entre lágrimas. —Ah Frank... Eu não quero te machucar, mas eu sinto que eu vou a qualquer momento, se eu fizesse algo com você e com o Nitch eu nunca iria me perdoar.
—Papai... —A garota se pos em pé no colo do progenitor e abraçou seu pescoço, era como se ela tivesse entendido a situação mas em teoria ela era pequena demais pra isso. —Você me ama? Eu amo você, você não vai me machucar. —Disse com sua vozinha fofa de bebê, as orbes de Stanley se encheram de lágrimas.
—É claro que eu te amo, meu bem... —Falou abraçando a filha também. —Tem razão, eu amo muito você e nunca te machucaria. —Ele então levantou da cama com a pequena em seus braços, ele tentava sorrir novamente. —Vamos voltar pro seu quarto, você precisa dormir e se seu irmão acordar sozinho ele vai começar a chorar.
—Dormir não! —Gritou se debatendo, o moreno riu daquilo já acostumado com toda aquela birra na hora de dormir.
Ao voltar pro quarto com a filha quase pulando pra fora de seu colo, de fato Nitch estava acordado e chorando baixinho sentado no berço, Stanley fez o que sabia fazer de melhor para colocar os filhos pra dormir, cantou uma música, pra ser mais preciso ele cantou Tomorrow comes today, era uma música que ele sentia uma conexão especial porque a lembrança mais antiga de sua vida é Stuart cantando ela, então ele chegava se se emocionar cantando ela. Logo depois de terminar Nitch já estava dormindo de novo, porém, para a não tão surpresa do Niccals, Frank continuava agitada em seu berço.
—Canta outra, papai! —Praticamente gritou balançando o berço.
—Fale mais baixo ou vai acordar seu irmão de novo. —O moreno então pegou o celular e abriu uma playlist. —Que música você quer? Mas só uma hein, depois você vai direto dormir. —Disse entregando o celular nas mãozinhas da filha achando engraçado como ela compreendia aquilo sendo tão nova, diferente de Nitch que se desenvolvia mais lentamente.
—Essa! Essa! —Ela apontava pra uma música do Alec Benjamin chamada If we have each other.
A música foi apenas a escolha aleatória de um bebê mas por coincidência era a música que fazia Stanley se lembrar dele mesmo em todas as partes da música, ele respirou fundo se preparando e começou a cantar, sua voz fina era a mais suave possível cantando a música.
She was 19 with a baby on the way
On the East-side of the city, she was working every day
Cleaning dishes in the evening, she could barely stay awake
She was clinging to the feeling that her luck was gonna change
And, across town she'd take the bus at night to a one bedroom apartment
And then she'd turn on the light
She would sit down at the table
Tell herself that it's alright
She was waiting on the day that she hoped her baby would arrive
She'd never be alone
Have someone to hold
And when nights were cold, she'd say
The world's not perfect but it's not that bad
If we got each other and that's all we have
I will be your mother and I'll hold your hand
You should know I'll be there for you
And the world's not perfect
When the world's not kind
If we have each other then we'll both be fine
I will be your mother and I'll hold your hand
You should know I'll be there for you
They were 90 and were living out their days
On the West-side of the city next to where they got engaged
They had pictures on the walls of all the memories that they made
And their life was never easy they were thankful that they stayed
With each other and though some times were hard
Even when she made him angry he would never break her heart
And they didn't have the money to afford a fancy car
But they never had to travel 'cause they'd never be apart
Even at the end, their love was stronger then the day that they first met
They'd say
The world's not perfect but it's not that bad
If we got each other and that's all we have
I will be your lover and I'll hold your hand
You should know I'll be there for you
And the world's not perfect
When the world's not kind
If we have each other then we'll both be fine
I will be your lover and I'll hold your hand
You should know I'll be there for you
You should know I'll be there for you
I'm 23 and my folks are getting old
I know they don't have forever and I'm scared to be alone
So I'm thankful for my sister even though sometimes we fight
When high school wasn't easy, she's the reason I survived
I know she'd never leave me
And I hate to see her cry
So I wrote this verse to tell her that I'm always by her side
I wrote this verse to tell her that I'm always by her side
I wrote this verse to tell her that
The world's not perfect but it's not that bad
If we got each other and that's all we have
I will be your brother and I'll hold your hand
You should know I'll be there for you
And the world's not perfect
When the world's not kind
If we have each other then we'll both be fine
I will be your brother and I'll hold your hand
You should know I'll be there for you
You should I know I'll be there for you
—Outra! Outra! —Exclamou a pequena assim que a música acabou.
—Nada disso, nosso combinado é que você fosse dormir agora. —Disse tentando ajeitar a filha do berço mas ela continuava inquieta pedindo outra música. —Frank, se você não for dormir agora eu nunca mais canto.
—Po'caria! —Exclamou a pequena e logo se escondeu em baixo do cobertor. —Eu não quero dormir!
—Mas você precisamos dormir pra acordar bem descansada, amanhã é o aniversário de 20 anos do seu pai e nem que a gente só vá na casa dele à noite pra dar os parabéns a gente precisa fazer algo especial e lembrar a ele do quanto ele tá velho. —Disse rindo, ele saiu do quarto um pouco melhor do que entrou, pelo menos a música tinha o lembrado de que ele ainda tinha um motivo pra sorrir no dia seguinte, iria ver o namorado que tanto estava com saudade nem que fosse por pouco tempo.
Naquele dia ele dormiu cedo, tanto que o sol ainda estava se pondo quando ele deitou em sua cama novamente, seus filhos também não o acordaram durante a noite o que era muito bom...
Porém...
Sempre que algo bom está acontecendo algo ruim está acontencendo ao mesmo tempo.
A a banda inteira chegou em casa exausta das gravações pro novo videoclipe, Stuart logo que entrou caminhou em direção ao seu quarto, no caminho passou pelo quarto onde os bebês estavam e percebeu que Stanley muiito provavelmente tinha esquecido a porta aberta, ele segurou a maçaneta para fechar a porta mas antes deu uma última olhada nos netos, Nitch dormia encolhido e firmemente agarrado ao cobertor já Frank dormia completamente jogada no berço e não parava de se revirar um minuto, lágrimas escorreram de suas orbes, estava estragando sua vida e sendo um péssimo avô do jeito que estava se comportando, ele fechou a porta do quarto dos pequenos e foi para seu próprio, sentia tanta falta do Murdoc mas tanta raiva do mesmo por ter feito algo tão estúpido, faziam tantos meses que ele foi preso e mesmo assim a ausência do baixista ainda deixava Stuart terrível, ele só queria que o noivo fosse solto o maia rápido possível pra que eles pudessem finalmente se casar e viverem como uma família normal de novo.
Então naquela noite todos foram pra cama mais cedo e Stanley dormiu como um bebê, portanto ninguém viu o principal assunto do noticiário naquela noite, mas Ace viu, viu tudo suando frio e quase entrando em pânico sentado no sofá de casa.
A TV mostrava que já faziam mais de 24 horas que o detento Murdoc Faust Niccals estava desaparecido e naquela noite as roupas do mesmo foram encontradas no meio de uma floresta por um casal que passeava por lá, as vestimentas estavam rasgadas e com várias manchas de sangue pelo tecido, ele então foi dado como morto, mesmo que o corpo não tivesse sido encontrado a cena encontrada ali não deixava dúvidas na opinião dos peritos. O de óculos escuro jogou o controle na TV praticamente enfiando o objeto dentro da tela, ofegando com nervosismo, ele podia ouvir a risada medonha de Boogieman ecoando naquele cômodo.
—Não pode ser verdade... Não pode... Ele é o Murdoc Niccals, ele não morreria tão fácil assim. —O de óculos escuros repetia para si mesmo.
“Não perca mais tempo pensando nisso, eu sei que estava tentando libertar Murdoc para te ajudar a se livrar de seu acordo então eu dei meu jeito pra que isso não ocorresse, você precisa me entregar a alma do garoto em questão de horas se quiser continuar vivo, não vou alertá-lo de novo.” —A voz de demônio se manifestou no ambiente e sumiu tão rápido quanto apareceu.
Ace passou pelo menos duas horas apenas encolhido no sofá com vontade de chorar tentando absorver a notícia, Murdoc serviu como uma figura paterna pra ele quando era mais jovem e agora estava morto, como se isso não fosse ruim o suficiente agora ele não tinha outra escolha além de tirar a vida de um jovem pai, agora que seu único plano bom tinha ido por água abaixo seus outros planos não o renderam nada além de dor de cabeça, ele pensou em alternativas como se matar pra não precisar fazer isso ou tentar fugir do demônio como podia, mas todos esses planos tinham falhas notáveis, se ele se matasse apenas facilitaria para Boogieman pegar sua alma e ele não tinha condições nem de continuar morando onde estava quanto mais juntar dinheiro ou materiais para fugir para tão longe que o demônio não saberia onde procurar. Ele finalmente se viu sem escolha, quanto mais rápido fizesse o que precisava mais rápido o demônio o deixaria em paz, ele foi até seu quarto e pegou sua pistola guardada em baixo do colchão e então se preparou psicologicamente para cometer o pior crime de sua vida, com sorte o demônio o ajudaria a não ser preso depois, era seu único pensamento positivo no momento.
Saindo de sua casa tentando disfarçar seu nervosismo o máximo possível, ele finalmente chega na rua certa, estava silenciosa como nunca, afinal já era tarde da noite, indo até a residência da banda e sabendo qual era a janela do quarto de Stanley ele subiu até ela e a abriu sem muito esforço, entrando no quarto ele viu o garoto em um sono profundo enrolado até o pescoço com suas cobertas, era agora ou nunca, sua pistola tinha um silenciador então não seria problema fazer um trabalho rápido e discreto ali.
Mas antes que ele levantasse sua pistola pra atirar ele sentiu uma arma em sua nuca e o som da mesma destravando.
—Eu sinto muito, mas não posso deixar você fazer isso. —Era a voz de Liane. —Acha que só porque eu disse que você é um cara legal você tem o direito de matar meu irmão?
—Eu não sei do que você está falando. —Ace tentou mentir e levantou os braços em forma de rendição quase que automaticamete.
—Não se faça de idiota comigo Ace Copular, eu sabia que você ia aprontar algo hoje, acha mesmo que todo o tempo que eu passei na sua casa foi só porque eu te considero um amigo? —Ela pressionou a arma ainda mais contra a cabeça do mais velho. —Eu fiz minha própria investigação e descobri que você planejava tirar o Murdoc da prisão porque se ele não saísse você mataria o Stanley, eu não sei suas motivações mas é melhor dar meia volta antes que eu estoure seus miolos aqui mesmo.
—Escuta aqui criança, você não sabe de absolutamente nada, o seu pai está morto e eu preciso matar seu irmão por uma razão pessoal, agora é melhor você se afastar de mim, você não é a única boa com armas aqui. —Ameaçou tentando baixar uma das mãos para pegar a pistola mas a garota bateu o cano da arma mais forte contra sua cabeça.
—Você sabe quem eu sou, caralho? —Perguntou com um ódio quase palpável. —Responde, seu filho da puta! Porque você claramente não sabe quem eu sou pra me ameaçar assim. Responde agora!
—Você é a- —Ele ia dizer “filha do Stuart” mas isso se provou algo perigoso a se dizer até quando ela estava de bom humor quanto mais em uma situação dessas. —É a Liane Niccals Pot.
—Isso mesmo Ace Copular, mas eu posso rapidamente me transformar no seu pior pesadelo e na causa da sua morte se não sair daqui em questão de segundos, eu não me importo se meu pai está morto, isso não vai ser desculpa pra você matar outra pessoa da minha família. —Falou com frieza, aquela garota não podia ser só uma adolescente normal, ela parecia representar um perigo real apenas pelo modo de falar.
Ace suava frio, aquela garota não estava brincando, ela de fato atiraria nele se não saísse de lá, aquela garota era com certeza um obstáculo inesperado mas afinal não passava de uma adolescente que o esverdeado pudesse facilmente dar conta... Certo? Nem o próprio Ace tinha mais certeza naquele momento.
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