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História Nosso Futuro - O Quarto


Escrita por: ellebrocca

Capítulo 8 - O Quarto


Capítulo Oito

 

Pov’s Tsunade

 

Era dez e meia da noite quando chegamos ao bar que ficava embaixo do prédio onde Jiraiya morava. Pela nossa sorte não estava tão movimentado, então a noite seria nossa. Havia uma pequena televisão onde estava passando ao vivo todas as bandas tocando na arena, e logo depois apareceu reprises de quando Jiraiya apresentou-se, e o dono do bar o elogiou muito. Depois de um tempo fui perceber que o dono conhecia Jiraiya por ser seu cliente a tempos. Ash pediu cervejas, e Sky pediu alguns petiscos de carne. Jiraiya e Lenon não paravam de falar no contrato, demonstrando o quanto eles estavam empolgados. Sky comia e falava ao mesmo tempo, o que deixava a cena engraçada. Ash apenas se afogava na bebida e começava a dizer coisas aleatórias, causando mais ataques de risos para nós.

Durante o tempo em que bebemos eu sempre percebia o olhar de Jiraiya sobre mim, e isso me proporcionava arrepios pelo meu corpo e uma sensação que eu não sentia faz anos: Excitação. Minhas mãos apertavam a saia do meu vestido, procurando um ponto fixo em que eu pudesse me controlar, mas o olhar de Jiraiya parecia cada vez mais intenso. Sky, Lenon e Ash estavam falando entre si, e como eu já havia bebido demais e estava querendo ficar um pouco sozinha me aproximei de Jiraiya e sussurrei em seu ouvido.

— Eu vou subir.

— Mas agora? Não quer pedir algo a mais para comer? — Murmura Jiraiya com seu hálito tendo um cheiro suave de cerveja. Sinto uma temperatura quente na sua pele, e fiquei me perguntando o que teria causado esse calor?

— A bebida me deixou exausta, e também não quero me intrometer mais na sua carreira. Aproveite a noite com seus amigos, vocês merecem isso.

Jiraiya agarra minha cintura me fazendo suspirar baixinho e sou proibida de partir.

— Eu quero que você faça parte disso, foi graças a você que consegui cantar na frente daquela multidão. — Ele diz com seu nariz se esfregando no meu de leveza. — Não se sinta intimidada.

— Eu estou bem. Qualquer coisa vou estar no meu quarto.

A mão dele que estava segurando minha cintura desliza pelo meu braço e pousa no meu queixo, e meus olhos quase se fecharam quando o senti me puxando com calma até sua boca, mas Lenon deu um grito alto por conta do álcool estar fazendo efeito na sua cabeça que isso fez Jiraiya se distanciar de mim, e acabei pigarreando extremamente corada.

— Bom descanso. — Ele me deseja.

Agradeci com a cabeça e segui o caminho até as escadas do prédio, e tive que tirar meus sapatos para facilitar na subida. Assim que cheguei fui direto para o banheiro tirar todo o suor do meu corpo, e também para processar tudo o que acabou de acontecer essa noite: Jiraiya me deu um colar de lesma; Ele cantou na frente de uma multidão; Jiraiya me beijou e agora estamos em um vai e vem desconfortante.

Sai do chuveiro e retornei para o meu quarto. Coloquei a camiseta de Jiraiya que já estava em cima da cama como se eu tivesse previsto que iria usá-la mais tarde, e nem me dei ao luxo de colocar uma calcinha, apenas me joguei na cama e me agarrei em um travesseiro. Aquele beijo mexeu com todo o meu psicológico, e com cada hormônio do meu corpo. Anseio pelos lábios de Jiraiya desde o dia em que ele partiu para Amegakure, e desde então me arrependo de nunca ter lhe dado pelo menos um beijo de despedida. Agora, mais do que tudo, eu quero mais dele.

Me revirei na cama diversas vezes pela falta de sono, meu corpo está quente e minha região íntima não para de formigar. Céus, o que está acontecendo comigo? Pensei seriamente em me levantar e ir até a sala para ler algum livro para me distrair, mas antes que eu pudesse me levantar da cama ouço a porta do meu quarto se abrir. Estava tudo escuro, apenas a iluminação da minha janela aberta deixava o clima do quarto agradável. Eu estava deitada de costas para a porta, e encarei o relógio ao lado da minha cama, estava marcando 01:48hs da noite. Tenho certeza de que é Jiraiya que entrou no meu quarto, mas ele até agora não se pronunciou, e eu não sei se continuo fingindo que estou dormindo ou se digo alguma coisa.

Sinto algo tocar meu calcanhar, e me arrepio na mesma hora. Jiraiya está me tocando e fico vermelha, pois as minhas pernas estão expostas já que a camiseta alcança só até metade das minhas coxas, sem falar que estou sem calcinha. Puta merda, eu estou sem calcinha! Os dedos de Jiraiya acariciam meu pé, e vão subindo cada vez mais para cima até chegar na borda da minha camiseta onde ele para. A cama range assim que ele sobe nela, e suspiro com força quando minhas pernas são puxadas para baixo com brutalidade e Jiraiya se encaixa entre elas. Com rapidez eu puxo a camiseta para baixo para cobrir meu sexo exposto e coro com violência, até que Jiraiya agarra meus cabelos e me força a olhar para ele.

Os cabelos dele estavam saltos e selvagens, sua camiseta social estava aberta com dois botões ainda fechados, me dando uma bela visão de seu peitoral definido com a mancha no centro. Ele usa uma das mãos para tentar puxar minha camiseta pra cima, mas eu o proíbo pela vergonha.

— Calma, pequena... — Ele sussurra com sua voz grave e sexy. — Eu só quero amá-la essa noite. Só preciso disso, pelo menos uma única vez. — Fico mais tranquila e o deixo subir minha camiseta até a base dos meus seios, e ele se delícia vislumbrando minha intimidade. — Acho que gastei dinheiro atoa comprando calcinhas pra você.

Mordo os lábios com sua malicia e o puxo para um beijo. Estamos sozinhos, então podemos ter todo o tempo para nós. O corpo dele se aprofunda no meu, e arfo na sua boca cada vez que ele esfrega seu quadril entre minhas pernas. Por eu estar sem calcinha consigo sentir as sensações com mais facilidade, e também fico molhada. Há tempos não me sentia tão bem quanto agora. Em meio ao beijo intenso a mão de Jiraiya entra por dentro da minha camiseta e agarra meu seio e passa a massagear cada extensão dele, arrancando mais gemidos meus. Ele fazia com uma certa pressa, como se não aguentasse mais esperar, e eu também estou desesperada.

Seus lábios se desfazem dos meus e começam uma trilha de beijos e chupadas pela minha barriga e vão descendo mais para baixo até alcançar minha intimidade.

— J-Jiraiya... — Suspiro seu nome ao senti-lo lamber as bordas da minha virilha. Ele me abocanha e enfia um dedo diretamente ao mesmo tempo me fazendo arquear meu corpo em forma de arco. — Ooh... Jiraiya!

Prendo minhas pernas em sua cabeça, e ele força sua língua para dentro de mim, e repetidas vezes ele tira seu dedo e o enfia de novo na minha entrada. Acabo me descontrolando e mergulho em um mar de sensações extasiastes. Perco o controle da minha força e aperto  as mãos no lençol da cama para não despejar toda a minha força em Jiraiya. Ele chupa meu clitoris e acelera a penetração com seus dedos me deixando à beira da loucura. Assim que ele me invade com sua língua outra vez gozo em seguida sentindo uma vibração intensa por todo meu corpo e minhas pernas tremem com o meu êxtase.

Jiraiya fica de joelhos ofegante pelo sexo oral e começa a abrir a fivela de seu cinto e os botões de sua calça. Antes mesmo dele colocar seu membro para fora consegui perceber o quanto ele estava duro, e ruborizo com seu tamanho. Minha boceta vibra só e imaginar aquilo entrando dentro de mim.

— Esperei minha vida toda por esse momento. — Ele diz se posicionando melhor entre minhas pernas e o prendo entre minhas coxas.

— Sei como se sente. — Arfo puxando seu pescoço. — Eu entendo tudo o que passou por causa de mim... E eu quero retribuir essa noite. Me ame, Jiraiya. Com todas as suas forças. — Suplico o beijando em seguida.

Tudo o que eu disse foi pela sua antiga vida, por causa de tudo o que ele fez por mim. Essa é a nossa nova chance, e não quero desperdiça-la. Guio o seu membro lubrificado até a minha entrada, e pincelo minha boceta com ele para nos proporcionar mais prazer, e Jiraiya geme em minha boca.

— Me deixe entrar... — Ele pede desesperado.

Faço pressão o puxando para a minha entrada molhada e com impulso ele me penetra profundamente, e arranho suas costas com força, e tenho quase certeza que rasguei sua camiseta, mas ele não pareceu se importar. Inicialmente ele fez a movimentação lenta, para que eu pudesse me acostumar com o tamanho dele, mas na medida que eu me entregava Jiraiya acelerava, até que quando percebi eu já estava sendo fodida brutalmente, e eu estava gostando disso.

Jiraiya segura em meu quadril e usa sua outra mão para segurar na base da cabeceira da cama. Ambos gemíamos alto, sem se importar com os vizinhos. A voz dele era perfeita até em momentos picantes, seu tom era grogue e selvagem, poderia deixar qualquer mulher excitada só de ouvi-lo gemer.

— Isso, pequena... Me aperta mais... — Jiraiya arfa mordendo seu lábio inferior.

— Jiraiya... Aah...

Era difícil de falar com ele metendo forte dentro de mim. A cama rangia a cada movimento seu, fazendo barulhos angustiantes e batia na parede com forme a força das penetrações. Jiraiya bufa e segura em minhas pernas me puxando para seu colo sem tirar seu pau de dentro de mim e me seguro usando minhas pernas e braços.

— Vou te comer na minha cama. — Ele diz me conduzindo até seu quarto.

Mesmo tendo pressa, ele me deita com cuidado e volta a me beijar misturando seu sabor de cerveja com a minha pasta de dente. Ele gira meu corpo e me abraça por trás e ficamos de joelhos no colchão. Em seguida sou penetrada outra vez e encosta minha cabeça em seu ombro, e Jiraiya abusa dessa posição para chupar meu pescoço enquanto me invade profundamente. Sua mão esquerda masturba meu clitoris e sua outra mão massageia meu seio, e olhando desse jeito parece que virei sua própria guitarra. Ele está tocando suas músicas de vida em mim, cada dedilhada sua é como uma nota musical feita nas cordas de uma guitarra, consigo perceber isso pela forma que ele me toca: Com vontade e paixão.

— Vamos, minha pequena... Canta pra mim. — Jiraiya morde no lóbulo da minha orelha e faço o que ele pediu. Começo a gemer em forma de canto.

Abro minha boca deixando vários gemidos escapar com frequência, e Jiraiya se excita mais ainda em ouvi-los. Meu corpo está suado, e deslizava facilmente pelo peito de Jiraiya. Mesmo eu tendo chegado em meu orgasmo, eu estava perto de ter um segundo. Outra vez Jiraiya se afasta e me deita na cama de frente para ele, só que desta vez ele posiciona minhas pernas em seus ombros e se inclina para frente, fazendo com que minhas paredes internas o apertassem com mais força. Gememos em sincronia e sou beijada com ternura. Meu clímax está se aproximando e aperto meus olhos sentindo o quanto será um orgasmo tenso.

— Jiraiya, por favor... Vai mais rápido...!

Ele atende meu pedido, e para isso Jiraiya teve que descer minhas pernas até encaixa-las em seu quadril outra vez, e seus braços mergulham por baixo das minhas costas me abraçando. Minhas mãos voltam a arranhar suas costas e ele afoga seu rosto na curva do meu pescoço e me arrepio com sua respiração acelerada. Jiraiya me penetra com velocidade, mais um entra e sai profundo e molhado, com nossos gemidos descontrolados. Minha força causa hematomas em sua pele, e Jiraiya é obrigado a prender meus braços por cima da minha cabeça.

— Ooh... Me d-desculpa... — Suspiro extasiada.

— Goze para mim de novo e eu te perdoo! — Ele geme metendo com mais força.

Meus gemidos se transformam em gritos de prazer, e arqueio minhas costas uma última vez. Gozo precocemente e meu líquido facilita na movimentação de Jiraiya, e ele goza logo em seguida. Assim que ele terminou de gozar meus braços ficam livres dos seus e seu corpo desaba por cima do meu, ambos completamente ofegantes. O abraço querendo conforto, e Jiraiya me atende dando-me um beijo no pescoço.

Depois que conseguimos recuperar nossas respirações ele se ajeita e deita ao meu lado. Tiro sua camiseta do meu corpo, pois ela está banhada pelo meu suor, e Jiraiya faz a mesma coisa com sua calça e blusa destruída. As costas dele estão feridas e há alguns hematomas em seus ombros, e fico preocupada. Acho que por ele não ter mais o mesmo chakra que eu o deixa vulnerável para certas forças físicas. Eu deveria ter tomado mais cuidado.

— Por que está me olhando desse jeito? — Ele me pergunta curioso. Talvez ele ainda não tenha percebido os hematomas que causei nele.

— Nada... Eu só... — Não sei ao certo o que dizer.

Ele parecia não sentir dor nenhuma, e ao invés de mostrar uma cara angustiada, Jiraiya apenas sorriu como um adolescente apaixonado e me puxou para seu peito. Fiquei feliz dele ter trazido a gente para o seu quarto, a cama é maior e não faz tanto barulho quanto a outra. Espera. Acabamos de fazer amor! Isso quer dizer que vou dormir com ele a partir de agora?!

— Você não sabe o quanto estou feliz com esse momento. — Sussurra Jiraiya acariciando minha cabeça me causando sonolência. — Parece que eu sonhei com isso por uma eternidade inteira.

— Imagino. — Murmuro com uma certa tristeza. Toco sua mancha no peito e começo a contorna-lo com meu dedo indicador. — Esperar uma eternidade deve ser doloroso, não acha?

— As vezes vale a pena. Principalmente quando se trata da pessoa que amamos.

Inclino minha cabeça para olhá-lo e vejo o brilho que está destacando seus olhos. Seguro seu queixo o beijando com delicadeza, algo suave e acolhedor. Nosso contato durou pouco, pois ainda estamos recuperando fôlego, então volto a me encostar em seu peito nu.

— Essa foi uma das melhores noites da minha vida. — Admito satisfeita.

— Se você me permitir, posso trazer mais noites assim para você. — Jiraiya insinua.

— Mas para isso eu teria que ficar aqui para sempre.

— Então fique.

Todas as minhas palavras se perderam no vazio. A proposta de Jiraiya era algo feito do coração, e ele conseguiu me fisgar de jeito. Mas existe um “porém”, e não sei como que vou fazer daqui em diante. Eu continuo a procurar um jeito de voltar para casa e viver com Shizune e gastar o resto da minha herança em bebidas e apostas, ou abro mão de tudo para viver com Jiraiya nesse futuro? Era uma decisão complicada.

— Talvez. — É a única coisa que consigo pronunciar antes de cair no sono.

***
 

Desperto com os raios de sol que cintilavam no espelho do guarda-roupa do quarto. Demorei um pouco para perceber que eu estava na cama de Jiraiya, e que ele dormia um sono pesado ao meu lado. Sorrio abobada assim que lembro da nossa noite de amor, e me senti radiante. A anos não me sinto desse jeito, uma mulher realizada e que recebia um bom sexo de seu companheiro. Toco a bochecha de Jiraiya e dou um selinho em sua boca.

Ele se remexe mas não acorda, parecia estar exausto. Seus hematomas estavam mais evidentes por causa da claridade do dia, e faço uma cara feia. Minha vontade naquele momento era usar ninjutsu para cura-lo, mas tenho receio dele acordar durante o processo. Então pensei em fazer uma surpresa, acho que vou preparar um café da manhã na cama para ele.

Pego a minha camiseta que estava no chão e piso de fininho até meu quarto para vestir umas roupas mais aceitáveis. Coloco uma calcinha, uma calça jeans das que comprei e uma blusa de alcinha da cor verde. Atravesso o corredor a passos leves para não acordar Jiraiya, mas antes que eu chegasse na sala me deparo com o quarto sigiloso dele com a chave na maçaneta. Arregalo os olhos surpresa, acho que Jiraiya deve ter entrado nesse quarto ontem a noite antes de ir até o meu quarto e esqueceu a chave ali. Sei que era perigoso, mas aquela chave está me tentando. Se eu for rápida ele não vai descobrir, afinal ele está dormindo.

Vai ser só uma rápida espiadela. Me aproximo da porta e giro a chave devagar para não fazer barulho, e então ela destrava. Ao abri-la me deparo com algo que jamais passou pela minha cabeça. Não era um quarto, era um estúdio de arte. Havia uma enorme mesa com várias folhas de rascunhos com notas de música, e do outro lado da sala continha telas de pinturas de vários tamanhos diferentes. Eu cheguei a ver alguns desenhos de Jiraiya no quarto dele ontem, mas não parei para pensar que além de tocar e cantar ele também era pintor. Agora a história que ele me contou sobre a briga com meu outro eu faz sentido, a outra Tsunade havia criticado sua “arte”, no caso as músicas e os desenhos.

Estou encantada com esse estúdio, não entendo porque Jiraiya me proibiu de entrar aqui. Vasculho o local para conhecer melhor o ambiente, e começo pela mesa. Não tinha só rabiscos de letras de músicas, mas também poemas que foi escrito por Jiraiya. Um caderno me chamou a atenção, e parecia ser um diário, então o peguei por causa da minha curiosidade e comecei a lê-lo. A primeira página dizia:

”Querido Diário.

Esta é a primeira vez que escrevo nesse livro, precisei inventar qualquer coisa para gastar meu tempo na escrita já que foi a Sky que me deu esse diário de presente. Se ela algum dia pegar esse caderno e o ver em branco serei um homem morto. Então, foda-se você, diário cuzão.”

Eu ri da maneira em que Jiraiya conversa com seu próprio diário, mas na real, essa era a intenção do caderno. As pessoas devem contar os acontecimentos de seu dia a dia para nunca esquecer de algo importante. Folheio algumas páginas até chegar em uma que meu chamou a atenção.

”Querido Diário.

Hoje foi a primeira vez que fiquei puto com Tsunade. Ela teve uma briga com Dan, seu namorado tóxico, e o babaca machucou o braço dela apenas por ciúmes de um cara aleatório que pediu informações sobre a universidade. Eu tentei protege-lá, fiz de tudo para ajudá-la, mas ela quase me espancou como sempre faz quando está zangada. Fico me perguntando se o problema está em mim? Eu sou um péssimo amigo? Não faço o suficiente? O que devo fazer para livrar Tsunade das mãos daquele canalha?”

Fiquei de boca aberta. Dan é uma pessoa horrível de todas as formas possíveis. Como que o meu doce Dan virou esse homem nojento nessa vida? Dobrei a página e encontrei algo que me deixou um pouco perturbada.

”Querido Diário.

Finalmemte encontrei uma solução para utilizar essas páginas em branco: Tratar-lhe como se fosse meu psicólogo. Usarei essas linhas retas para destacar os pesadelos que venho tendo. Hoje é sexta, estou com vinte e dois anos, e algo aconteceu comigo. Meus pesadelos de infância retornaram. É estranho e perturbador, a forma que me sinto sufocado em meus sonhos como se eu estivesse afundando em um oceano... Para falar a verdade, eu estava afundando. Mesmo acordado, consigo sentir o gosto de sangue em minha boca, e minha garganta arde. Desde pequeno sonho com um mar escuro cheio de sangue e sempre estou afundando nele, e esses é um dos motivos de eu ter medo da praia, sem falar da chuva. Não posso ver uma tempestade, se começa a chover começo a ter aquelas “visões” de novo.“

Minhas mãos tremiam na medida em que eu lia aquelas páginas. Mas a história mais impactante foi a página seguinte:

”Querido Diário.

É normal você sonhar que está montado em um sapo gigante? Pois para mim é como se fosse natural. Mas de todos os pesadelos que tive, esse foi diferente, para falar a verdade, foi um sonho magnífico pois “ela” estava nele. Aquele por do sol estava lindo, havia-mos bebido três rodadas de sakê, e pertencíamos a uma época bem medieval. Mesmo que estivéssemos em uma paisagem linda, ela parecia triste. Tsunade estava diferente em meu sonho, sempre me olhava com desespero. Ao que parece eu estava de partida, só não sei para onde.

O que significa esses sonhos? E porque eles me parecem ser tão reais? Porque tenho medo da chuva? Porque nasci diferente? Porque os sapos me perseguem na rua? Porque Tsunade existe nos meus sonhos antes mesmo de eu conhecê-la? O que significa “Konoha”?

O diário escapa das minhas mãos ao ler a última pergunta e quase perco o controle das pernas. Como que Jiraiya sabe de tudo isso? Ele sonhou com a nossa despedida. Ele descreveu perfeitamente o por do sol que vimos antes dele partir para Amegakure, exatamente como aconteceu. Meu coração não para de saltitar pelo pânico, e começo a ficar ofegante. Leio alguns poemas que estavam espalhados pela mesa, e quase desabo em lágrimas.

”Eu amo uma mulher, mas não vou obrigá-la a me amar. Vou cerca-la com meu amor... Enquanto rezo por sua felicidade.”

”Rejeição sempre faz um homem mais forte. E os homens não são os únicos que buscam pela felicidade.”

”Ela tem cabelos da cor de girassóis, olhos tão doces quanto mel. Lábios rosados molhados em glós, ela se parece como um anjo no céu.”

Aqueles poemas são frases que um dia ele disse para mim e para o Naruto. Esse tempo todo ele teve sonhos de sua vida passada, mas ele não faz ideia do que significa. Isso o afetou, e então ele escondeu tudo nesse estúdio, e eu não o julgo de esconder tudo isso. Qualquer pessoa de Tokyo poderia achar que Jiraiya pirou. Vou até os quadros de pinturas que estão cobertos por lençóis de cama, e quando puxo um dos lençóis para ver o desenho que Jiraiya pintou meu coração quase salta pela boca. Era um desenho de um garotinho loiro em um berço de sangue, e havia nove caudas em volta dele. A Kyuubi! Jiraiya desenhou Naruto ainda bebê quando Minato selou Kurama dentro de seu filho.

Assustada com aquela revelação, mas determinada a descobrir mais, eu puxo todos os lençóis dos quadros revelando mais desenhos perturbadores. A segunda pintura era de um oceano tingido de vermelho, lembrando sangue como Jiraiya havia mencionado em seu diário, e havia um corpo desenhado no centro com seis estacas cravadas nele. Me arrepiei de pavor ao lembrar das marcas de nascença que Jiraiya possuía: Seis marcas ao todo. Uma lágrima desce pelo meu rosto ao perceber que Jiraiya desenhou a morte dele. O quadro ao lado era o desenho de um céu a noite com nuvens vermelhas pintadas em volta cobrindo as estrelas: Simbologia a Akatsuki! A quarta pintura era de um homem usando capa preta e uma máscara cobrindo metade de seu rosto, e ele parecia chorar em silêncio. Ele parece uma versão de Jiraiya, só que desumano, pois não vejo emoção em seus olhos, e no canto do desenho está as siglas em japonês escrito “Kara”. O que isso significa?!

O último desenho fez meu coração partir. Era um retrato meu, porém, ele me desenhou com o selo do Byakugou o que fez eu perder o fôlego por alguns segundos. A cena em questão era eu em um campo de batalha, e havia cobras em volta de mim. Me recordei da luta contra Orochimaru quando ele me procurou para curar seus braços e eu recusei sua oferta. Jiraiya se recorda disso. É por isso que ele cismou com o meu selo quando cheguei aqui, ele já havia o desenho antes mesmo de eu chegar. Mas a pergunta é: A quanto tempo ele tem esses sonhos?

— O que está fazendo aqui?!

Levo um susto ao ver Jiraiya na porta. Ele usava a calça do seu pijama, e parecia atordoado com a cena em que via. Não tem mais como voltar atrás, vou ter que encara-lo.

— Precisamos conversar.

— Não era pra você ter entrado! — Exclama Jiraiya alterado entrando no estúdio. Ele começa a organizar seus rascunhos na mesa como se quisesse me impedir de vê-los, mas acontece que eu li tudo. — Eu não te disse que esse lugar era particular!? Por que não me escutou?!

— Você esqueceu a chave na maçaneta...

— Isso não significa que você podia ter o direito de entrar! — Ele exclama irritado. Nunca achei que ele iria falar com tanta grosseria. É como se a nossa noite de amor nunca tivesse existido, e não consigo mais sentir sua energia amorosa.

— Aconteceu, e agora não tem mais como voltar a atrás! — Exclamo com o mesmo tom de voz, mas é porque eu estava nervosa e em pânico. — O que são esses desenhos? O que são esses poemas?!

— Nada! São apenas pinturas e poemas de um adolescente perturbado! — Jiraiya tenta cobrir seus desenhos com os lençóis mas eu o impeço segurando em seus braços.

— Olha nos meus olhos e me diz desde quando você tem esses sonhos!

— São pesadelos que eu tento esquecer, e você não está ajudando!

— Jiraiya, eles tem significado, e eu tenho a resposta...!

— Eu não quero ouvir mais nada sobre esse assunto! Sai do meu estúdio e me deixa sozinho! — Jiraiya estava muito nervoso e suas mãos estavam tremendo. Era perturbador ver ele assim.

— Por favor, eu preciso te contar uma coisa...

— Eu ja disse que não quero ouvir mais nada sobre esse assunto! — Jiraiya chuta um dos seus quadros despejando seu ódio e isso me assusta. — Será que você não entende?! Isso era algo pessoal, esse estúdio representa os meus “demônios” do passado, e você simplesmente ignorou um simples pedido meu!

— Eu juro que a minha intenção não era espionar a sua vida, mas tudo isso que você desenhou e escreveu é mais do que só pinturas e poemas... — Tento contar a ele a verdade, mas ele me corta.

— Você não mudou nada. Continua intrometida e gananciosa, você não se importa com o sentimento dos outros, por isso que partiu meu coração com tanta facilidade antes de se casar com aquele escroto do Dan! — Jiraiya joga na cara.

Sinto outra lágrima escorrer em meus olhos. Estou machucada pelo o que Jiraiya me disse, pois aquilo me fez perceber algo: Ele acha que sou a Tsunade de sua infância, a garota que o trocou por um homem doentio e mais sucedido do que ele. Durante esse tempo todo estou fingindo ser alguém que não sou, ou seja, eu estou o enganado.

— Eu cometi um erro. — Sussurro para mim mesma. — E nunca deveria ter escondido a verdade.

— Do que você está falando? — A pergunta de Jiraiya me faz voltar a realidade.

Tarde demais, ele sabe que tem algo errado comigo. Não consigo mais ficar perto dele, eu nunca deveria ter aceitado a morar com ele. Esse era o dia em que eu mais temia, o momento em que a verdade surgisse da pior maneira possível. Preciso sair daqui. Meus pés ganham vida própria e saio correndo do estúdio até a porta da sala.

— Tsunade, volta aqui! — Ouço Jiraiya me chamar vindo atrás de mim.

Desço às tantas escadas do prédio sem olhar pra trás, preciso ficar longe dele, preciso encontrar um jeito de ficar sozinha e achar uma maneira de voltar pra casa. Abro a porteira do prédio e atravesso a calçada.

— TSUNADE!

O grito de Jiraiya dessa vez foi de desespero e eu me virei para encara-lo, e então eu percebi o motivo da sua reação. Eu parei no meio da rua e um caminhão veio em minha direção. A cena foi tão rápido que só deu tempo de eu esticar meu braço para me defender e todo o metal daquele automóvel se achatou para dentro. Graças a minha força bruta eu parei o caminhão apenas com a mão, e amassei todo o capô, e me salvei. Contudo, quando eu voltei a olhar para Jiraiya notei o quanto ele estava perplexo com a cena que presenciou, e aposto que muitas perguntas estão rondando sua cabeça.

As pessoas que passavam pela rua no momento do quase “acidente” estavam me encarando assustados, e comecei a suor frio.

— Moça, você está bem? — O caminhoneiro desce da máquina com um leve ferimento na cabeça e vem me analisar. — Eu te machuquei? — Ele esqueceu que eu estava ali assim que seus olhos viram o amassado que deixei em seu caminhão. — Mas que porra é essa...?

Depois de eu me recuperar do choque voltei a correr o mais rápido que eu podia, e desta vez, Jiraiya não me seguiu.

***

Pov’s Madara.

 

Pela minha felicidade o hospital estava tranquilo. Tudo o que eu mais desejava era chegar em casa e passar o resto do dia com meu marido. Os relatórios de enfermagem estão quase prontos, a única coisa que falta é guarda-los nas gavetas e então estarei liberado para esse fim de semana. Aliás, preciso ligar para Jiraiya e parabeniza-lo pela apresentação de ontem, por sorte consegui ver tudo através da TV.

Assim que pego o celular para ligar pra ele a porta do meu escritório abre em um estrondo e Tsunade aparece ofegante.

— Tsuna? O que está fazendo aqui?

Ela ignora minhas perguntas e me abraça com um força anormal, não lembro dela ter tanta força assim, mas por ela estar chorando fiquei preocupado e não me importei com a sua brutalidade.

— Me desculpa aparecer tão de repente, eu não sabia mais para onde ir... E você é uma das poucas pessoas em quem posso confiar. — Ela chora em meu peito.

— Calma, Tsu. Me conte o que aconteceu. — Seguro em seu rosto e limpo suas lágrimas com meus polegares.

— Eu... Me desentendi com o Jiraiya. — Ela murmura com tristeza. — Entrei em pânico e vim correndo até o hospital.

— Por que se desentenderam? Ele te fez alguma coisa?

— Não. É complicado de explicar...

Meu celular vibra no meu bolso e vejo o nome “Jiraiya” na tela. Olho para Tsunade e no mesmo tempo ela me olha assustada e implora para que eu escondesse sua localização. Parece que a briga foi feia, e fico preocupado. Aperto no botão verde e levo o aparelho em meu ouvido.

— Alô?

— Madara, preciso falar com você. Onde está? — Só de ouvir a voz de Jiraiya através da linha telefônica deu para perceber que ele estava nervoso com algo. Para falar a verdade, a voz dele parecia trêmula.

— No hospital, estou quase de saída.

— A Tsunade apareceu por aí?

Encaro novamente Tsunade e ela mexe a cabeça em um sinal de “não”, me mostrando o quanto ela não queria que Jiraiya soubesse que estava comigo.

— Não, ela não apareceu. Por que está me perguntando isso? Aconteceu alguma coisa?

— É difícil falar por telefone. Em quinze minutos estou chegando no hospital.

— Certo. Vou aguardar.

Desligo o celular e Tsunade suspira aliviada

— Obrigada. — Ela agradece.

— Se você não quer vê-lo precisa sair daqui, pois o Jiraiya vai chegar aqui em alguns minutos.

— Não tenho para onde ir. Por favor, me ajuda.

Conheço um lugar na qual ela pode ficar, porém ela não se lembra. Mas é a única opção que tenho nesse momento. Pego meu celular outra vez e digito o número de Nawaki.

— Fala, coroa. — Escuto a voz do pivete atendendo minha chamada.

— Nawaki, sua irmã está aqui no hospital. Você poderia vir buscá-la e levá-la para casa? O fim de semana será perfeito para ter a família toda reunida.

— Ela se lembrou da mamãe e do papai?

— Não exatamente, mas talvez se encontrando com os parentes ela se lembre de algo. Pode vir buscá-la?

— Ok. Vou pegar a moto do vovô e já estou indo pra aí.

— Se você arranhar a moto nova do seu avô te queimo vivo.

— Confia, vô.

Esse “confia” do Nawaki nunca foi algo muito positivo. Desde que meu marido comprou aquela moto esportiva o garoto sempre tenta encontrar uma desculpa para usá-la. Aviso Tsunade para ela ir no estacionamento que fica aos fundos do hospital para que Jiraiya não a encontre, e Nawaki consegue chegar cinco minutos antes para levar Tsunade. Retorno para o meu escritório, e lá estava ele, o garotinho que vi crescer sem a mãe por perto, o mesmo garoto que tive que cuidar e dar lições de vida depois que sua mãe foi internada por sérios problemas mentais. Mas agora, o garotinho de cabelos cor de neve virou um homem adulto, e me parecia bastante alarmado para um dia tão calmo como este.

Algo me diz que vou ouvir um longa história.


 

 



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